Quando eu acordei, a ressaca já tinha força total, e quando eu levantei, rapidamente cai de cara no chão do quarto... Mas espera esse não é meu quarto!As lembranças da noite anterior invadem minha cabeça como uma avalanche e me deixando muito mais tonta do que estou.

–Ah, mas que droga... -eu sussurro e cato uma camiseta qualquer e visto-a. Pego meu dinheiro, celular e saio do quarto. Demoro um pouco para achar o banheiro naquele maldito lugar. Sorte que Kevin ainda dorme como um “anjo” em sua cama. Assim que acendo a luz, sinto como se meus olhos estivessem queimando. Efeito das drogas e do álcool, baby. Acabo vomitando tudo o que tinha no meu estomago, que não era pouca coisa. Tiro a camiseta e entro no chuveiro.

–x-x-x-x-

Eu fiz uma barulheira, mas estou tranqüila, conheço muito bem meu ex-namorado e sei que ele dormiria até durante um show de trash metal. Coloco as mesmas roupas da noite anterior, a contra gosto. Saio rapidamente pela porta da frente, me arrependendo até a alma disso.

–PUTA MERDA QUE SOL – eu grito e corro para a sombra de uma arvore qualquer. Olho no relógio de meu celular, e percebo que são 6 da tarde.

–PORRA, ESSE HORARIO E COM ESSE SOL-eu grito mais uma vez. Percebo que Kevin mora perto de um shopping... Garoto esperto esse em. Corro para lá, protegendo os olhos com as mãos, e os ouvidos com um fone. Antes de entrar numa loja de roupa, verifico quanto a ultima noite me rendeu... Nada mais, nada menos que 1 350 reais...

–As drogas renderam mais do que o ano inteiro - sussurro para mim mesma, me sentindo uma louca falando sozinha. Bem, acho que sou louca mesmo. Entro numa loja de roupas, compro uma blusa com capuz, um óculos de sol, uma calça jeans preta, e um all star de cano alto. Peço uma tesoura à atendente, e picoto a calça, bem estilo punk. A moça me olha horrorizada, e eu apenas dou de ombros. Saio e vou ao banheiro me trocar. Rapidamente me troco e coloco tudo dentro da sacola da loja. Saio,vou para a livraria.Sento na cafeteria da maldita loja e,peço um café e um pedaço de bolo e coloco a cabeça na mesa,enquanto mil pensamentos passam por minha cabeça.Pela primeira vez,em muito tempo,eu me sentia realmente sozinha e sem rumo.Uma lagrima escapou pelos meus olhos.Segurei as lagrimas quando a garçonete trouxe meu pedido:

–Hey... Você está bem? – Ela me olha preocupada. Ela é jovem, por volta dos 27 anos.

–Huum, sim estou bem... É que... -tentei achar uma mentira convincente em minha mente - Briguei com meu namorado. -Dou de ombros e começo a comer.Ela afaga meus ombros e sai.Não sinto nenhum remorso em mentir para estranhos...mesmo que eu disse se a verdade,o que diria a ela? “AA,estou mal porque estou apaixonada por meu ídolo,ele me corresponde,mas por algum motivo,não consigo contar isso a ele,pois tem essa coisa dele ser famoso,ofato de eu ser menor de idade e o meu passado atormentado atrapalhando nosso romance.Aaa e também me sinto sozinha no mundo porque fugi de casa para viajar com a minha banda favorita e deixei meus amigos e familia pras trás.Alem disso,ontem eu me droguei,me embebedei e transei com meu ex-namorado ate desmaiar na casa dele”Isso não é coisa nem que se diga ao seu diário,quem dirá um desconhecido.Depois de comer,coloco a cabeça na mesa e recomeço a chorar silenciosamente.Acho que dormi também,pois me sobressaltei quando uma mão pega meu ombro e me sacode levemente.Dou um pulo,caio da cadeira e olho furiosa a pessoas,que agora está rindo...Bem,ela pode rir,já que essa pessoa é nada mais que minha melhor amiga,Ana Carolina.

–Pensei que você não poderia ser mais desastrada... Mas acho que me enganei- Ela ajuda a me levantar e eu pulo em cima dela, abraçando-a e chorando de felicidade.

–Aaa, Ana, Ana eu senti tanto a sua falta

–Nossa... Bia... Eu também, mas será que dá pra me largar?-ela disse tentando me empurrar.

–Certo, desculpe – eu disse e me larguei numa cadeira.

– O Que faz em São Paulo?-eu pergunto, depois de alguns segundos de silencio.

–Compras. -Ela toma um gole do café que pediu e eu reviro os olhos. Ela começa a me contar como minha cidade ficou depois que eu “fugi. nada mudou muito.

–E, além disso, todos nós, Eu, Alicia, Larissa, Guilherme... Todos sentimos sua falta. -Ela continua, enquanto saímos rumo ao hotel que estou hospedada. Apenas suspiro e ignoro o comentário, sempre é assim... Como se ela lesse meus pensamentos. Ela me lança um olhar preocupado, então suspiro e digo:

–Bem... Eu posso falar com eles sabe... Billie, Mike e Tre...sobre você...sei lá...passar uma noite no hotel...se você quiser,claro – antes que eu pudesse reagir,ela atira os braços em mim,me abraçando MUITO forte.Rapidamente me senti sufocada,mas agüentei até a onda passar.Ela me largou,com um sorriso de orelha a orelha e disse:

–Então vamos logo!- agarro meu braço, e saiu correndo.

–x-x-x-x-

Depois de uma longa conversa com a recepcionista para permitir Ana entrar, e logo depois, outra longa conversa para convencer eles a deixarem Ana dormir por uma noite aqui, e o porque eu demorei tanto para voltar para o hotel...só uma pessoa não concordava,adivinha quem? Se você pensou no Armstrong, uma caixa de bis pra você.Nesse tempo que estive na presença dele,meu coração acelerava,minhas mãos soavam e eu gaguejava,mesmo não sendo ele falando comigo,porque acredite,ele não falou.Agiu como se eu nunca tivesse existido,o que me machucava.Mas a felicidade de Ana estar comigo impedia das lagrimas escorrerem de meus olhos.Eu ando chorando muito caso vocês não tenham percebido,mas não achem que sou assim...é tudo tão complicado.Rapidamente Ana me tira de meus devaneios,percebo que estou no meu quarto e ela está saltitante falando de como tudo é lindo.Essa é a minha Ana Carolina!

–Ana... Você não cansa não?-eu digo quando ela começa a pular na cama.

–Não mesmo-ela diz depois de colocar um cd do Simple Plan, e começar a cantar e dançar.Bem,se não pode impedi-los...Junte-se a eles.Esquecendo os problemas,começo a cantar e dançar junto com Ana,até toco uma musica chamada I Can Wait Forever.Depois,peço sorvete,pipoca ,barras de chocolate e coca-cola pra deixar tudo mais divertido...resultado,guerra de comida e guerra de travesseiros.Por horas,eu me senti viva novamente.Com tantas pressões sobre minha cabeça,acho que nem percebi o vazio que eu tinha no peito.Depois,tentei ensinar ela a tocar 21 Guns...ela conseguiu,mais ou menos,mas só porque sou má professora,não tenho paciência pra isso.Já eram por volta das 12h30min quando Ana decide tocar num assunto que eu não esperava:

–Bia... E o Billie em?-Ela não estava naquele tom, ”sua namoradeira”, parecia mais um tom... Preocupado?

–Aaa... Isso – senti meus olhos arderem- Ele está bem... Porque a pergunta?- eu tentei manter a calma, mas ela me conhece bem demais.

–O que está acontecendo... pera,VOCE ta CHORANDO BEATRIZ?- ela me vira bruscamente e algumas lagrimas escapam de meus olhos.

– O que houve com você? – ela diz, agora com a expressão seria. Olho para ela já sem conter as lagrimas que escorrem furiosas pelo meu rosto e simplesmente digo:

–A verdade dolorosa do meu passado me impede de continuar... Eu a vi na festa.- Depois a abraço e começo a chorar de verdade.Sorte que ela não tocou no assunto depois, e deixou que eu me terminasse de chorar e falar.Demorou muito tempo,tanto que quando chequei as horas em meu celular,eram 02:30...eu só fiz isso 5 vezes na minha vida...chorar por 2 horas.Depois,ficamos conversando sobre coisas aleatórias e eu perguntei:

–Se vocês sentem minha falta... Porque não me ligaram ou mandaram mensagem?

–Aah voce sempre falava que não gostava disso– ela deu de ombros.

–Quando eu morava perto né... Agora eu sinto a falta de vocês, meus amigos idiotas também -reviro os olhos e ela me empurra de leve.

–Alguém derreteu seu coração de gelo em... Mas você ainda tem o mesmo mal humor.

–Eu sou filha da raiva do amor... I’m The Son Of Rage And Love, The Jesus Of Suburbia...-Começo a cantar alto,e fingir que estava tocando guitarra.

–Eu entendi- Ela diz e se deita para tentar dormir. Demoro um pouco para dormir, pensando em na vida... até que meu celular toca

–Alo?-eu digo sem olhar o visor

–Bia... Aqui é o Lucas. –Ouço a voz grossa de meu irmão mais velho do outro lado da linha e congelo.