A Coletora escrita por GillyM


Capítulo 17
Hora H


Notas iniciais do capítulo

Outro capitulo emocionante.
Boa leitura!!!



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“Roxy”

Levei um tempo para tentar entender o que se passara com Sookie, as coisas estavam cada vez mais estranhas e perigosas, fui atrás dela, mas quando a avistei ela já tinha ido embora, Sam se aproximou e me perguntou o que havia acontecido, desconversei rapidamente e perguntei para ele se sabia para onde ela foi, ele disse que não sabia, mas desconfiei de sua resposta.

Eu me senti completamente perdida, sem saber para onde ir, nem mesmo sabia qual seria meu próximo, mas de algo eu tinha certeza, o meu tempo estava se esgotando, não somente em relação a Dea, mas também em relação a Bill, e para piorar ainda havia Sam, que mesmo me simpatizando com ele, não sabia até onde confiar.

Saí do bar as pressas sem dizer mais nada a Sam, peguei a caminhonete de Jason e parti sem direção, simplesmente segui a estrada. Logo mais adiante avistei andando no acostamento Lafayette, ele andava calmamente e distraído. Parei a caminhonete ao seu lado.

- Para onde está indo?

- Você de novo. Ainda por aqui?

- Ainda não encontrei o que queria.

Ele continuou andando sem se importar com minha presença.

- Lafayette? Esse é seu nome?

- O próprio.

- O que aconteceu com seu carro?

- Aquela lata velha mais me da dor de cabeça que satisfação.

- Por que não sobe? Te dou uma carona e a gente se conhece melhor. Pode ser interessante.

- Se você um homem, de um metro e noventa, com mais músculos que carne... Aí sim poderia ser interessante.

Lafayette tinha um jeito bem peculiar de ser, e isso trazia muita luz a ele, eu não sabia nada sobre ele, mas sabia que ele fazia uma maquiagem maravilhosa, habilidade que ele mostrava em seu próprio rosto.

- Bem... não sou um homem com todos esses predicados, mas posso ser uma boa carona, ou você prefere andar mais alguns quilômetros até sua casa?

Ele me olhou pela primeira vez durante aquela conversa, parou e revirou os olhos.

- Você vem?

- Não precisa perguntar de novo!

Ele entrou no carro e tirou do bolso um pequeno lenço para enxugar o suor que escorria em sua testa.

- Se você ia aceitar por que fez tanto charme?

- Sou uma pessoa difícil querida, aceita isso!

- Por que ser tão difícil assim?

- Isso é uma coisa sobre mim que você não precisa saber. Não vamos ficar amigos... Então dirija.

Lafayette não era do tipo que fazia questão de ser simpáticas as pessoas, na maioria das vezes sempre ficava na defensiva quando precisava responder minhas perguntas, mas quando chegamos em sua casa, eu conclui que seu comportamento rude, suas roupas engraçadas, e seu jeito de ignorar a todos, eram apenas formas de se defender do mundo. Tudo que consegui saber sobre ele era que vivia sozinho, era primo de Tara, a garçonete mal humorada que havia conhecido através de Jessica, além de saber que ele era traficante de V. Resolvi não tocar neste assunto, pois ele acreditava que eu não sabia nada a respeito.

Antes de descer do carro, Lafayette me convidou a entrar em sua casa, eu aceitei o convite e caminhamos juntos até a porta. Ele abriu a porta e me fez esperar na sala, enquanto ele usava o banheiro, aproveitei o tempo para me familiarizar com o ambiente. Logo percebi que Lafayette era uma pessoa muito harmonizada com o ambiente, e tinha um grande interesse por lendas indígenas, haviam discretas marcações feitas com tinta vermelha em determinados lugares das paredes.

Ficamos a conversar durante toda a tarde, por um momento desliguei meu cérebro para me livrar de todas as preocupações, eu não queria pensar em nada, pois sentia que tudo estava  perdido mesmo, e Lafayette me passava muita tranqüilidade, junto ao chá de ervas misteriosas que ele me ofereceu. Quando olhei para o relógio, que já indicava a chegada da noite fiquei inquieta, Bill não me saia da cabeça, Lafayette ao perceber minha inquietação, se levantou e foi a cozinha fazer mais chá para mim.

Perdi-me em pensamentos, foi quando avistei um pequeno pedaço de papel dobrado caído próximo a porta de entrada, me abaixei para pegá-lo, tentei colocá-lo sobre a mesa de canto, mas ele se abriu em minha mão. Não pude deixar de ler o que estava escrito nele.

“ Demorou para que eu fizesse contato novamente, passei por aqui ontem a noite, mas precisei partir para longe. Preciso te encontrar e espero que tenha o que preciso. Nos encontraremos em breve, não me procure, eu encontro você.

Dave.”

Dei-me conta que não poderia gastar meu precioso tempo jogando conversa fora com Lafayette, então gritei a ele que precisava ir, nem esperei que ele retornasse da cozinha. Deixei o bilhete na mesa e sai e direção ao carro. Muitas coisas me vieram a cabeça, eu precisava de um tempo sozinha para pensar e planejar algo.

Eu precisava coletar a alma de Sookie, antes que o dia terminasse, pois se ela realmente era a garota do Bill que eu suspeitava ser, minhas chances seriam nulas, e meu fim poderia chegar naquela noite mesmo.

Lembrei-me das regras claras de Dea, e tentei me concentrar, enquanto dirigia a caminho da casa de Jason, onde passaria minhas ultimas horas antes de arriscar tudo numa coleta impossível. Antes mesmo de chegar a casa de Jason, eu sabia o que iria fazer, na verdade não tinha certeza de nada, e já que nada saia como eu planejava, não iria perder tempo. Eu encontraria Sookie antes do sol se pôr, tiraria sua alma em qualquer lugar, e usaria a caminhonete de Jason para fugir. Talvez se eu coletasse a alma, Dea me ajudaria com o resto, a final de contas, o interesse era dele.

Estacionei a caminhonete em frente a casa de Jason, e entrei rapidamente, pois eu iria encontrar com certeza o endereço da casa de Sookie. Adentrei a sala e fui direto à gaveta de uma mesa, revirei-a a procura de alguma pista, mas não encontrei nada, felizmente naquele momento, já não era possível.

- Como entrou aqui?

Sookie disse ao se levantar do sofá. Olhei para trás e a avistei.

- Eu tenho as chaves.

- Meu irmão é um imbecil. Conheceu você a pouco e já te deu as chaves.

- Eu não me preocuparia com isso agora.

- Não precisa me dizer... Sei bem do que isso se trata.

- Sabe?

- Eu sei bem mais que você pensa. Sei que você e Bill se conhecem, sei que ele bebeu de você e você bebeu dele, sei exatamente o que você estava tentando fazer com aquela criança e sei o que fará comigo também. Eu só achei que aqui seria o ultimo lugar que você me procuraria.

Ela disse chorando.

Eu escutei a tudo incrédula. Como ela poderia saber de tudo aquilo? Isso explicava seu comportamento inesperado, eu queria fazer perguntas mais meu tempo estava acabando. Tudo o que ela sabia iria para o tumulo com ela, então nada de que ela tivesse conhecimento tinha importância naquele momento.

Era o momento perfeito, pensei. Tinha que ser ali e naquele instante, outra oportunidade como aquela não haveria, nós estávamos sozinhas e ela parecia vulnerável. Eu só não sabia o que fazer.

Ficamos paradas encarando uma a outra por alguns minutos, ela parecia tentar entender o que estava esperando, e eu pensava o mesmo dela. O medo que vi em seus olhos, dentro do bar, ainda estava presente, desta vez ainda mais intenso e ela parecia paralisada para tentar fazer alguma coisa. A luz da luminária automática se acendeu, avisando que a noite havia chegado.

Concentrei-me firmemente em seus olhos a espera de algo que não demorou a vir, logo o vento soprou forte e sombrio como das outras vezes, a luz do abajur que ficava ao lado do sofá entrou em curto circuito, senti o vento tocar meus cabelos e arrepiar a pele dela, quando me senti preparada para realizar a coleta caminhei em direção a ela, com passos pequenos.

Ela se manteve em pé e estática, as lagrimas escorriam em seu rosto, logo estava  a meio centímetro dela, que ameaçou tentar correr, mas fui mais rápida e a joguei no sofá, sentei-me em cima dela, tentando impedir que ela relutasse e com o auxilio de uma almofada, tapei seu rosto na tentativa de sufocá-la, assim que sua vida ameaçasse ir embora, sua alma iria se pronunciar e eu a coletaria.

Esta não era de longe uma tarefa fácil de realizar, enquanto ela agonizava por falta de oxigênio, eu fechei os olhos e tentei pensar em outra coisa. Não era hora de ela morrer, pois isso não se tratava de manter o equilíbrio na terra, isso era um assassinato cometido por mim mesmo, algo me dizia que aquilo era obra de interesse somente de Dea, nada daquilo fazia sentido. Como se tratava de minha vida ou da dela, logicamente preferi garantir a minha.

Faltava pouco...


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Notas finais do capítulo

Reviews??????
Bjusss