“Grande” foi tudo que eu consegui pensar. Ele me puxou para dentro da construção, e eu fui sem questionar, era como se meu corpo soubesse exatamente o que fazer. Eu sabia como essa historia ia terminar... E eu não gostava nada, nada. Mas sinceramente, qualquer forma de alivio é boa agora. Ele me contava o que havia acontecido desde que ELE desaparecera, eu não ouvia nada, por que sinceramente, não estava interessada. Quase mandei aquele patife calar a boca, mas eu sabia que não podia abusar da sorte. Saímos do “escritório” e paramos no ponto de vendas. Havia garotos e garotas de todos os tipos e idades. Mas havia poucos. De repente, Gabriel some do meu lado,me deixando com mais privacidade.O cheiro de drogas e álcool fazia minha cabeça rodar,e parecia que eu ia despencar a qualquer segundo.Sim,eu estou exagerando,mas eu não ligo.Compro a droga de um maço de cigarros de sei lá que droga e uma caixinha de cerveja.Odeio cerveja,mas quem me dera ter coisa melhor ali.Acendi um cigarro com um isqueiro que achei no chão,dos ursinhos carinhosos.Cara,quem compra ou FABRICA um isqueiro desses?Tão idiota. Mas quem sou eu para julgar? Aah, uma adolescente qualquer que acaba de se viciar novamente em drogas. Meu Deus como eu fui me transformar nisso?OK chega de papo com Deus, porque ele não merece toda essa baboseira que eu falo. Eu não sei quanto eu andei, mas acabei em um terreno a céu aberto [ainda na construção abandonada] com um sofá MUITO surrado e sujo. Dou de ombros e sento no sofá, uma perna contra meu corpo e a outra esticada. Traguei o cigarro e fiquei ali,olhando a fumaça desaparecer.Era bom...Era mais ou menos como você ver sua dor se transformar em fumaça,pelo menos era assim que eu via.Abri uma garrafa de cerveja com as mãos,o que deixou elas com vaariooos cortes profundos.Nem liguei,já tinha tomado minha “novocaina”.Sorri sem jeito e comecei a cantarolar Give Me Novacaine...So give me novacaine.Deu pra perceber que eu estou drogada né?AA claro que sim né Little Girl, sua estúpida. Alguém se larga do meu lado. Uma garota. Não consigo ver seu rosto. Ela tem os cabelos castanhos escuros e pele morena clara,Vestia-se de preto de cima a baixo.Assim,pelo jeito,ela facilmente poderia se esconder na penumbra do noite.Eu desejei do fundo da minha alma trocar de lugar com ela,por 1 segundo,mas ai me toquei que ninguém merecia o que eu estava passando.Sorri por um momento e dei outra tragada acho que no sétimo cigarro que eu tinha...por sorte,ou azar,ainda tenho vários cigarros na caixinha.

-Você prometeu. -disse-me a estranha. Eu não sabia quem era, mas antes que eu pudesse raciocinar, meu subconsciente tomou conta.

-Você prometeu que voltaria... 2 anos se passaram.

-Eu tentei... Mas você sabe como são meus pais... Foram os piores 2 anos da minha vida, principalmente porque eu sentia sua falta-ela aumentou o tom de voz, e eu me mantive entorpecida.

-Você não tentou... Eu tentei... Mas não sou forte o suficiente para agüentar isso. -Agora ela se virara para mim. Ela era... A minha Whatsername,com aqueles olhos escuros gentis,que agora me olhavam com raiva.Agora eu estava consciente de tudo que eu havia feito até então...Ai que droga!

-Carolina...

-Eu mesma...

-Você voltou...

-Eu prometi...

-Eu... Eu tentei...

-Eu sei – ela se levantou, olhando para a lua cheia que brilhava no alto. Nem havia me tocado disso. Eu estava tensa, bêbada e drogada... Ela tinha total razão de ficar brava comigo não?Acho que sim... Ouvi sirenes da policia e me desesperei. Eu não tinha lugar para ir, não sabia para onde correr. Ela puxou-me pelo pulso e eu resisti. Resisti MESMO. Tanto que a machuquei

-Eu não vou com você – Eu berrei

-Aah cale a maldita boca e vem comigo sua drogada. Eu te amo e quero te ajudar. Eu não vou salvar a sua pele por uma... Décima vez?Centésima? Perdi as contas-Ela parecia mesmo brava.Eu não me mexi um centímetro.Ai ela me agarrou pelos cabelos e eu tive que ir.Passamos por uma fenda num muro[provavelmente foi por ali que ela entrou,porque ninguém passa pelo Gabriel sem drogas ou algo do tipo]Andamos vários,e vários quarteirões[Comigo sempre resistindo] Ate que chegamos a um predinho de cor creme.Ela me arrastou para dentro da porra do prédio e fomos para o ultimo andar.Ela me largou na cama dela.Eu tentei correr para a porta,mas ela me puxou pela blusa e eu acabei de cara no chão:

-Não dá pra ser mais delicada não?-eu gritei

-Cala a boca. Vai acordar os vizinhos sua maluca

-Fodam-se os vizinhos, isso é seqüestro.

-Não é não... Eu salvei a sua vida, sua idiota.

Antes que eu pudesse protestar mais uma vez, ela me abraçou. De inicio eu fiquei ali, parada, mas depois eu a abracei forte.

-Me desculpe... Por tudo- Ela sussurrou em meio às lagrimas. – Senti sua falta.

-ME desculpe por ser... A idiota que eu sempre fui... Eu também senti sua falta... Carol.

Ela sorriu timidamente e disse:

-Vou tomar banho... Você devia tomar um também, está fedendo – ela segurou o nariz e foi para o banheiro. Eu deitei no sofá, e logo em seguida, apaguei.

-x-x-x-x-

Acordei com o som da voz de Carolina no telefone. Ela parecia calma. Meu cérebro não conseguia assimilar as palavras aos seus significados, pois eu estava meio dormindo ainda. Depois ela veio me acordar de vez.

-Bia – ela me sacudia, mas me fingi de morta, sabe, pra sacanear... Até que ela jogou água na minha cara.

-OUTCH – eu exclamei e me levantei num pulo.

-Ninguém mandou se fingir de morta... Temos que ir.

-Ir?

-É...falei com seu namorado no celular...ele estava preocupado com você...eu disse que pra ele que tinha te ligado por causa que eu terminei com meu namorado e ele engoliu.-Ela disse vestindo uma blusa.

-Namorado?An?- Eu disse assustada

-Billie Joe Armstrong... Seu namorado não?Foi o que ele disse, pelo menos.

Não pude conter meu sorriso de felicidade, e meus gritinhos também. Ela revirou os olhos... Mas ela tem 19 anos, não vou culpá-la, ela sabe mais da vida que eu. Corri para o banheiro para dar um jeito no meu rosto, pois não vai dar tempo de eu tomar banho. Meus olhos estão vermelhos, inchados e doloridos.

-Maravilha. -bato na pia de granito e tento lavar o rosto. Nada adianta...

-Toma isso e use isto... logo passa –Ela me deu um remédio,um copo d’agua e um óculos.Tomei o remédio e coloquei o óculos e logo depois deixamos o apartamento.

-x-x-x-x-

Fomos andando debaixo de uma chuva horrível até o hotel. Chegamos ao quarto de Mike, onde estavam todos reunidos a nossa espera. Ela entrou primeiro e quando eu entrei,um par de braços me levantaram,abraçando me fortemente...Billie.Logo depois,me beijou.Correspondi com vontade a isso.Ouvimos um coro de palmas e vivas,e eu senti meu rosto esquentar,mas nenhum de nós quebrou o beijo.

-Finalmente eles tão de bem... Achei que eles não iam se agarrar nunca – Ouvi Tré dizendo. Quebrei o beijo e fuzilei meu amigo. Ele riu e disse:

-Vai-me dizer que não queria dar uns pega nele?

Meu rosto esquentou.

-x-x-x-x-

Os 2 dias seguintes foram ótimos, na companhia de meu N-A-M-O-R-A-D-O... AA como é bom chamá-lo assim. Estamos a caminho de Rio Claro,para um show beneficente.E depois,passaremos UM MÊS em LONDRES.Isso ai,a Little Girl vai para Londres.Está um dia com um sol de fritar ovos na calçada.Maldita cidade de interior calorenta,principalmente porque preciso usar shorts.

-O Billie ta te comendo com os olhos, se protege. – Tré disse, e eu ri alto.Olhei para Billie...pior que o Tre tem razão.Coloquei as mãos na cintura,e a cabeça no ombro e encarei-o.Ele ficou vermelho e o ônibus deu uma ginada brusca,me jogando para o colo de Billie.Havíamos chegado ao local do show.