A Fugitiva escrita por MClara_Lana


Capítulo 3
Capítulo 2




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Eu corria pelo corredor mal-iluminado, meus passos apressados ecoando pelas paredes. Vez ou outra, passava por algum aluno matando aula ou indo ao banheiro. Também passei por um zelador, que gritou um "Ei!" indignado.

Fui para o estacionamento, destranquei o meu Mercedes, coloquei a chave na ignição, liguei e dirigi para o único lugar em que me sentia segura: minha casa.

***

É claro que, naquele momento, eu não sabia que, indo para casa, eu estava condenando minha mãe. É claro que não sabia. Se eu soubesse, eu saberia como capturar uma bruxa.

Assim que a casa bege de dois andares entrou em meu campo de visão, senti um alívio instantâneo, mas que não diminuiu o pânico dentro de mim.

Coloquei o carro na garagem, ao lado do Volvo de minha mãe e fui correndo até a porta. Me atrapalhei com as chaves, especialmente quando estas começaram a derreter. Desisti, joguei as chaves longe e toquei a campanhia uma, duas, três vezes. Minha mãe atendeu com uma cara raivosa. Abracei-a, fechei a porta e fui correndo até a cozinha, para pegar a maior faca que consegui achar.

- Uou, uou, uou! - disse minha mãe, levantando as mãos. - O que está acontecendo?

Olhei para ela, assustada.

- Tem alguém me perseguindo - sussurrei. - E... - me obriguei a dizer as palavras que contrariavam tudo que eu acreditava - Eu acho que são bruxas.

Contei para ela sobre tudo que acontecera na escola e sobre as chaves derretidas.

O tempo todo ela me olhava, descrente, até eu levá-la à janela que dava para o jardim da frente, e ela viu a grama queimada onde eu jogara as chaves, que agora eram somente um grande pedaço de metal amassado.

Ela arregalou os olhos e foi correndo até a cozinha pegar um facão de cortar carne. Nós duas corremos e trancamos todas as portas e janelas e nos trancamos no sotão, o lugar mais seguro da casa.

Ficamos lá por cerca de meia hora, até que ouvimos batidas fortes na porta de casa. Meu coração disparou e eu comecei a tremer. Segurei a faca com mais força, enquanto chorava e, silenciosamente, colocava uma cômoda velha sobre a porta do sótão.

- Camille! Joanah! Abram a porta, por favor! - ouvi Shirley chamar os nossos nomes. - Socorro! Tem alguém atrás de mim! Abram a porta!

Congelei. Fiquei tentada em descer e abrir a porta, mas algo me deteve. Shirley nunca viria pedir ajuda para nós. Seu pai era delegado. Se qualquer coisa a incomodasse, ela iria correndo para o poder de fogo.

Aposto que minha mãe pensou a mesma coisa, pois segurou meu braço e me olhou, seus olhos dizendo insistentemente Não.

Olhei para ela e mandei uma mensagem , esperando que ela entendesse Eu sei.

Pelo visto, ela entendeu, pois soltou meu braço. As batidas foram diminuindo de intensidade.

Aos poucos, me acalmei e me sentei, lentamente.

De repente, algo bateu com força na porta do sótão, fazendo a cômoda tremer enquanto o trinco da porta tilintava.

Fiquei paralisada, com vontade de gritar, mas estava tão aterrorizada que não consegui achar minha voz, e nenhum som saiu quando abri minha boca.

Eu sei que deveria ter pulado pela janela imediatamente, levando minha mãe junto e torcendo pra gente não se esborrachar no cimento lá embaixo. Mas eu estava com tanto medo que não conseguia nem piscar.

E a coisa continuava batendo com força, até que os parafusos saíram rodando e o trinco, agora torto, soltou. Do nada, as batidas cessaram. Meu coração estava a mil, batendo tão forte que provavelmente minha mãe conseguia ouví-lo. Então, tão rápido quanto pararam, as batidas recomeçaram, tão rápidas que a cômoda tombou. Recomecei a chorar. Abracei minha mãe e murmurei: "Amo você, mamãe" e ela respondeu: "Também amo você, filha".

Assim que as batidas mandaram a cômoda para longe, tudo silenciou. Agarrei a faca com mais força e dei um passo para trás, mal percebendo que minha mãe me puxava lentamente para trás dela, num último esforço para me proteger.

Assim que eu estava atrás de minha mãe, a porta se abriu lentamente. Fumaça saiu pela porta, e percebi com espanto: a casa estava pegando fogo.

Logo comecei a tossir. Um vulto saiu pela porta, mas não consegui ver seu rosto.

- Mãe... - sussurrei. Não consegui completar a frase, pois uma linha de fogo foi seguindo em nossa direção, como se tivesse seus próprios pensamentos maus. O fogo cercou minha mãe, separando-a de mim, e aumentou, me forçando para trás.

- Filha, corre, pula pela janela! - gritou minha mãe.

Eu não queria obedecer, mas alguma coisa invisível me forçou e, antes que eu percebesse, estava em cima de um colchão grosso para aparar a queda, indo rapidamente em direção à janela. Comecei a gritar, e quando a janela se estilhaçou, ouvi minha mãe arfar e dizer:

- Você?


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem! Deixem reviews!



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