Eu me lembro dos meus dias de glória como baterista da famosa banda Tokio Hotel. De como era as turnês mundiais com os meus grandes amigos e dos colegas de banda. Principalmente me lembro da nova estágiaria a Birgit, Jost havia contratado principalmente por causa da nova turnê que iriamos fazer. Eu era apaixonado por ela, mas nunca havia tomado algum tipo de iniciativa, me lembro de Tom me dizendo para contar tudo o que eu sentia no decorrer da viagem. Pela primeira vez eu havia aceitado uma ideia dele e na noite antes da viagem passei acordado em frente ao espelho ensaiando falas do que eu poderia dizer a ela. Com isso acordei atrasado e perdi o avião, seria bom se tivesse sido apenas isso, mas não, eu perdi todos com quem eu me importava. As pessoas diziam que eu tinha tido sorte de ter me atrasado, eu sempre achei que era azar. Como alguém poderia ver como sorte nunca ter dito á aqueles que amam o que realmente sente ? 

Depois de dez anos, eu nunca mais fui o mesmo. Me distanciei da família e dos amigos. Com consequência eu me afundei nas drogas, perdi quase toda a fortuna que tinha juntado. A mídia não se lembra mais de mim ou da banda, o que de certa forma é bom, pois eu não queria que os fãs me vissem dessa forma lastimável que me encontrava.

Agora moro em uma simples casa na cidade de Berlin. Raramente saio de casa, apenas para fazer retiradas de dinheiro, comprar comida ou para tentar me divertir em alguma boate de Stripper. Eu nunca me interessava pelas mulheres que lá se encontrava, eu ia apenas para dispersar a mente e comprar um pouco de drogas.

Hoje eu acordei como sempre, me sentindo mais cansado do que quando ia dormi. Fui até o banheiro fiz minhas higienes matinais e desci para a cozinha, comi apenas um cereal com leite e passei o resto do dia apenas assistindo TV.

A noite eu resolve sair um pouco tentar esquecer as coisas e claro comprar um pouco de drogas. O clube de Stripper ficava a uma quadra de minha casa, a fachada do lugar não indicava que ali ocorria coisas que ninguém ali da vizinhança suspeitaria.

O lugar estava cheio como sempre, me sentei em uma mesa perto do palco onde acontecia todo o show.

- Aceita alguma bebida senhor ? - Perguntou a garçonete.

- Não, obrigado - Respondi seco.

As luzes diminuiram indicando que começaria o espetáculo. Quando as cortinas se abriram eu vejo uma mulher vestida em um belo vestido preto longo, caminhando lentamente até a beirada do palco, quando eu finalmente consegui enxegar seu rosto eu desejo mentalmente não ter consegido essa proeza. Era como se eu estivesse vendo a Birgit, seu olhar doce e suas feições eram idênticas, mas com aquele vestido dava todo aquele ar de mulher coisa que nunca vi na Birgit.

Ela terminou sua apresentação e eu continuava atônico á olhando, era como voltar ao passado. Eu esperava que Georg aparecesse e começasse a zombar de mim por estar olhando descaradamente para ela ou o Jost dizendo que não era uma boa ideia me envolver com alguém do trabalho. Mas isso aconteceu a muito tempo eu era um garoto que deixei a única mulher que amei morrer sem saber a importância que ela fazia em minha vida.

Decidi então falar com ela, não iria perde uma chance de conhecê-la. Fui até o cafetão que me conhecia já de longas datas e pedi que me apresentasse, ele de bom gosto aceitou e até estranhou o meu interesse em alguma de suas "garotas". Ele me levou até ao que parecia ser o camarim, bateu na porta e dela surgiu a mulher.

- Desculpa atrapalhar, mas este aqui é um amigo - apontou para mim - Ele gostaria de conhecer você.

Ela olhou para mim e deu um belo sorriso.

- Claro, pode entrar - Disse dando passagem pela porta.

Entrei no camarim, ela apontou para um sofá e sentei nele.

- Então qual é o seu nome ? - Perguntou ela.

- Gustav - respondi - O seu é ?

- Lívia - rio - Prazer em conhecê-lo Schäfer.

- Como você sabe meu sobrenome ? - Perguntei curioso.

- Eu sou fã da banda que você tinha. - Ela respondeu arrumando o cabelo.

Era tão dificil alguém me reconhecer que é até estranho dizerem que eu já tive uma banda, ás vezes parecia nunca havia acontecido que era apenas um bom sonho que depois virou pesadelo.

Ela olhou para mim e sua feição de alegria mudou para uma séria, coisa que a Birgit fazia sempre.

- Sinto muito - Disse ela.

- Tudo bem, já faz um bom tempo - respondi sorrindo. - O que uma moça como você está fazendo em um lugar como esse ?

- Porque eu quero - Respondeu ela

- Não faz sentido - Retruquei

- Não faz sentido você não fazer o que quer - Disse se proximando.

Eu apenas me desviei dela, não queria ter nada com ninguém principalmente sendo tão parecida com Birgit.

- Você não quer ? - Ela perguntou assustada.

- Eu vim apenas conversar mais nada - Eu disse seco.

- Nenhum homem veio até mim apenas para conversar sempre teve algum tipo de intenção - Disse ela com um olhar vago olhando para o seu reflexo no espelho.

- Vamos dizer que sou diferente.