Tudo começou num dia ensolarado na cidade de Salem, Massachusetts. Era dia de debate na aula de história. O assunto: as chamadas "Bruxas de Salem", pobres mulheres que foram mortas nessa mesma cidade, séculos atrás.

- Temos Thomas Anderson dizendo que as mulheres mortas eram mesmo bruxas - disse o sr. Travis, apontando. - e Camille Carcire dizendo que elas não eram bruxas. - e apontou para mim.

Olhei para Thomas e sorri. Eu não me importava que era a única da turma que não acreditava que as mulheres eram bruxas. Eu nunca perdi um debate.

Ele passou os próximos vinte minutos tentando defender seu ponto de vista com comentários irrelevantes e nada plausíveis. Eu gastei o mesmo tempo argumentando, com base no seguinte fato:

- Se elas eram mesmo bruxas, por que não fizeram alguma magia para não serem mortas?

Depois que eu terminei meu discurso, o sr. Travis olhou para mim e para Thomas e disse:

- Bem, parece que a srta. Carcire ganhou! - e completou, baixinho: - De novo.

O sinal tocou e eu fui para a próxima aula: Trigonometria, onde faria um teste.

Assim que cheguei à minha carteira, joguei a mochila no chão, me sentei, peguei meu material e comecei a fazer a prova.

- Camille - sussurrou Shirley, minha melhor amiga - qual é a resposta da 3?

Dei de ombros. Esbarrei o braço na caneta, que caiu no chão. Depois que eu a peguei e voltei meu olhar para a prova, notei algo que não estava lá antes. Palavras garrafais cor de fogo diziam: VOCÊ DEVERIA MUDAR SUA OPINIÃO SOBRE BRUXAS, GAROTINHA. Eu gritei e pulei para longe da mesa, enquanto nosso professor, sr. William, veio correndo e perguntou:

- O que está aconte...? - ele foi se calando enquanto olhava para a minha prova e arregalava os olhos quando chamas engoliram toda a minha mesa. Eu mal percebi os risinhos de meus colegas se transformando em gritos apavorados. Também não percebi Shirley correndo e gritando desvairadamente até o botão de emergências. Eu só tinha olhos para a minha mesa, enquanto a água que caía na minha cabeça se misturava com lágrimas que eu nem sabia que escorriam por meu rosto. Todos me olhavam, assustados, enquanto eu saía correndo da sala.