Às vezes é bom ficar perto da entrada, porque você sabe que ela esta chegando, mas por outro lado é ruim, porque às vezes você acaba vendo coisas que não eram pra ser vista, quando se esta amando.

Larguei as folhas no balcão da recepção porque minhas mãos soavam e olhei pra entrada novamente com cautela quando ela entrou no meu campo de visão, mas ela estava acompanhada, como eu já imaginava.

Meu coração acelerou, mas ele nem deveria estar assim, porque quando ela me deu todas as oportunidades de tê-la eu neguei e agora eu não tinha, mas essa chance.

Eu não conseguia tirar os olhos dos dois.

O casal tinha o sorriso estampado no rosto, enquanto se abraçavam, até que Sara encontrou meu olhar e parou de sorrir.

Virei o rosto rapidamente e respirei fundo antes de pegar a papelada do balcão, olhou pra minha frente e me virei de tal maneira que esbarrei nela com brutalidade.

- Desculpe! – olhei pra ela querendo tocá-la.

- Tudo bem. – ela sorriu – Acho que fui eu quem esbarrou em você.

- Talvez. – pigarreei – Chegou na hora.

- Vou arrumar minhas coisas. – ela levantou uma sobrancelha e saiu e sinceramente, me senti um panaca.

Balancei a cabeça e fui pra minha sala, larguei a papelada em cima da minha mesa. E puxei a cadeira pra me sentar.

- Esta saindo? – olhei pra porta e era Ecklie.

- Não. Na verdade chegando. – parei sentando – Mas disso acredito que já sabia.

- é meio difícil saber se esta chegando ou saindo... Bom – ele não estava muito à-vontade -, acabei de receber um telefonema de um homicídio... Você e sua equipe...

- Brass esta por lá? – o cortei.

- Junto com David. – ele já ia embora – ah, o endereço esta em cima de sua mesa, qualquer coisa fale com Jim.

Ele saiu da sala me deixando só. Respirei fundo e peguei o papel com o endereço. Abri minha gaveta pra pegar meus óculos. E olhei pra minha frente, porque Cath estava segurando ele. Então peguei sorrindo.

- Obrigada. - pisquei pra ela.

- Por favor, diga que tem um homicídio pra mim. – ela estava desesperada. Olhei pra ela ajeitando o óculos e lendo o endereço, na verdade uma estrada.

- Por quê? – olhei pra ela novamente.

- Há, Greg e Hodges são uns amores de pessoas quando estão perto um do outro. – sorri, adoro quando ela é sarcástica.

- Se quiser ir comig...

- Aceito, vamos o mais rápido possível. – Cath riu.

- Chame a sara e o Nick. O nome da estrada esta aqui – me levantei – Vejo vocês por lá. – então me virei saindo da sala.

- Grissom! – olhei pra trás e era Dr. Robbins e ele tinha algo nas mãos.

- Pode fala doutor. – ele já me acompanhava.

- quer experimentar minha torta de maçã? – ele sorria. Olhei de novo pras suas mãos.

- Não obrigada. Umm... Acabei de escovar os dentes. Mas Hodges, Warrick e Greg adorariam comer. – sorri me sentindo malvado – Ah, sala de convivência. – ele piscou e virou indo pra outra direção.

Fui para o estacionamento e entrei no carro indo pro local do crime.

O lugar estava escuro, mas onde estava à cena do crime estava bem iluminada.

- Oi Brass. – ele se virou me olhando.

- Oi Grissom. Nick já esta por lá junto com Sara.

- Cath já esta chegando, ela teve que ir em casa, resolver algumas coisas. – falei tentando olhar o local.

- David acabou de liberar. – olhei pra Brass – A vitima foi jogada ou se jogou ali.

- Como você sabe? – olhei para o alto.

- Pela lividez do corpo e as mãos atadas.

Levantei uma sobrancelha e fui à direção do morto.

- É só um jovem, como pode ter morrido?

- Nick, quando chega sua hora, não tem nada mais a ser feito. – Nick se arrepiou como eu e me veio na memória o dia em que Sara estava em perigo.

Nick observava o corpo enquanto Sara fotografava. Ele ergueu a cabeça sorrindo pra mim.

- Oi Grissom. – olhei pra ele que fechava um envelope.

- Olá. – falei e me aproximei mais.

Sara sorriu quando me viu e Nick nos olhou.

- Umm... Vou ver se acho algo por aqui... – ele mordeu os lábios e saiu.

- O nome dele é Apolo. – Sara sorriu e então olhei pra ela que agora observava o corpo, tirando uma carteirinha de dentro do bolso dele.

- Belo nome. – ela me olhou parando de sorrir então olhei pro corpo a fim de não encará-la.

- Isso me faz lembrar-se de mitologia grega. – olhei disfarçadamente pra ela que sorria de novo.

- Não gosta de mitologia grega? – me virei pra ela.

- Quando não tenho nada pra fazer... Às vezes leio livros diferentes.

- Que nenhuma pessoa comum leria? – então sorri.

- É, acho que sou uma nerd desde o dia em que nasci. – ela ficou... Vermelha. Dei um meio sorriso e virei de novo o rosto.

Ficamos em silencio por alguns minutos, enquanto eu olhava o local.

Tomei um susto quando ela quebrou o silencio.

- Acho que não foi roubo, porque o dinheiro esta na carteira. – ela deu uma pausa – Nossa 19 anos, uma criança ainda. – às vezes ela se decepciona com as vitimas.

- Nem a morte deve ser temida por aquele que a vive sabiamente. – eu olhava pro pequeno morro. E então o silencio pairou novamente.

Acendi minha lanterna  e apontei pro pequeno monte acima de nós e algo ali me chamou atenção, uma coisa brilhava, bem pouco, mas ainda sim brilhava.

- Buda! – arregalei os olhos e me virei pra ela de novo. Ela sorria pra mim, como quem queria demonstrar que também sabe das coisas. Na verdade ela me surpreendeu.