In Die Nacht escrita por julythereza12


Capítulo 31
Capítulo 31: Conto de farsas


Notas iniciais do capítulo

Esse capitulo ficou enorme! Me empolguei escrevendo ele... Espero que ele esclareça algumas dúvidas.
A música é do Fake Number, eu achei perfeita ela para o final, então está aqui... Na verdade quando eu terminei de escrever esse capitulo, estava ouvindo essa música.
Boa leitura! Let's go! o/'



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“E quando a historia começou
Os personagens se encontraram
Ele a queria e ela sabe que arruinaria
Sua vida, caso fizesse a escolha errada”

 

(Trechos da música Conto de farsas, do Fake Number)

 

A única que eu reconheci foi a Fernanda, ela estava na versão dela, mas velha, porem continuava muito bonita, se não mais. Ela tinha mudado a cor do cabelo, estava um pouco mais claro desde a última vez que eu a vi. Estava usando uma calça de couro preta e uma regata básica azul.

As outras duas, uma delas tinha longos cabelos negros, que caiam até a metade das costas completamente lisos, olhos pretos e mais lotados de maquiagem que o Bill! Era bem branca, talvez mais que eu. Ela tinha uma pose um tanto sinistra e vestia-se por completo de preto. Já a outra, a que parecia ser a mais desligada e a mais jovem do grupo, tinha os cabelos loiro médio e os olhos estavam fechados, enquanto ela batucava na lataria da van, seguindo o ritmo de uma música que ouvia pelo seu i-pod que estava na outra mão. Ela vestia uma calça jeans básica e uma camiseta com a foto do gato de botas, do Shrek.

Fernanda quando me viu parada no final da escada olhando para elas, veio até mim, seguida das outras duas, com um sorriso triste e me deu um abraço.

- Bem vindos. – ela nos desejou quando me soltou.

Apenas eu, Bill, Babis, Gustav, Georg e Tom, os dois últimos terminavam de descer as escadas, estávamos lá. Minha mãe e meu avô continuavam dentro do avião.

- É bom vê-la de novo Fernanda. – afirmei. E era bom mesmo, assim eu não precisaria procurá-la.

Bill olhou-a atentamente ao perceber que ela era a Fernanda. E Tom parecia fazer o mesmo, mas estava reparando nos dotes físicos dela, que não eram poucos. Fernanda deu um sorriso para o Tom e uma piscadinha, fazendo-o se derreter todo e depois voltou-se para mim.

- Você mudou muito desde a última vez que nos vimos. – ela afirmou me rodeando.

- Eu cresci. – falei e dei um sorrisinho sem graça, tentando não parecer ansiosa e muito menos mal-educada.

- Oh sim, uma bela garota. – ela acrescentou – Bem, vamos para as apresentações. Essa é a Mary Michigan. – ela falou indicando a garota de cabelos lisos e negros – E essa é a Vanessa Stolf. – e indicou a outra, de cabelos louros escuros – Irão te ajudar na segurança, acompanhadas de mim é claro.

- Olá. – falei para as duas que não tinham se manifestado.

Mary fez apenas um aceno com a cabeça. Pelo jeito dela, parecia que não era de muitas palavras. Já Vanessa, adiantou-se e estendeu a mão.

- Muito prazer Manuela, é uma honra conhecer a filha de Felipe Wildscream! – ela exclamou animada.

- Não é momento para animação Nessa. – Mary falou curtamente, puxando-a para trás.

- Desculpe. – ela me pediu encabulada.

- Conhecidas, certinho... Agora é só esperar... – Fernanda começou, mas parou ao ver a minha mãe se aproximando de nós.

- Fernanda. – minha mãe falou.

- Oh, Helena. – ela falou andando rapidamente até ela e abraçando-a – Eu sinto muito Helena, Felipe era um bom homem... Ele foi teimoso. Eu sinto muito.

- Eu sei, eu sei, eu sei. – minha mãe falou se afastando de Fernanda para olha-la – Você está muito bem, querida.

- Ah, obrigada. – Fernanda agradeceu – Temos que conversar. – ela falou ficando mais séria – Helena, você e eu não podemos mais esconder dela a verdade, ela precisa saber de tudo.

- Não podemos adiar mais um pouco? – minha mãe perguntou sem olhá-la.

- Não, não podemos Helena, não depois de tudo o que aconteceu e o que está para acontecer. – Fernanda afirmou olhando-a fixadamente.

- Agora vocês duas, parem de enrolar. Temos que leva-los para a mansão Wildscream e chegarmos a tempo do enterro. – Mary falou contando-as ao perceber que eu prestava atenção na conversa.

- Tem razão Mary. – Fernanda concordou – Muito bem. Vanessa vá com a terceira van, Mary vá com a segunda. Eu irei com a primeira. – ela falou para Mary e Vanessa.

- Manuela e Helena, na primeira van. Os Tokio Hotel, na segunda. E o senhor Poürshe com a Bárbara, na terceira van. – Mary disse separando-nos.

- Eu não vou me separar da Manuela. – Bill se manifestou segurando a minha mão.

- Bill, tudo bem. Não irá acontecer nada. – falei olhando para ele e tentando tranqüiliza-lo.

- Sem chance. Seu pai falou para eu cuidar de vo... – ele começou teimoso.

- Olha aqui guri. Você entra na segunda van, ou ficará largado aqui, o que prefere? – Mary perguntou.

- Pois bem, eu não deixarei vocês levarem-na se eu não for com ela na van. – ele teimou apertando ainda mais a minha mão.

- Relaxa Bill, é só um tempinho sem ela. – Tom falou se aproximando do Bill.

- Relaxa nada cara, eu não saio daqui se eu não estiver ao lado dela. – Bill teimou mais.

Mary estava irritada, talvez fosse entrar no meio de nós dois e desprender a minha mão da dele, e puxa-lo para a segunda van, quando Vanessa a segurou pelo pulso.

- Quer se acalmar? Vai acabar assustando eles. – Vanessa falou apertando o pulso dela.

- Hunf! – Mary resmungou e largou o seu pulso do aperto da outra, cruzando os braços e encarando irritada a Fernanda.

- Desculpe Bill, mas você não poderá ir na mesma van que nós. Eu e Helena temos que conversar seriamente com ela. – Fernanda falou gentilmente e delicadamente.

Eu nem tinha percebido, mas quase todos já tinham entrado nas suas devidas vans, e o Tom já se dirigia para a dele. Faltavam apenas eu, minha mãe, o Bill e as garotas. Ao olhar para a primeira van, pude ver a Buffy na sua jaulinha azul. Buffy também tinha vindo conosco, ela tinha vindo em segurança no bagageiro, pois ela ficaria mais segura lá, do que solta pelo avião.

- Eu sei sobre o que vocês irão conversar com ela. E ela também já sabe. – Bill afirmou encarando a Mary.

- Ah é? Então me diga sobre o que elas irão conversar? Sabichão. – Mary falou com desdém.

- Erfahrung, experiência, genética, gene-espião e outras coisinhas aí. – ele respondeu sorrindo e vendo a cara da Mary cair.

Mary, Fernanda e Vanessa arregalaram os olhos espantadas. Minha mãe não demonstrou surpresa, talvez já até suspeita-se de algo.

- Ah, que ótimo. – Vanessa foi à única a se manifestar – Entrem os três na van. – mandou, e puxou as outras duas para conversarem mais afastadas.

Entramos na van como Vanessa pediu e eu soltei a Buffy para que ela se deitasse confortável no meu colo. Eu me sentei do lado da janela e Bill sentou-se do meu lado, minha mãe sentou-se de frente para ele. A van não era uma van comum, era cheia de acessórios, dos mais variados tipos, coisas que eu desconhecia. Tinha duas telas grandes, um painel com um teclado em prata e mais um monte de outras coisas que eu não sabia o que eram, mas deviam ser de alta tecnologia.

- Quando ele te contou? – minha mãe perguntou ao Bill.

- Desde que vocês foram ao aeroporto buscar a Babis. – Bill respondeu puxando a minha mão e segurando-a no apoio entre as duas poltronas, enquanto fazia carinho – Ele tentou me convencer a deixá-la, mas como eu sou muito teimoso, não fiz o que ele me pediu e cá estou eu. – ele continuou, e ainda afirmou ser teimoso.

- Está parecendo eu quando mais jovem. Fiz de tudo para ficar perto do Felipe, até mesmo mudar de país. – ela afirmou.

Era a primeira vez que eu a ouvia contando isso. E a primeira vez que ela falava dessa forma sobre o meu pai.

- Apenas espero que a história não se repita. – ela acrescentou e parou de falar.

Quando Fernanda entrou na van, ficamos em silêncio e ela falou para o motorista que podíamos ir.

- Muito bem. – ela falou sentando-se na poltrona à minha frente – Temos um bom tempo até a mansão, vamos aproveitar. – Fernanda afirmou me olhando – Mas antes, me diga desde quando você sabe. – e seu olhar parou no Bill.

- O senhor Wildscream me contou tudo na quinta-feira. – Bill respondeu.

- E você Manuela, desde quando sabe sobre a Erfahrung? – ela perguntou se dirigindo a mim.

- Desde hoje. Meu pai deixou uma carta e um documento falando sobre a tal experiência. – respondi.

- Ah, Felipe sempre foi excêntrico. Sabia que eu ia lhe contar tudo, mas faz questão de contar antes. – ela afirmou olhando para a minha mãe – Então, você já sabe o que é, mas receio que tenha alguma, ou várias dúvidas, não? – e me olhou perguntando.

- Uhun, tenho várias. – e tinha mesmo.

- Muito bem, faça as perguntas que eu lhe darei às respostas. – ela falou juntando as mãos no colo.

- Bem, primeiro, eu queria entender o que é esse gene-espião.

- Isso é base de genética, é meio complicado de entender e explicar, mas eu tentarei. O gene-espião foi criado em laboratório, na verdade foi retirado o DNA de seu pai e modificado em laboratório. Passou por um processo que durou no mínimo umas 24 horas, uma mudança por completo do DNA. Inicialmente, Bartolomeu foi completamente contra, mas Jack o convenceu, e ele teve que ceder... Afinal, Jack é o rei supremo. E acabaram usando o Felipe, um dos melhores agentes daquela época, e ouso dizer que foi um dos melhores da atualidade. – ela explicou – Mas voltemos ao gene-espião. Foi tirado o DNA dele, modificado e colocado de volta, dando origem ao que nós podemos chamar de uma nova carga genética. E seria passada diretamente para os descendentes dele. Você nasceu perfeita, cresceu com as qualidades que qualquer um podia ter, só que um tanto maiores e está quase pronta para o que foi criada. O processo genético se completará quando você estiver com 18 anos, mas como você fez 17 agora à pouco, ele irá aparecendo aos poucos. Esse ano será repleto de mudanças e descobertas novas. Você tem grandes capacidades mentais e físicas, era isso que nós testávamos quando fazíamos os exames. E eles conseguiram criar a espiã perfeita, você. – Fernanda terminou de explicar.

Nós já estávamos na metade do caminho, e em nenhum momento Bill parou de segurar a minha mão. Eu fiquei em silêncio por um momento, olhando pela janela as ruas de New York. Estava processando tudo o que Fernanda tinha falado, e era inacreditável o que estava acontecendo comigo. Eu sempre me senti diferente das outras pessoas, mas eu não sabia que era tanto assim. Senti-me como uma aberração, mas uma aberração do bem. (?)

- Meu pai, ele tinha idéia do que tinham feito com ele? – perguntei encarando-a.

- Na verdade não, pelo menos não até os seus quase sete anos. Parece que ele descobriu quando estava procurando algo na sala de Bartolomeu. – ela respondeu – Entretanto, acho que ele sabia sobre a experiência, sobre o Erfahrung, já que ele sempre ia para Alemanha atrás da sua mãe.

Olhei para a minha mãe.

- Sim, ele sabia sobre a pesquisa, achava que nunca a tinham desenvolvido. – ela respondeu me olhando – Mas estava enganado. Ele sempre suspeitou de algo, afinal, você sempre esteve à frente de qualquer um da sua idade. Era ágil e dificilmente se machucava, apesar de ser um pouco desastrada. Nós, inicialmente, apenas achávamos que você era inteligente e estávamos certos, mas ao mesmo tempo, estávamos errados. Quando Felipe, seu pai, descobriu que tinham usado como cobaia, e pior, que tinham usado você, ele ficou muito, muito bravo. Ele sabia que você não poderia fugir disso, e que ele também não.

- Por que tivemos que mudar de país? – perguntei.

- A máfia americana tinha descoberto sobre você, eles a queriam, mas para usarem você... Eles a queriam para o mal. E seu pai jamais ia permitir isso. Vocês se mudaram para o Brasil quando você tinha 13 anos. Mas ainda sim eles caiam em cima. No Brasil sempre tem isso, favelas, atentados... Achamos que lá seria mais fácil de se esconder. – Fernanda respondeu.

- Por que vocês se separaram? – perguntei a minha mãe.

- Queríamos protegê-la, os americanos estavam quase descobrindo onde estávamos, sem pai achou melhor isso. Mas não adiantou, a máfia européia se juntou e ficou pior. Por isso que achamos que já estava na hora de te contar, mas seu pai era quem queria lhe contar. – minha mãe respondeu.

- Meu pai, por que ele não me contou antes?

- Ele não te contou antes porque ele tinha medo. Sabia que seu destino era inevitável, não importava o que você fizesse, o que nós fizéssemos, você se meteria em perigo, correria risco. Por isso ele achou melhor esconder isso de você, para te proteger. Mas ainda sim, de que adiantou? Você uma hora iria cair no mesmo ramo que ele, a espionagem. – minha mãe falou suspirando cansada.

Eu pensei por um momento no que a minha mãe tinha falado, ela disse que eu iria cair no mesmo ramo que o meu pai, que eu ia me tornar uma espiã? Mas e se eu não quisesse isso? Eu não tinha livre arbítrio? Apesar de que, eu não achei nem boa, nem má a idéia.

- Um momento, vocês estão querendo dizer que Manuela se tornará uma espiã? – Bill perguntou se manifestando pela primeira vez.

- Exatamente. – Fernanda respondeu.

- Mas e se ela não quiser isso? – ele perguntou.

- Ela se tornará uma espiã, aprendendo a se defender e tal, ou então, será facilmente pega pelas máfias. O que prefere? – ela perguntou-lhe irônica.

- Mas... – Bill começou.

- Não tem como ela negar, está na genética, no sangue dela. Ela é a Erfahrung. – Fernanda afirmou, cortando-o.

- Ela não pode fazer o que não quer. – Bill revidou.

- Ah, não pode mesmo. Mas aposto que ela gostou da idéia, não é mesmo Manuela? – ela perguntou mudando o olhar para mim, enquanto minha mãe se remexia incomoda na poltrona.

 

“Ela está presa em sua decisão
Não consegue escolher
Tem dois caminhos pra percorrer

Nesse conto de farsas
O final pode não ser
Tão feliz assim
Um caminho pra escolher
Ela sabe que pode se arrepender

No final saberemos se eles
Foram felizes pra sempre
Pra sempre!”


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Notas finais do capítulo

E agora? O que a Manuela irá responder?
Qualquer dúvida, perguntem pela review!

Beijux, até o próximo capitulo! o/'