Eliza No País Das Maravilhas escrita por Avril_Gomez_108


Capítulo 21
Ass. Lia


Notas iniciais do capítulo

DESCULPA!!!!!!!!!!!!!!Eu demorei muito eu sei, mas eu fiz de presente o meu maior capitulo, com mais de 5800 palvras, então me perdoem. Vou viajar amanha (24/01) e só vou voltar daki á uns cinco dias, só pra avisar. Queria agradeçer á LizziediAngelo, Natalia Gryffindor Jackson e BekAinsworth pelas LINDAS recomendações, espero que muitos mais sigam o exemplo.



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Lia correu para uma parede, apertou um botão quase invisível que fez um pedaço se dividir e sair de lá um Tablet do tamanho de uma TV com os comandos do ventilador. Não sei como ela sabia onde apertar para surgir o Tablet, nem como já sabia os códigos, mas parecia realmente que tinha certeza do fazer.

–Todos no meio do ventilador. Se preparem para voar- falou, entusiasmada

–Eu não me dou bem com vôos- disse Percy

–Calado ou eu volto pra outra sala e... – começou Lia

–Desculpe, pode continuar.

Lia apertou outro botão. Uma voz feminina soou e começou uma contagem regressiva a partir do 10. A filha de Poseidon correu para o centro do ventilador e nós também. 5... 4... 3... 2... 1. Meu pés foram ao ar levados por um vento incontrolável saindo do chão, eu rodei para todos os lados e senti falta da gravidade, era a primeira vez que eu não sentia nada abaixo de mim, seja uma cama, o chão, qualquer coisa. Mas a sensação era incrível, era como se transformar em um pássaro e ser livre para voar em qualquer lugar. Às vezes eu pensava o quanto seria legal se eu pudesse mesmo virar um pássaro e saísse voando por aí, seria parecido o que sentia naquele momento.

Senti uma mão nas minhas costa e fiz o maior esforço para tentar virar. Lia se agarrava á minha blusa, depois conseguiu escalar um pouco e amarrou os braços em meu pescoço e as pernas em minha cintura.

–Não acredito que até voando você insiste em subir nas minhas costas- falei, minha vós saiu abafado por causa do vento

–Eu adoro encher seu saco!- respondeu rindo, a voz também abafada

–Vocês não sabem o quanto são engraçados- disse Ane, que estranhamente subia e descia pela sala regularmente

Continuamos nesse ritmo por uns trinta minutos, até que cansou voar. Não sei se os pássaros se cansam assim, talvez seja por isso que façam seus ninhos e não ficam muito tempo fora. Só sei que meus músculos estavam dormentes por falta de uso.

–Como desliga essa coisa?- perguntei

–Apertando aquele botão vermelho no teto- respondeu Lia apontando para um circulo vermelho minúsculo- Me leve pra lá que eu o aperto.

–Como você sabe onde apertar?!

Mexi os braços e as pernas para cima como se nadasse, Lia havia soltado as mãos de meu pescoço, por tanto parecia que ela me usava como cavalinho. Quando nadei alto o bastante Lia apertou o botão, mas tarde de mais lembrei que todos cairíamos, então bati minha cara no chão com tanta força que poderia ter me transformado em Hefesto. Ainda bem que Lia estava em minhas costas, se não teria se machucado gravemente.

–Dor excruciante, dor excruciante- gemi alto

–Desculpe- disse Lia saindo de cima de mim e me ajudando a levantar

Tentei dar um passo pra frente, mas quase caí, pois minhas pernas estavam bambas e moles como geleia. Olhei em volta, todos cambaleavam com dificuldade de andar, me senti bem por não ser o único esquisito.

–Que tal comerem algo antes de irem para a terceira porta?- perguntou uma voz sinfônica que eu conhecia e que tinha certeza que acabaria me causando problemas- Garanto que lá vocês precisarão de toda a energia possível.

Olhei pra porta e vi Cat ao lado de Afrodite, a deusa a encarava com nojo.

–Não quero- disse Lia em uma voz fria

–Mas foi meu irmão que preparou. Ben vai ficar tão chateado se você não comer- disse Cat com carinha de cão que caiu da mudança

–Ben é seu irmão?- perguntou Lia

–Quem é Ben?- perguntei, eu não estava entendendo nada

–Eu sou Ben- disse Ben (N/A: Nãããããão, disse Josefino)

Ben era loiro dos olhos azuis como a irmã, fazia o tipo atlético que passa horas na academia só para as meninas passarem as mãos em seus músculos. Ele segurava uma bandeja com vários sanduíches, garrafas de refrigerante e gomos de chocolate, como segurava tudo com uma só mão eu não na fazia ideia, mas ele parecia um cara legal.

–Esses chocolates eu fiz especialmente pra você- disse Ben á Lia, ele pegou um gomo e colocou na boca dela

Ele não parecia um cara legal. Parecia ser insuportável.

–Dá onde vocês se conhecem?- perguntei apontando Lia e Ben

–Convenci essa linda garota a descer pra cá depois que ela me contou de um tal de Nico que minha irmã gosta- respondeu- Você sabe quem é o Nico?

–Não faço ideia- respondi

Peguei um sanduíche e o engoli de uma vez só, depois tomei o refrigerante rápido e saí da Sala dos Ventiladores, para fugir de mais perguntas sobre aquele assunto já que uma hora eu acabaria me ferrando. Resolvi esperar pelos outros, sentado no sofá ao lado da porta, com impaciência por finalmente podermos entrar na Sala de Jogos. Alguns minutos depois meus amigos saíram, Percy pegou meu braço e me arrastou até a soleira da última porta, Lia passou por todos e abriu a porta de solavanco só pra ter o prazer de entrar primeiro. Lá dentro era... Como posso dizer? O cômodo mais impressionante de toda a mansão.

As paredes eram roxas, o teto e o chão pretos e aonde se olhava havia luzes piscando convidativas. Com toda a certeza tinha mais jogos ali do que em Las Vegas, ali era também a maior sala da casa toda, superava os quartos, as outras salas, a cozinha, o banheiro, tudo! Jogos de luta 3D, de corrida 3D, de fliperama 3D, de agilidade 3D, jogos de dança e de karaokê, muitos que eu não sabia o nome e vários de personagens específicos como: Sonic, Mario Bros, Crash entre outros.

–Mãe de Deus!- exclamou Percy (N/A: Já disseram isso umas três vezes perceberam? Eu acho engraçado falar “Mãe de Deus!”)

–O que estamos esperando? Vamos jogar!- disse Connor, ele saiu correndo até um jogo de motos de corrida e seu irmão o seguiu

Enquanto todos sumiam em meio os vídeo games eu fiquei na porta, olhando tudo e escolhendo qual jogaria primeiro, eram tantas opções divertidas que, segundo a maioria das mães, explodiriam meu cérebro. No final, resolvi jogar Crash contra Lia, só que a filha de Poseidon parecia ter vivido a maior parte de sua vida jogando aquilo, ela sabia em que caixas pular e quais não, como sabotar o game pra ir direto ao diamante e roubá-lo antes de mim, então eu perdi. Depois fui para um dos jogos de aventura 3D que tem sabres de luz e se luta contra o exercito de outro planeta.

Eu me sentia dentro do jogo, como se estivesse lá e meu dever fosse mesmo proteger a Terra de um exercito de ETs que eu precisei me matar, mas logo a ilusão acabou quando venci o jogo. Percebi que devia ser o mais fácil apenas por eu ter conseguido vencer, eu era horrível em todos os tipos de jogos, tinha que ser muito fácil. Desci da plataforma onde jogava e procurei algum outro fácil que eu tivesse chance de ganhar, passei por vários corredores de maquinas sem me interessar por nenhuma em particular até que me preocupei em saber onde meus amigos estavam. Por pura sorte os encontrei no corredor seguinte, todos estavam em volta de um jogo de dança em que duas garotas, que não reconheci de imediato, dançavam perfeitamente sincronizadas.

–Quem está dançando?- perguntei a Percy, que assistia um pouco mais de longe

–Lia e Ane- respondeu Nemo

Olhei as meninas e prestei um pouco mais de atenção, eram mesmo Lia e Ane, elas seguiam as ordens de setas verdes, roxas, azuis ou vermelhas com a música Poker Face da Lady Gaga. As duas davam cada passo exatamente igual como robôs, quando conheci Lia pensei que ela era um robô, às vezes ainda acho como naquele momento. Eu conhecia o bastante daquela música para saber que já estava acabando, Lia e Ane deram seus passos finais e terminaram com giro. Uma voz eletrônica masculina na TV de frente para Lia disse “Vencedora, vencedora”.

–Droga, porque eu sempre perco pra você?- perguntou Ane

–Você também acha que as duas foram exatamente iguais?- perguntou Percy no meu ouvido

Concordei com a cabeça.

–Lia, joga no karaokê- incentivou Rafael, quando ela tentou recusar ele começou- JOGA, JOGA, JOGA- todos o seguiram menos eu e Percy, que tínhamos noção do perigo que correríamos se Lia se irritasse

Ela suspirou com desanimo, mas concordou. Lia andou até uma plataforma TV e microfone, escolheu a música por outro Tablet ligado a caixa de som do karaokê (N/A: Tem mais Tablet aí do que na Apple) e começou:

Middle of Nowhere (Selena Gomez)


You left me spinning like a disco

Trying but i don't know

If it can stand straight

You took me, left, when you knew i was right

And now i gotta fight just to make it through the day

-

I never knew what you were capable of

Baby, i would've kept my heart

But i gave it up

Baby, i fell in love

Now i don't know what it's done

-

It's so cold with nobody to hold me

You're so wrong leaving when you told me

You would never leave me by myself

Out in the middle of nowhere

Now i' m lost

Trying to make it on my own

I thought i could never do this,

Alone but now i' m walking by myself

Out in the middle of nowhere

-

You left me broken like a record

Baby, I’m hurt and i don't want to play anymore

Missed every sign

Believed ever lie

And i was waiting for more

-

I never knew what you were capable of

Baby, i would've kept my heart

But i gave it up

Baby, i fell in love

Now i don't know what it's done

-

It's so cold with nobody to hold me

You're so wrong leaving when you told me

You would never leave me by myself

Out in the middle of nowhere

Now i' m lost

Trying to make it on my own

I thought i could never do this,

Alone but now i' m walking by myself

Out in the middle of nowhere

-

You took my heart off my sleeve

But now I’m taking it back, back

Baby, here i come

You took advantage of me

I don't appreciate that, that

You son of a gun

-

It's so cold with nobody to hold me

You're so wrong when you told me

You would never leave me by myself

Out in the middle of nowhere

-

It's so cold with nobody to hold me

You're so wrong leaving when you told me

You would never leave me by myself

Out in the middle of nowhere

Now I’m lost

Trying to make it on my own

I thought i could never do this,

Alone but now I’m walking by myself

Out in the middle of nowhere

-

Todos bateram palmas á ela e Aquamarine devolveu o microfone no lugar em que o encontrou, depois desceu da plataforma.

–Então... Caminhando sozinha no meio do nada... – falei rindo (N/A: Leiam a tradução)

–Há. Há. Há. Muito engraçado- disse Lia com sarcasmo

Nos encaramos por alguns minutos, até que ela se cansou e lançou de vez seu olhar do mal e tive que desviar os olhos para não ter pesadelos a próxima vez que dormisse.

–To a fim de ir embora dessa sala- disse Travis- Quero descansar na beira da piscina nesse sol que nunca acaba.

–Piscina!- disse Percy, com entusiasmo ele apertou a cabeça do peixe bóia que ainda usava

Os outros concordaram em ir á piscina, então todos subiram para se trocar. A Sala dos Jogos devia ser a coisa mais viciante já imaginada pela humanidade, mas por ser isso o esperado não era. Finalmente eu estava começando a entender “Tudo que é não será a não ser que seja”, é como se o ciclo nunca terminasse se você continuasse á pensar nele, então os Cabeça de Vento se davam bem. Entrei no meu quarto com esse pensamento na cabeça, achei uma sunga preta na terceira gaveta cômoda, vesti uma bermuda cinza qualquer e fui descalço mesmo para o hall de entrada. De repente percebi que não sabia que caminho que tomar para encontrar a piscina, teria de improvisar. Entrei na sala onde haviam as três portas e procurei uma quarta que eu talvez não tenha notado, mas só o que vi foi um outro corredor bege que resolvi entrar na esperança de achar a piscina.

No final do corredor havia duas portas de vidro que saíam provavelmente para os fundos da mansão, corri até elas para olhar o que tinha depois e em parte fiquei feliz em outra fiquei surpreso. A felicidade era porque era a piscina, a surpresa era porque ver de perto tudo aquilo tinha o efeito completamente diferente de ver do meu quarto. Ali não havia apenas uma piscina, na verdade tinha várias que provavelmente não iam ao alcance da vista de minha janela, aquela área da casa era sem dúvida a maior e mais linda (superava a Sala de Jogos). De frente para todas as piscinas havia uma placa explicando a diferença entre elas, por exemplo: aquecida, correnteza, ondas artificiais, aquecida com correnteza, correnteza com ondas artificiais e etc. (N/A: Me gusta!)

Fiquei indeciso de qual experimentar primeiro, pareciam ambas as opções tentadoras, mas no final decidi entrar na aquecida com ondas artificiais, já que poderia fingir que estava no mar e continuar quentinho. Pulei na piscina correspondente, que tinha uns doze metros de cumprimento, e nadei de braçada de uma ponta á outra. Pensei em quanto nadava se devia ser bom ser um filho de Poseidon, saber respirar em baixo d’água e ter o poder de fazer tsunamis. Mas eles não podem viajar nas sombras nem ter um exercito de mortos á postos sobre sua vontade, ou até invocar as chamas negras, eu vivia feliz tendo tudo isso e uma garantia de vaga no Elísio.

–Se divertindo?- perguntou a voz de Lia atrás de mim

Virei-me com um sorriso debochado.

–Um pouco, mas nem tanto quanto a Aquamarine se divertiria- respondi

Ela vestia um biquíni preto com detalhes rosa (uma vez me contou que essas eram suas cores preferidas, quando ainda namorávamos), não que eu fosse prestar atenção, mas a canga que usava por cima era de um branco tão claro que chegava á ser transparente. A filha de Poseidon levava na mão direita uma bolsa de praia que combinava com seu biquíni, dentro dava para se ver protetor solar, óculos de sol e outras coisas que mulheres usam quando vão à piscina.

Lia caminhou até a piscina que eu nadava e se agachou para me olhar.

–Cuidado com o que fala enquanto está perto d’água, se eu me irritar você acaba afogado- Lia avisou

Olhei de relance para suas unhas, agora em um tom de roxo escuro, antes de responder.

–Não estou com medo- eu estava com medo, mas devia mentir

Ela me olhou com descrença e se levantou, levando a bolsa junto. Logo os outros foram chegando, os homens pulando na piscina e as meninas (menos Lia e Julie) tomando sol. Cada uma usava um biquíni de cor diferente, Ane um rosa choque, Laís um preto (ela andava usando muito preto, embora preferisse roxo), Pâni um laranja, Annabeth um prata, Clarisse um vermelho, Meg um azul e amarelo (a única além de Lia com duas cores). Julie era a exceção, ela insistia em usar um maiô verde e entrar na piscina com uma blusa azul marinho. Doida de pedra.

Lia pulava de piscina e piscina, aproveitando todas e de vez em quando parando para tomar o suco de Ane, que ficava irritada e jogava seu chinelo rosa de marca na amiga, sem nunca conseguir acertá-la. Julie se divertia vendo a cena e jogando água em Annabeth e Pâni, mas as duas não podiam revidar já que a filha de Atena era pequena estava do molhada, por tanto seria difícil pegá-la. Eu não sabia que dia era ou o horário que era no meu mundo, mas as horas seguintes poderiam ter sido as de uma tarde de domingo com os amigos, diversão, comida e muitas risadas. Mas estávamos em missão, e o País das Maravilhas teria de nos lembrar disso mais cedo ou mais tarde.

Em uma das piscinas de correnteza havia três trampolins, um em cada altura. Sempre gostei de desse tipo de coisa, então decidi experimentar, mas começando do menor. Caminhei até ele e fui subindo a escada, só que uma voz vinda de baixo me repreendeu.

–Vai subir no pequeno? O filhinho de papai tem medo do grande?- perguntou Lia

–Não, só quero usar todos- respondi

–Você quer é pular desse pequeninho mesmo porque tem medinho do outro- zombou ela

Eu poderia ignorá-la, como uma pessoa sensata faria, mas eu não era exatamente a descrição de uma pessoa sensata e não poderia deixá-la zombar de minha masculinidade. Desci da escada do trampolim pequeno, passei por Lia de cara fechada, e subi a do maior. Aquamarine só observava como se previsse que eu desistisse por medo, os outros olhavam de longe esperando que algo de interessante acontecesse no decorrer na cena, enquanto eu subia mais e mais.

Quando cheguei ao topo andei devagar pela tábua bamba até a beira e olhei em volta, para Lia e meus amigos, vi também Cat e seu irmão Ben na soleira da porta que entrei. Os dois sorrindo angelicalmente. Por alguma razão achei estranho os irmãos loiros vendo a cena de longe com sorrisos enormes na cara, como se de algum modo soubessem que algo estaria por vir, mas foquei em pular com dignidade. Se eu caísse além de me machucar seria humilhado, mesmo que não admitam isso.

Antes que estivesse preparado para saltar, algo me empurrou com força. Não havia ninguém atrás de mim, eu teria sentido, mas de algum modo uma força conseguiu me tocar. Como não esperava por isso tropecei no trampolim e bati perna, o que me causou uma dor horrenda antes mesmo de minhas costas caírem de mau jeito na água e começarem a arder friamente. Debaixo d’água soltei um berro abafado de dor, todos já sentiram isso na vida e sabem como é torturante, mas tive que subir á superfície e sair do traquilizante que era á água em meu corpo.

–Nico! O que aconteceu? Está tudo bem?- perguntou Lia desesperadamente, enquanto trazia uma toalha preta e a colocava sobre minhas costas

–Algo me empurrou, tenho certeza! Eu não ia pular naquela hora, tinha algo ali- falei apontando para o trampolim

–Deve ser uma pegadinha do País das Maravilhas- disse

Olhei novamente para o trampolim, depois para a soleira da porta em que vi Cat e Ben. Os dois haviam sumido.

–É, pode ser- falei- Acho melhor eu ir lá pra dentro e tomar uma água, talvez por gelo em minha perna. Se é que isso vai funcionar já que aqui nada é o que esperamos.

Ela concordou e ia me seguir, mas eu recusei sua ajuda e Lia voltou com relutância para perto das amigas. Passei pela porta e em seguida pelo corredor até a sala das três portas (daqui pra frente chamarei assim), andei para o hall e segui pelo corredor cinza que dava na cozinha, abri o frízer da geladeira preta e coloquei gelo em um saco que encontrei no armário. Voltei para a sala, sentei no sofá e deixei o saco gelado sobre minha perna. Enquanto esperava o efeito pensei nos irmãos loiros sinistros. Cat não havia me parecido perigosa quando á vi em meu quarto, mas quando caí tive a sensação que ela dividia uma parcela culpa com seu irmão pela minha dor.

Depois de um tempo, quando minha perna já estava dormente, ouvi passos atrás de mim e antes que pudesse me virar delicadas mãos tocaram meus ombros e começaram a fazer massagem.

–Está tão tenso- disse Cat- Por que não relaxa depois daquela queda tão feia?

Tentei olhar para ela, mas suas mãos viraram meu pescoço para o outro lado impedindo.

–Não, não, não! Estou fazendo massagem então não vira o pescoço- ordenou

–O que você quer?- perguntei friamente

–Quero deixá-lo mais calminho- respondeu com uma risadinha

Eu não estava calmo. Minha sensação de que ela havia provocado meu acidente era maior do que nunca. Imaginei se deveria lhe dizer o que sabia, como aquilo terminaria após minha frase. Se ela tinha mesmo me empurrado ou comandado uma força sobrenatural para fazê-lo poderia tentar me matar se eu insinuasse seu feito, e eu estava claramente em desvantagem com as costas ardendo e a perna dolorida. Se tentasse correr me daria mal e poderia não ter tempo para transformar meu anel de prata em Stygian, sem falar que suas mãos já estavam em meu pescoço.

Ainda pensando no que fazer, senti apenas a mão esquerda de Cat em meu ombro direito. Estranhei isso, muito mais do que estranharia uma declaração de guerra vinda de um exercito de brinquedos assassinos. Novamente tentei olhar para Cat, mas fui impedido por sua mão única mão, a outra ainda estava fora do alcance.

–NICO- a voz de Lia berrou

Outra mão me empurrou para frente e acabei caindo do sofá (N/A: É a segunda vez que é empurrado e se machuca no mesmo dia). Ouvi som de luta com espadas, alguns socos e chutes. Levantei-me e olhei surpreso para o que acontecia na sala. Lia estava em um canto com Rose na mão e alguns cortes no rosto e Cat estava do outro lado, segurando uma faca na mão direita e com várias manchas roxas pelo corpo. Percebi que a faca se encontrava na mão que não estava em meu ombro, ou seja... Ela ia enfiar aquela lâmina em mim sem eu perceber e provavelmente mataria meus amigos depois.

Peguei meu anel e transformei-o em minha espada de ferro estígio, devia estar preparado caso mais alguém decidisse me empurrar e eu acabar sendo zoado pela autora.

–Porque quer me matar Cat? Nunca te fiz nada- falei

–Fez sim Nico, e agora ela quer vingança- disse Lia, olhei-a com incredulidade e ela continuou- Encare Cat diretamente com muita atenção.

Fiz o que disse. A princípio não vi diferença, apenas a loira de olhos azuis, mas depois me lembrei de que havia conhecido outra loira de olhos azuis, com exatamente a mesma estatura e peso. A professora empousa que matei na escola de Lia, tentando defender ela e as amigas. Cat não parecia com aquela professora, ela era aquela professora e de algum modo eu não percebi.

–Como isso é possível?- perguntei- Eu não reconheci você!

–Digamos que meu chefe jogou um feitiço/trapaça em mim que faz as pessoas não me reconhecerem á não ser que prestem muita atenção ou que eu permita- respondeu Cat

–Mas como treze semideuses e uma deusa não viram sua forma empousa?- perguntei

–Esqueceu que aqui é tudo ao contrario? Tecnicamente não tem névoa aqui para disfarçar o que sou, pois nesse lugar eu não sou. Meu chefe me explicou- respondeu, deixando-me ainda mais confuso- Aliais, eu e meu irmão usamos a lógica contraria para te empurrar do trampolim, só para esclarecer.

Eu sabia!” pensei

–Você era minha professora favorita, Srta. Clear, nem sabia que seu primeiro nome era Cat- disse Lia, inconformada

Cat Clear sorriu maleficamente e lambeu os lábios como se sugasse seu veneno. Ela olhava de mim para Lia, de Lia para mim provavelmente decidindo quem tentaria matar primeiro, mas resolveu continuar falando.

–Aqui eu sou mais forte, graças á meu chefe. Vocês não podem me matar, porque eu vou voltar muito rápido, igualzinho á você- ela apontou para mim com a cabeça- Eu sempre vou voltar e cada vez com mais poder, só que eu posso aparecer com qualquer forma que vocês nem perceberão graças á magia de meu chefe.

–Afinal de contas, quem é seu chefe?- perguntou Lia

–Pobre Eliza, ainda não entendeu quem é?- perguntou Cat

Lia parecia mais irritada que o normal. Devia ser por duas razões: Ou era porque havia finalmente encontrado sua professora que deu inicio á todos os monstros que a atacaram desde então e tornaram sua vida constantemente difícil, ou era porque aquela perua loira de olhos azuis a tinha chamado de “Eliza”. Eu aposto na segunda opção e vocês?

–Loki. Você trabalha para Loki- disse a filha de Poseidon, ao meu lado

Cat bateu palmas como uma adulta bateria ouvindo a primeira palavra de uma criança. Ela estava claramente chamando Lia de burra e não era preciso ser filho de Atena para notar isso.

–Você também não pode nos matar que sempre voltaremos- falei

–É, mas posso ferir gravemente- disse Cat- Agora chega de conversar.

Ela saltou sobre Lia e as duas rolaram pelo chão, os dentes de Cat cresceram como presas pontiagudas e a mesma tentava acertá-los na inimiga, já que estava sobre ela. Corri até as duas e acertei o cabo da espada na cabeça da loira, ela caiu para o lado massageando a cabeça e recobrando os sentidos, o que me deu tempo de ajudar Lia a levantar.

–Vamos para a piscina, nossos amigos estão lá e perto da água sou mais forte- disse Aquamarine

Concordei com a cabeça, nós nos demos às mãos e saímos correndo em disparada para o corredor que dava na piscina e passamos como foguetes pela porta dupla de vidro. Nossos amigos estavam lá, relaxando sem ter ideia que uma doida servidora de Loki estava atrás de todos eles. Eu odiava ter que estragar seu dia, mas todo meio sangue é obrigado á passar por isso mais de uma vez em toda sua vida.

–Ane! Julie! Laís! Nossa professora quer nos matar- disse Lia quase engasgando para as amigas

–Ah não! Eu sabia que deveria ter entregado aquele trabalho- disse Laís

–A Srta. Clear é a Cat, a loira que eu pensava que gostava do Nico, mas tentou matá-lo agora mesmo- explicou Lia

–Que professora é essa?- perguntou Clarisse

–É uma empousa que estava na escola de Lia quando eu ia trazê-las para o acampamento. Eu tive que matá-la em plena sala de aula e agora ela quer vingança- falei olhando para a porta

A porta de vidro se quebrou em mil pedaços de repente. Cat saiu correndo por ela brandindo duas espadas com seu irmão Ben logo atrás, levando um arco na mão esquerda. A ex-professora atacou Lia de imediato, mas logo Ane, Julie e Laís foram ajudar à amiga. Ben ficou perto da porta estilhaçada e começou a lançar flechas na direção de todos, uma vez ou outra acertava de raspão em nossos braços ou pernas, mas não em cheio graças às habilidades de defesa que aprendíamos no acampamento.

Cat não estava brincando quando disse que se encontrava mais forte do que da última vez, ela lutava com suas espadas contra Lia, Ane (que usava sua lança), Julie (que usava sua adaga) e Laís (que usava sua faca) sem nem ao menos se cansar, quanto mais errar. Rafael desvia das flechas de Ben enquanto avançava para o mesmo, Pâni arrancou o pingente de sua pulseira e transformou-o em um arco com uma aljava de flechas pendura em suas costas que apelidava de Marcante. Os dois filhos de Apolo tentavam acertar Ben, Pâni com suas flechas e Rafael distraindo o loiro.

Percy, Annabeth, Clarisse, Chris, Travis, Connor e eu lutávamos contra outros monstros vestidos de empregados que não apareceram em nenhuma parte da história. Não fazia ideia que estava no meio de tantos. Havia mais duas empousa que apareciam na forma verdadeira para nós, por provavelmente não terem sido abençoadas com a magia de Loki, havia uma harpia descontrolada e sedenta de sangue e havia cinco dracaenaes. Percebi que o único homem inimigo ali era Ben, achei isso estranho, afinal que tipo de monstro ele era?

–Sua loira tingida- disse Ane quando Cat acertou a lâmina da espada em sua bochecha

–Pelo menos sou mais bonita que você- retrucou Cat entre dentes

–O QUE? VOCÊ OUSA DIZER ISSO PARA UMA FILHA DE AFRODITE? MERECESSE A MORTE!- berrou Ane com raiva

Ela girou sua lança sobre a cabeça em seguida apoiou a ponta no chão enquanto chutava a cara de Cat, a loira tingida caiu no chão gritando de dor. Mas logo se levantou e voltou para a batalha. Eu lutava contra uma dracaenae até que desferi Stygian na sua barriga, cortando-a ao meio antes de virar pó dourado. Rafael havia sido acertado na barriga por uma flecha de Ben e se encontrava no chão gemendo, corri para ajudá-lo tirando a flecha, mas notei vestígios de um liquido verde na ponta. Não precisei pensar muito para entender que aquilo se tratava de veneno, mas não dos mortais já que não funcionaria e sim daqueles que paralisavam e causavam uma imensa dor.

–Pâni!- gritei- Tome cuidado com as flechas, estão cheias de veneno!

Ela concordou com a cabeça, mas perguntou sem tirar olhos de Ben e nem para de lançar flechas: Meu irmão está bem?

–Não, mas o efeito deve passar em algumas horas- respondi

Pâni não pareceu feliz com a resposta. Ela dobrou a rapidez com que lançava as flechas e um brilho de ódio lampejava em seu olhar, Ben teria que tomar muito cuidado, nunca se deve irritar uma menina sensível que tem uma arma da mão. Matei rapidamente a harpia descontrolada e prestei atenção na luta de Lia, se ela se machucasse eu nem me importaria que Cat fosse mulher, só a socaria com toda a força possível. Mas não precisava, embora as garotas estando com vários cortes elas pareciam estar vencendo a luta.

Logo Percy, com a ajuda de Annabeth, havia matado as empousa e Clarisse e Chris o resto das dracaenaes. Só sobrara Cat e Ben e os dois tinha consciência disso. Logo Pâni acertou Ben no peito e este não teve tempo nem ao menos de gritar antes que virasse pó.

–BEN!- berrou Cat- Vocês todos vão me pagar. Eu e meu irmão voltaremos com mais força. E você Eliza... – ela parou olhando para a filha de Poseidon- Devia ter vergonha de fazer isso com seus amigos.

–Não fiz nada á eles- respondeu Lia

–Ah fez sim. Você teve os sonhos, Loki se interessou por você e o que você fez? Trouxe todos os seus amigos para cá, onde eles não entendem nada e podem acabar morrendo. Olhe para eles- disse Cat

Lia olhou para os cortes em suas amigas, os machucados em Annabeth, Clarisse e Chris. Depois olhou para minha perna, que estava vermelha por causa da queda, mas que eu ainda podia andar e correr, embora ela ignorasse esse fato. Por ultimo olhou Rafael, no chão todos encolhido e soando sob o efeito do veneno.

–A culpa de tudo isso é sua e você sabe- disse Cat

–Já chega- falou Lia

Ela encravou Rose no meio de Cat, que só sorriu antes de virar pó. Todos ficaram em silencio. Lia transformou sua espada novamente em anel, depois o colou no dedo do meio. Suas unhas estavam em um tom de marrom escuro, a cor mais triste que já as vi ficar. A filha de Poseidon havia realmente levado Cat á sério, ela estava culpada demais até para nos encarar nos olhos, se mantinha com a cabeça baixa.

–Não á leve á serio- falei andando até Lia e pegando sua mão- Ela só quer te afetar.

–Bom, ela conseguiu- respondeu Lia ainda de cabeça baixa- É minha culpa mesmo.

–Não é não!- retruquei

–Mas é claro que é Nico, ela estava dizendo a verdade. Eu sou horrível- disse

Lia soltou sua mão da minha e saiu correndo até a porta estilhaçada e o corredor. Iria provavelmente para o quarto, rasgar tudo imaginando ser á si mesma. Tanto eu quanto os outros resolvemos não atormentá-la, deixá-la pensar. Mas ninguém ali ainda tinha clima para continuar na piscina ou se divertir na mansão, então todos subiram para tomar banho e se trocar. Bateu-me uma tristeza enorme passar pelo quarto de Lia, uma porta roxa com maçaneta preta com “Eliza Letter Crazier” escrita na placa dourada, como a minha.

Entrei em meu quarto e fui tomar banho, aquilo não melhorou muito minha alto-estima, derrepente a água mudar de cor não me parecia mais tão legal. Eu só pensava em Lia, ela estava chateada e normalmente quando se encontra assim faz uma loucura. Não sabia o que esperar. Talvez devesse até cobiçar o inesperado em vez do que eu pensava que podia acontecer á seguir. Saí do quarto, desci para a cozinha e um pedaço de bisnaguinha com um copo de suco de uva. Ouvi passos vindos do corredor. Era Afrodite, ela se sentou ao meu lado da mesa e sorriu delicadamente.

–Eu podia me meter na luta já que não tenho muitas habilidades e não tenho poderes aqui, mas eu vi tudo- disse a deusa- Faz muito tempo que ela entrou no quarto, acho que tem que conversar com ela.

Concordei. Uma lufada de coragem me atingiu, sorri agradecido á Afrodite e corri pelo corredor, subi as escadas e fiquei de frente para o quarto de Lia. Respirei fundo e bati na porta. Nenhuma resposta. Bati novamente. Nada. Fiquei preocupado e virei à maçaneta, que para a minha surpresa estava aberta. Entrei no quarto, ele era igualmente espaçoso como o meu, tinha exatamente os mesmo móveis, só mudava a cor. Tudo que do meu que era preto no quarto dela era branco, tudo que no meu era branco no dela era roxo. Mas nada disso me importava, além de que o espaço estava vazio.

Entrei no banheiro, que também não havia ninguém. Lia não estava lá, mas eu não a tinha visto sair. Foi quando notei o bilhete em cima da cama, peguei-o e li a caligrafia fina e bem pontoada.

“Tenho certeza que é Nico que está lendo isso, então peço que quando for dar a noticia aos outros não mostre esse bilhete, só conte, porque ele é apenas pra você. Cat estava certa, é minha culpa que todos estão se machucando. Nenhum de você entende a lógica desse lugar, então se tornam presas fáceis e eu não vou trazê-los comigo como se fossem iscas. A partir de agora eu sigo pelo País das Maravilhas sozinha, tenho menos chances de morrer só do que com todos ao meu lado. Não me importo se quando voltar ao acampamento você ficará com raiva, Nico, você já morreu uma vez e uma hora a lógica contraria daria um jeito de fazer você não poder voltar mais. Se quiser vir atrás de mim será idiotice, nunca me achará antes de ser atacado outra vez, então volte para nosso mundo.

Realmente me desculpe,

Ass. Lia


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Notas finais do capítulo

Só pra constar eu sonhei com isso, não estou fazendo de propósito, então me matem por favor, eu imploro! Thau ~le medo~