Inocência Roubada escrita por Lêh Duarte, Annia_Novachek


Capítulo 10
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Oi Meninas...
hoje estou feliz...
Por isso Boa leitura



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A tempestade que estivera se formando durante todo o dia desabou quando Janine alcançou a pedreira junto ao porto. O vento uivava ao redor dos negros rochedos, e os cascos de Victory retiniam de encontro ao granito a cada passo. A chuva embora torrencial era algo que ela conseguia suportar. O que a apavorava eram os raios e os trovões ensurdecedores, um medo paralisante que remontava à sua infância.

A chuva se transformara quase num dilúvio quando, desmontando e conduzindo pelas rédeas o garanhão, começou a descer com todo o cuidado a trilha rochosa em direção ao coração da pedreira. Foi então que, ao clarão dos relâmpagos, distinguiu a sombra escura de um abrigo rústico próximo ao cais. Se por um lado tinha receio de descer para junto do rio, por outro o pensamento de ser atingida por um raio no alto do rochedo era assustador.

Também a preocupava o fato de estar sendo obrigada a uma parada, enquanto ainda se encontrava à vista dos habitantes da vila e do vigia postado no alto da torre da ilha.

Contudo, não era provável que numa tempestade daquelas alguém pudesse enxergar a ela ou ao cavalo.

Ao chegarem ao abrigo rudimentar, apenas um telhado de palha sobre estacas de madeira, Victory demonstrou todo seu contentamento, sacudindo-se como um cachorro e espirrando água para todos os lados. Amarrando-lhe as rédeas numa das estacas de sustentação, Janine olhou em torno, procurando por objetos que pudessem ser úteis na viagem. A um canto, avistou alguns caixotes com ferramentas usadas na pedreira. Vasculhando-os, encontrou alguns trapos que usou para enxugar o pêlo de Victory.

O cavalo havia sido bem alimentado no estábulo naquela tarde, e ela própria tratara de comer uma substanciosa refeição, antes de encetar a fuga.

A chuva continuava a martelar com violência o teto do abrigo.

Enovelada no canto mais seco que pôde encontrar, Janine abraçava os joelhos, contemplando as águas que varriam o pequeno ancoradouro.

A seu lado, Victory agitava-se, ele também nervoso com a tormenta. Era melhor tratar de acalmar-lhe o medo.

Foi nesse momento que escutou o som de algo se quebrando. Foi forte. Como se alguma coisa tivesse se chocado em um dos rochedos. No começo Janine pensou que estava ouvindo apenas o som de trovões, mas mesmo assim avançou até o limite do abrigo e espiou a escuridão.

A tempestade havia se acalmado um pouco, mas a chuva caía com ímpeto, deslizando sobre os rochedos da pedreira. Um raio cortou o céu iluminando o porto de um lado a outro. A torre de vigia destacou-se por um segundo contra o fundo azul matinho. Mas havia mais alguma coisa ali. O coração apertou. Parecia um pequeno barco. Ou seriam apenas os rochedos próximos à ilha?

Imóvel, concentrou toda a atenção na pequena ilha no meio do rio, esperando pelo próximo relâmpago. Seu coração batia agitado. A luz que aguardava veio de um raio que cortou o céu, atingindo a terra do outro lado da entrada do porto. Foi um quase cegante arco luminoso, no qual, por menos de um segundo, a silhueta de um enorme barco ficou delineada no fundo escuro da noite.

A imagem pareceu fixar-se na mente de Janine. Onde vira antes barcos iguais àquele? De repente lembrou-se: na partida de Ibrahim. Ele havia saído em um barco daqueles.

Seu coração se apertou.

Protegendo os olhos com a mão, correu debaixo da chuva torrencial até o final do rústico ancoradouro. Uma seqüência de relâmpagos permitiu-lhe uma rápida visão das velas, curtas.

O barco estava bem próximo a ela, agora ela podia ver com precisão e tinha a absoluta certeza: era o barco de Ibrahim.

Ela não pensou, apenas agiu. Montou em Victory e saiu em disparada atrás dos destroços do barco. Sim, porque quanto mais perto chegava, mais destroços se viam.

Quando chegou ao local, toda a margem do rio estava cheia de destroços. Ela procurava o rosto de algum guarda que tinha viajado junto com Ibrahim, mas nada foi encontrado. Tudo o que vira foi pedaços e mais pedaços. Alguns barris flutuavam junto à borda. Ela estava quase desistindo da busca quando algo lhe chamou a atenção. Um corpo. Ele estava virado de bruços na água.

Ela correu até o corpo e o virou.

-Oh meu Deus, o que eu faço agora?

Quem estava diante dela era o próprio Ibrahim. Janine chegou mais perto e notou que ele ainda estava vivo. Mas ela não teve tempo para sentir alívio já que percebeu que ele tinha um enorme corte na testa.

Ela soltou um assovio pra que o cavalo se aproximasse e tentou colocar Ibrahim da melhor forma possível sobre ele. Foi um trabalho difícil considerando que ele era bem mais forte do que ela.

Voltaram para o abrigo e Janine o colocou sobre as esteiras que estavam no chão. Tirou suas roupas e o cobriu com uma pele que havia trazido consigo. Pegou algumas palhas que se achavam sobre o chão e tentou fazer com que a lareira se ascendesse. Depois que suas mãos já estavam vermelhas e ela quase não tinha mais ar nos pulmões, a lareira finalmente se ascendeu. Foi até o lombo de Victory e tirou um baú que tinha amarrado ali. Depois voltou para Ibrahim com algumas ervas e panos na mão.

Antes de sair de Hudstone, havia feito um baú com algumas ervas medicinais e outras coisas caso precisasse. Agora ela via que não havia sido má ideia.

O corte na cabeça de Ibrahim tinha sido fundo, ele ainda sangrava. Ela pegou uma gaze e colocou sobre o ferimento afim de que ele estancasse. Janine tirou a gaze e colocou um pano úmido limpando o corte e passou a água de algumas ervas no local.

Ela repetiu o processo varias vezes até que finalmente parou de sangrar. Pegou outra gaze limpa e a prendeu sobre o machucado com a ajuda de uma tira de seu vestido.

Ficou junto à lareira, torcendo para que Ibrahim acordasse logo. Sabia que se isso não acontecesse, ela poderia ser penalizada pelo que houve.

Uma parte sua queria deixar Ibrahim ali, montar em Victory e partir, não ligando para a chuva. Mas outra parte, uma muito grande, queria que ela ficasse ali para vê-lo acordar e ter a certeza de que ele estava bem.

Dormiu ali mesmo no chão. Não queria se aproximar muito de Ibrahim mesmo que ele estivesse dormindo. Não achava aquilo seguro.

Quando acordou algum tempo depois, a chuva já havia passado, mas a escuridão ainda reinava do lado de fora. Jane reavivou a lareira com

alguns galhos secos. Estava quase voltando a dormir quando ouviu um gemido. Sua cabeça se voltou rapidamente para Ibrahim que estava despertando aos poucos.

-Onde estou? O que houve?

Janine percebeu que sua voz parecia a de um garoto assustado, não a voz de senhor durão que ele sempre usava com todos.

Ela foi até ele e o acalmou.

- Esta tudo bem. O senhor esta em um de seus abrigos perto da entrada de seu feudo. Não sei ao certo o que houve, mas pensou que seu barco tenha batido em um dos rochedos. Não encontrei nenhum guarda somente o senhor.

Ibrahim se sentou atônito.

-Oh, claro. Eu estava sozinho, meus guardas vinham mais atrás. Precisava chegar antes para dar algumas ordens aos meus servos.

Ibrahim a olhou, como se só agora notasse com quem estava falando. Sua voz voltou ao tom normal e ele estreitou os olhos.

-E você? O que faz aqui fora? Não devia estar trabalhando, serva?!

Raiva. Foi isso o que a ruiva sentiu. Ora, devia tê-lo deixado lá para morrer quando teve a chance. Melhor, devia tê-lo levado par o meio do rio só para ser comido pelas piranhas. Não, não conseguia fazer isso. Não conseguia odiá-lo a esse ponto.

Janine não respondeu, ao invés disso, deu as costas e correu para fora. Desamarrou Victory de onde ele estava preso, e estava quase o montando quando sentiu segurarem seu pulso.

Assim que Ibrahim a viu correr se levantou no mesmo instante e foi atrás dela, ignorando a vertigem que sentiu quando se levantou. Só percebeu que estava nu quando já segurava seu pulso.

Victory, na confusão, galopou para longe, isso despertou mais ainda a ira de Ibrahim.

-Sua escrava insolente, vai pagar por isto. Vou surrá-la tanto quanto valia o cavalo.

Ele torceu o pulso com um pouco mais de força e Janine gritou de dor. Internamente se amaldiçoou por ter ficado para ver se ele estava bem, agora tinha perdido qualquer chance que tinha de fugir.

Ibrahim a virou para que ficasse de frente para ele e a sacudiu pelos ombros.

- Você nunca irá sair daqui, me entendeu? Pertence a mim agora.

Janine olhou para baixo e se arrependeu no instante em que o fez. Só então se lembrou que Ibrahim estava completamente nu, ela mesma havia tirado suas roupas.

Olhou de volta para Ibrahim e corou imediatamente. Ele pareceu perceber, e a jogou sobre os ombros voltando para dentro da cabana.

-Me coloque no chão agora seu miserável! Você vai se arrepender de ter nascido.

Ela a colocou no chão, perto da lareira.

-Nem pense em fugir outra vez. Seria uma enorme perda uma de minhas escravas morreu.

Ele dirigiu seus lábios ao seu pescoço, e Jane o empurrou furiosamente. Ele achou graça de sua tentativa de escapar. Ela tinha a completa certeza de que Ibrahim poderia segurá-la e fazer o que quisesse com ela durante a noite toda.

-Não se preocupe selvagem, não vou fazer nada que você não queira. E acredite você ainda vai implorar para me ter em cima de você.

Ele deu uma risada sinistra e se afastou indo até o outro lado da cabana e colocando suas roupas de volta. Ignorou um calafrio que sentiu assim que as roupas molhadas entraram em contato com seu corpo aquecido pela fogueira. Pegou uma corda que estava no canto, e voltou para onde Janine se encolhia de medo, pelas consequências de seus atos.

- Agora, vamos voltar. E você vai ficar bem quieta. Isto é, se você tiver amor pela própria vida.

E então amarrou a corda no pescoço da ruiva.


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Notas finais do capítulo

Duas recomendações no mesmo dia?
Ai obrigada meninas...
Miwa não me faça chorar Ouviu?
No-Chan Obrigada pelo carinho...
Muito obrigada mesmo...
Bom obrigada tbm a todas as leitoras que não me abandonaram...
Ai eu prometo que não vou deixar vc na mão.
Até porque nossa Annia está de volta para fic...
Ai estou super feliz...
Ai Beijos...
E comentem bastante...
srsrs...