Lua De Sangue escrita por JhesyAckles


Capítulo 20
Capítulo 20




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Maldita hora em que resolvi ser amiga do lobisomem, maldita hora em que o conheci, se eu tivesse agido diferente, se tivesse seguido meu instinto ele não estaria vivo, eu não estaria aqui com tantas preocupações na cabeça.

Eu me apaixonei por ele e isso eu não posso mudar ou esquecer, mas ele me traira, da pior forma que poderia ter feito; ele me usou, brincou comigo e me tirou aquela que eu mais amava e ainda assim me deu um outro alguém, um alguém que corria perigo e por quem eu faria o impossivel para proteger, até voltar a confiar nele.

Pelo meu filho, e apenas por ele eu voltaria a confiar nele, confiar até certo ponto.

- Lana? - eu o ouvi chamar meu nome. Nesse momento senti um chute em minha barriga.

- Aqui. - respondi.

- Estou aqui, qual é o assunto? - ele falou entrando na caverna.

- Obrigada por vir. - eu falei de costas pra ele.

- Podemos ir direto ao ponto? - ele falou seco. - Porque me chamou aqui?

- Aconteceu uma coisa. - eu suspirei. - E preciso da sua ajuda.

- Você? Pedindo minha ajuda? - ele se manteve seco. - Porque eu te ajudaria? Porque você não pede ao seu noivinho? Imagino que ele não sabe que você está aqui, sabe?

- Não, não sabe, ninguém sabe. E você me ajudaria porque isso lhe diz respeito.

- Podemos parar de rodeios então?

- Daniel... - eu falei me virando.  - Eu estou gravida. - fiquei de frente pra ele.

Ele me analisou de cima a baixo parando em minha barriga por alguns momentos.

Permaneceu calado e sua expressão não mudou, com exeção de um certo brilho que apareceu em seu olhar e eu pude jurar, por um segundo, ele conteve um sorriso, mas manteve sua expressão dura.

- Você... - eu quebrei o silêncio. - Você não parece muito surpreso.

- Isso porque não é nenhuma surpresa pra mim. Eu já sabia.

- Já... Já sabia? - agora eu estava surpresa. - Como? Desde quando sabe?

- Desde que te surpreendi naquela caçada há algum tempo. Aquilo não era muito normal, e depois sua barriga começou a ficar mais aparente, e bem, digamos que conheço seu corpo muito bem para notar isso... Não sou idiota Lana, juntei dois mais dois.

- Porque não disse nada?

- Porque sabia que você diria. Ou, pelo menos esperava por isso.

- E se eu não dissesse? E se eu permanecesse calada? Você iria ignorar a existência do seu filho?

- Não, eu iria atrás de você. Mas... Eu queria que fosse você a me contar, imaginei, no inicio,  que isso pudesse quebrar a muralha que se formou entre nós, depois percebi que não...

Eu fiquei calada.

Ele parecia estar sempre um passo a frente e isso me assustava.

- A pergunta é, porque está me contando agora?

- Porque estou desesperada. Lucas convenceu Marcus de que... - eu não consegui terminar a frase.

- O que aconteceu? - sua voz e sua expressão se tornaram mas flexiveis. Ele parecia preocupado e urgente. - Lucas convenceu Marcus de?

- De que o melhor pra mim será que o bebe morra. - ele ficou calado. - E eu não posso permitir isso, e a unica coisa em que pensei foi recorrer a você. Acredite, eu não viria se houvesse outra opção. Eu não podia ficar quieta assistindo enquanto eles planejavam um jeito de matar meu... nosso filho. 

- Sei disso. - ele me olhava sério e preocupado. - Pensou em alguma coisa?

- Não há muitas opções, acho que fugir seria o melhor. - eu dei um passo em sua direção antes que pudesse me conter. - Mas, sozinha eu não posso, sozinha eu não conseguiria.

- Então voltamos ao ponto em que paramos, não? - ele falou.

- Do que é que você está falando? - eu não estava entendendo.

- A ultima coisa que te pedi, antes de tudo, se lembra? O que nós fariamos antes do que aconteceu... Nós iriamos...

- ... fugir... - eu sussurei.

- juntos, é. - ele concluiu a frase. - Mas, nossos planos foram frustrados e agora voltamos a eles. Iremos novamente planejar uma fuga juntos...

- Não, Daniel. Não entenda isso errado. Nós vamos fugir juntos, sim. Mas... - eu falei entendendo a onde ele chegaria com aquilo. - Isso não muda nada entre nós.

- Não achei que mudaria. - ele deu de ombros. - Para você eu sempre serei o assassino.

Eu não respondi.

- Então, quando iremos?

- Pensei em ir assim que o sol nascer, amanhã.

- Muito inteligente, isso nos dará uma boa vantagem, viajar com a luz do sol... Eles não nos seguirão.

- Exatamente no que pensei, só que ainda não sei como faremos isso, nem todos podemos fazer passeios num parque ensolarado.

- Não se preocupe, tenho algumas ideias...

- Então realmente irá me ajudar?

- Em algum momento pensou que eu não o faria? É do meu filho que estamos falando, acha que eu não o protegeria?

- Obrigada. E... - eu mordi o labio. - Depois que estivermos longe e o bebe estiver a salvo, você não precisará voltar a me ver, se não quiser.

- Não pense que se livrará de mim assim tão fácil. Mesmo que não queira, e na verdade depois de tudo, não quero, não vou simplesmente sumir e largar meu filho para trás. Ele merece crescer com o pai e a mãe, ainda que não sejam um casal.  Concorda?

- E eu tenho outra escolha?

- Na verdade, não. É melhor eu ir agora, você não vai poder sair e há algumas coisas que preciso planejar, precisarei sair sem que ninguém do bando saiba, ou virão atras de mim... Resolvo isso o mais rápido possivel, quando nos encontraremos aqui?

- Ao por do sol, acho... Poderemos planejar como faremos e sairemos ao nascer do sol, ou antes...

- Está bem. - falando isso ele desapareceu me deixando ali sozinha.

- Quem está ai? - eu falei ouvindo o barulho de alguém chegar, algumas horas mais tarde.

Não podia ser um vampiro. O sol ainda não havia se posto. Então senti seu cheiro. Não era de ninguém que eu conhecesse, tão pouco era humano.

Eu estremessi.

- Quem está ai? - falei com a voz ameaçadora.

- Lana?! - uma voz feminina me chamou.

- Sou eu. Quem é você?

- Calma. Não vou te fazer nada. - ela falou e apareceu.

Era uma garota com rosto jovem, uns 16 anos talvez, olhos castanhos muito bonitos, loira e alta.

- Você é? - eu ainda estava armada.

- Desculpe, meu nome é Anne, sou... amiga? - ela torceu a boca como se analizasse e voltou a falar - É acho que podemos chamar assim, do Daniel.

Eu não pude deixar de sentir uma pontada aguda de ciumes com essas palavras.

- Ele te mandou aqui?

- Na verdade... Não. - ela disse se sentando encostada na pedra ainda me olhando. - Vim por minha conta. Ele disse que você estava aqui e eu quis conhece-la.

- Porque queria me conhecer? - falei me sentando abraçando as pernas.

- Como não querer? Você é meu castigo! - ela bufou.

- Como? - eu falei sem entender.

- Ei, acha que eu gosto de ficar ouvindo Daniel falar de você dia e noite? Quando ele se transforma eu me sinto aliviada, ali ele se cala, mas quando olho nos olhos dele sei o que está pensando.

- Porque ele falaria de mim? - eu disse com mais interesse na voz do que gostaria de demonstrar.

- Tá brincando? Acha que ele não falaria ' do amor da vida dele' Daniel é do tipo sentimental... Mas se ele descobre que te contei me mata.

- Não vai descobrir.

- Muito bem então, mas acho que você sabe a resposta. De qualquer forma, eu sei tudo sobre você. Como se conheceram, como Daniel se apaixonou por você. - meu coração bateu forte. - e como você arrancou o coração dele. - ela falou de forma teatral.

- Não foi exatamente assim... - eu murmurei.

- Também sei que você comandava aquele ataque aos lobos, e... - ela me olhou. - É verdade então? Você está gravida?

- Aparentemente... - afastei as pernas para mostrar o volume que se formava em mim.

- Daniel me contou. E cá entre nós, e que ele não saiba que te contei, ele ficou tão feliz quando descobriu há algum tempo... E agora que você falou para ele...

- Porque ele não me disse antes? Quer dizer, porque ele não falou que já sabia?

- Porque teve medo.

- Medo?

- Ah Lana, já te disse, Daniel é do tipo sentimental... E também porque ele não tinha certeza... Não que ele admitisse, mas certa vez deixou escapar que teve medo que o filho fosse do tal Lucio, Lucas, ou sei la que nome tem.

- Lucas.

- É, esse mesmo. O filho não é dele, é?

- Definitivamente, não.

De alguma forma, aquela garota me inspirava confiança. O porque, me era desconhecido.

- Que bom então. - ela sorriu.

- Posso te fazer uma pergunta? - eu falei sem poder me conter.

- Claro.

- Você não me odeia?

- Te odiar? Não, na verdade não, é bem certo que não sou sua fã numero um pelo que você fez ao Daniel, mas, não, não te odeio...

- Não, não por isso...

- Pelo que então?

- Pelo... - eu mordi o lábio. - Pelo ataque ao seu bando... Por aquele massacre...

- Não. Isso não foi lá muito legal da sua parte, mas não... Daniel me contou seus motivos, e bem, eu não devia nada aquele bando na epoca... Aliais, nunca devi. Vivo com eles por causa do Daniel, mas... Eles nunca foram uma familia pra mim. Na verdade, você me fez um favor... - ela falou a ultima frase em um sussurro.

- Porque?

- Deixe esse assunto para outra hora, sim?

- Tudo bem... - eu dei de ombros, mas a curiosidade ainda estava em mim. - Bem, pelo menos alguém não me odeia, Mary até tentou me matar...

- Mary? Ah, mas essa garota te odeia por outra coisa. - ela riu. - Esse foi só um motivo a mais para ela querer seu coração em uma bandeja...

- Que?

- É. Aquela descontrolada... Não gosto dela, acha que porque ela e o Daniel tiveram umas noites juntos no ultimo século ele pertence a ela... Ela é uma idiota, Daniel já cansou de dizer que não a quer mais e ela não desiste.

- É, ele me falou que eles tiveram alguma coisa há muito tempo... - eu falei com uma pontada de ciumes na voz.

- Foi, e ela agora é do tipo ex grudenta, enfim... Acredita que ela já me ameaçou por causa disso? Foi logo que eles terminaram, ela achou que ele estava comigo, Ruby deu uma dura nela nesse dia...

- E não estão? - eu falei sem poder me segurar.

- Ah, você também? Não vai tentar arrancar meu coração ou coisas do tipo, vai? - ela riu.

- Claro que não!

- Confesso que já tive uma paixão secreta por ele.  Como não ter, não é? Ele é fo tipo homem perfeito... - ela riu. - Não conte isso a ele! - ela se fingiu de séria.

- Então nunca tiveram nada?

- Não,  Daniel é pra mim um irmão mais velho, apenas isso. Eu o amo, e quero o melhor pra ele, mas o que sinto é amor de irmão...  Então, cunhadinha, trate de faze-lo feliz, sim?

- Cunhada? Não... Acho que você não entendeu bem, Anne. - eu falei sem graça. - Estou indo com ele somente por causa da criança, o bebe não tem nada com isso... Quero proteger meu filho e ele quer o mesmo, mas, nós dois, creio que não seja possivel.

- Porque?

- Anne, ele matou minha mãe, pelo motivo que tivesse, mas matou, isso eu não posso perdoar. Estou indo com ele apenas porque não me resta outra alternativa, preciso de ajuda, e não posso recorrer a mais ninguém.

- Ele matou sua mãe?

- Sim.

- Tem certeza?

- Sim, infelizmente, tenho. Tudo aponta para ele...

- Olha, Lana. - ela falou se levantando. - Quer saber, o que eu realmente acho?

- Claro. - eu me levantei também.

- Daniel nunca faria algo assim, ok? Nunca. Disso eu tenho certeza. - ela me olhava fixamente. - E acho que essa certeza você também tem, só que está escondida ai dentro de você, caso contrário você não fugiria com ele, não confiaria a segurança do seu filho a ele.

- Eu...

- Não. - ela me interrompeu. - Ele te ama, Lana, eu o conheço há muito, muito tempo. Eu o conheço melhor do que ninguém, e sei que o que ele sente por você é mais forte do que tudo que ele já chegou a sentir por qualquer outra pessoa. Ele te ama, essa é uma certeza que eu posso te dar. Eu não sei o que aconteceu com sua mãe, ele apenas me disse que ela havia morrido.

Se passaram alguns segundos de um silencio incomdo.

- Você o ama? - ela perguntou.

- Mais do que poderia amar qualquer outra pessoa... - respondi em um sussurro.

- Então não deixe que outros ditem seu destino. Se você o ama, não deixe ele escapar. Agora eu preciso ir, vou ver se ele precisa de ajuda com alguma coisa...

- Está bem.

- Pense no que eu disse, tá?

- Vou pensar.

- Adeus, Lana. - ela falou se virando para ir embora.

- Anne? - eu a chamei.

- Sim? - ela se virou para me olhar.

- Obrigada. - ela sorriu e assentiu.

Talvez Anne tivesse razão, mas havia uma parte dentro de mim que não confiava totalmente nele.

Por mais que eu tentasse, tudo apontava pro pior, eu vi o lobo que atacou minha mãe, o mesmo que me defendeu dias antes, Lucas viu Daniel se transformar e depois... Como Lucas poderia saber daquilo que me contou? Eu nunca havia comentado nada a respeito de Ruby ou de Mary para Lucas, ele não poderia estar mentindo, seria conhecidencia demais. Não, nisso eu tinha que acreditar em Lucas, os detalhes que ele contou...

Meu coração lutava com todas as forças, gritando que Lucas era um mentiroso, gritando para que eu confiasse em Daniel, gritando para que eu parasse com essa tortura e voltasse a ter Daniel, mas como eu nunca fui muito boa em seguir ou escutar meu coração traiçoeiro, resolvi por não fazer nada.

Esse foi um dos meus erros.


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