Eliza No País Das Maravilhas escrita por Avril_Gomez_108


Capítulo 35
Cuido da garota que quase foi presa 7 vezes


Notas iniciais do capítulo

Oiiiiii! demorei menos! kkk olha, o capitulo ficou bem grande, então resolvi dividir antes de continuar a história. essa parte não tem tanta aventura, mas a segunda vai ter ok? mais uma vez, me desculpem por demorar ;)



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POV Pâni

Eu não fazia a mínima ideia do que estava acontecendo. Havia percebido que Lia estava estranha desde o café da manhã, porque a cada duas mordidas que dava no pão ela parava e ficava dois minutos olhando pro nada. Normalmente quem fazia isso era Ane (tenho até medo de imaginar no que aquela mente cor de rosa pensa nesses momentos). Então ela pareceu melhorar quando passeávamos com os garotos vestidos de mulher, mas mesmo assim agia como se soubesse que algo ruim aconteceria. Porém todos começaram á ficar preocupados de verdade na trilha amarela, onde Eliza não soltava nem um suspiro. Eu, como filha de Apolo, criada a vida inteira com a minha mãe enfermeira em um hospital, percebi antes dela desmaiar que começará á passar mal. Mas mesmo assim quando minha amiga caiu de joelhos, completamente pálida e soando, fiquei desesperada.

Tentei me acalmar, ela precisava de alguém que soubesse o que estava fazendo sem nervosismo. Joguei minha mochila no chão e me ajoelhei procurando algum remédio apropriado com a ajuda de Julie e Annabeth, enquanto o resto dos meus amigos tentava amparar Lia. Nico estava atrás dela, segurando seu peso pra não cair. Percy segurava o braço direito da irmã, e tenho certeza de que se a situação fosse outra, ele teria brigado com primo. Ane agarrava o braço esquerdo. Meu irmão Rafael examinava seu rosto branco. E Travis e Connor, como não sabiam o que fazer, andavam de um lado para o outro nervosos. Josefino, embora muito preocupado, se sentou um pouco afastado para não nos atrapalhar.

Dentro de minha mochila tinha apenas o básico que um filho de Apolo levaria pra qualquer missão: ambrosia e néctar, remédio pra enjoo, outro pra dores musculares, pomada pra queimadura, algumas ervas medicinais e uma garrafa de água fresca que eu reabastecia á cada parada do grupo. Tinha mais coisas úteis do que a de todos os outros, já que Lia enxia a sua de chocolate e refrigerante, Ane nem levava mochila, apenas uma bolsa de marca com produtos de beleza, Annie e Julie carregavam o dobro de seu peso em livros (como formigas inteligentes), e os meninos... Eu não sabia o que eles levavam, mas já que em uma situação de crise como aquela eles nunca tinham nada pra ajudar, deve ser um monte de porcaria. Mas de qualquer jeito, eu não pensei que algo como aquilo aconteceria quando me preparava pra missão, todo meio-sangue acha que a comida dos deuses poderia ajudar em qualquer coisa, mas naquele mundo acho que não.

Foi aí que a Lagarta Azul apareceu. Ela tinha o triplo do tamanho de uma lagarta do nosso mundo, era azul e fumante. Porém estava diferente desde a última vez que a vira. Segurava um cachimbo e estava cercada de fumaça colorida que cheirava á enxofre. Nunca gostei muito dela, eu sabia que quando aquele inseto aparecia, era pra ajudar, mas ela nunca falava com clareza e sim em enigmas que confundiam a todos. Mas parece que daquela vez a Lagarta apareceu foi pra bancar a Parca, dizendo que estava profetizado que a Lia poderia morrer. Fala sério! A menina ficou doente e completamente grogue do nada, mesmo se aquele projeto de borboleta não tivesse dito aquilo, nós perceberíamos!

Depois que aquele ser doido terminou de falar, a filha de Poseidon desmaiou nos braços de Nico.

Por alguns segundos tudo se aquietou, meus amigos e eu só olhávamos Lia desacordada. A última vez que aquilo acontecerá fora por causa de Loki, ele deu uma facada nela depois penetrar na mente da mesma, na noite de halloween. Quando Nico voltou segurando Lia desacordada, todos tiveram um troço. Ela não é daquelas garotas que você se acostumaria á ver em um estado frágil, sempre tão forte, decidida, teimosa, esquentada. Mas da última vez, ao menos sabíamos o que causara a fragilidade dela, agora nos encontrávamos no escuro. É impressionante a quantidade de vezes que acontecia algo ruim a alguém do grupo, na maioria dos casos, ou melhor em todos, o causador era Loki.

Foi então que eu percebi. Se Lia estava assim, a culpa só podia ser de Loki! Fazia muito tempo que ele não agia contra nós. Devíamos ter previsto que o deus faria algo assim. Mas não fui a única que havia chegado á essa conclusão.

-Loki! Lia está assim por culpa de Loki!- disse Nico ainda segurando Lia. Então olhou para a Lagarta Azul, que ainda estava ali, em cima de um cogumelo observando a raiva do garoto- Foi ele não foi?

-O deus ambicioso que quer dominar os mundos vê em uma menina o perigo, ele... - a Lagarta começava a recitar outro enigma

-Diga de uma vez inseto fumante! Ou eu roubo esse seu cachimbo e bato na sua cabeça com ele!- ameaçou Ane irritada

A Lagarta parou de falar, olhou a filha de Afrodite com desdém, então revirou os olhos e disse:

-Ta bem. É o seguinte: vocês se lembram daquela mansão que desejaram pela lógica contrária á dias atrás, e de como essa sua amiga fugiu dela? Todos sabem que Loki jogou um feitiço nela que á fez perder a noção do tempo, oito dias se passaram e pareceram-se horas pra ela. Esse feitiço tem efeito colateral ao alvo no País das Maravilhas. Faz o ser atingido, dias depois, ficar muito doente e se não encontrarem a cura, pode morrer e no lugar dele nasceria outro ser louco qualquer desta dimensão. Loki sabia disso, foi por esse motivo que ele jogou o feitiço nela.

Todos olhavam para a Lagarta com expressões perplexas.

-Se você pode falar de um modo que não tenha enigmas... POR QUE NÃO FEZ ISSO ANTES?!?!- perguntou Ane

Ela pareceu pensar por um momento e disse:

-Sabe que eu não sei?

Fiquei com tanta raiva que tive vontade de fazer churrasquinho de lagarta fumante. Simplesmente odeio quando alguém enrola para dar uma notícia importante ou conta ela por um enigma que todos só entendem depois que o problema que ele evitaria, já aconteceu. Aprendi isso no hospital, se o paciente não está bem, você não vai falar isso á família dele com uma rima tão ruim que parece que foi tirada de uma caixa de cereais. Já ia começar á xingar ela de todos os palavrões que conhecia quando Nico me interrompeu dizendo:

-Qual é a cura pra essa doença?

-A flor da normalidade. Veja bem, esse feitiço por ser de outro mundo, quando usado neste confunde nossas leis, ele é lançado com palavras que a lógica contrária não pode interver. Mas ela pode interver seu resultado, colocando esse efeito colateral, que vai matando a personalidade do alvo por dentro. No final, o corpo se transforma, como eu já falei. Pra paralisar esse processo e fazer sua amiga Eliza voltar ao normal, vocês devem procurar a flor da normalidade, a flor mais temida do País das Maravilhas, sem desejar pela lógica contrária porque a planta também não é afetada por ela. Fazer um chá especial com a flor e dar de beber para a menina- explicou

A Lagarta então sumiu tão rápido quanto apareceu, como se nunca tivesse estado em cima daquele cogumelo, a única prova de que não estávamos alucinados era o cheiro de enxofre causado por seu cachimbo. Todos continuavam nas mesmas posições que se encontravam antes de ela aparecer, mas se entre-olhavam surpresos.

-Então está decidido, eu vou procurar essa planta- disse Nico de repente

-Nem pensar! Você não vai sozinho, eu sou o irmão dela, tenho o dever de achar a cura pra Lia- disse Percy

-Acho que todos os homens deveriam ir- sugeriu Rafael

Annabeth olhou para meu irmão com desafio.

-E por que "todos os homens"?- perguntou a filha de Atena- Antes de tomar qualquer decisão sobre quem deve procurar a flor, devemos antes desejar um mapa pela lógica contrária para descobrir onde se encontra a planta e o que estará no caminho.

Todos concordaram, então se sentaram em volta de Lia e Annie disse as palavras contrárias "não tem um mapa que mostra o caminho até a flor da normalidade entre nós". No mesmo instante um mapa enorme apareceu, cobrindo inteiramente o corpo de Lia deixando exposta apenas a cabeça dela encostada no peito de Nico. Mas ele não só dizia o caminho até a flor, como mostrava todos os lugares daquela dimensão, era um atlas do País das Maravilhas. Havia desenhos por todo ele, uma faixa amarela cheia de curvas que ia de uma ponta á outra representando a trilha onde estávamos, no meio da faixa e em volta dela, nas árvores, tinham gravuras dos lugares com seus respectivos nome embaixo.

Reconheci no atlas diversos lugares por onde havíamos passado: o Jardim ao Contrário, o primeiro lugar que vimos quando chegamos ao País das Maravilhas (N/A: Capitulo 14), o estádio onde é realizado o Jogo do Grifo (N/A: Capitulo 15), o Ninho de Cavaratas (N/A: Capitulo 23), a cidade de Tenuitate, perto dela uma "Clareira Vaga-Lume" que eu não conhecia (N/A: Quem se lembra desse lugar? Melhor momento Niceliza ever. Capitulo 25), Ane pareceu reconhecer uma tal de "Toca dos Babentos" (N/A: Capitulo 27) e também havia milhares de outras lugares por todo o mapa que eu não conhecia nem queria conhecer. Só pelo nome maluco de cada um, dava pra perceber que o melhor seria se nós não chegássemos perto.

Julie então teve a ideia de realizar uma espécie de "Ctrl+F" no mapa, pra sabermos logo onde estava a flor que precisávamos e facilitar todo o trabalho que teríamos procurando-a. Depois de perguntarmos pela lógica contrária aonde "não "se encontrava a planta, uma parte do atlas começou a brilhar, como um traço luminoso, começando do exato ponto onde estávamos e terminando em em tal de "Floresta de Doces". O nome parecia fofo, mas como tudo no País das Maravilhas é ao contrário eu não sabia o que esperar. Vai que os doces são azedos, ou são falsos, ou pareçam doces mas na verdade são milhares de brócolis dançarinos de salsa.

-Ótimo, já sabemos onde é, agora temos que decidir quem vai- disse Nico

-Os homens obviamente- disse Percy

-Não vejo por que apenas os homens, podemos muito bem separar algumas mulheres para ir também- disse Annabeth, claramente se referindo á ela mesma

-É perigoso- retrucou seu namorado

-Uma floresta de doces, aham, isso é tão perigoso- ironizou Ane

-Você viu por quais lugares tem que se passar pra chegar lá?- perguntou Nico apontando no mapa- "Penhasco Morcego", "Casa da Bruxa-tripés", "Pântano dos Monstros-seco" e "Montanha Gelada". Não me parecem nomes amigáveis.

-Eu concordo- disse Travis

-Então você está querendo dizer que as meninas tão tem capacidade pra enfrentar esses lugares?-perguntei encarando meu namorado

-Não é isso... - começou o filho de Hermes

-Vocês conseguiriam, mas preferimos não arriscar-disse Rafael

-Somos homens, como vocês acham que algum de nós aguentaria ficar para trás enquanto os outros saem pra lutar?- perguntou Nico

-Além do mais, o homem que ficasse não seria de muita utilidade, não somos especialistas em cuidar de uma garota doente- disse Percy- Vocês precisam amparar Lia.

Depois de muita discussão e várias brigas decidimos que era melhor mesmo apenas eles irem. Nós ainda queríamos sair nessa busca, mas  para não ferir o orgulho frágil deles, cedemos. Alguns minutos depois já estavam prontos para partir, Percy se despediu de Annabeth, Nico se limitou á apenas acariciar os cabelos de Lia depois de desejar uma barraca com cama pela lógica contrária e deixá-la repousando lá. Meu irmão me abraçou, logo depois veio Connor, fazendo cócegas em mim. Então Travis me levou para um canto mais afastado.

-Olha, eu sei que você pode estar com um pouco de raiva mas...-começou ele

-Não estou não, eu entendo que vocês tem que ir, está tudo bem- falei sorrindo para acalmá-lo

-Essa missão tá deixando todo mundo maluco, nós quase brigamos umas trinta vezes- disse Travis

-Quando voltarmos tudo vai voltar ao normal, mas eu duvido que qualquer um de nós queira isso. Essa loucura toda, é emocionante. Eu pelo menos não vejo problema algum- falei rindo, sendo acompanhada por ele

Travis me deu um beijo de despedida e então sumiu no meio das árvores com os outros meninos. Olhei em volta, para minhas amigas. Sugeri que entrássemos na barraca, para ficarmos perto de Lia e elas concordaram. Josefino ficou lá fora, de guarda, caso algum ser louco aparecesse e quisesse nos atacar.

Dentro da barraca, todas se sentaram em volta de uma Lia ainda naquele estado doente, mas percebi ao tocar sua testa que sua temperatura febril havia melhorado um pouco. Seu tom de pele também estava diferente de quando começou a passar mal. Mas de qualquer jeito, ela continuava desmaiada e não podíamos fazer nada á respeito, apenas esperar os meninos voltarem. Só que eles não deviam demorar, afinal, não sabíamos quanto tempo Lia tinha até que... Ela deixe de ser ela e vire o que quer que seja. Aquela doença louca ia contra qualquer lógica medicinal que eu conheça, e por um lado eu odiava isso, por outro encarava como um desafio o fato de não saber nada sobre ela. Poderia descobrir a partir de observações. Então decidi anotar em um caderninho todas as mudanças que ocorressem em Lia e depois mostraria minha descoberta á meus irmãos e meu pai, no final faria uma homenagem colocando meu nome na doença e ganharia um prêmio nobel por isso (e não, eu não estou sonhando alto demais). (N/A: Está sim!  Acho que ninguém vai acreditar em você se disser que achou uma doença mágica em uma dimensão paralela) (N/ Pâni: Obrigada por acabar com meus sonhos) (N/A: De nada!)

Desde criança, crescendo em um hospital e acompanhando a vida agitada de minha mãe, comecei a compartilhar dos mesmos objetivos que ela. Cursar medicina na melhor faculdade do país (Universidade de Strandys de Nova York) era um grande sonho meu, mas minha família não tem dinheiro pra pagar, então todo o tipo de pesquisa que eu pudesse fazer que chamasse a atenção da faculdade para mim e que pudesse me dar um bolsa, eu fazia sem exitar (essa que Lia tinha não me ajudaria nisso, mas naquele momento isso não importava). Até já pedi ajuda de Annabeth e Julie em muitas delas, e olhe que pesquisar com as duas é terrível, elas sabem de tanta coisa que só querem fazer tudo sozinhas. Eu sei que posso ser meio nova pra já estar pensando em faculdade, mas logo faço 16 anos e quanto antes começar melhor. Lia normalmente diz que eu sou como "uma velha de 80 anos" em alguns momentos e que em outros sou "uma garotinha de 07". Ela não se decide se sou madura de mais ou criancinha de mais.

Lia pensa desse jeito porque, eu meio que tenho dois lados que eu acho que devem ser mantidos separados. O que eu acabei de falar foi a médica dentro de mim, o que a maioria das pessoas conhecem é garota boba que faz palhaçada toda hora. É como uma versão feminina e com menos pegadinhas dos Stoll. É por isso que eu namoro um deles, temos mais pontos em comum de que se pode imaginar. Lia não fala muito sobre mim nas narrações porque sempre estou afastada fazendo graça com meu namorado, Connor e meu irmão, e ela está lá pensando na vida doida dela com Nico, Ane, Percy, Annabeth e Julie. É que como são muitos semi-deuses em uma só missão, acabamos separando grupos. Por isso, a autora me deixou (depois de eu ficar muitas horas implorando) mostrar pra vocês como é o outro lado da história. O lado em que Lia não aparece á cada 10 minutos á procura por chocolate.

Fui acordada dos meus devaneios quando Ane, que estava sentada bem perto de Lia e assumiu com uma expressão surpresa, disse:

-Acho que vi ela se mexer, é como se estivesse acordando.

Estreitei os olhos com desconfiança. Ela não podia estar curada, mas parecia realmente que a doença já não fazia tanto efeito quanto antes. Anotei no meu caderninho essa "pequena" mudança.

-O que você tanto anota?- perguntou Julie

-As mudanças no corpo dela, como um relatório médico. Estou pesquisando essa doença- respondi mordendo a ponta da caneta intrigada.

-Você sabe que uma pesquisa de doença mágica, não vai te ajudar á entrar naquela faculdade que você e sua mãe querem, não é?- perguntou Annabeth

-Sei. Estou pesquisando isso pela curiosidade e pelo desafio de descobrir uma doença assim... Tão... Sem lógica- expliquei á filha de Atena

-Lia vai te esfolar viva quando se recuperar e descobrir que foi cobaia pra uma das suas pesquisas- disse Ane rindo, sendo acompanhada por todas.

-Lia já meu obrigou á pagar 50 dólares em chocolate pra ela um dia, quando voltávamos da escola. Isso deve valer pra eu continuar viva- contei rindo

Continuamos conversando nos minutos seguintes, falando sobre experiências engraçadas que passamos com Lia e acredite: são muitas! Aquela menina sempre colocava alguém em confusão, fazia algo errado e tinha um talento incrível para arrumar alguma encrenca perigosa quando não tinha algo pra fazer. Annabeth ficou maravilhada quando Ane e Julie contavam histórias que vivenciaram com Lia desde que a conheceram, a filha de Atena, após ouvir cada uma das histórias, disse "Parece que se meter em confusão é um passa-tempo apreciado por filhos de Poseidon. Percy faz exatamente esse tipo de coisa".

-Teve uma vez em que ela me obrigou á me esconder no banheiro do shopping até ele fechar. Depois quando saímos e não tinha ninguém, ela arrombou a sorveteria, não sei como, e passamos horas lá comendo e jogando sorvete uma na outra- contava Ane rindo- Mas um segurança ouviu nossas risadas e tivemos que fugir dele, só que como estávamos sujas de sorvete dos pés á cabeça, escorregávamos em tudo, tanto que o segurança conseguiu nos pegar. Mas ele não denunciou porque disse que poderíamos ter roubado algo valioso naquela noite e o que fizemos não era nada demais e nos liberou. No dia seguinte pegamos um resfriado por andar na rua ás 4 da manhã com roupas totalmente meladas de sorvete.

-Terrível mesmo foi quando eu e Lia ficamos na detenção depois de começarmos uma guerra de comida e o meu macarrão acertar o rosto da diretora- começou Julie- A professora responsável pelos alunos na detenção passou mal e teve que ir embora mais cedo, mas não avisou ninguém. Lia teve a ideia de se vingar de todas as pessoas que acertaram ela com comida enchendo seus armários com um gosma nojenta que encontramos na cozinha da escola. Mas ela acabou colocando também "por acaso" no armário onde guardam as provas que seriam dadas ao alunos no final do semestre. No dia seguinte a escola estava um caos, metade dela estava sujo daquela gosma, os professores quase tiveram um piripaque quando souberam das provas e, embora a situação tenha sido muito engraçada, viram pelas câmeras de segurança que as responsáveis eram Lia e eu. Fomos suspensas. Até hoje ela diz que não se arrepende.

-Ela já me contou também de uma vez que estava no cinema com Laís, vendo um filme da Demi Lovato. E todas aqui sabem como ela ama a Demi- falei e todas concordaram- Elas quase foram pra cadeia por bater em  uma garota que disse que a Demi era "gorda". Mas a mãe dela nem ligou, pois era fã da Demi também, ela ficou na verdade orgulhosa de Lia.

-Só eu acho que a mãe da Lia é muito legal?- perguntou Ane rindo

-Lia não concorda tanto assim. Ela me disse que uma vez discutiu com sua mãe porque ela não a tinha deixado ir á um show de rock, dizendo que era pesado de mais pra uma garotinha- disse Annabeth enquanto olhava Lia desmaiada, como se lembra-se exatamente de cada expressão que ela fizera quado lhe contava esse história- Então fugiu de casa pra assistir o tal show. Voltou pra casa horas depois em uma limousine, já que tinha ficado amiga da banda depois de nocautear 3 seguranças apenas pra abraçar eles. Depois disso, o vocalista se ofereceu para dar uma carona é ela. Sua mãe descobriu e Lia só não ficou de castigo pelo resto da eternidade, porque ligou pra banda pedindo que eles apresentassem um cantor pra mãe dela, que fora seu ídolo na adolescência.

-Ela me contou isso também!- exclamou Ane- O cantor era Mick Jagger!

-A família da Lia tem um bom gosto musical incrível! Devem ser abençoados por Apolo- disse Julie- Pra vocês terem uma ideia da diferença, meu pai gosta de ópera.

Todas riram muito depois desse comentário. Julie sempre parece á mais azarada das três, mas não se engane só porque ela não fala muito sobre a profissão de seu pai, ele está virando um designer famoso. Mais alguns desenhos e os dois ficam ricos, porém a filha de Atena não parece ligar nem um pouco pra isso. Ane costuma dizer que ela era um "tonta" por causa disso, mas a filha de Afrodite já era rica, então ninguém deu muita atenção.

-Minha mãe ouveBeyoncé pra relaxar depois de receber algum paciente em estado grave- falei

-Beyoncé? Estou imaginando sua mãe dançando por um hospital cantando "Single Ladies"- disse Ane imitando a Beyoncé nesse clipe e nos fazendo rir muito.

Estávamos rindo tanto que minha barriga doía, mas acabamos acordando alguém.

-Do que vocês tão rindo? Eu quero rir também- disse Lia com um voz fraca e olhos semi-abertos procurando focalizar alguma de nós com dificuldade

Todas tomaram um susto com a manifestação de Lia. Eu me inclinei sobre ela e medi sua pressão antes de perguntar:

-Como você acordou? Devia ficar desmaiada até os meninos voltarem.

-Eu não sei- respondeu com a voz um pouco mais forte

Ela se sentou na cama observando tudo em volta.

-O que aconteceu?- perguntou

-Você está doente. Aquele feitiço que Loki jogou pros dias se passarem como horas em você provocaram um efeito colateral que ele sabia que aconteceria. Se os meninos não encontrarem uma flor da normalidade você morre e no seu lugar nasce um outro ser louco do País das Maravilhas- expliquei o mais resumidamente possível, para não assustá-la.

Ela não se surpreendeu. Nem ao menos pareceu ligar com o que poderia acontecer á ela. O que me fez pensar que Lia já sabia que uma coisa assim aconteceria, por isso ficara tão quieta antes de desmaiar, não queria que ninguém se preocupasse. Mas eu não disse minha teoria em voz alta, sabia o quanto já estava sendo difícil  pra ela. Lia e seu maldito orgulho.

-Onde está essa tal flor?- perguntou

Julie pegou o atlas e mostrou a floresta dos doces e o caminho pra lá.

-Floresta dos doces?- perguntou parecendo decepcionada- Eu quero doces. Por que eu não fui á floresta dos doces?

Todas rimos.

-Estou com fome. "Não tem batata frita e um pote de manteiga de amendoim nas minhas mãos"- disse

-Batata frita com manteiga de amendoim? Que horror!- exclamou Ane

-Estou com vontade de comer isso, não sei porque- explicou Lia mergulhando a primeira batata no pote- Mas então, do que estavam rindo quando acordei?

-Eu imaginava a mãe de Pâni cantado "Single Ladies" no hospital- disse Ane, fazendo Lia rir

-E antes disso estávamos contando sobre as encrencas em que você já se meteu- disse Annabeth com um olhar reprovadora para a cunhada- Se eu contasse pro Percy que você quase foi presa duas vezes...

-Na verdade quase fui presa 7. Uma no cinema com Laís, outra no shopping com Ane, outras quatro foram por causa de monstros e outra por me vingar do meu ex-namorado- contou a filha de Poseidon rindo, ela não parecia perceber o que havia acabado de contar á nós.

-Pensei que seu primeiro namorado foi Nico- disse Ane

-Ok, meu ex-quase-namorado. Ele teria sido o primeiro se não tivesse feito aquilo. Então eu me vinguei- disse comendo outra batata com manteiga de amendoim

-O que ele fez?- perguntei

-Me usou pra fazer ciúme em uma biscate que ele gostava.

-O que você fez?- perguntou Annebeth

-Não vai querer saber- Lia disse rindo, quase deixando amendoim cair na sua roupa

Após terminar de comer a batata, Lia simplesmente deitou e dormiu novamente. Para acordar 30 minutos depois, quando as meninas e eu também havíamos comido um pouco e falávamos sobre um assunto qualquer. Dessa vez, Lilis não aguentava ficar deitada, e ficou andando de um lado pro outro da barraca procurando algo pra fazer. Insistiu para jogarmos Uno e depois de Julie vencer 3 vezes, ficou irritada e decidiu forçá-la á se maquiar, coisa que ela sempre odiou. Eliza podia aparentar que estava curada agindo desse modo, mas sua hiperatividade repentina indicava que não. Sem mais nem menos, Lia se deitou novamente e dormiu por mais 30 minutos.

Nesse meio tempo percebi o porquê de ela ter acordado e desse estranho comportamento. Uma doença ilógica não seria tão normal á ponto de deixar a pessoas apenas doente e na cama, sentindo dor ou desmaiada. Lia ficaria dormindo e acordando várias vezes até ser curada ou... Morrer. E a cada vez que acordava, estaria com algum sintoma doido. Primeiro a fome estranha, depois a hiperatividade. Expliquei isso ás meninas para elas não se surpreenderem com a próxima ação de Lia e anotei tudo no meu caderninho. Imaginei rindo que até os meninos voltarem, nós estaríamos tão loucas quanto Eliza, todas precisariam de um pouco do chá feito com a flor da normalidade.

Quando Lia acordou novamente, estávamos preparadas para um novo sintoma. Dessa vez ela estava com uma estranha vontade de ouvir música, então pegou seu MP200 dado de presente pelo meu pai e o colocou no último volume (Detalhe: ele não me deu um. Bom saber que papai gosta mais da Lia). As meninas e eu tentamos ignorar, para podermos voltar á conversar, mas era quase impossível se concentrar em qualquer outra coisa enquanto Lia cantarolava músicas bem alto e dançava sentada, feito louca.

-Lia, estamos tentando conversar- falei

-Ah, tudo bem, você não estão me atrapalhando!- disse Lia quase gritando

-Quem tá atrapalhando é você!- disse Julie

-O QUE?!- perguntou Lia aos gritos

-Você tá atrapalhando!- gritou Ane

-O que? Quem te disse que eu estou casando?

-Não casando, ATRAPALHANDO!- gritei

-Eu não estou trabalhando nem pretendo trabalhar, muito menos casar!- gritou a filha de Poseidon ainda dançando

-VAI PRO TÁRTARO!- disse Ane berrando irritada

-Molho tártaro? Seria uma boa no sanduíche, me traz um. Ah e uma Coca Cola também!- disse Lia no ritmo da música

Eu e as meninas nos entreolhamos com raiva. Logo depois a música que Lia ouvia acabou, e antes mesmo que pudéssemos comemorar, ela colocou outra, porém desta vez não era dançante, o que a permitiu participar da nossa conversa. Falávamos sobre nossos cantores favoritos e aos shows que já fomos. Eu pessoalmente sempre gostei mais de músicas alegres e dançantes, odeio ficar parada ouvindo uma música, ou ouvir uma música que não me faz sentir nada. Então sou mais pop, eletrônica. É nessas horas que percebemos o quanto nosso gosto musical pode ser diferente de nossos amigos.

-Pra mim, as música que falam de amor são as MELHORES! Principalmente as da Taylor Swift, Selena Gomez, Demi Lovato. Pra mim tem que ser assim. Sem falar das divas da Madonna, Britney Spears, Beyoncé, Lady Gaga- disse Ane, deixando novamente bem claro como é parecida com sua mãe

-Eu sou muito mais Chris Brown, Rihanna, ou qualquer música dançante- falei toda feliz

-Eu ouço rock. Pronto- disse Julie

-Tá, mas que bandas?- perguntou Ane

-Não foco em algumas bandas, eu ouço muitas, levaria a tarde inteira aqui tentando lembrar. Mas eu também não ouço só rock. Desde que a música seja boa, pouco me importa o gênero, cantor, banda ou a data de lançamento dela- explicou a filha de Atena

-Agora mostro que é minha irmã- disse Annabeth rindo- Sou assim também. Se bem que eu não ouço muitas músicas, prefiro passar o meu tempo lendo.

-Mas música estimula a atividade cerebral. Isso já foi comprovado- disse Julie

-Corrigindo: Música boa estimula a atividade cerebral. Aquelas que não falam sobre nada e droga nenhuma retardam o pensamento ao invés de estimulá-lo- falou Annie

E as duas irmãs Wikipédia continuaram em sua discussão sobre música que me deu tanto sono que nem vou descreve-la pra não dormir de novo. Vamos pular pra parte divertida em que Lia se intromete na conversa.

-Eu ouço de tudo, música agitada, calma, de amor, amizade, que faz chorar, que faz pular, com rap, sem rap, de rock, pop. E to pouco me lixando para o a sociedade pensa delas- disse Lia

-Isso aí!- concordei com ela rindo- Mas que música está ouvindo agora?

-Está acabando uma triste da Adele. Daqui á pouco começa Heart Attack da Demi- respondeu

-Uhuu! Coloca no viva voz que amo essa música!- disse Ane comemorando

Um minuto depois Lia tirou seus fones e colocou Heart Attack no máximo. Assim que a batida começou nenhuma de nós conseguiu ficar parada. Dá pra acreditar que cinco garotas estavam dançando no meio de uma floresta no País das Maravilhas? Pra ficar mais divertido, cada uma cantava um trecho fingindo que era a Demi.

Todas: "Putting my defenses up, Cause I don't wanna fall in love, If I ever did that, I think I'd have a heart attack."

Lia: "Never put my love out on the line, Never said yes to the right guy."

Ane: "Never had trouble getting what I want, But when it comes to you I'm never good enough."

Eu (Pâni): "When I don't care, I can play him like a Ken doll."

Julie: "Won't wash my hair, Then make him bounce like a basketball."

Lia e Ane: "But you make me wanna act like a girl, Paint my nails and wear high heels."

Annie: "Yes you make so nervous that I just can't hold your hand."

Todas: "You make me glow, But I cover up, won't let it show, So I'm putting my defenses up, Cause I don't wanna fall in love, If I ever did, that, I think I'd have a heart attack, I think I'd have a heart attack, I think I'd have a heart attack."

Julie: "Never break a sweat for the other guys, When you come around I get paralyzed."

Annie: "And every time I try to be myself, It comes out wrong like a cry for help."

Ane: "It's just not fair, Brings more trouble than it all is worth."

Lia: "I gasp for air, It feels so good, but you know it hurts."

Eu: "But you make me wanna act like a girl, Paint my nails and wear perfume."

Annie: "For you, make so nervous that I just can't hold your hand."

Todas: "You make me glow, But I cover up, won't let it show, So I'm putting my defenses up, Cause I don't wanna fall in love, If I ever did that, I think I'd have a heart attack, I think I'd have a heart attack, I think I'd have a heart attack."

Ane: "The feelings got lost in my lungs, They're burning, I'd rather be numb."

Julie: "And there's no one else to blame."

Eu: "So scared I'll take off and run."

Lia: "I'm flying too close to the sun, And I'll burst into flames. You make me glow, But I cover up, won't let it show."

Todas: "So I'm putting my defenses up, Cause I don't wanna fall in love, If I ever did that, I think I'd have a heart attack, I think I'd have a heart attack, I think I'd have a heart attack, I think I'd have a heart attackI think I'd have a heart attack."

O resto da tarde e da noite rimos muito, conversamos e Lia pareceu um pouco melhor, mas no geral, não aconteceu nada muito importante. Depois de jantar, dormimos todas em colchões no chão em volta da cama de Eliza. Durante a noite ela não acordou e não teve nenhum sintoma depois daquele de ouvir música. Só teve quando tentou se levantar na manhã seguinte, mas desse vez era muito mais sério.

Lia soava frio, não conseguia falar e de alguma maneira conseguiu ficar ainda mais pálida do que no dia anterior. Precisou de minha ajuda pra comer e pediu um remédio que ajudasse com as dores que sentia por todo o seu corpo. Com isso percebi qual era o novo sintoma: Dor. E aquele poderia ser último até ela dormir e... Eu já não conseguia mais dizer ou pensar naquela palavra com M. Quando se cresce com médicos, você até se acostuma com essa palavra depois de acompanhar um série de pacientes com esse terrível fim, mas se torna algo completamente diferente quando é com alguém tão perto e tão importante pra você. Agora eu entendia a família e os amigos dos pacientes e noto como fui insensível ao me questionar sobre o sofrimento deles. Entenda, nunca tive ninguém além de minha mãe, o resto dos parentes ou desapareceu no mundo ou faleceu antes sequer de eu nascer, além do mais eu sempre fui a "esquisita" da escola e por isso não tinha amigos. Por conta de tudo isso, jamais passei por uma situação dessas. Mas quando cheguei ao Acampamento, alguns meses antes de Lia e suas amigas, pela primeira fez senti que talvez não estivesse quase completamente sozinha.

Então tenho a ideia idiota de ir com meus amigos para uma missão infeliz e só acontece desgraça com eles. Que droga!

Tentei ajudar Lia de todas as formas. Quando sentiu enjoo dei remédio. Quando teve dor de cabeça lhe dei algumas ervas medicinais. Fiz com que bebesse muita água. E tudo isso amenizou um pouco, mas não mudava o fato de que ela estava morrendo de dentro pra fora. Se minha teorias estivesse certas, em questão de horas seus órgãos simplesmente parariam um por um, sendo o último o coração. E quando este parasse, ela dormiria, pra acordar como mais um ser louco e não teria volta. Só os meninos podiam parar aquilo, mas eles demoravam muito e as meninas e eu já ficávamos preocupadas.

- O que será que aconteceu pra eles ainda não estarem aqui?- sussurrou Ane pra mim quase á beira das lágrimas- Lia tá muito mal, e se ela...

-Eles vão chegar- falei tentando aparentar o triplo da confiança que sentia realmente

-Estou preocupada- sussurrou Annabeth

-Por que todas estão sussurrando?- perguntou Julie

-Lia não pode ouvir, ela já está passando por muita dor, não precisamos fazê-la se preocupar com seu irmão, seu ex-namorado e seus melhores amigos- expliquei

Sentamos em volta de Lia para ela não se sentir sozinha. Ane dizia palavras reconfortadoras como "você vai ficar melhor e eu vou te dar todo chocolate do mundo por causa disso" que faziam sua amiga rir, mas dava pra ver a tristeza nos olhos da filha de Afrodite. Julie de repente se levantou e olhou pra fora da barraca.

-Gente, cadê o Josefino? Ele não disse que ficaria de guarda?- perguntou

-Como assim? Ele sumiu?- perguntei

Julie se aproximou lentamente parecendo assustada.

-Sim. Mas o que poderia tirar um urso gigante e forte como aquele de seu posto de guarda?

Ouvimos então o barulho de pessoas se aproximando da barraca, quase como em resposta á pergunta de Julie. Pegamos nossas armas e saímos da barraca, dando de cara com cerca de 20 homens de armadura. Não pude deixar de notar que em todos havia o emblema da carta de Copas, quase como se fosse uma medalha de "honra". Se Lia uma vez não tivesse sonhado que Loki fez uma aliança com a Rainha de Copas e que agora controlava seus soldados, eu não saberia que aqueles homens estavam ali por obra do deus nórdico, nem que ele devia estar rindo daquela cena em que qualquer um podia entrar na barraca e simplesmente matar Lia, e não odiaria tanto Loki a ponto de querer sua cabeça pendurada na minha sala de estar.

Um dos homens se aproximou de vagar, e em reflexo á essa ação todas apontamos nossas armas pra ele. Porém aquele soldado, que pelo seu comportamento e sua armadura diferenciada devia ser o chefe, levantou as mãos. Mas não como rendição e sim para nos fazer ouvir o que ele tinha a dizer. Afinal, ele não mostrava nenhum sinal de medo com meu arco de ouro apontado para sua cabeça, a lança purpurina de Ane pronta para colocá-lo num espeto e as adagas de Annie e Julie á três passos de o fatiar inteiro.

-Se nos deixarem entrar na barraca e matar sua amiga, não faremos mal á vocês. Mas se decidirem lutar, seremos obrigados á matar vocês também- disse o soldado chefe

-Até parece que vamos acreditar nisso. Loki quer todas nós mortas também!- gritou Annebeth

-Como se fossemos idiotas de entregar nossa amiga- falou Ane

-Por quê Loki mandou vocês se Lia já está morrendo?- perguntei

-Digamos que meu senhor subestimou demais aqueles seus amigos e agora eles estão perto demais de curar a menina- respondeu o soldado

Foi então que todas tiveram, estranhamente, a mesma ideia. Se os meninos estavam perto, só teríamos que enrolar até que chegassem para ajudar, e faríamos de tudo para não deixar nenhum soldado entrar na barraca, nem que isso signifique lutar como nunca antes. Mas, o ruim disso era que eles são de um dimensão diferente, possuem golpes que não conhecíamos e a única experiente em lutas com oponentes tão fortes era Annabeth. Ela sozinha poderia acabar com 3, talvez 4 deles facilmente. Porém eles ganhavam em quantidade.

-Então, vão nos deixar entrar na barraca sem fazer pirraça?- perguntou o chefe fazendo os outro soldados rirem como bobocas

-Claro...- falei

-Ótimo, eu já esperava is... - começou ele

-Que não! Otário- disse Ane completando minha frase

Antes que eles pudessem agir, as meninas se separam correndo já começando o ataque. Eu continuei no mesmo lugar, seria minha função não deixar ninguém tocar em Lia, o que era até mais comodo pra mim do que lutas corpo á corpo. O que quer dizer que pude usar meu amado arco,  Marcante. E se você pensa que eu tenho pena, está muito errado, eu acertava na cabeça ou no coração de qualquer um que estivesse á uma distância de 4 metros de mim sem dó nem piedade. Mas não era única a não dar a mínima pra vida dos soldados. Ane, assim que se separou das outras garotas, simplesmente chegava nos soldados e enfiava sua lança, Cristal, no estômago dele e tirava rápido o bastante pra acertar qualquer outro que tentasse atacá-la pelas costas naquele momento. Julie passava correndo e cortando os homens, e se algum tentasse um corpo á corpo com ela, levava facada e acabava no chão.

Mas a melhor sem dúvida era Annabeth. Era incrível o que ela conseguia fazer com uma simples adaga, a quantidade de cortes que fazia nos oponentes rapidamente e como nenhum, mesmo com espada, podia acertar ela. Um exemplo foi quando Annie se aproximou lentamente de um soldado, desarmou-o com um chute, pulou para fazer um corte no rosto que o cegou e impediu de reagir á facada na barriga para depois desmontar. Fiquei muito surpresa já que nunca vi a filha de Atena lutar assim antes, nem no Acampamento já que ninguém ousava desafiá-la... Bem, talvez uns poucos idiotas, mas nunca estive perto para assistir. Fiz então uma nota mental: perguntar quantos anos de treinamento Annabeth tinha.

Porém, mesmo com todo esse ataque os soldados ainda eram muitos. E se não fosse pela ajuda de outros dois campistas, aqueles que Quíron disse que mandaria, talvez nem conseguíssemos impedir a entrada deles na barraca. Foi realmente uma ajuda que veio em boa hora, mas duvido que quando Nico volte, ele vá gostar da "surpresa".

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POV Nico

Eu queria trucidar Loki. Não, melhor, queria jogá-lo nos campos da punição pra andar sobre brada quente e só tirar 30 anos depois para então empurrá-lo pro Tártaro. Me arrependi de não meter um belo soco na cara dele quando tive a chance. Agora já não dava mais, ele atacava meus amigos e eu de todos os modos, de um jeito que não podemos nos proteger. E tudo isso para não conseguirmos achar o Ás da loucura. "Tá, tudo bem, ele quer transformar todas as dimensões em mundos loucos" pensei "Estamos aqui pra impedir isso. Mas mexer com a Lia? Esse desgraçado vai conhecer todas as maldições do mundo inferior por isso!".

Antes de sair pra busca, procurei deixar Lia o melhor possível, deitada numa cama dentro de uma barraca que desejei pela lógica contrária. Não pude deixar de observá-la por alguns segundos e soprar aquela mecha de seu cabelo que insistia em ficar nos seus olhos, ela odiava essa mecha. Então me despedi das meninas, peguei minha mochila e o atlas com a rota pra "Floresta dos Doces" e esperei os outros meninos. Alguns minutos depois saímos da trilha amarela, nos embrenhando na mata do País Maravilhas, e ninguém fazia a mínima ideia de que tipo de monstros doidos poderíamos encontrar lá.

Nos primeiros trinta minutos ninguém disse nada. Checávamos o mapa de vez em quando, tentando reconhecer árvores ou o quer que seja para não nos desviar da rota (o mapa era extremamente detalhado), então continuávamos á andar sem trocar míseras duas palavras. Afinal, que assunto teríamos? Tudo em que pensávamos era como queríamos chegar o mais rápido possível no nosso destino e torcer para que os obstáculos não nos atrasem muito. Não podíamos falar sobre as meninas, seria muito desconfortável pensar sobre a agonia que elas estavam sentindo por conta de sua amiga e que aquilo só acabaria se conseguíssemos a flor da normalidade. Agonia que eu também sentia, tanto quanto Percy, Connor, Travis e Rafael. Agonia que só aumentaria se falássemos sobre ela.

Mas somos semideuses. E quando semideuses estão no tédio, eles arranjam confusão.

-Estamos nos aproximando do Penhasco Morcego- falei consultando o mapa

-Que nome mais ridículo!- exclamou Connor- O que tem lá? Um penhasco cheio de morcegos? Grande coisa!

-Cuidado com o que fala- alertei- Enquanto não estamos perto o bastante da flor, a lógica contrária ainda é muito perigosa.

-Vamos ouvir Nico, pessoal!- disse Rafa- Nico tem uma namorada louca que usa a lógica contrária toda hora e ensinou uns truques pra ele.

Tentei ignorar o fato de que ele chamou Lia de louca e disse apenas:

-Ela não é minha namorada.

-Ainda bem, né?- disse Percy brincando (ou não)

Ignorei ele, voltando a olhar o mapa. Estava com muita preguiça de iniciar uma discussão com meu primo.

Na imagem do atlas, bem no centro do penhasco havia uma ponte de cordas, iguais aquelas clássicas dos filmes de aventura que arrebentam e matam algum idiota. As margens do buraco são cheias de árvores azuis e laranjas, o que de certa forma é bom para sabermos quando estivermos nos aproximando. O que me frustrava era que não tinha desenho nenhum dos tais morcegos. Eu queria saber apenas se eles eram uma ameaça ou só criaturas loucas inofensivas, mas nem nisso aquela droga de dimensão ajudava. E como eu sentia falta da minha própria dimensão, aonde eu tenho certeza do que é perigo e o que não é, onde há segurança e onde estou vulnerável, lugar que eu conhecia a maioria das criaturas. Pensando desse modo, até me deu saudade das empousas, fúrias, hidras, ciclopes, cães infernais, centauros e outros milhares de monstros que querem me matar.

Comecei então á pensar no Acampamento Meio-Sangue, minha segunda casa (Digo segunda porque costumo morar alguns meses com meu pai no mundo inferior e não posso mentir, sinto-me muito confortável lá). Os campos de morangos, o lago cheio de nereidas, a floresta com monstros onde jogamos o caça á bandeira, a caça grande, os chalés, a fogueira, a praia onde beijei Lia. Só de me imaginar de volta, eu podia sentir o aroma das comidas preparadas pelas ninfas no refeitório e o calor de sentar-me junto aos outros campistas na fogueira. Ah, como eu odiava Loki eternamente por me tirar de tudo aquilo...

Fui tirado de minhas lembranças de casa quando vi Connor apontando uma árvore laranja alguns metros á frente. Depois apareceu uma roxa e depois outra, então logo a trilha amarela estava cercada por plantas cor de refrigerante de laranja e uva. Mostrei á Percy como aquelas árvores apareciam bem na beira do penhasco no mapa ele mandou todos ficarem atentos. Meu primo também não confiava nem um pouco no País das Maravilhas pra acreditar que aqueles bichos poderiam ser inofensivos. Não pude deixar de ficar aliviado de mais alguém ali pensar assim, já que os outros encaravam tudo naquela missão como uma brincadeira. Claro, até um morcego gigante puxar eles pra sua caverna e fazer salada de semideus. E de certo modo, foi isso que aconteceu.

Quando alcançamos a beira do penhasco, tive poucos minutos para observar como a trilha amarela terminava bem em frente á ponte com cordas e só continuava no final de um penhasco imenso. Devia ter uns trinta metros de largura no mínimo. Antes que qualquer um de nós pudesse tentar atravessar a ponte, ouvimos um som agudo, como um grito de animal, e em seguida vários outros iguais. Naquele momento tive a ideia infeliz de olhar o fundo do penhasco, escuro de mais para que se pudesse enxergar o final. Encontrei ali milhares de olhos vermelhos encarando á mim e meus amigos com raiva. Consegui distinguir as sombras de várias asas gigantes se debatendo enfurecidas e uma, na realidade a maior de todas, levantou voo tão rápida como uma flecha e veio na nossa direção.

Não sei muito bem como explicar á cena seguinte, já que ela é um tanto quanto esquisita. Eu particularmente só ouvi gritos e tudo o que podia ver era o fundo de uma garganta. Então vou lhe fazer uma pergunta: Você ficaria com medo de ver um morcego roxo, com olhos cor de sangue e 5 metros de altura sair de um buraco e puxar você pra lá?


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Notas finais do capítulo

Me mandem reviews dizendo o q acharam, ok? se não eu não posto mais! kkk