De simplicidade.

Se eu tivesse que escolher um sorriso, escolheria esse. Não era exagerado demais ou rápido demais, na verdade, até demorava um pouco para desaparecer. Era um sorriso que não precisava de palavras para acompanhá-lo. Ele sozinho já tinha sentido completo.

Só de observá-lo nascer em seus finos lábios, sabia de todos os sentimentos ali subentendidos. Ela me amava. Não precisava fazer grandes declarações de amor, apenas precisava sorrir assim para me convencer que seus sentimentos eram verdadeiros.

Era um sorriso que misturava todos os meus outros preferidos. Tinha um pouco de vergonha por estar assumindo um sentimento tão grande, era levemente irônico como se dissesse “não é óbvio que eu te amo?”. O sorriso ficava animado quando eu respondia “eu te amo também”, então se tornava surpreso quando roubava-lhe um beijo, mas logo depois o de simplicidade voltava. Sincero e subentendido.  

Podia passar horas falando de seus diversos sorrisos, mas tenho certeza que nunca chegaria num detalhamento que se equiparasse a eles. No entanto, eu continuaria a tentar caracterizá-los, pois a cada vez que os observo, acabo encontrando um detalhe novo. Como o combustível, eram seus sorrisos que me moviam, então continuaria a fazê-la sorrir.

"E a minha alma alegra-se com seu sorriso, um sorriso amplo e humano, como o aplauso de uma multidão"

Fernando Pessoa.