Give Your Heart A Break escrita por Ms Bea


Capítulo 5
Don't wanna break your heart


Notas iniciais do capítulo

Demorou um pouco, mas nem tanto. Falta de criatividade é tenso, não? Erros e falta de revisão. É a ansiedade, vocês me compreendem não é? Aproveitem HAHA'



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Domingo era um dos meus dias de semana favorito, pelo simples fato de eu sempre conseguir estender a minha preguiça até tarde, sem compromissos ou reuniões importantes, e tudo o que eu fazia era deitar e assistir televisão até me cansar, como estava fazendo algumas horas atrás. Esse começo de semana foi diferente em seu final de dia, entretanto. Recebi uma ligação da minha tão antiga amiga e, bem, devo admitir que essa festinha na casa da Selena estava bem animada, e era um programa aparentemente muito melhor que o meus planos de permanecer mofando no sofá. Fiquei surpresa com o convite, é claro, pela razão de não termos nos falado muito ultimamente, mas nem por isso deixei de ficar feliz. Assim que cheguei, ela veio me receber com aquela tão típica animação de quando era criança. Sempre que nos encontrávamos depois de um tempo sem se ver ela me recebia daquela forma, dando um longo abraço acompanhado de pulinhos de alegria. Apesar de termos crescido, não mudamos nossas velhas manias nem um pouco. Sentamos sorridentes e entusiasmadas num canto, tagarelando sobre tudo dos últimos meses. Saltamos de tópicos em tópicos, que variavam de carreira e tipos de comida até shows e garotos.

—Fiquei sabendo que você finalmente achou seu príncipe encantado. – digo em um cantarolar.

Ela parou para piscar e sorrir, olhando algum ponto distante. Eu nunca imaginei como seria o namoro de Selena com o Justin até vê-los juntos pela primeira vez, ainda como amigos. Eles negaram veementemente um envolvimento, apesar de sempre mostrarem um carinho imenso um pelo outro quando estavam juntos.

—Talvez ele seja mesmo. – trocamos um sorriso acalorado. – Agora só falta o seu.

—O meu não vai chegar tão cedo. – devolvi rindo com falso desdenho.

—Talvez ele já tenha aparecido e você insiste em fechar os olhos.

Reviro os olhos, meneando a cabeça. Já fazia um tempo desde que deixei de me importar com essas coisas. A experiência sempre nos traz aprendizados importantes, e foi com ela  que aprendi que “ou você aprende a brincar com os anjos, ou dança com o capeta”.

—Eu não acredito mais nessas coi... – mas a frase morreu em meus lábios ao avistar Sterling do outro lado da sala, conversando com algumas garotas. Não pude evitar o franzir de cenho.

—O que foi Demi?

—Hã? Nada. – levanto rapidamente – Eu já volto.

Ponho-me a andar de encontro ao Knight. Faltavam uns dez ou doze passos para alcançá-lo quando ouço meu nome ser chamado. Viro o rosto na direção da voz, confusa por não reconhecê-la, então sou brindada com um sorriso conhecido. Fico embasbacada ao reconhecer Cameron Mitchel, nada mais nada menos do que o meu primeiro namorado de todos. Permaneço sem reação por alguns segundos enquanto ele me olha sorridente.

—Hey D.

—C-Cameron? – minha expressão era puramente surpresa – Nossa, você é você!

—Pois é.

—Digo, você por aqui! – ele riu da forma que eu falei.

—A Selena assistia ao programa que seleciona talentos para participar de Glee. Eu estava na competição. – ele deu de ombros mantendo os olhos em mim.

—Wow, nossa! Desculpe-me os maus modos, é que eu estou realmente surpresa.

—Eu te perdôo se você vier me cumprimentar como antigamente. – ele sorri novamente.

Não hesito nem um segundo antes de me afundar em um abraço que me remetia toda a minha infância. Namoramos quando eu ainda era uma garotinha sem muita noção da vida e do mesmo modo foi uma das relações mais divertidas da minha vida.

Afasto-me dele ainda descrente, mas animada com a visão de um velho amigo. Quando vejo pessoas que a tempo não via sinto um sentimento nostálgico, que de alguma maneira me trazia uma sensação boa. Foi com esse pensamento que nos embalamos em uma conversa animada, dizendo o quanto a vida tinha aprontado conosco e o quanto isso tinha nos levado para longe de casa. Trocamos números de telefone também.

Ele se despede de mim um bom tempo depois, dizendo algo como ter que encontrar uma pessoa e me beija o rosto, indo para algum lugar que eu não prestei atenção. Minha pele formigou com a sensação de estar sendo observada. Olho ao redor para encontrar Sterling me encarando com um ar questionador. Encaminho-me para a cozinha chamando-o com um leve aceno de cabeça. Ele me segue silenciosamente, deixando as garotas com quem estava falando. Me apoio na pia e ele faz o mesmo com o balcão a frente.

—Não sabia que você estaria aqui. – digo com um tom sereno.

—Nem eu. – responde ele um pouco seco e acrescenta um tempo depois, como uma exigência - Quem era o seu amigo?

—Quem eram as suas amigas? – devolvo no mesmo tom.

Ficamos um tempo em silêncio, apenas desviando os olhares que de quando em quando se encontravam forçosamente. Senti vontade de agredi-lo verbalmente, jogando contra ele que se ele podia ter amigas eu também podia ter amigos, mas isso não era ético da minha parte. Afinal não tenho que dar satisfação de nada que faço para ele, e esse pensamento parece ser recíproco. No entanto eu não podia ficar brigada com ele, por que eu não conseguia e nem mesmo queria isso.

Tudo estava muito confuso dentro da minha cabeça, e não só por hoje. A cada dia que nos encontrávamos, ele quebrava um tipo de tabu dentro de mim, chegando perigosamente perto de algo que eu ainda não aprendi a definir. E eu não podia simplesmente fingir que nada disso tinha sido estranho. Eu sabia, e tenho certeza que ele também, que estávamos bem mais próximos do que costumávamos ser. Até por que sempre mantemos uma distância saudável, e nos últimos dias isso não tem servido como uma barreira de precaução. Parecia que a tínhamos pulado como se ela não existisse, brincando muito com as palavras arriscadas. Mesmo sabendo que elas não eram verdadeiras, ainda estava frágil emocionalmente, ainda me sentia assim. Vulnerável a sentimentos e opiniões.

De qualquer forma algo repelia-nos para outro caminho, um mais seguro, talvez pelo fato de estarmos próximos de mais e isso acionar algum alarme com relação a nossos traumas. Eu sabia o motivo para toda essa repulsa que ele tinha a relacionamentos. Num desses dias ele me contou o por quê de nunca querer se apaixonar, e eu podia muito bem entender seus motivos e ainda concordar com ele. Eu sei que medo é o que realmente é. Nossas experiências não eram nem de longe agradáveis.

Agora estamos aqui, tão perto e ainda tão longe. Não pude evitar agarrar as costas da camisa dele, e o apertar com mais força contra o meu corpo. Ele pareceu hesitar por um tempo, mas depois devolveu o afago com a mesma intensidade. E droga, eu odiava ter consciência disso. Ter consciência de seus braços me rodeando, de estar sentido a respiração falha e ritmada dele, sentir o tecido de sua camisa, e ainda sentir que a tensão nos separava, como uma grossa parede que se formou num pequeno intervalo de tempo, e que ainda não superamos. Que poderíamos não superar.  Dentro de mim eu sabia que as coisas seriam diferentes com ele a partir de agora, mesmo que nós não tenhamos falado disso ainda.

Tentar esvaziar a mente não estava funcionando, por que bem, estava tudo um grande caos. Não era um pensamento, eram vários. Não era uma sensação, eram várias. Entretanto era apenas um sentimento. Mesmo sabendo que admitir e por tudo em pratos limpos era a melhor opção, eu não conseguia o fazer. Ele não iria me dar abertura para nada, eu sabia. Criar expectativas nunca é uma escolha sadia.

—Quando você vai perceber?

Senti o corpo dele se tencionar, mas já era tarde para voltar atrás. E eu não queria, porque já estava aceitando a idéia, mesmo que inconscientemente, de estar divagando demasiadamente na relação que estávamos tendo nos últimos dias. No entanto as simples palavras deixaram a tensão mais palpável do que nunca. O ar tornara-se pesado, mas não era só por esse motivo que eu não conseguia respirar direito.

—Demi você sabe que...

—Não. Você sabe. Eu não sou como o resto. – tudo estava tão oculto nas palavras ditas por nós e ainda assim tão explicito. -  Eu sei que no fundo você sabe.   

Nada era mais alto que nossos sussurros agora, mesmo com a música explodindo na sala, fazendo o chão tremer quase que imperceptivelmente. O fato de estar agarrada a ele não me dava a oportunidade de ver sua expressão, no entanto senti a pressão de suas mãos em minha cintura aumentar, em uma comunicação silenciosa. Tenho certeza de que ele me sentiu estremecer. Um segundo após isso o senti se afastar para me olhar.

—Não quero partir o seu coração – apesar de não passar de um murmúrio, minha voz era tão firme que nem eu mesma reconheci.

Ele estava imerso em pensamentos, seus olhos não tinham um ponto fixo, vagavam pela cozinha rapidamente, porém se fixaram em mim ao ouvir minha frase. Por um momento seu olhar pareceu derreter docemente e no outro segundo ganhou um brilho estranho. Percebi com horror que não era estranho, e sim o tipo de brilho que sempre me acometia. Eram lágrimas presas. Tentei puxá-lo de volta e retirar tudo aquilo que tinha dito, mas já era tarde, ele já estava passando pela porta da cozinha. Chamo o nome em vão, andando rapidamente numa tentativa de alcançá-lo. Sou parada pelos olhos preocupados de Selena, que de alguma forma apareceu na minha frente.

—Demi, está tudo bem?

Olho em volta a procura dos cabelos loiros de Sterling, mas tudo o que encontro são vários pares de olhos curiosos. Balanço a cabeça, voltando a olhar para a confusa amiga a minha frente.

—Sim. Olha, eu tenho que ir, sinto muito Sel.

Senti o meu nome ser chamado por ela, mas não parei de caminhar para escutar. Quando chego do lado de fora tudo o que encontro é o ar frio dando sensações de corte em meu rosto.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Review's? Beijos.