Olho para cada pessoa sentada nessa mesa. Cada pessoa que aprendi a amar imensamente. Há um ano atrás pensei ter perdido tudo de bom que há nesse mundo, mas agora eu sei que não. Todas as pessoas que preciso para me fazer feliz estão bem aqui, na minha frente.

 Na noite do baile, Vítor e eu concordamos em manter tudo em segredo, por algum tempo, pois não sabíamos muito bem o que esperar do Rodrigo. Voltamos para a festa, onde deixei bem claro para o Bernardo, que eu não gostava dele, não do modo que ele parecia gostar de mim, ele pareceu meio abalado, mas compreendeu. Meu coração quase explodiu quando vi Rodrigo e Janaína aos beijos! Sim, eles estavam se beijando, e não se desgrudaram um minuto sequer. Senti-me totalmente realizada, como uma noite que começou tão ruim, pudera terminar tão perfeita?

 Hoje, as oito e meia, fui surpreendida por Rodrigo, que me chamou em seu quarto, onde encontrei Vítor sentado na cama, com um olhar meio perdido. Não havíamos ficado juntos novamente desde o dia do baile. Eu achava uma traição fazer qualquer coisa sem que o Rodrigo soubesse, e ainda não estava preparada para contar.

 - Já estou sabendo de tudo, Melina. – ele disse e meu coração disparou no mesmo instante, olhei preocupada para Vítor, mas ele não me olhou de volta.

 - Rodrigo, eu... – Meu coração parecia querer sair pela boca.

 - Calma, Melina. O Vítor me contou tudo, e fico feliz que você tenha escolhido falar comigo antes de qualquer coisa. Vocês são bem grandinhos, e sabem a relação que tem, vocês são primos. – Aceno positivamente. – Mas eu pensei muito, e eu prefiro ver vocês juntos, a ao lado de pessoas que não conheço. – Um sorriso arrisca sair em meu rosto. – Eu sei o quanto você é responsável, e o quanto faz bem para o meu filho, Mel. – Ele diz passando a mão em meu rosto. – Você é a minha nora dos sonhos. – Dessa vez eu sorrio. – Tenham juízo, só isso que peço. – Aceno positivamente e ele dá um beijo em minha testa. – Era apenas isso, já conversei o que era necessário com o Vítor. – Enviei um olhar cúmplice ao Vítor, que sorriu de volta e mandou um beijinho.

 - Agora vamos descer, que nossos convidados devem estar chegando. – Concordo e o acompanho. Quando estamos chegando, Vítor me puxa para o corredor, onde me abraça, tão forte que até perco o ar.

 - Eu sabia que tudo ia dar certo Mel. – Ele diz ainda me abraçando, mas não consigo responder. Estou mesmo sufocada, ele frouxa um pouco o abraço, e olha para mim. – Não está feliz? – Pergunta com um olhar triste.

 - Não começa com essa estória, Vítor. Você sabe que estou imensamente feliz. – Digo sinceramente, passando a mão em seu cabelo.

 - Então... – Ele se ajoelha e segura minha mãe, começo a sorrir. – Melina Ávila, você aceita ser minha namorada, de agora em diante? – Fico vermelha.

 - Com certeza. – Ele se levanta e me beija. Ah, eu havia sentido falta disso, quase me esquecera como é boa a sensação do beijo dele.

  Depois que desci, vi Mariana e Bernardo bastante entretidos em uma conversa. Janaína estava mais uma vez linda; Belinda estava com seu atual namorado, o que a levara ao baile, que eu esqueci o nome mais uma vez. Seus pais também estavam aqui, e eu estava tão feliz por todos estarem ali. Pensei que as surpresas da noite já haviam acabado, quando Mariana me chamou para ir ao meu quarto. Subi até lá com ela.

 - Mel... – Ela disse segurando minha mão, e respirou fundo. Senti que uma bomba estava por vir.

 - Fala. – Incentivei, e a puxei para nos sentarmos na minha cama.

 - Eu sei que você e o Bernardo já tiveram algo... – Minha boca se escancarou e ela ficou pálida.

 - Você está a fim do Bernardo? – Perguntei meio histérica. Ela ficou totalmente vermelha e desviou o olhar. – Ai Mari, ele também está a fim de você? – Perguntei.

 - Acho que sim, quer dizer, ele disse que sim. – Ela falou ainda olhando para o chão. Fiz com que ela erguesse a cabeça.

 - Amiga, não poderia acontecer algo melhor! – Ela me olhou espantada. – O Bernardo, sei que as coisas não deram certo entre eu e ele, mas ele é um garoto incrível, assim como você! Te dou todo o apoio! – Ela sorriu para mim, e nos abraçamos.

 - Você é a melhor amiga que alguém poderia ter, Mel. Eu te amo. – Meus olhos se encheram de lágrimas, e ficamos ali abraçadas por um tempo.

 - Ok, agora vamos descer, que deve ter alguém doidinho para ficar perto de você. – Eu disse e dei uma piscadela. Ela sorriu e descemos.

 A meia noite nos cumprimentamos, desejando feliz natal, e após todos desejarem seus votos, sentamos-nos todos a mesa para a ceia. E foi quando tive toda essa percepção. Eu tinha todos que eu amava bem ali. Mamãe, papai e Marina, estavam presente em meu coração, e claro, na minha medalhinha. Rodrigo, o tio mais perfeito do mundo, que se tornara um pai; Janaína, que se tornara uma mãe. Mariana, que se tornara uma irmã, assim como Belinda. Bernardo, que se tornara um grande amigo. E Vítor, que além de um amigo maravilhoso, acabara de se tornar meu namorado!

 Sorri com lágrimas nos olhos. Eu consegui! Graças a eles eu consegui me curar. Consegui me tornar uma pessoa melhor e mais feliz, não poderia querer mais nada. Eu encontrara a felicidade, nas coisas mais simples. Apenas com amor, eles trouxeram minha felicidade. Lembro de quando eu pensei que havia me curado para ferir, mas não. Eu jamais ia ferir uma pessoa, pois sei como é sentir dor. Agora só quero me concentrar na minha nova vida. Onde a palavra tristeza não terá chances.