Revenge escrita por minabeloved


Capítulo 2
A pedra falsa




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Assim que colocou seus pés sob o solo, o som de sua chegada causou um leve estalo e deslocamento no ar, provocando uma revoada de corvos em direção ao telhado da mansão. Naquela noite gélida de novembro, flutuava no céu uma imensa lua, circundada por um misterioso halo de bruma, e era possível ver nitidamente no jardim, os raros pavões albinos, a fonte e as lindas tulipas que Narcissa amava.

A cada passo, Severus sentia emoções contraditórias, pois ao mesmo tempo em que carregava um certo peso pela obrigação social, teria um imenso prazer em rever a dona da casa. Os imponentes portões de bronze estavam abertos, assim como a porta dupla de carvalho entalhada, que demonstrava em parte, o luxo que havia lá dentro.

Chegando ao hall principal, Severus pôde logo perceber, que essa festa seria ainda mais opulenta, que a do ano anterior. De uma grande lareira de mármore de Carrara, viam-se as chamas verdes, que emanavam dos convidados recém-chegados, através da rede de flú. Influentes funcionários do Ministério, além é claro, de nobres bruxos e suas esposas enfeitadas com jóias e estolas de vison, começavam a formar seus grupos, enquanto os humildes elfos vestidos de cinza, serviam bebidas e canapés. O próprio Snape arrumou-se com mais esmero para a festa e essa noite, trajava suas roupas tradicionais e sua longa capa, desta vez, na cor verde escura. No dedo anular direito, ele usou um anel de prata com a imagem de uma serpente, digno de ocasiões especiais; tudo discretamente sonserino.

Eis que foi notado por Lucius, e ambos saudaram-se, antes que Snape pudesse pegar uma taça de vinho.

—Severus, quanta honra! —disse Malfoy com os braços abertos e uma falsa euforia.

—Minhas felicitações, meu caro! Espero que goste disso! —disse Snape muito sério e entregando-lhe uma caixa de veludo púrpura.

—Oh, muito obrigado! Deixe-me ver o que é! — disse Lucius com curiosidade.

O aniversariante abriu rapidamente a caixa, e seus olhos cinzentos brilharam de satisfação ao ver o frasco arredondado de cristal, adornado em prata e pedras de marcassita. Snape comprou a peça em uma loja de antiguidades e o estilo era característico do período vitoriano.

—Mas para que serve isso, Snape? Veneno? —disse em tom de brincadeira.

Severus, como era de se esperar, não achou graça nenhuma e respondeu:

—Ora, Lucius, por enquanto está vazio, mas poderá conter a poção que você quiser! Quem sabe um elixir ou tônico especial!

—Lógico! Muito bem pensado! Esteja certo de que manterei o frasco sempre comigo!

—Vou aguardar que escolha qual poção deseja, e então, eu mesmo a farei para encher seu vidro! —disse Snape

—Isso será perfeito! Muito obrigado! Agora venha, vamos comer e beber, enquanto apresento-lhe algumas pessoas! —disse o aniversariante.

Havia cerca de cinqüenta pessoas na festa; alguns eram rostos bem conhecidos, outros nem tanto, mas com certeza, nenhum relacionado “àquelas outras atividades”, estava presente na mansão.

—Sua cunhada não virá, não é? —perguntou Snape em tom de provocação.

—Claro que não, Severus! Socialmente ela me envergonharia com seu comportamento vulgar e seu passado negro aos olhos de todas essas pessoas. Imagine uma psicopata que fugiu de Askabam, circulando em meus salões! Nunca! Ninguém sequer suspeita de minhas relações com milorde e as artes das trevas! Já andaram me investigando, mas eu sou muito esperto para ser descoberto. —Por Merlin, como duas irmãs podem ser tão diferentes, não é? —exclamou Lucius.

—É verdade! Mas... você esqueceu-se de mencionar a outra, chamada Andrômeda. —disse Severus

—Essa outra é uma vergonha ainda maior, por ter sujado o sangue dos Black gerando uma mestiça imunda. Nem toque nesse assunto na frente de Cissy, por favor!

Severus achava graça de presunção de Malfoy, afinal tanto ele — Severus Snape, quanto o próprio Voldmort eram bruxos mestiços e tinham mais poder mágico do que muitos sangues puros presentes na festa.

Ainda ao lado de Malfoy, por um instante, Snape olhou na direção da escadaria principal, e então, seus olhos escuros se encheram de brilho, diante da linda visão que captaram. Narcissa descia os degraus sorridente e encantadora em um vestido longo de lã negro, de uma manga só, deixando o outro braço e ombro sensualmente expostos. Ela veio vindo na direção de Snape e do marido, ainda sorrindo, e ao caminhar parecia estar deslizando em nuvens. Os cabelos louros na altura dos ombros estavam repartidos e presos apenas de um lado, enquanto a parte solta formava uma cascata de cachos ondulados. A maquiagem era discreta, pois a beleza dela não exigia artifícios. Como jóia, usava apenas um broche de brilhantes com as iniciais NM em estilo clássico.

Lucius a beijou suavemente nos lábios e Snape aguardou o instante para cumprimentá-la e beijar sua mão.

—Seja bem vindo, meu querido! —disse ela para Snape com muita sinceridade.

—Ahn! Não existe mulher mais linda do que você, Cissy! Não concorda, Severus? —disse Malfoy todo orgulhoso.

—Narcissa é única! —ele respondeu.

Ela sorriu ainda mais, mostrando seus dentes brancos emoldurados pelo baton cor de vinho.

—Ainda vamos conversar muito sobre Draco, não é? Preciso saber como anda o meu menino! Você me contará tudo? —perguntou Narcissa.

—Certamente que sim, Cissy! —Snape respondeu com um quase sorriso, deixando a amiga aliviada.

—Bem, vou deixá-los um pouco para circular e dar atenção aos convidados. O jantar será servido dentro de meia hora no andar superior. Até breve!

Lucius esperou a esposa afastar-se deles, para disparar um comentário inaceitável:

—Eu sou um homem muito afortunado, mas mesmo assim não consigo resistir a certas coisinhas. Gosto da emoção que antecede o perigo...

—Como assim? O que quer dizer? —perguntou Snape.

—Minha sobrinha, Lizenne — disse cochichando próximo ao ouvido de Severus.

—Está vendo aquela coisinha graciosa ali, de vestido azul turquesa? É a filha mais velha de minha prima Bárbara, que se formou em Durmstrang.

—De caso com você? Mas... ela é sua sobrinha, Lucius! Isso seria uma aventura perfeita para Draco, que está com os hormônios explodindo! —disse Snape em tom de censura.

—Vou providenciar uma profissional para atender meu filho nas férias, até que ele tenha habilidade suficiente para manobrar essa priminha tão querida! —disse Malfoy com expressão lasciva.

—Diga sinceramente, Severus, o que achou do meu novo brinquedo?

—Prefiro me calar. Vou poupá-lo por ser seu aniversário! —disse Snape com a sobrancelha direita levantada. Malfoy deu uma gostosa gargalhada.

—Você parece um velho, Severus! Devia se soltar e aproveitar mais a vida, nem parece mais o rapaz que fazia barbaridades a mando de... você sabe quem! —sussurrou Malfoy.

Snape fez um aceno negativo com a cabeça e afastou-se de Lucius; havia chegado há pouco tempo e ainda não havia circulado pela casa. Caminhou pelo imenso salão lindamente decorado com tapeçarias orientais, estátuas de mármore e quadros clássicos de antepassados. Toda a riqueza dos Malfoy parecia resplandecer iluminada pelo gigantesco lustre de cristal que flutuava vários metros acima. Muito discretamente, tratou de observar a nova amante de Lucius, para quem sabe, compreender o grau de insensatez do amigo. A tal jovem aparentava ter entre vinte e vinte e dois anos, era magra, tinha estatura média, cabelos castanhos muito lisos e enormes olhos cor de mel. Usava um vestido longo com um decote generoso nas costas, denunciando a ausência de sutien. A forma de seu corpo era espetacular e interessante certamente, mas para uma noite apenas — pensou Snape.

Severus Snape estava indignado, pois apesar de sua aparente falta de sensibilidade, era um homem de bom gosto e bom senso, sendo capaz de analisar o que passava despercebido para seu colega sonserino. Aos seus olhos, Narcissa era preciosa, um diamante puro, brilhante e bem lapidado e em todos os seus ângulos, podia-se ver a inteligência, a elegância, a beleza, a personalidade e o brilho, que toda mulher deveria ter. Se comparada a ela, a sobrinha de Lucius não passava de uma pedra falsa...


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