Um Mundo De Pecados: Aaron escrita por Sir J


Capítulo 1
A dona da motivação.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/164961/chapter/1

O meu reconhecimento entre as pessoas fazia de minha vida uma rotina meio agitada. O ano era 2035, vivia no centro de São Paulo, que agora era um centro tecnológico avançado, graças ao sucesso dos governos passados, o Brasil se tornou o centro das descobertas da ciência e da tecnologia. Todas as manhãs bem cedo eu comparecia no laboratório da instituição BRCL (BRASIL CONTRA A LEUCEMIA), responsável pelas pesquisas sobre a cura da leucemia. Eu liderava um grupo de reconhecidos profissionais da medicina, possuíamos em nosso alcance os mais avançados aparelhos tecnológicos, tínhamos todo suporte necessário para aprofundar cada vez mais nossos estudos, a cada dia uma descoberta mais fantástica que do dia passado era revelada.

Em meio a tantos rostos que admiravam meu trabalho e capacidade, somente um deles eu tinha questão de chamar atenção, afinal meu fascínio por essa pessoal era maior que a união de toda admiração que as pessoas tinham por mim. Seu nome, Helena, a mais bela dama daquele lugar, possuía olhos claros como um oceano azul no qual me perdia só de olhar, seus cabelos eram loiros e brilhavam como os mais belos raios de sol nos dias de verão, a pele era branca que ao ser tocada logo ganhava uma coloração meio avermelhada, sua voz era como a de ninfas descritas na mitologia grega... simplesmente linda.

Minha admiração por Helena tinha tamanho poder, que a tornava a única pessoa com influência absoluta sobre meu trabalho. Suas palavras de conforto muitas vezes me levaram a não desistir de minhas pesquisas em épocas turbulentas nas quais nenhum avanço acontecia durante dias, fato que ocorria frequentemente no início das pesquisas. Helena sempre esteve comigo e assim foi durante um longo e prazeroso tempo, a cada dia juntos durante as pesquisas na instituição BRCL, a admiração dela por mim foi ganhando força e uma nova forma, minhas habilidades e conhecimentos a cativaram, agora poderia dizer que eu era uma pessoa completa, era minha Helena, a pessoa que mais amei.

E foi durante o dia mais belo de primavera que meu mundo balançou. Nesse dia minha carinhosa Helena não compareceu na instituição, logo fiquei preocupado, afinal não era do costume dela faltar sem avisar, mas também sabia que ela não iria gostar que eu interrompesse as pesquisas por motivos de preocupação. Helena era uma mulher de iniciativa e independente, mesmo com seu futuro garantido nos estudos da medicina tinha seus próprios projetos, nossa relação sempre teve como base um destino juntos, mas sem abandonar nos sonhos individuais. Resolvi seguir meu trabalho normalmente durante esse dia, tentei ligar para ela durante meu horário de almoço, porém sem nenhum sucesso. Retornei e continuei meus estudos até a chegada da noite e o fim do horário das pesquisas no instituto.

Logo quando sai do edifício da instituição BRCL, fui surpreendido por um telefonema em meu celular. Uma ligação do hospital CTL (CENTRO DE TRATAMENTO DA LEUCEMIA), o principal hospital de tratamento de leucemia de São Paulo. Era conhecido mundialmente e um exemplo para todas as nações como modelo de instituição que tratava esse tipo de câncer.

A voz por de trás daquela ligação era forte e direta, pedia meu comparecimento no local como único familiar mais próximo de Helena. Se me mantive preocupado durante todo o decorrer daquele dia agora estava desesperado, afinal quando notícias inesperadas chegam sem uma explicação mais profunda a mente humana é dominado por pensamentos de probabilidades, e nunca são probabilidades positivas. Tentei manter certa calma com a situação, o centro de tratamento da leucemia não era muito longe do local onde eu estava. Eu não possuía carro, evitava usar esse meio de transporte afinal o planeta estava muito judiado pelos meus antepassados, a inquietação era tanta que não tive paciência de esperar o transporte público e com passos longos e rápidos fui em direção ao meu destino. Passei enfrente a catedral da Sé, uma das mais belas construções que está a anos dando um charme a mais para a terra da garoa. Não tive tempo para admira-la, continuei minha caminhada ao Hospital, desviando das pessoas, São Paulo não parava nem à noite, o movimento era constante.

Depois de mais ou menos vinte minutos de caminhada cheguei ao meu destino, entrei rapidamente pela porta principal e me direcionei ao balcão de atendimento, uma das atendentes logo se aproximou de mim, fui rápido ao assunto. Minha voz estava meio ofegante por causa do esforço feito na caminhada.

— Sou Aaron Merges, estou aqui à procura de Helena Duarte.

—Aaron... – Antes mesmo que jovem atendente puxasse alguma informação de Helena no sistema do hospital, uma voz feminina chamava por meu nome, em um movimento rápido levei meu olhar para a direção que a voz vinha.

— Faz um longo tempo que não nos vemos... – Era uma antiga colega de classe dos tempos que estudava para ser médico, seu nome era Karen. Tinha pele morena e cabelos na altura do pescoço, mesmo trabalhando próximo meu horário não permitia fazer visitas para conhecidos, realmente fazia um longo tempo que não a via.

— Estou aqui atrás da Helena, ela fazia parte da mesma turma de medicina que nos formamos, sabe alguma coisa a respeito dela? – Minha preocupação era tanta que ignorei completamente a maneira que Karen resolveu usar para nosso inicio de diálogo, afinal não estava ali para conversa, queria saber de minha Helena.

— Helena, sim eu sei os motivos que o traz até aqui, não vou te torturar fazendo você esperar ou te enchendo de perguntas, me siga, te levarei até Helena.

Karen se virou e seguiu caminhando por um dos corredores do Hospital, permaneci calado logo atrás. Pelo caminho encontrei algumas pessoas, aparentavam estarem tristes, sem duvidas eram familiares de pacientes que estavam em tratamento no hospital. Aquela situação me deixava agoniado, me sentia inútil, a expressão daqueles indivíduos mostrava que os resultados das pesquisas na instituição BRCL não possuíam ainda a capacidade de tirar o sofrimento de seus rostos.

Finalmente chegamos, paramos diante uma porta branca com a numeração 34. Sem muito esforço Karen a empurrava e posicionava seu corpo mais para o lado, assim abrindo a passagem para eu ser o primeiro a entrar. Naquele instante meu coração me passava um sentimento de medo, aquele que um dia falo que “O Que Os Olhos Não Veem, O Coração Não Sente” não considerava o poder da imaginação que a mente humana possui.

Dei alguns passos para dentro do quarto, respirei profundamente, meus olhos ignoraram completamente qualquer característica do cenário, afinal eles procuravam somente Helena, e foi no instante que eles a encontrou que o sofrimento que meu coração sentia passou de fantasias para o mais real pesadelo. Helena estava deitada, seus olhos estavam fechados, logo percebi que estava sobre efeito de medicamentos.

Minha reação foi totalmente de pânico. Minhas pernas não me obedeciam, eu desejava me aproximar de minha amada, mas tinha medo. Como poderia acreditar que uma pessoa tão cheia de saúde até o dia passado estava naquela situação, Karen se aproximou de mim, tocou em meu braço direito me guiando para a cadeira mais próxima.

— Essa manhã, Helena chegou logo cedo na emergência do Hospital Municipal, passou por uma série de exames e foi encaminhada para este local, Aaron, sua amada necessita de muito cuidado, ela esta com Leucemia...

Nesse momento meu mundo caiu pela segunda vez durante esse dia. A explicação de Karen foi direta. Certamente ela não usaria esse meio tão direto de abordagem com uma pessoa comum, sabia que eu era medico, e iria entender bem melhor aquela situação sem dar muitas voltas, porém aquelas palavras envolveram minha mente. Perdi-me pelos meus pensamentos e lembranças durante alguns instantes. Passei pelo o inicio dos meus estudos a época na qual conheci Helena, depois pelo inicio das pesquisas e sua época turbulenta na qual ela me deu forças para continuar a trilhar meu sonho, enfim cheguei e retornei ao tempo presente. A Dona da minha motivação agora precisa dos meus cuidados, será que terei forças para isso...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!