É tudo tão simples. Sou uma princesa, podia ser salva por um beijo.

É tudo tão patético, tão banal, tão longe do habitual. E agora entendo, entendo todos os contos de fadas.

Sou a branca de neve, adormecida num sono tão profundo que estando viva é como se estivesse morta. Entorpecida. Num limiar desfocado.

E não posso fazer nada, estou presa dentro de mim. Sufocando com a minha própria vida.

É como se eu não fosse nada.

É como se eu só soubesse ser nada.

E espero, espero, espero deitada como se ainda fosse cedo.

Ai o desespero de ficar para sempre sozinha, ai a tragédia de querer ser outra coisa.

Sou uma princesa. Uma daquelas que precisa de ser salva, porque está farta de se salvar. Farta e cansada e moída e entorpecida e distante e zangada.

Não quero ser forte, quero que me segurem. Quero ser humana. Não quero chorar.

Estou sozinha

E daqui, desta prisão que sou eu, parece que a solidão é uma frase sem ponto final. Sem pausa, sem emoção.

Só preciso de um beijo para acordar.

Não precisa de ser verdadeiro.

...

Eu queria viver uma épica história de amor. Mas não foi possível.

Então, eu queria viver uma história de amor. Mas não estava nos planos para mim.

Então, eu já só queria viver uma história, mesmo sem amor. Mas continuou a ser pedir demais.

Então, agora eu apenas respiro.

Já não espero nada.