Hannah PDV

Faziam exatos trinta minutos que Justin sumiu. Kenny, eu e quase todos que perceberam o desaparecimento repentino de Justin estavam me ajudando a procurá-lo, mas não o encontrávamos em lugar algum.

O que me preocupava era que Clay e Callie também desapareceram. Não preciso ser uma gênia para adivinhar o que pode ter acontecido, mas antes eu precisava ter certeza. Ter certeza de que Clay e Callie realmente estão com ele.

- Esse moleque. – Kenny resmungou. – Vive sumindo por ai. Dai-me paciência Deus. Sabe o que Pattie vai fazer comigo se não encontrarmos esse imbecil? Ela vai colocar minhas tripas nas receitas culinárias dela! Ela vai me matar!

- Kenny, sem pânico. – Taylor Swift o acalmou. – Ele não pode ter ido muito longe. Drake disse que o carro dele está no estacionamento e você está com a chave.

- Ah. Que seja. – Kenny falou e se jogou num sofá que tinha no grande salão.

O DJ reacendeu as luzes e todos os seguranças foram alertados sobre Justin. Todos. Alguém deve o ter visto sair com Callie e Clay, não é possível.

- Hannah. – Demi me chamou e me abraçou. – Vamos encontrá-lo.

Kenny bufou e resmungou alguma coisa.

Ok, vou ir atrás dele.

- Kenny, eu preciso da chave. – Falei, tentando parecer calma.

- Aonde vai? – Perguntou.

- Vou procurar por ele por ai. – Falei. – Ele não deve ter ido muito longe. – Repeti o que Taylor falou.

- Nem pensar! – Kenny gritou. – Eu tinha que tomar conta de vocês dois. Justin já sumiu e você não vai sumir junto.

- É que... – Comecei. – Eu acho que sei com quem ele está.

- Com quem? – Uma voz masculina perguntou. Clay.

Se Clay estava ali, Callie estava ali e Robert também estava ali... Então o que diabos aconteceu?! Acho que fiquei olhando para Clay tão incrédula que Taylor passou a mão na frente dos meus olhos várias vezes.

- Ouviu o que eu disse? – Taylor perguntou.

- Não. – Respondi balançando a cabeça, tentando desesperadamente racionar. – Desculpe.

- Acho melhor chamarmos a policia. – Taylor falou. Assenti. – Eles podem revirar a cidade até encontrá-lo.

- Sabe Hannah... – Robert se pronunciou. – Acho que chamar a policia não é o ideal. Talvez ele não esteja na cidade, ou quem sabe esteja em algum lugar onde ninguém pode o ver. Ou ouvir.

Kenny encarou Robert de um jeito estranho, como se estivesse tentando ler a mensagem subliminar atrás da frase.

Taylor pegou o celular e foi para um canto ligar para policia, Demi a seguiu, Kenny continuou procurando dentro do salão, me deixando sozinha com Clay, Robert e Callie.

- Lakewood Boulevard, 503, 5ª saída da West Main Street. – Clay falou e deu um sorrisinho irônico. – Justin está lá, esperando por você. Mas... Corra. Você tem três horas Hannah. Considere como um jogo.

Eu conhecia a West Main Street. Era uma das estradas alternativas e abandonadas que dava em Las Vegas. A estrada foi fechada há muito tempo por conta dos inúmeros deslizamentos, mas se ela me levaria até Justin então não importa.

Assenti e fui procurar por Kenny para pegar a chave do carro. Assim que o encontrei, Kenny se recusou a me dar a chave.

- Você quer a chave? Ótimo! Eu vou junto. – Kenny falou e cruzou os braços.

- Kenny... – Eu estava a um passo de explodir. – Por favor.

- Sem chance. – Falou convencido.

- Escuta. – Falei séria. – A droga do meu tempo está passando, então eu sugiro que me entregue a porra da chave antes que eu tenha que arrancar da sua mão.

Kenny estava um pouco ofendido, mas nem um pouco intimidado.

- Hannah. Você. Falou. Palavrão. – Kenny falou pausadamente, como se não estivesse acreditando.

Virei os olhos.

(...)

Depois de confrontar Kenny diversas vezes e ele não ceder, já havia passado uma hora. Eu tinha apenas duas. Não ia dar tempo. Olhei no relógio e já era meia noite. Droga. Eu tinha até duas da manhã e a estrada até a quinta saída era imensa.

Os policiais já estavam procurando em todos os cantos, mas não achavam nada. Nunca iriam achar.

- Acho melhor ligar para Pattie e avisá-la. – Drake falou e Kenny, que estava sentado do meu lado me dando uma lição de moral do porque garotas não devem falar palavrão, assentiu.

Kenny tirou tudo o que estava no bolso para pegar o celular, inclusive a chave do carro. Esperei ele discar os números e ficar ocupado demais para correr atrás de mim. Enquanto Kenny contava para Pattie que Justin tinha sumido, agarrei a chave de cima da mesa e sai correndo. Pude ouvir Kenny gritar e seus passos pesados vindo atrás de mim.

Corri para trás do salão, abri o carro e dei partida em um folego só. Liguei o GPS, coloquei tudo o que Clay me falou e pisei do acelerador. De um jeito estranho, aquela situação me lembrava do meu “acidente”. O carro em alta velocidade, sair correndo de uma festa, pensar em Justin e em seu estado físico a cada segundo.

Meia hora depois eu cheguei a entrada da West Main Street. As várias placas de “não ultrapasse esse limite” estavam posicionadas para nenhum carro passar. Respirei fundo e atropelei as placas. Me senti aliviada por não ter ninguém nessa estrada. Podia correr sem pensar em atropelar alguém.

O cenário lá fora parecia um monte de borrões, parecia que nem existiam de tão rápido que passavam pela janela. Graças a Deus o tanque da gasolina estava cheio.

Faltava meia hora para o limite de tempo que Clay me deu estourar. Eu não tinha um plano ou nada parecido com um plano. Por enquanto o plano era alcançá-lo, mas não tinha ideia de como nos salvar. Algumas lágrimas teimosas escapavam dos meus olhos, mas eu estava determinada a não chorar. Por enquanto.

Limpei um olho com a minha mão e, quando voltei a prestar atenção na estrada de novo, tinha algumas rochas de deslizamento a menos de cinco metros do carro. Brequei violentamente, fazendo tudo o que estava no banco de trás viesse para frente. Respirei fundo.

- Ok, calma. – Falei para eu mesma.

Peguei o casaco de Justin que tinha voado para frente e o joguei no banco de trás, mas algo pesado caiu no chão. Peguei a “coisa” e notei que era uma caixinha de veludo. Achei que meu coração não podia bater mais rápido, mas ele bateu. E pulou algumas batidas. Parecia que ele queria decolar do meu peito.

Eu queria abrir a caixinha, mas estava atrasada, precisava encontrar Justin. Desviei das rochas e voltei a correr com o carro. Coloquei a caixinha no porta-luva. Vinte minutos depois encontrei a 5ª saída.

Assim que entrei na saída, comecei a ficar com medo. Eram vários terrenos baldios com algumas casas velhas e abandonadas que apareciam de vez em quando. O espaço entre as casas era enorme, com certeza ninguém ouviria gritos.

Justin PDV

Minha cabeça ainda girando um pouco.

Desde que acordei depois de Robert colocar um pano molhado no meu nariz na festa, mal conseguia andar. Um homem que eu nunca tinha visto na vida estava sentado no sofá de algum lugar minha frente, brincando com uma espingarda e outro estava sentado a mesa da cozinha, falando ao celular.

A casa era velha e empoeirada, parecia que ninguém vinha aqui há anos. Não tinha força elétrica, a não ser pelo único abajur da sala.

- Sua amiguinha está atrasada. – Comentou o homem do sofá.

Minha cabeça estava um pouco ruim, mas eu tinha certeza de que ele estava falando de Hannah. Passei a mão pelo cabelo, tentando pensar em algum jeito para sair daqui vivo e com Hannah.

Ouvi um barulho na porta. O homem que estava na cozinha olhou de um jeito ameaçador para o homem do sofá, que logo veio para trás de mim e tampou minha boca com uma espécie de rolo de pano. O cara da cozinha se aproximou da porta.

Assim que a porta abriu, ouvi Hannah gritar. Tentei me levantar, mas estava amarrado no sofá e meio zonzo, com certeza estávamos fodidos dessa vez. O homem jogou Hannah no sofá do meu lado.

Hannah ainda estava com a roupa da festa e sua cabeça estava dentro de um saco de pano amarrado de um jeito perigoso no pescoço.

- Muito bem, agora vocês vão nos ouvir. – O homem que antes estava cozinha, que eu tenho quase certeza que é o chefe da operação, falou. – Recebemos ordens diretas de matar vocês dois. Acontece que eu não sou burro, sei que são famosos e sei que se me pegarem eu vou para cadeia para sempre. Então vou ter que fazer isso do jeito mais difícil.

O homem voltou a cozinha e trouxe uma caixa de fósforo na mão.

- Mike, faz a vadiazinha dar a mão. – O homem falou.

Mike, que tinha me colocado a mordaça e estava perto do sofá, pegou o braço de Hannah com violência e colocou em cima da mesinha de centro de madeira podre. Hannah começou a gritar, mas Mike acertou o rosto dela e ela parou.

Eu estava tentando muito me soltar do sofá, mas não estava conseguindo.

- Nada de gritos. Gritos me irritam. – Mike falou.

O homem acendeu um fósforo e se aproximou de nós, colocando a parte acesa nos dedos de Hannah, que começou a gritar. Me debati o máximo que pude e consegui soltar minhas mãos. Soquei o cara que segurava o fósforo e ele cambaleou para trás.

Quando o homem voltou a si e tirou as mãos do rosto, pude ver que soquei feio a boca dele. Antes que pudesse perceber, senti um soco no meu olho. Ótimo.

- Se você quiser morrer antes da hora, é só pedir. – O homem falou enquanto me segurava pelo pescoço. Estava começando a ficar com falta de ar.

- John, para com isso. – Mike falou. – Vai matá-lo.

Hannah ia dizer – ou gritar – alguma coisa, mas Mike a acertou de novo, fazendo a cair bem perto de mim. John, o filho da puta que estava me sufocando, me soltou. Tirei o saco do rosto de Hannah, e lá estava o rosto que valia, para mim, mais que tudo. Claro, algumas gotas de sangue estavam escorrendo do nariz dela, mas nada que a deixasse menos linda.

Limpei o sangue do rosto dela enquanto ela sentava e percebi que Mike e John estavam nos olhando.

- Vamos acelerar isso antes que eu comece a ficar com pena. – John falou enquanto balançava a cabeça e ia para cozinha.

Hannah tirou o pano que estava em minha boca, me impedindo de falar, e me beijou. Correspondi ao beijo, mas poucos segundos depois Hannah começou a gritar.

No Próximo Capítulo:

- O Plano;

- A Fuga;

- O Tiro (agora vai);