Carta. Sofrimento. Reencontro.

Eu não sabia exatamente o que fazer. Não sabia se ia até Justin e abraçava-o como se nada nunca tivesse acontecido ou se simplesmente iria até ele e lhe dava uma tapa na cara, por me fazer tão infeliz. Uma lágrima teimou em cair de meus olhos, mas fiz de tudo para conte-la, não poderia chorar logo neste momento. Coisas inúteis de certa, forma começaram a passar por minha mente.

- Soph, o que é aquilo? – Justin falou apontando para algum lugar atrás de mim, parecia um pouco apreensivo.

Virei-me e não havia absolutamente nada atrás de mim, a não ser o as lindas ondas do mar, a areia branca da praia e alguns pássaros se aventurando dentre o céu azul.

- Mas não há nada aqui Justin, a não ser... – Virei-me novamente para Justin, me espantando com o que meus olhos apreciavam. Era uma aliança; prata, com um pequeno diamante logo em seu centro. Não era muito grossa e nem muito fina, era de um tamanho perfeito. Também havia alguns pequenos diamantes com uma cor meio roxa espalhados aleatoriamente. Pude observar que dentro de cada uma delas, havia nossos nomes e um detalhado eterno logo depois. Era realmente linda, de impressionar qualquer pessoa.

- Sophia Marie Jones, você foi a melhor coisa que me aconteceu em toda a minha vida. Quer ser acordada todos os dias com beijinhos no pescoço, um café da manhã e uma violeta – sei que é a sua preferida – todos os dias? Quer ouvir um ‘eu te amo’ sincero e verdadeiro a cada cinco minutos? Quer comer macarrão à bolonhesa sempre que quiser?  – sei que adora comer isso – Quer comer doritos comigo enquanto assisti ‘Smallville’?Quer ser feliz comigo? Quer ter filho comigo? Quer passar toda uma eternidade comigo? Enfim... Quer se casar comigo?

E no final daquela simples e verdadeira declaração, não conseguia e nem queria conter as lágrimas. Abracei-o fortemente, acho que aquilo já era o bastante para ele deduzir o meu breve e feliz ‘Sim, eu aceito. ’.

Éramos tão felizes juntos. Por que ele tinha de ter feito aquilo? As lembranças daquela longa e dolorosa tarde ainda marcavam minha vida e teimavam a passar pela milionésima vez em minha mente.

Era um dia bastante ensolarado. Acordei com uma vontade imensa de sorrir, uma paz enorme reinava sobre meu corpo, não sentia isso á poucas horas atrás, quando estava com Justin ao meu lado. Sorri descontroladamente e loucamente, parecendo mais uma louca apaixonada. Olhei para meu lado direito e Justin não estava lá, mas havia uma carta, uma violeta e o café da manhã em uma bandeja no seu lugar, estranho. Havia um ‘Para minha Soph.’ Logo à frente da carta, peguei-a, abri-a e comecei a ler.

Querida Soph, me desculpe por não poder lhe ver acordar e dar esse sorriso magnífico e me desculpe também por não lhe acordar com beijinhos no pescoço, café da manhã e sua violeta – mas como pode ver, não esqueci a violeta e o café da manhã. Se não estiver confortável, é melhor ficar, a carta não é tão curta quanto parece – se é que parece. Eu sei que parece normal eu não estar ao seu lado – pelo menos por um único dia – mas, não é. É idiota e eu sei, mas ‘fugi’ de nossa casa. Não sei se você percebeu, mas comecei há ficar um pouco estranho desde a semana passada – eu estava ciente disso – é que, eu estava planejando um dia perfeito para nós dois, como uma despedida. Eu não queria lhe deixar sofrer e não poder lhe consolar, sabe, com aquele ‘Irá ficar tudo bem, minha Soph’, que você conhece bem, não é verdade? – sei que sim. Mesmo estando tão longe agora, posso imaginar algumas lágrimas caindo de seus olhos – era exatamente isso que estava acontecendo – e eu não gosto disso, você sabe. Eu quero que você sorria, coloque para fora esse brilhante e perfeito sorriso que tem dentro de você. Eu sei que não está sorrindo como lhe pedi haha, essa é Soph que conheço. Eu queria muito dizer esse apelido fofo – pelo menos eu acho – que inventei a um bom tempo para você, pessoalmente, mas infelizmente não posso e me sinto muito mal por isso – na verdade, já me sinto mal só por estar escrevendo essa carta agora. Você deve estar se perguntando como eu escrevi essa carta sem você ter visto – eu sempre estou e sempre estarei ao seu lado, lembra? – Lembra de quando você estava fazendo a janta, a poucas horas antes? – já que dormimos tarde – Então, lembra que eu estava escrevendo em ‘alguma coisa’? Você até perguntou o que era, e eu menti dizendo que era uma carta para uma prima que mora longe. Você sabe que eu odeio mentir, ainda mais para você, mas... Eu não queria que você soubesse antes do tempo. Eu sei que não há motivos para eu ter feito isso, mas é que; Eu não te amo mais. É isso mesmo, não errei a frase, escrevi sem pensar ou algo do tipo, isso é verdade. Por favor, não me procure mais, eu te peço por tudo. Viva a sua vida, eu também farei isso a partir de agora. O noivado Sophia, acabou.

Beijos, Justin.

Não gosto nem de lembrar o que senti depois que li aquela carta. Foi uma coisa desesperadora, resumindo tudo... meu mundo definitivamente era ‘vazio’ sem Justin ao meu lado.

- Justin?

Senti uma enorme onda de emoção passar por meu corpo, eu não sabia exatamente o que estava sentindo. Era... Estranho. Realmente fazia um bom tempo que eu não falava o nome dele. Um sorriso perfeito, traçado de um canto ao outro, tomou conta da boca de Justin. Havia muito tempo que meus olhos não viam aquele tipo de sorriso, que só ele saberá dar. Justin correu até mim, me abraçando logo em seguida. Quem ele pensa que é?

- Eu senti tanto a sua falta. – ele parecia emocionado, mas não saia nenhuma lágrima de seus olhos caramelados, típico dele. Mesmo querendo, eu não correspondi ao abraço. Fiquei apenas, paralisada. Senti a feição da face de Justin – que estava em meu pescoço -, mudar.

- Não vai me abraçar, Soph? – Neste momento, por mais que não quisesse, não consegui me controlar.

- Quem você pensa que é para me deixar sozinha, mesmo prometendo que nunca me deixaria e três anos depois aparecer do nada me abraçando? E ainda esperava que eu retribuísse esse abraço? Haha, quem te fez acreditar nisso em?

O ódio simplesmente tomou conta de mim. Ele não me ama mais e iria viver sua vida, não é verdade? E por que exatamente ele estava ali, abraçando-me? O que passa na cabeça desse idiota?