Travessuras do Destino escrita por juhreis


Capítulo 2
Capítulo 2 - Coincidência




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- Então somos vizinhas? – Mizu-chin e Taka-chan perguntaram em uníssono.

Era a pausa da aula de educação física e elas ingeriam água do bebedouro mais próximo.

- Sim. O Motoharu me mostrou a tua casa ontem, Mizu-chin. – Nana contou, sem malícia.

Trocando olhares, as garotas perguntaram:

- Vocês já estão saindo? – Mizu-chin parecia atônica.

- Quando ficaram íntimos assim? – Taka-chan parecia um pouco chateada.

Erguendo as mãos em defesa, Nanami tratou de se retratar:

- Ele me mostrou quando foi entregar a minha cadela que acabara de salvar. Ela iria ser atropelada.

Parecendo mais aliviadas, as garotas abandonaram as poses tensas.

- Isso é bem a cara do Motoharu... – Mizu-chin sorriu.

- Sim, ele foi mesmo impressionante. – Nana não percebeu um tom adocicado que adotou ao falar do enigmático vizinho.

Trocando novamente olhares com a amiga, Taka-chan disse:

- Nana, acho que há algumas coisas que você precisa saber...

- Como assim? – Nanami estava confusa.

- Hã, tipo, as novidades, sabe... – Taka-chan deu um olhar cheio de significados para Mizu-chin.

- Ok. – Nana voltou a ficar novamente distraída.

- Sabe, o Motoharu, ele já tem namorada...

Retornando a realidade com o nome do garoto que não saía de seus pensamentos, ela olhou atentamente a garota de franja reta e corte linear.

- Eles namoram desde o início do ensino médio.

Um pouco desapontada, Nana tentou sorrir para disfarçar.

 - Imagina, gente. Não estou afim dele.

- Ela se chama Yamamoto Nana.

Percebendo que o sobrenome dela lhe era familiar, Nana semicerrou os olhos e esforçou-se para lembrar-se de onde. Algo estalou em sua cabeça.

- Ela e a Yuri...

- São irmãs. A Nana-san é a mais velha. – Mizu-chin tocou-lhe um ombro. – Não digo que esteja sentido algo pelo Motoharu, Nanami, mas caso isso aconteça, como suas amigas, desejamos que esteja ciente que ele é muito apaixonado pela namora, apesar dos boatos...

Gesticulando nervosamente, Nana afirmou:

- Não se preocupem, não há probabilidade disso acontecer. Eu mal o conheço, gente!

Logo depois, curiosa, indagou:

- Boatos?

- Dizem que a Nana-san ainda se encontra com o ex-namorado, mesmo estando com o Yano... – Mizu-chin confidenciou, olhando ao redor.

Chocada, Nanami não soube o que dizer. Então, Motoharu estava tão obcecado pela namorada, que não percebia suas escapadelas? Era terrível ser feito de bobo assim! Nana não entendia o por quê, mas estava revoltada.

- E ele?

- Acho que o Moto apenas finge que não sabe... – Taka-chan fez uma careta.

- Por isso estamos alertando você, Nana. Não se envolva com o Yano...

- Você sabe, a corda sempre rompe no lado mais fraco. – Mizu-chin deu-lhe um sorriso triste.

- Não se preocupem quanto a isso. Eu não estou afim dele... – sua voz não saiu tão convincente.

As garotas apenas assentiram e mudaram de assunto. Mas Nanami não conseguia parar de pensar. Como ela seria? Bonita? Inteligente? Será que o sorriso franco dele era usado para encobrir sua verdadeira frustração? Ou ele realmente não se importava? Como o Motoharu realmente sentia-se? Nana não conseguia parar de indagar.

- Que tal sair com a gente hoje, Nana? – Taka-chan convidou ao final da aula.

Tirando o olhar da janela, Nanami deu um sorriso desanimado.

- Não sei...

- Vamos! Iremos a um café delicioso no centro. – Taka-chan insistiu.

- É, Nana. Tem até boate! – Mizu-chin tentou animá-la. – E assim você conhece um pouco da cidade também. – deu-lhe uma piscadela.

Observando os rostos cheios de expectativa, Nanami concordou, sorrindo. Ora, sua intenção desde que tivera de mudar-se não era mesmo a de fazer amigos? O melhor era esquecer-se dos problemas alheios e tratar de conseguir novos laços amigáveis.

Na saída, Nanami olhou ao redor, procurando o garoto de roupas legais e sorriso largo, mas não o encontrou. Naquele dia ele devia ter preferido ir a própria escola. Foi para casa com as amigas. Conversaram alegremente durante o percurso. Ao chegarem próximo de seus lares, despediram-se. Nana ainda acenou para Mizu-chin antes de entrar. Quando fechava a porta, não conseguiu deixar de observar a casa branca com o jardim verdejante. Parecia vazia. Escutando os latidos de boas-vindas, pegou Lalami. Foi dar-lhe água e comida.

Quase no horário combinado, estava pronta, beijando a mãe e saindo. Passara uma leve maquiagem. Apenas lápis delineador, rímel e batom. Os cabelos estavam levemente ondulados pelos ombros. Vestido de alças e saia rodada com as sandálias baixas dava-lhe uma aparência de boneca. Estava muito feminina e bonita.

- Uau! Nana! – Mizu-chin olhou-a apreciavelmente de cima a baixo.

De calça jeans, blusa preta, sandálias de salto e boina, a amiga estava bem descolada. Taka-chan também estava linda com uma blusa vermelha delicada e saia curta.

- Vocês estão super gatas! – Nana beijou-as na face.

- Você é quem está arrasando. – Taka-chan mandou-lhe um beijo.

Rindo da brincadeira da amiga, Nana olhou o relógio. Estava perto do horário de pegarem o transporte coletivo. Apressaram-se para o ponto. Chegaram não muito depois ao local desejado. Estava bem cheio.

- Nossa! Quanta gente! – Nana ficou impressionada com a movimentação no local.

- Deve ser por causa da boate – Mizu-chin olhou ao redor. – Será que acharemos uma mesa vazia?

Taka-chan e Nanami tinham um semblante bem pessimista para a situação.

- Não custa dar uma olhada. – Nana reuniu forças para motivar as amigas, e deu certo.

Partiram em busca de uma mesa. E retornaram ao ponto de partida, derrotadas.

- E agora? O que faremos? – Taka-chan parecia muito desapontada.

- Só podemos ir para casa, ou tomarmos algo de pé mesmo e depois aproveitarmos a boate. - Nana fez um panorama da situação. – O que vocês acham?

- Eu...

- E aí, meninas? Boa noite.

- Takeuchi-kun! – exclamaram Mizu-chin e Taka-chan juntas.

Elas olhavam o recém-chegado como se vissem a personificação de um deus.

- Vocês parecem um pouco perdidas... – o garoto de olhos como pedaços de chocolate e cabelos arrepiados parou o seu olhar sobre Nanami. – Caso queiram estou com uns amigos numa mesa... Poderíamos nos juntar... – calou-se, esperando uma resposta.

- Seria muito legal, Takeuchi-kun! Obrigada. – Taka-chan abriu um sorriso radiante.

- Adoraríamos! – Mizu-chin transbordava felicidade.

Faltava apenas a aceitação de Nanami, que se limitou a assentir com a cabeça.

- Venham. – ele começou a cortar por entre a multidão. Logo chegavam a uma mesa num canto do aposento. Havia quatro três pessoas. Motoharu, abraçado a uma garota muito atraente, provavelmente a sua namorada, e mais uma garota de sorriso simpático e cabelos loiros, acompanhada de um rapaz bonito como um ator de J-drama. Nana forçou-se a não olhar o primeiro casal. Sentaram-se e fizeram os pedidos.

- Você ainda não conhece o Takeuchi-kun, não é, Nana? – Mizu-chin indagou, após alguns minutos de pesado silêncio.

Sentada entre Taka-chan e o meio-irmão do Yano, Nana assentiu, sem nada dizer.

- Bom, sou Takeuchi Masafumi, meio-irmão do Moto.

Olhando-o um pouco próximo, Nanami notou o quanto era atraente. Seu coração disparou e ela fugiu seu olhar.

- Prazer. Takahashi Nanami.

Não havia muita semelhança entre eles, apenas a boca e um pouco o estilo de vestir-se. Takeuchi-kun era um pouco mais alto e forte. Parecia mais sério e maduro. Seus olhos tinham um quente brilho gentil.

- Meio-irmão? Por que então vocês têm sobrenomes diferentes? – Nana perguntou um tempo depois, involuntariamente.

- É uma história complicada. – ele coçou a cabeça, dando um sorriso amarelo.

- Não acho que isso interesse a ela. – Motoharu enfim abriu a boca, lançando ao irmão olhares irritados.

Jogando os ombros displicentemente para cima, Masafumi ignorou o nervoso do outro.

- Acho que vocês não conhecem ainda a Yamamoto Nana. Ela é irmã da Yuri-chan, que estuda com vocês.

Sorrindo alegremente, a garota de voz doce e rostokawaii,indagou:

- Vocês são amigas da Yuri? Que bom!

- Não somo bem... amigas. – Nana contou um pouco embaraçada.

Não podia deixar que a garota se equivocasse, caso ela comentasse com a Yuri-chan, a coisa não ficaria boa para o seu lado.

- Tenham paciência com a Yuri, ela é um pouco reservada mesmo – o sorriso travesso que lhe curvava constantemente os lábios, era empolgante e admirável. – mas é uma garota muito inteligente e esforçada!

Mesmo sem querer, Nanami simpatizou com ela. Era incrível pensar que uma garota tão amigável fosse capaz de ser traiçoeira. Os cabelos cor de chocolate e suas bochechas coradas faziam-na ainda mais adorável.

- Você diz isso por que ela é sua irmã, Nana. Nem todos concordam. – falou a garota loira, com um sorriso maldoso. – Você acha legal sua própria irmã ser apaixonada pelo Moto? – os lábios vermelhos não paravam de transbordar maldade.

Semicerrando os olhos, Nanami apertou as mãos sob a mesa, tentando controlar a raiva que ameaçava dominá-la. Como aquela garota tinha coragem de zombar dos sentimentos da Yuri sem que essa estivesse presente? Ainda mais em frente ao causador desses sentimentos? E a cara de paisagem de Motoharu era o pior para Takahashi.

- É somente uma empolgação da Yuri. Não ligo. Certo, Moto? – ergueu seu olhar doce para o namorado.

Acariciando seus cabelos chocolates, Motoharu beijou-lhe a testa.

- Não ligue para a Aya-san. Ela só está com inveja por que você me tem, e ela não.

- Ora, você é muito convencido, Moto! – Aya-san estava agora vermelha como um pimentão.

- Ele tem razão. – disse o rapaz lindo como um ator de novela.

- Cale-se, Toya!

Suspirando, o rapaz pegou o celular e discou, começando uma conversa com alguém sobre sessões de fotos. Pelo jeito, ele era modelo ou algo do tipo.

- Pessoal, acho melhor tomarmos estes drinques antes que esquentem... – Takeuchi tentava acalmar os ânimos.

Pigarreando, Taka-chan deu uma olhada para Mizuguchi e a cutucou. Como se dissesse para fazer algo.

- O Takeuchi-kun mora na mesma rua que a Taka-chan. – Mizu-chin olhou-o animadamente, tentando melhorar o clima. – Então, acho que isso o faz nosso vizinho, não é, Nana-chan?

- Acho que sim.

- Vocês são do colégio Alfa, não é? – perguntou Aya-san, voltando seu veneno para outra pessoa.

- Sim, somos. Por que? – Taka-chan indagou, desconfiada.

 - o Moto vai muito lá, não é? Talvez, ele tenha algo especial por lá?

- Por que você não o segue para conferir? – Nana indagou, sem controlar-se.

Encarando-a com os olhos claros enfeitados de longos cílios negros, Aya-san analisou-lhe as roupas, cabelos e mais o que pôde. Parecia ter a intenção de inferiorizar Takahashi.

  - Qual é o seu nome, mesmo?

  - Takahashi. Takahashi Nanami.

  - Sei – brincando com uma mecha do cabelo cor de ouro, a garota mais velha indagou, com um falso sorriso: - Tem namorado? Você e o Take parecem muito bem juntos, daqui.

  Ficando vermelha de vergonha, Nana começou a solver sua bebida gelada. Não respondeu as insinuações da outra.

- Parece que ela não está interessada, Take – apoiando a face em uma das mãos, Aya-san continuou, irônica: - Quem sabe se você se vestisse e portasse mais como o Moto conseguisse mais garotas...

  Achando que alguém tinha de parar aquela garota, Takahashi ergueu-se repentinamente e lançou seu refresco no rosto  vil da outra.

  - O problema não está no sentimento da Yuri-chan,  ou na indiferença da Nana-san quanto a isso, ou quem sabe, nas roupas ou jeito do Takeuchi-kun... – com  a respiração ofegante, Nana-chan engoliu em seco, prosseguindo: - ... O problema está na sua pessoa podre e maldosa que só sente prazer em humilhar as pessoas e jogar intrigas nos relacionamentos alheios.

 Apressada, passou por uma Taka-chan perplexa, e saiu do café. Com o ar frio da noite em seu rosto, abraçou a si mesma e sussurrou:

- Droga, estraguei tudo.

Passando as mãos no rosto, respirou fundo diversas vezes para se acalmar. Não conseguiria voltar para lá, estava muito embaraçada com o que fizera. Só havia uma solução, voltar para casa...

- Que noite brilhante, Nanami! – foi sarcástica consigo mesma.

- Não sei a noite, mas você foi.

Voltando-se para o dono da voz, Takahashi viu Takeuchi-kun estendendo-lhe a bolsa que esquecera sobre a mesa. Pegando-a, disse de olhos baixos:

- Obrigada. Não conseguiria retornar para casa sem ela.

- Pretende mesmo ir?

Com uma expressão pesadora, Nanami assentiu.

- Não teria mais clima para mim...

Também, Takahashi não queria mais ficar presenciando as demonstrações de afeto entre o Yano e a Nana-san. Seu coração exprimia-se no peito a cada gesto e olhar entre aqueles dois.

- Desculpe, Takahashi – Takeuchi encostou as costas num poste, colocando as mãos nos bolsos e olhando para a Nanami meio de perfil. Estava tão atraente que ela estremeceu. – Por me defender, você será privada de se divertir...

Batendo em seu ombro, Nanami sorriu confortadora.

- Bobagem. Você foi a vítima, não o culpado.

Pegando-lhe inesperadamente a mão, Takeuchi-kun olhou-a profundamente, com o rosto belo enigmático.

- Você é um doce, Takahashi.

Com um sorriso amarelo, Nanami tentou desviar os olhos dele, mas não conseguiu.

- Takeuchi-kun não precisa mudar em nada. Não necessita ser como o Yano. Está bom assim – Apertando as mãos, nervosa, Nanami o fitava encabulada. – Aquela senpai é uma idiota por dizer coisas tão horríveis...

Aproximando-se vagarosamente, Masafumi-kun acariciou-lhe o rosto.

- Aya-chan estava mesmo merecendo um gelo... – pegando uma mecha do cabelo castanho claro, enrolou-o nos dedos. – Nunca tinha visto uma garota como você, Takahashi... É sempre bom ser surpreendido assim...

Encantada pela fisionomia profunda dele, Nanami não tentou impedir o que estava por vir:

- Foi uma deliciosa coincidência termos nos encontrado aqui hoje, e eu ter notado a sua beleza naquela multidão... – Takeuchi-kun então a beijou.

Takahashi sentiu como se pétalas de rosas estivessem acariciando seus lábios. Com os olhos repentinamente pesados, ela deixou que a escuridão  a tragasse, deixando somente seus sentidos despertos. 


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Notas finais do capítulo

Desejei com esta fanfic, dar outro rumo a história criada por Yuuki Obata (Bokura ga ita). Pensei, e se a Nana-san não houvesse morrido? E se o Takeuchi-kun fosse mais que o melhor amigo do Yano? E se a Nanami ao invés de colega de classe do Motoharu, fosse vizinha? Algumas coisas que destoam bastante do original, deve-se a minha revolta quanto alguns acontecimento no mangá e também curiosidade de fazê-los percorrer outros caminhos. Preparo muitas surpresas com esta fanfic nascida da profunda admiração e paixão pelo mangá Bokura Ga Ita.