Sebastian POV On

      \' Minha vida como demônio, inicialmente, era boa. Porém o tempo passa... e essa vida ficou tediosa, eu só devorava as almas humanas, as quais tinham gostos simples.

       Andar pelo inferno sendo considerado um demônio superior era bom, mas ainda tediante. Assim como vagar pelo mundo dos humanos. Mas eu descobri que os humanos não são criaturas que causam tédio. Eles reservam surpresas, como nas atitudes, e também de que os humanos são vulneráveis a tentações. E o sabor da alma... que pode ser simples, diferente, bom, raro. São milhões de sabores.

       A comida dos humanos me surpreende... como eles podem gostar de algo com um gosto de vazio? Ou sou eu o incapaz de avaliar esse sabor?

       Se eu não posso sentir o sabor da comida produzida pelos humanos, posso ficar apenas com o sabor da alma que eles possuem, que é deslumbrante.

       O gosto das milhões de almas que eu já devorei, quase nenhum me surpreendeu, a não ser poucos, como o de Bianca.

       Além do toque da alma do Jovem Mestre, Ciel Phantomhive.

       É diferente. A alma do Jovem Mestre é de um toque raro.

       Fascinante? É impossível deduzir. É algo que demônios não conseguem avaliar.

       A alma que não se assusa, que não tem medo, que não mostra seus sentimentos, mesmo rodeada de escuridão.

       Vale a pena desenvolvê-la.

       Mas... ela é perigosa e corre perigo.

       É sequestrada, como os incidentes de Azurro, da família Ferro, e o Visconde de Druitt, Lorde Aleister Chamber.

       Devo eu prender essa alma em um minúsculo mundo, na mansão dos Phantomhive, que foi reerguida? Devo eu oferecer a liberdade e arcar com as consequências? Devo eu fazer o quê? Deixar tudo como está? Talvez... mas... agora nada importa.

       A alma pura e branca, com olhos azuis, está inconsciente, com sua vida escrita dentro de um livro.

       Está morta. \'

- Seus pensamentos estão me enojando, Sebastian. - ouço uma voz dizer. É Andrew. Ah sim... fiz um contrato com ele...

     \' A que ponto tive de chegar?... Mesmo morto, está a me torturar, não é, Jovem Mestre?

       O que eu faço? Será que o que estou sentindo agora é tristeza? É algo ruim... algo vazio... um vazio se expressando em meu corpo.

       Mas...

       No final...

       Tudo valerá a pena.

       Mesmo que apesar de imortal, eu estarei morto. \'

- Você é apenas um servo meu, fale quando eu mandar. - digo a Andrew, com um olhar vazio.

- Fizemos um contrato, eu só vou reviver seu Jovem Mestre. Não sou seu servo. E mesmo se eu fosse, os servos tem obrigação de falar a pura verdade para seus mestres. - Andrew diz.

- Mas servos não tem obrigação de ler a mente de seus mestres. - digo, com o olhar começando a ficar com raiva.

- É fascinante ler os pensamentos do próprio mestre. - Andrew diz.

- Chega de falar. Vamos logo à biblioteca dos Shinigamis. - digo.

- Sim, meu Lorde. - Andrew diz.

Ele está a debochar de mim, e do fato de tudo o que ele fez. Explodiu a mansão, tirou a vida de todos. Meu olhar enraivece, começo a socar e chutar Andrew, e depois o seguro pelos braços.

- CALE A DROGA DA BOCA! - grito, sem paciência.

Sebastian POV Off

Andrew POV On

Sumo. Apareço na frente de Sebastian, segurando-o pelos braços, olhando-o sério.

- Sebastian... - digo, em voz baixa.

Aproximo minha boca do ouvido dele.

- Para que tanta irritação, se você vai morrer hoje? Não se queime com ódio, Lorde Sebastian. - digo, com a voz ainda no tom baixo.

- O que está planejando fazer, Andrew? Você não me interessa. Me largue. - ouço Sebastian dizer, com o tom grave, sério, raivoso.

- Ok... - digo.

Largo Sebastian, ele se vira, olhando para frente, e grita:

- GRELL! - a voz dele fez o chão tremer, parecia que ele estava chamando meio mundo.

Vejo um homem aparecer, cabelos vermelhos, casaco vermelho, segurando uma serra elétrica. Por que Sebastian o chamou?

- Abra a dimensão, Grell-san. - Sebastian diz.

- Ok... mas quem é esse com você? - Grell pergunta.

- Andrew Landfall. Apenas isso. Abra a dimensão. - Sebastian responde.

- E quem é ele? - pergunto.

- Grell Sutcliff, um Shinigami. - Sebastian me responde, nem olhando para mim.

Vejo o Shinigami ruivo abrir um portal para um lugar que parece uma biblioteca, não parecia. É uma biblioteca. Talvez a biblioteca dos Shinigamis? Ah... chega de perguntas, vamos entrar.

      \' Por que eu fiz tudo isso? Matei o Mestre de Sebastian, além de destruir a mansão aonde esse garoto morava. O \"Jovem Mestre\" dele agora está morto.

        Eu o odeio, Sebastian. Em absoluto. Bianca era a quem eu amava, e fizeste um contrato com ela. Sei que a forçou a fazer um, pois sabia que a alma dela era pura, as quais os demônios adoram, sentir o gosto divino na boca é um prazer raro.

        Na minha vida como demônio, eu nunca soube viver bem assim. Ser demônio é diferente. Procurar almas... devorar almas... além de coisas que eu não entendo. Como \"desenvolver\" as almas que vamos devorar. Para quê fazer isso? O gosto ficar melhor?... Interessante. Mas não quero saber.

        Minha opinião sobre os humanos... é que eles não criaturas odiosas. Miseráveis. Nos quais não se pode confiar. Nenhum ser humano é absolutamente bom. Todos irão para o inferno, todos eles se odeiam, matam, morrem. Acho que os demônios tem um coração melhor do que os dos humanos. Pois alguns humanos não se aceitam, discutem, brigam, fazem coisas inusitadas por fatos fúteis.

       Fatos os quais demônios conseguem entender.

       Fatos os quais Sebastian entendeu quando eu matei o Jovem Mestre dele.

       Fatos pelos quais ele quer me matar.

       Mas...

       Ele que vai morrer, por mim. Em minhas mãos. Ele que quis fazer um contrato, está além da minha imaginação o que ele poderia fazer. Ele, um demônio, fez contrato com um demônio. Para recuperar um humano, para apenas devorar a alma dele. Ou será mais do que isso? Mas nada disso me interessa. Ele a matou.

       Io ti amerò sempre, Bianca. Secoli dei secoli.\'

- Seus pensamentos estão me deixando com mais ódio do que já estou. Pare de pensar. - ouço Sebastian dizer.

- Ok... - digo.

O Shinigami Grell nos guia até uma sala, com estantes repletas de livros, da qual ele pega um.

- Espere, Grell. Quero antes lhe perguntar uma coisa. Quem matou os pais de meu Jovem Mestre?

- Ah... é contra as regras eu falar isso. - Grell diz.

- RESPONDA! NÃO É MEU PROBLEMA SE ISSO É CONTRA AS REGRAS, PEGUE A PORCARIA DO LIVRO COM OS REGISTROS CINEMATOGRÁFICOS DOS PAIS DE MEU JOVEM MESTRE! - Sebastian grita, com os olhos demoníacos.

- C-calma, Sebastian... - Grell diz.

Vejo sangue espalhar pelo ar. Sebastian transforma suas unhas de humano em suas unhas de demônio, e as crava no abdômen de Grell Sutcliff.

- Perdi a paciência. Em absoluto. Eu mesmo vou procurar. - Sebastian diz, com o olhar totalmente sem sentimentos.