Simplesmente Complexo escrita por Julie Blair


Capítulo 26
Capítulo 26




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Voz: Brennan

”Booth, eu preciso sair daqui. Não sei mais como continuar sendo forte, já fazem 45 dias, e estou realmente fraca. Não sei se vou agüentar... Não sei se vou conseguir suportar. Nunca imaginei que aconteceria assim, nunca imaginei que sentiria tanto medo! Eu não sei como explicar o que aconteceu ontem á noite, foi terrível! Não consigo mais usar a razão, preciso arriscar... Jung e eu... Nós iremos arriscar. Eu sei o quanto é arriscado, mas armaremos um plano... Corro mais perigo estando aqui.
T. Brennan.”


- Docinho, o que está fazendo aí? Achei que estaria me esperando, na nossa cama!

Ben gargalhava, podia sentir o quanto era infeliz... Podia sentir seu ódio, sua dor, emanando diretamente para mim. Não queria dirigir a palavra a ele... Ele havia sido igualmente estúpido e sujo, não merecia que respondesse... E não responderia. 

- Não consegue lembrar? Se quiser, posso refrescar sua memória... Vejamos... Por onde posso começar?

Eu me lembrava. Muito bem... De tudo. Queria ter esquecido, queria que minha mente não fosse capaz de guardar tantas informações daquela noite... Mas as lembranças estavam lá, me fizeram soluçar sozinha, por uma manhã inteira. Apenas balancei a cabeça negativamente, peguei a bolsa amarela já rasgada, e saí. Não consegui afastar as lembranças de minha mente... Andei por um tempo, e deixei meu corpo cair enquanto deslizava contra uma enorme árvore. Estava rodeada de árvores... Torcia para que Jung não me encontrasse, queria ficar sozinha. Não podia mais evitar, as lágrimas rolavam pelo meu rosto... E as imagens vinham, como se estivessem á minha frente.

- Você não sairá daí! Está amarrada, pode gritar o quanto quiser!

Nathan gargalhava, convidando todos os demais a unirem-se a ele. Estava escuro, não haviam estrelas no céu... Estava frio, realmente frio... Mas, ainda assim, soava. Estava no meio da floresta, rodeada por todos os homens que aprendera a temer. A minha frente, uma fogueira improvisada... E os muitos risos, que uniam-se em um só. Meus pulsos doíam, minha voz já estava rouca, sabia que não adiantaria gritar. Ben estava longe, sorria e acenava de leve para mim, gostando do que via.

- Ben! Por favor!

Eu gritei. Ben andou até mim, sem pressa... Segurou com uma das mãos o meu queixo, afastou-se novamente, e disse...

- Você deveria sentir-se honrada por essa oportunidade... Dra. Brennan, sinto muito, mas não posso fazer nada por você.

Ben fez sinal para que Nathan e os demais se aproximassem. Já sabia o que aconteceria a seguir... Sabia que lutaria, mas não seria o suficiente... Sabia que perderia a consciência, a percepção de realidade. Nathan tirou de uma sacola uma das muitas folhas de maconha que ali estavam. Pedia para que parassem, tentava me defender, mas estava imobilizada. Nathan pressionou a palma de sua mão contra meus lábios, impedindo que respirasse pela boca. Encostou a folha de maconha no meu nariz, fazendo com que inevitavelmente fugisse da realidade, aos poucos. Mesmo que meu corpo estivesse doendo, mesmo que Nathan realmente estivesse me machucando, resisti apenas nos primeiros minutos... Logo, na próxima folha, apenas permanecia imóvel... Gostava da sensação, gostava de esquecer da realidade e me juntar a Booth. Quando me desamarraram, o enxerguei... Ele sorria... Chamava...

- Bones! Bones! Venha cá!

E eu corri, corri para seus braços. O resto passara a não mais existir, existia apenas nós... Booth e eu. Ele me carregou, até que chegássemos a cabana que tanto detestava. Naquele momento, passei a amar cada detalhe daquela cabana... Nos poucos segundos que desviava meus olhos dos dele.

- Eu estou aqui, não vou a lugar algum.

Ele repetia, enquanto eu sorria e aspirava seu perfume. Beijei seus lábios, com força... E ele segurou meu corpo, com igual força, fazendo com que me sentisse segura mais uma vez. Quando percebi, já tirávamos as roupas um do outro... Estava seminua, e Booth estava apenas com suas meias coloridas... Era adorável! Ele sorriu, e me beijou com mais intensidade... Enquanto eu cuidava de tirar o resto de minhas roupas. O corpo de Booth estava quente, assim como o meu... Me unir a ele, naquela intensidade, me fazia esquecer temporariamente de tudo. Ficamos unidos, por um tempo... Até que Booth deixasse um beijo em meus lábios...

- Boa noite, Bones.
- Boa noite, Booth.

E dormimos, abraçados, juntos... Ao acordar, não encontrei Booth ao meu lado... E sim Ben, que sorria após sua conquista. Juntei os lençóis, peguei a mala amarela, e saí sem nada dizer... Ainda pude escutar Ben dizer ”A noite foi ótima, Bones!”.

Não precisava de mais nada... Sabia exatamente o que havia acontecido... Meu corpo doía. Cheguei até a cachoeira, larguei os lençóis, e mergulhei... O contato da água fria fez com que a dor dos meus ferimentos aliviasse... Mas não a dor do que havia acontecido. Passei a manhã ali, misturando minhas lágrimas a fraca correnteza daquela cachoeira. Logo depois, quando voltei e escrevi a carta a Booth, decidi não contar exatamente o que havia acontecido. Se um dia as lesse, preferia que não soubesse dessa parte... Eu queria esquecer, escrever apenas fixaria ainda mais as lembranças na memória. Mas ali, rodeada de árvores, as lembranças ainda permaneciam vivas... E a dor que elas causavam, ainda mais. Á noite, eu e Jung, deveríamos começar a pensar em como sair dali... Era a única maneira, não haviam outras opções.


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