Eliza No País Das Maravilhas escrita por Avril_Gomez_108


Capítulo 13
Tal mãe tal filha


Notas iniciais do capítulo

Dois no mesmo dia



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Voltei ao chalé correndo e olhei pela janela para me certificar. Estava tudo escuro, então imaginei que Percy já estava mais dentro no reino de Hipnos de que o próprio deus. Mas errei feio! Assim que abri a porta com toda a delicadeza pra não acordar meu irmão as luzes foram acesas, revelando meu mano sentado em minha cama encarando o nada com uma das mãos no interruptor. Sabe naqueles filmes quando alguém saiu de casa escondido e depois quando volta uma poltrona gira e alguém acende o abajur? Parecia com isso só que, detalhe, Percy mantinha Contracorrente ao seu lado, provavelmente pronto pra pegá-la e ir buscar a razão de eu estar voltando tão tarde. O resultado seria: “Aqui jaz Nicolas Di Ângelo, nascimento desconhecido, morte desconhecida causada por Perseu Jackson, o vingador”.

–Onde você estava?- ele perguntou devagar, causando o efeito necessário para me dar medo

–Em um lugar- respondi no mesmo ritmo dele

–Isso não é uma resposta- Percy levantou e andou calmamente até mim segurando sua espada- Você sumiu ontem, você e Nico. Estava com ele até agora?- perguntou, mas percebi que o problema pra ele não seria eu estar com Nico, Percy não suspeitava de nada. O que ele não queria era que eu estivesse me escondendo com alguém.

–Mais ou menos- falei e seus olhos adquiriram certa tremedeira- Eu bati nele como meu hobby matinal- menti descaradamente- Mas ele foi embora á umas horas. Então resolvi andar um pouco pela praia e acabei cochilando encostada em uma pedra.

–Por que teve tanto cuidado com a porta se não tinha nada a esconder?

–Desculpa se eu me preocupo com meu irmão o bastante para deixá-lo ter uma noite de sono em paz!- falei ofendida, Percy relaxou instantaneamente e me mandou ir dormir- Bons sonhos- desejei á ele

–Toda a vez que você diz isso fico com medo de dormir- disse assustado

Fazia mais de um mês que eu não sonhava, desde quando descobrimos qual era a outra dimensão. Mas naquela noite eu tive sem dúvida o pior, foi tão ruim que acordei mais cedo e continuei deitada com preguiça de levantar ou abrir os olhos, mas não voltei a dormir com medo de ver aquilo de novo. Uma súbita camada de energia me possuiu e tive de sair da cama para descarregá-la, fui no banheiro, me troquei, arrumei o cabelo, passei maquiagem (Que é? Agora tenho um namorado!), abri minha gaveta de chocolates da Cacau Show reservas (tenho uma reserva, uma para depois do almoço, uma para o meio da tarde, uma para depois da janta e uma para de madrugada quando faço alguma pegadinha e sinto fome) comendo os dois melhores que haviam.

Saí do chalé e fui para a arena treinar um pouco, pois pesei que seria a única coisa que podia tirar as imagens do sonho da minha cabeça. Girei Rose no sentido horário e a espada que tanto gosto surgiu, comecei a acertar os bonecos transformando-os em fatias de presunto mal assado, mas só serviu pra desestressar. Percebi que só uma pessoa conseguiria livrar minha mente, mas ele não era o mais aconselhável para aparecer no momento, ou talvez eu nem precisasse.

Ouvi alguém batendo palmas atrás de mim e vire-me para fatiá-lo também, depois percebi que era Derek e retesei a espada.

–Grande Lia!- ele me levantou no ar e me abraçou acaloradamente- Que tal uma luta para me dar a chance de provar o quanto senti sua falta?

–1º: Que tipo de pessoa mostra o quanto sente falta da outra lutando? 2º: Eu já sei que sentiu minha falta porque li os trinta cartões que vinham com o chocolate- ele tinha mesmo mandado trinta

–1º: Sou filho do deus da guerra, resolvo tudo assim. 2º: Eu podia ter levado quarenta, mas o estoque dos Stoll acabou.

Eu ri e lhe dei as costas, mas continuei sentindo seu olhar. Havia passado muito tempo treinando, pois os campistas já se encaminhavam para o refeitório, então só os acompanhei. Durante o café Percy me disse que Quíron o mandou falar que eu iria ver o oráculo para este lançar uma profecia, achei estranho, pois se íamos para aquele lugar maluco a profecia se reverteria, ou talvez não, talvez o oráculo seja imune a isso (N/A: PARANORMAL!). Enfim, depois de comer eu e meus treze amigos fomos para a casa grande.

Entramos na sala e de cara notei uma ruiva sentada na cadeira de centro, ela vestia jeans claros e camisa do acampamento, segurava as mãos no colo demonstrando nervosismo e unhas bem feitas, o cabelo caía pelas costas como uma chuva de fogo e os olhos brilhavam de ansiedade.

–Prazer sou Rachel Elizabeth Dare, o oráculo de delfos- ela estendeu a mão e eu a cumprimentei

–Eliza Letter Crazier, irmã de Percy- me apresentei, mas ela parecia já saber disso

–Todos sentem - falou Quíron- O oráculo vai falar apenas com um. Não é garantido que fale com Lia.

Todos sentaram olhando Rachel. Eu não sabia o que esperar de um oráculo, nunca havia consultado algum. O mais próximo de um para mim era aquela doida varrida do Harry Potter, Sibila Trelawney, mas não tinha certeza se a menina ruiva na minha frente começaria a sussurrar loucamente e falar de sinistros. Do nada fumaça verde a envolveu e seu olhos perderam o foco, ela começou a andar feito zumbi na minha direção, e depois com a voz de três Rachels disse:

Em terras confusas buscará a arma que sempre muda,

Levará contigo os amigos malucos, também recebendo os divinos como ajuda,

Independente de que caminho escolher continuará sendo o errado,

Zunindo músicas, o deus trapaceiro tem um truque e tudo estará acabado,

Alguns objetos de mínima importância serão a arma secreta partindo da afeição,

Levando paz na outra dimensão carregará para sempre sua maldição.”

A sala continuou sem som mesmo depois de ela terminar e desmaiar no chão (ninguém a pegou de lá), todos claramente pensavam na última linha. Que tipo de maldição eu carregaria? Quer dizer, só na minha vida maluca eu acordo de um coma e já tenho de carregar maldições? Odeio Loki, Flavio e todos por serem tão... Eles. Minhas amigas pareciam ter visto um fantasma, estavam pálidas e me encaravam como quem está pensado que palavras diriam em meu velório, se falavam de meu amor por chocolate ou se simplesmente culpavam Julie. Até a própria filha de Atena parecia estar querendo se culpar.

–Minha irmã acorda depois de levar uma facada e vai ser lançada numa droga de profecia que irá matá-la?- perguntou Percy- Na na ni na não, ela não vai pra lá, não vou deixar ela morrer.

–A profecia não falou exatamente matar, só falou de uma maldição Cabeça de Alga!- disse Annabeth

–Profecias nunca falam nada exatamente, e que tipo de maldição não mata ou faz sofrer?- contrariou Percy

–Pode ser uma maldição que a faz ficar mais velha ou algo do tipo, existem diversos tipos de maldição- falou Nico tentando parecer mais otimista do que era

–E eu lá quero ficar velha? Não quero parecer uma senhora amante de chocolate cheirando a aveia e que, em vez de ouvir discos antigos, ouve Linkin Park no MP200 as alturas- falei desesperada, Nico me olhou e riu de meu pânico desnecessário

–ELA VAI MORRER!- gritou Ane- AQUELE FUTRICADO VAI MATÁ-LA!

–Obrigado pelo apoio, estou me sentindo muito melhor- eu disse sarcasticamente

–Não podem tentar decifrar a profecia, ficariam o dia inteiro tentando- falou Quíron- O melhor é esperar, pois pode ser qualquer coisa se tratando do País das Maravilhas.

Todos assentiram ainda pensativos cada um com sua hipótese. Mas sabe o que eu pensava no momento? Um lanche com queijo caindo pelo lado acompanhado de batatas fritas coradinhas no ponto certo de sal, sem falar na Coca Cola o melhor refrigerante na melhor história de refrigerantes gostosos, tão geladinha e doce que quando passa pela garganta refresca até a alma, é quase mais viciante que chocolate.

–Na profecia diz amigos malucos, temos que ter certeza de quem é maluco ou não- disse Julie

–Um teste de maluquice- falei- Que estranho. Pessoas farão o teste com o propósito de provarem ser loucas, coisa que nunca fariam de verdade.

–Então que tal marcamos o teste de maluquice para hoje á noite antes do jantar?- perguntou Laís

–Não, vamos agora- falei e me levantei- Assim economizamos tempo e amanhã já estaremos na missão preparados. Precisamos sim de um teste para termos certeza que todos são malucos o bastante pra entrarem e conseguirem se virar. Mas é agora.

Trinta minutos depois Annie já preparara tudo, ela já comunicara os semideuses e estes esperavam na porta, transformara a sala em uma espécie de palco com mesa de jurados e nos ajudou a decidir tudo. Eu, Ane, Laís, Julie, Meg e Pâni éramos confirmadas pra ir já que o mundo inteiro concorda que somos loucas, o resto dos meio sangue tinha de dizer uma coisa maluca que fez e depois agir de modo maluco para nós, que julgaríamos o gral de doideira. Mas percebi que nem precisávamos, eu deveria saber que quem está a nossa volta é contagiado.

TODOS os nossos amigos passaram no teste cada um a seu modo. Percy falou que pulou de um prédio para um rio sujo e soltou uma zebra em Las Vegas, depois se vestiu de batata gigante e encenou “batatinha quando nasce se esparrama pelo chão...”. Annabeth disse que segurou o céu por um traidor, foi esticada em um colchão d’água e desafiou Hera (palmas para Annabeth ela superou Loki), Annie nem precisou fazer uma coisa maluca depois, todas as juradas a aceitaram. Clarisse falou que matou um monstro do tamanho de um prédio por uma filha de Afrodite, foi atingida por água de privada graças a meu irmão e entrou em um labirinto sozinha, em seguida pegou sua lança elétrica favorita e a estilhaçou na nossa frente.

Nico contou que invocou os mortos com Mc lanche feliz e refrigerante, foi forçado por mim a se vestir com coisas de empregada cor de rosa e já foi transformado em flor diversas vezes por sua madrasta Perséfone, depois ele andou até mim e jogou todo o suco que eu bebia na minha cabeça. Embora todos os meio sangues na sala tiveram de me segurar para eu não tentar afogá-lo Nico foi aceito com louvor, ninguém era maluco o bastante pra tentar fazer isso comigo. Rafael falou que quando era pequeno foi no show do Barney e não o deixaram cantar “Sol, sol, meu amigo sol...” então ele pegou uma raquete de tênis para bater no dinossauro roxo, depois Rafa cantou a música que tanto queria desde os cinco anos.

Travis e Connor disseram que fizeram uma pegadinha com uma caçadora, com o chalé de Afrodite (quase causando uma guerra) e com Quíron (algo sobre um vestido), depois tiraram de um canto arminhas d’água abastecidas com groselha e molharam Percy, Nico e Clarisse. Para Cris foi só dizer que havia passado para o lado de Cronos e foi resgatado pela filha de Ares mais raivosa do Acampamento. Como eu disse, eles eram afetados por nossa loucura, nenhum outro meio sangue superou essas coisas mesmo que eu rezasse que sim, pois teria uma prova de que eu poderia ter uma mente racional.

Sairíamos na missão as 9hs do dia seguinte, mas antes passaríamos na minha casa e pegaríamos meu livro do País das Maravilhas, pois segundo Annabeth sua mãe se comunicara por sonhos e informou que aquela era a primeira copia vendida nos EUA, então pegara uma magia do verdadeiro. O que foi escrito por Lewis Carroll recebeu toda a magia do País das Maravilhas, era como um grande guia de feitiços malucos, então o meu também tem um pouco. Atena disse que ele funcionaria como um mapa enquanto estivermos na outra dimensão, o imaginei como uma imitação do mapa do maroto.

Depois de confirmarmos todos os detalhes andei até a saída, parando na porta como estátua. Lembrei do sonho. Lembrei que tinha de fazer algo. Lembrei que não queria fazer. Lembrei que se não fizesse pessoas acabariam morrendo. Então decidi fazer mesmo que minha alma se despedaçasse, não podia ser tão egoísta desse jeito. Com medo virei-me e fiz sinal para Nico ir para fora depois de mim, em seguida abri a porta infeliz e caminhei até a praia sentando em uma pedra. Olhei o mar tentando afastar os pensamentos do que teria de fazer em alguns minutos, como sentiria falta de tudo aquilo.

Nico encostou de leve em meu ombro e disse:

–O que foi? Você parecia preocupada.

–Eu tive um sonho... – hesitei

–Conte.

–Estava em um palácio de frente para uma janela- comecei- Eu olhava para uma cena de guerra, vestia uma armadura e segurava Rose, então concluí fazer parte da batalha. Atrás de mim Loki segurava um objeto verde estranho enquanto me observava, mas eu estava focada demais em um ponto para olhá-lo. Nico, você estava morto abaixo de uma árvore perto das lutas.

–Continue, sei que tem mais- ele falou

–Loki me deu um aviso. Ele... Ele disse que sabia que estávamos juntos, que isso poderia ser uma ótima arma para usar contra mim- voltei a olhar o mar desta vez mais gélida- Disse que o País das Maravilhas reverteria tudo e, se não o fizesse, ele faria. Mataria você para me fragilizar e o único jeito de isso não acontecer é... Se terminarmos.

–Mas assim estará te fragilizando antes da batalha- falou

–Pelo menos um de nós continua vivo- rebati

Nico também olhou o mar parecendo estar tentando não mostrar dor, não me deixar triste. Bem, eu já estava triste, não precisava de mais nada. O observei até ele voltar sua atenção para mim, com os olhos transbordando de infelicidade completa, a pior visão que eu poderia ter desse momento. Ele não queria isso e esse fato era fácil de ser notado, mas entendia em que situação que eu me enfiara e como não havia saída. “Parece que daqui para frente vou ter chamá-lo de meu ex” pensei.

–Só não fale aquela velha história de não é você, sou eu- Nico brincou

Assenti e me levantei, não aguentaria nem mais um segundo ali. Voltei para meu chalé correndo, bati a porta com força e escorreguei por ela até estar sentada no chão, encarei o nada apenas pensando. Nessas situações a mocinha chora por dias e come sorvete, mas eu não, Eliza Letter Crazier definitivamente não entraria em depressão pelo fim de um namoro que só acabou por causa de um vilão. Eu ainda gostava de Nico e ele de mim, só que não ficaríamos juntos por alguns dias, que grande diferença isso faria? E se eu me apaixonasse por outro nesse meio tempo e acabasse com remorso por Nico? Seria possível que Loki destruiria minha vida? “Não. Comigo não. Nada de ceninhas dramáticas Lia, apenas mande aquele futricado do Loki pro inferno” pensei encorajando-me.

Deitei em minha cama sem me preocupar em tirar a roupa ou os sapatos, só fiquei ali sem ideia do que fazer pra esquecer. Então vi no canto da sala o violão que meu pai me dera e que nunca fora usado, peguei-o e toquei uns acordes, sem real animação. Sei que poderia colocar na música que queria em meu MP200, mas nada como tocar seu instrumento e ouvir o som sair em cada toque.

The Way I Loved You (Selena Gomez)

Everything's cool, yeah

It's all gonna be okay, yeah

And I know

Maybe I'll live and laugh about it someday

_

But not today, no

'Cause I don't feel so good

I'm tangled up inside

My heart is on my sleeve

Tomorrow is a mystery to me

_

And it might be wonderful, it might be magical

It might everything I've waited for, a miracle

Oh, but even if I fall in love again with someone new

It could never be the way I loved you

_

Letting you go is

Making me feel so cold, yeah

And I've been

Trying to make believe it doesn't hurt

_

But that makes it worse, yeah

See, I'm a wreck inside

My tongue is tided

And my whole body feels so weak

The future may be all I really need

_

And it might be wonderful, it might be magical

It might everything I've waited for, a miracle

Oh, but even if I fall in love again with someone new

It could never be the way I loved you

_

Like a first love, the one and only true love

Wasn't it written all over my face? Yeah

I love you like you loved me

Like something pure and holy

Like something that could never be replaced

_

And it was wonderful, it was magical

It was everything I waited for, a miracle

And if I should ever fall in love again with someone new

I could never be the way

No, it will never be the way I loved you


Respirei fundo, coloquei o violão de lado e dormi tranquilamente. Perdi o jantar fazendo que rumores se espalhassem e causando muita preocupação no meu ex, mas só dormi. Não acordei uma única vez mesmo tendo me envolvido na terra de Hipnos 17hs da tarde, não sonhei nem tive pesadelos, Loki devia saber que segui seu aviso e não me importunou. Isso não é muito comum, normalmente quando acontecem fatos traumáticos as pessoas sonham com eles, mais uma prova de como minha mente era esquisita. Mas o mínimo que o universo podia fazer é me dar um pouco de paz já que a única coisa que recebo dele é azar. Eu me ferro tanto que deveriam abrir uma instituição de caridade para doarem um pouco de sorte, sem falar em comida.

No dia seguinte acordei com Percy me cutucando. Por acaso já disse o quanto odeio que me cutuquem? Para mim cutucar é o ato mais deselegante que uma pessoa pode fazer com outra, é tipo dar um soco. Já viu algum rei cutucando a rainha?Não, porque ela se irritaria e mandaria um exército inteiro jogá-lo na masmorra, ou talvez isso só acontecesse se eu fosse a rainha, mas a lição de moral é a mesma. Ser cutucado é irritante e chato, mas cutucar é divertido até o ser cutucado se vingar e cutucar seu olho. O lindo ciclo da cutucação.

–Lia, temos uma missão. Lia, temos uma missão- Percy me cutucou umas cem vezes até eu levantar

–Já estou indo!- falei e cutuquei seu olho (ciclo da cutucação), sempre que alguém te cutucar faça a mesma coisa

Fui no banheiro e me vesti com roupas normais já que iríamos pra fora do acampamento, coloquei uma camisa do Paramore roxa, jeans escuros, botas pretas e jaqueta da mesma cor. Abri a porta e Percy já me esperava trocado e com a mochila pronta, ele me apressou para fora enquanto massageava o olho que estava vermelho. Corremos para o refeitório, engolimos qualquer coisa e fomos a toda velocidade pra Colina Meio Sangue, onde todos os outros já nos esperavam impacientes.

–Caramba, por que demoraram tanto?- perguntou Nico

–Porque alem dela acordar tarde furou meu olho- choramingou Percy

–Vamos logo gente! Ainda temos de passar na casa de Lia- disse Annabeth

Olhei para o morro abaixo e aquela sensação tão típica de mim tomou conta de meu corpo.

–Nico- cantarolei virando-me para ele

–Ah qual é?- ele falou mas mesmo assim deixou as costas livres para eu subir

–Burro de carga- disse Percy rindo

–Caolho- rebateu Nico vencendo a discução

Descemos até a vã do acampamento e demos thau para os semideuses que acenavam lá de cima junto com Quíron e um Dionisio feliz (ele achava seriamente que iríamos morrer). Entramos e percebi de cara que era o maior carro que conseguiram para nos levar, pois quatorze meio sangues só caberiam em um bem grande e de preferência de com bancos confortáveis. Fiquei na janela com Ane, Laís e Julie á minha direita na primeira fileira, Nico ficou atrás de mim com Rafael, Percy e Annie na outra fileira, por assim vai já que me deu preguiça de continuar.

Não havia nada para fazer então fiquei encarando Argos o motorista de com centenas de olhos, ele percebeu e fechou bem devagar um daqueles vidros pretos de limusine. De novo nada para fazer, então resolvi ouvir músicas pelo resto do caminho até minha casa, encostei-me à janela e pus qualquer música enquanto observava a paisagem. Em 50 minutos chegamos e saímos da vã, dissemos para Argos nos esperar na esquina depois caminhamos até a porta.

–Por favor ela não está, por favor ela não está- falei de olhos fechados e toquei a campainha (se arrombasse destruiria minha própria casa)

Alguns segundos depois a porta se abriu bruscamente revelando uma mulher de cabelos castanhos cortados no ombro e olhos da mesma cor, vestia blusa de manga cumprida azul e calça preta, segurava uma panela com sabão e um pano de prato. Minha mãe deixou a panela cair com estrondo e me abraçou fortemente, depois viu meus amigos e encarou cada um, em seguida pegou a panela do chão e a usou para bater em mim.

–Onde você estava Eliza Letter Crazier?- perguntou- Sua escola pegou fogo, uma professora foi morta na sua sala por um gótico e quando teve a evacuação no prédio você não estava lá!-disse calmamente- Agora aparece na minha porta com um bando de crianças sorrindo. ONDE VOCÊ ESTAVA? VIROU TRAFICANTE? JUNTOU-SE Á MAFIA? MATOU O PRESIDENTE? E AINDA POR CIMA... BEBEU ÁGUA SEM O CANUDINHO!

–Não tem provas disso- rebati

–Você tem preguiça de jogar canudinhos no lixo, ele teria ficado em cima na pia- falou

–Você se preocupa mais se bebo no canudinho do que se matei o presidente?- perguntei chocada

–Sim, você morreria afogada, estou pouco me lixando para o presidente- respondeu

Meus amigos encaravam nossa discução de boca aberta, menos Ane, Julie e Laís que já conheciam minha mãe, elas riam descaradamente. Mamãe prestou mais atenção em cada um de nós e parou perigosamente em Nico.

–ESTÁ ANDANDO COM GÓTICOS? ENFIOU-SE EM UM CEMITÉRIO? SEMPRE FALEI PARA NUNCA ENTRAR NUM CEMITÉRIO! MANDE ESSE GAROTO EMBORA!- gritou ela

–Ele é meu amigo! Agora deixa nós entrarmos para eu explicar tudo- falei no tom mais baixo que conseguia

–Vocês entram, mas essa figura de mangá emo/gótica não! Ele não entra na minha casa- ela falou

–Tal mãe tal filha- Nico sussurrou para Percy

–Eu ouvi- eu e mamãe dissemos em uníssono

Encarei minha mãe e fiz o truque que sempre funcionava.

–Se não deixar todos entrarem eu bebo três litros de água sem canudinho- ameacei

–Tudo bem entrem- ela disse se rendendo

Fui direto para a sala e deitei no sofá pegando a pipoca que sempre havia na mesa a essa hora. Todos me seguiram e ofereci a comida, alguns pegaram outros não (Julie tem trauma de milho). Minha mãe parou na porta e perguntou irritada:

–Vai me contar agora?

–Eu estava no Acampamento Meio Sangue- respondi como se fosse a coisa mais normal do mundo

–O que?- sua cor mudou para branco, depois verde, em seguida azul e finalmente voltou ao normal- Por que Quíron não avisou? Por que Poseidon não avisou. A meus deuses, você conhece seu pai?

–Não sei porque Quíron ou papai não avisaram e sim, eu o conheço.

–Eu queria te contar. Sei como é horrível não saber até ir para lá e como precisava de apoio, mas se eu dissesse os monstros sentiriam seu cheiro mais cedo e... – ela parou enquanto todos a encaravam incrédulos- Devem estar se perguntando como sei de tudo isso não é?- assentimos- Sou filha de Nix, a deusa da noite.

–E minha vó?- perguntei

–Ela se casou com seu avô depois de ele me ter com Nix, mas me aceitou como uma filha.

–Então minha vó é a deusa da noite? Toma na cara Nico, devo ter mais poderes que você!- joguei na cara do filho de Hades e fiz o “L” de lesado

–É, toma na cara!- minha mãe me seguiu

–E repetindo, tal mãe tal filha- falou Nico

–Gente vai contando sobre a missão enquanto procuro meu livro- falei e subi correndo as escadas

Abri meu quarto e tive profunda decepção, ele estava arrumado. Quando saí pela ultima vez o deixara perfeitamente num caos onde sabia em que lugar cada coisa estava, mas quando minha mãe o arruma demoro cinco dias pra achar algo, só que não tinha cinco dias. Abri as gaveta, o armário, olhei atrás da cama e embaixo, mas não encontrei nada. Por fim sentei em cima do cobertor e tentei imaginar onde aquela doida tinha escondido, fiquei com raiva por não saber, por ter de agüentar a gritaria de minha mãe e porque a cama era mais dura do que eu lembrava. “Espera aí! Minha cama não é tão dura” pensei e joguei as cobertas no chão revelando meu livro entre os lençóis.

Desci a escada e falei:

–Peguei o livro.

–Temos que ir agora, já são 10 e meia- falou Annabeth

–Não querem biscoitos- perguntou minha mãe

–Não- respondemos todos juntos

–Bolinhos?

–Não.

–Pasta de dente?

–Que?- minha mãe é um ser paranormal

Abri a porta para a rua e deixei todos passarem, depois abracei minha mãe de novo e esta começou a massagear meu rosto.

–O que está fazendo?- perguntei

–Passando protetor solar- respondeu, estava 5° abaixo de zero e aquilo não adiantaria, mas discutir com minha mãe é como falar com as paredes- Agora manteiga de cacau para seus lábios não racharem- disse ela e passou uma coisa parecida com batom em minha boca- Ponha um casaco, está frio- se ela sabe que está frio por que o protetor?

–Thau mãe- saí correndo até a esquina onde estava a vã em que todos já haviam entrado- Te amo- berrei na janela com o carro em movimento

Argos nos levou na estação rodoviária e foi embora. Compramos as passagens e embarcamos no próximo vôo para Transilvânia, mas era classe econômica, droga de pobreza que não me deixa! Quando pousou pegamos um taxi para a floresta “sei lá que nome” e quando o motorista estendeu a mão pedindo dinheiro eu simplesmente bati nela e saímos correndo. O cara ficou parado por meia hora só tentando entender o que aconteceu, todos nos escondemos entre as árvores de forma á ela nunca nos achar.

–Vamos, é por ali- apontei para uma trilha ao norte

Depois de andar quinhentos metros, exatamente como na previsão de Loki chegamos à mesma clareira de meu sonho com letras dançantes, vimos o buraco na árvore com listra branca e o encaramos.

–Quem vai primeiro?- perguntou Percy

–Nico- respondi e empurrei meu ex para lá, como era bom voltar a irritá-lo

Em seguida pulei e os outros me seguiram.


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Notas finais do capítulo

Devem estar fulminando por o namoro ter terminado,MUAHAHAHAHAHA
REVIEWS E RECOMENDAÇÕES!!!!