As coisas não saíam como planejado. Com a morte de Tomás, tudo saía errado. Carla já não era a mesma. Não sentia vontade de brincar, nem de conversar. Se tornou portanto, extrovertida.

A hora parecia parada. O interro foi doloroso. Muito choro, muita lágrima, e pouca conversa.

Foi difícil para Fátima conter a tristeza da sobrinha, e ainda por cima, ter que contar a ela, a causa verdadeira da morte de seu pai.

Suicídio. Um homem tão novo, desistindo de viver. Também para ele, era muito difícil seguir sem a mulher ao lado. Sentia uma negação, como seguir cuidando de uma criança sozinho? A solidão não lhe abandonara, nem no leito de morte.

Deixara para os cuidados da tia, uma garota, de apenas nove anos. Seria bom para Fátima, visto que a considera como uma filha, e também por não poder ter filhos.

Mas a questão era que, Carla estava muito triste. E como fazer para cuidar de sua felicidade?

Os amigos tentavam lhe ajudar. Fernando, Luís e Carlos sempre ao seu lado. Mas abraços eram momentâneos, e não cessava sua dor. A constância do sofrimento permanecia, apesar do carinho.

- Ela não vai se recuperar se ficar aqui.

- Tem razão, ela não pode ficar aqui.

Era a solução, tirá-la de lá.

Partiriam logo. Na semana seguinte. Para evitar que a dor lhe consumisse por inteiro, e que por um meio, fizesse o mesmo que seu pai.

No dia em questão, houve novamente uma festa. Fernando, o melhor amigo de Carla, permaneceu ao seu lado, até a hora da triste partida. E ainda antes desta, lhe disse alo que não lhe sairia da cabeça por tão cedo:

- As pessoas se vão, mas as lembranças ficam.

Naquele momento, prometeu pra si mesmo que não iria esquecer daquela frase.

Já no carro, virou-se para a janela. Observou a viagem, a partida. Não queria partir, mas nada podia fazer. O jeito era aceitar sua realidade. E concordar em construir para si, uma nova vida.