A Coletora escrita por GillyM


Capítulo 37
Ola, morte!


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura



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“Roxy”

Antes de abrir os olhos fiquei tentando adivinhar a dona daquele riso irônico que ecoava pela cozinha, sem ter idéia de quem seria abri os olhos e me deparei com aquela mulher ruiva de olhos grandes e escuros sentada numa cadeira ao me lado. Ela me observava risonha, sua pele era pálida e seus lábios eram roxos, como aqueles cadáveres que sofreram morte por afogamento, e ironicamente ela trajava um vestido branco que cobria seus pés.

Ela bateu palma pausadamente, aquelas palmas eram para mim, ela se levantou e andou ao meu redor, na verdade não sabia dizer se ela andava ou flutuava. Seu olhar era de satisfação, mas ela me cercava como e eu tivesse condição de fugir para algum lugar, a faca a inda estava em meu peito, e havia muito sangue, mas eu estava longe de morrer.

- Eu poderia voltar o tempo ao invés de pará-lo, mas confesso que te ver sofrendo com a faca no peito é mais interessante, ser um ceifador significa acostumar-se a dor, seja de qualquer natureza.

Ela voltou a se sentar na cadeira, mas desta vez ela posicionou a cadeira sobre meu pescoço, me deixando presa entre as pernas do móvel.

- Achou que seria fácil morrer, com tanto sangue vampiresco em suas veias? Ainda vai levar um tempo... Um doloroso tempo.

- Onde está Dea? – Perguntei na tentativa de levantar a cabeça para olhar ao redor.

- Dea foi interditado! – Ela respondeu calmamente, poderia até dizer que havia um tom de satisfação em sua voz.

- O que isso significa?

- Significa que você não o verá novamente... Também temos chefes, e se não cumprimos com nossas obrigações também somos despedidos. Ele falhou com você, então foi punido, ele não é mais um ceifador, você ocupará seu lugar.

Olhei novamente ao redor e avistei Dave literalmente congelado parado na porta da cozinha com a faca na mão, ele parecia me observar a morrer. Aquela estranha mulher também o olhou, e quando tornou a olhar para mim, ela riu novamente.

- Boa jogada! Dave era muito eficiente, mas você... Você superou qualquer expectativa, aquele teatro foi digno de um demônio de verdade... Há mais maldade em você do que todos podiam imaginar.

- Fiz o que deveria fazer!

Seu sorriso sumiu repentinamente, seus olhos ficaram mais escuros que antes, não era mais possível ver a parte branca deles. Ela inclinou a cadeira para frente, e a madeira que ligava as duas pernas horizontalmente apertou meu pescoço bloqueando a passagem de ar.

- E o que deveria fazer, Roxy? Qual é seu objetivo?

- Morrer...

- Você está tentando devolver a alma de Bill? Não... você sabe que nunca permitiríamos, então... Qual é seu verdadeiro motivo?

Comecei a rir desenfreadamente, mesmo com dificuldades para respirar, ela ficou a me encarar furiosa, mas não conseguia me conter, pois todo aquele sofrimento tinha um grande proposito, proposito que eles não haviam percebido, mesmo sabendo das regras que regem o mundo dos vampiros.

Eu sabia que não podia morrer, sabia que nunca permitiriam, meu objetivo estava longe de devolver a alma a Bill antes de ele morrer, na verdade tudo que queria era me tornar humana, mesmo que por um segundo, dessa forma Bill me sentiria novamente, da mesma forma que ele sentia que Sookie ou Jessica estavam em perigo, e quanto mais aquela misteriosa mulher me mantivesse entre a passagem da vida e da morte, mais tempo Bill teria de me encontrar.

- O que pretende coletora?

- Nunca vou lhe dizer, mas quando eu terminar você certamente saberá, e por mais que se sinta burra, terá que admitir que fora um golpe de mestre.

- Acho que não – Ela retrucou enfurecida.

Ela se levantou e tirou da geladeira uma garrafa cheia de sangue, ela se aproximou novamente e puxou para fora a faca em meu peito, retorci-me de dor e o sangue começou a jorrar para fora.

Com uma das mãos ela segurou a hemorragia, com a outra ela tapou minha boca, com certeza ela tentava impedir que as almas saíssem do meu corpo. Ela se inclinou e sussurrou algumas palavras sem sentido em meu ouvido, parecia dizê-las em outra língua. Logo a dor foi se dissipando, e o mal estar foi embora.

Quando ela se afastou eu estava bem novamente, do ferimento só havia o sangue em minha roupa, eu me levantei como se nada tivesse acontecido. Dave que estava congelado já havia voltado ao seu estado normal, ele ficou quieto a me ver suja de sangue e ao ver aquela mulher estranha andando em nossa cozinha, mesmo não se lembrando de exatamente o que se tratava, ele se manteve em silencio.

- Você será uma ceifadora, Roxy. Você e Dave, embora ele não tenha se mostrado tão merecedor – Ela disse ao fita-lo de lado.

- Como será? – Dave disse ao se pronunciar pela primeira vez.

- Você terá uma nova chance de se provar, sua missão será matar Bill Compton – Ela respondeu a Dave, me arrepiei toda ao ouvir aquilo – A está altura ele já deve ter desistido de vir ao encontro de Roxy, ele sabe que ela não morreu e que ainda é uma coletora, e que não a encontraria mais aqui. Você vai atraí-lo para cá, use Roxy para isso.

- O que isso tem haver com Dave? – Perguntei a ela.

- Isso faz parte do processo, não é por Dave, é por você – Ela respondeu ao me encarar – A dor da perda é um dos ingredientes para se tornar um ceifador, Dave já passou por isso quando ainda nem era coletor, ele perdeu um ente muito querido e sofreu horrores por isso, mas você não. Graças a você mesmo, nós sabemos quem é seu ente mais querido, que por sinal já iriamos mata-lo de qualquer forma.

- Ceifadores são anjos que sofreram muito quando humanos... Isso o faz compreender as leis da existência e segui-las fielmente, por...

- Pare, Dave! – O interrompi – Já entendi muito bem.

A principio fiquei preocupada, mas após alguns momentos de reflexão compreendi que aquele fato era importantíssimo para mim, esperar que Bill viesse até o Caribe garantiria alguns dias de vida, e quando ele estivesse aqui, tudo que precisaria era de alguns minutos com ele.

Minha vida já estava condenada, eu só tinha que escolher de qual lado ficar.


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Notas finais do capítulo

Fic tá chegando ao fim!!!