In My Life escrita por Valerie


Capítulo 3
Segundo capítulo


Notas iniciais do capítulo

O capítulo está maior que os outros. Espero que gostem. Boa leitura!



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Todo o percurso até sua casa se fez em silêncio. Que logo se tornou incômodo para Rachel. O silêncio a fazia pensar em coisas das quais ela queria fugir. A pequena diva, sempre manteve a máscara de que nada a atingia, de que não há problemas das quais realmente se importa. Mas na verdade havia. Havia milhões deles, afinal, ela era uma adolescente. E tinha que parar de fugir sempre que algum volta a tomar conta de sua mente, do mesmo modo que o diabo foge da cruz.

Alem de ter que cuidar do assunto Finn – da qual já estava cansada – agora ainda era obrigada a pensar em algo para tarefa de seu professor. Rachel poderia jurar que ele a odiava, e por isso fazia de tudo para vê-la descontente. Mas sabia que no final de tudo, não teria como agradecer todas as coisas das quais ele faz a ela.

Mas esse problema ela não tinha como resolver. Não sabia de nenhuma música atual que prestasse para tal cargo de expressar sentimentos. Não que as atuais sejam péssimas, longe disso. Mas sua coleção de discos – sim, discos – eram apenas relacionadas a Broadway e claro, Barbra. Nunca foi muito de ouvir as músicas que tocam na rádio e ocupam uma boa posição na Hot 100 da Billboard.

Vendo que nada ajudaria sua ajuda, decidiu avisar as garotas de que a tarefa de escolher a música ficaria por conta delas. Poderiam nesse quesito apenas usufruir de sua maravilhosa voz. Como a própria Santana disse, “quanto mais rápido começarem, mas rápido se veria livre das duas”. Nunca concordaria com a latina, mas nisso tinha que admitir, estava odiando mais que as outras esse trabalho.

E porque isso? Vários motivos, entre eles: a tarefa era para expressar seus sentimentos, e bom, Finn havia acabado de esquartejar, mutilar seu coração e parecia não se importar, já que agora estava ao lado de Quinn Fabray.

Rachel fez uma cara de nojo ao pensar em Quinn. Ela havia admirado a loira desde que se conheciam, sempre teve a vontade de ser como tal. Seu desejo era ser popular e claro, inutilmente ter Finn como seu namorado. Mesmo depois de roubar o quarterback da cheerio, continuou desejando ser mais como ela. Mas vendo agora, não sabia dizer se pender seu tempo imaginando como seria estar no corpo da garota mais popular valia a pena – e não valia.

Rachel sempre deixou claro que não odiava Quinn, apesar de tudo que a loira a fez passar. Todas as humilhações, apelidos maldosos, desenhos pornográficos no banheiro, as raspadinhas no rosto. Nunca foi uma garota de guardar rancor. Mesmo Quinn provando dia-a-dia que queria vê-la morta.

Isso sem falar em Santana. Tudo que Quinn desejava ou fazia, dava para perceber que a latina sempre fizera com mais raiva e até mesmo nojo. Ela entendia o porque de Quinn odiá-la tanto. Afinal, Rachel roubou seu namorado. Mas não havia o porque de Santana. Ela nunca teve a simples vontade de se aproximar da latina. Mais cada qual com seus problemas, pensou Rachel, mas logo completou vendo que a frase era inútil: contanto que não me envolva.

Um tempo após sua divagação se perguntou se seria mais fácil ligar para algumas das duas marcando algo, ou esperar até amanhã na escola. Mas sua solução acabou ficando para mais tarde, após o jantar, da qual seu pai acabara de chamar para se servir.

Quinn encarava sua mãe. Haviam acabado de jantar, e o clima ainda era estranho, mesmo fazendo algum tempo que Judi havia trazido consigo sua filha novamente. Mesmo com todo o esforço da mãe para conseguir seu perdão – concedido após uma semana desde que voltara – Quinn ainda se via chateada pela atitude da mais velha. Quando mais precisou de alguém ela simplesmente lhe dera as costas, e muito menos a procurou.

“Como está Finn?” Judi resolveu perguntou, tentando quebrar o gelo.

“Bem. Nós estamos bem” mentiu.

Não. Ela e Finn não estavam bem. O quarterback não parava de olhar Rachel e nem por isso Quinn reclamava. Mas qualquer coisa que acaba escapando de sua boca, comentando o mínimo que fosse sobre algum amigo, Finn se mostrava mais uma vez ridículo. Seu ciúmes era extremamente possessivo. E isso é realmente uma bela bosta, Quinn pensava.

Puck era o único com quem conversava agora – ou pelo menos costumava conversar. Haviam se resolvido depois do nascimento de Beth e a escolha foi de manter uma amizade. Noah agora tinha Lauren, então não havia nenhum problema. Mas o problema não partiria de Noah, muito pelo contrario. Partiria claro de Finn e seus ciúmes sem cabimento e infantil. Com Mercedes, Quinn havia se distanciado. A diva agora andava meio afastada, ninguém realmente sabia o que havia acontecido. A loira tentou ajudar, mas ela, igualmente a Rachel, recusou qualquer ajuda e negou tudo que lhe perguntaram. 

Além de Mercedes havia Brittany. Mas a garota estava tão ocupada com seu namoro e seu rolo com Santana que parecia esquecer do mundo. Hora ou outra dava o ar de sua graça, querendo saber do que acontecia ao redor e combinava de sair. Mas o que antes era de vez em quando, agora se tornou raro. Ainda tinha Santana, mas ela não era o tipo de amiga com quem se pode contar. Ela andava em uma depressão e mau humor acumulado, que para chegar apenas de armadura. Como as outras, se recusava a receber ajuda. Dizia conseguir fazer tudo sozinha, e disso ninguém duvidava. Só faltava incentivo, e nem mesmo isso ela aceitava receber.

Quinn sabia que o que sentia por Finn havia acabado, a muito tempo. Tudo agora era questão de popularidade. Status. E dependia dele para conseguir isso. Abriu mão de sua única amizade para ser temida pelos demais alunos. Receber respeito. Não gostava e muito menos se orgulhava do que fazia. Mas era a única chance de se manter no topo.

A loira foi trazida a realidade com sua mãe avisando estar indo dormir.

“Boa noite, Quinnie” a mais velha lhe deu um beijo no rosto e se direcionou as escadas

“Boa noite!” desejou de volta.

Eram 3h da manhã. E está seria a terceira vez na semana que Santana trocava uma boa noite de sono pelo choro. Ela simplesmente não conseguia evitar, elas vinham sem avisar. Pareciam nunca acabar. Sua cabeça ardia em dor de cabeça, mas nem assim as lágrimas paravam de cair.

Ela já havia admitido para Brittany. Já havia admitido para si mesma. Era apaixonada pela dançarina. Sempre fora. Desde pequenas, quando se conheceram. Era um sentimento forte. Já haviam ficado juntas, no começo. Antes de todas as responsabilidades e complicações da vida ao colegial chegar. Brittany como era de se esperar, superou tudo muito rapidamente. Já com a latina, o sentimento crescia ainda mais, quando separadas.

Como vingança, passou a dormir com todos os garotos. Nenhum não a satisfazia como Brittany, claro. Mas dava para o gasto – por hora.

Agora sua garota estava namorando, Artie. Um garoto da qual nem um futuro pode dar a ela. Não um por completo, pelo menos. Tá certo que ele pode dar filhos, mas veja bem, elas poderiam adotar. Em um futuro distante – é claro – mas ainda sim poderia.

A cada 5 perguntas que Santana se fazia diária, pelo menos três era sobre "O que o garoto tem, que eu não tenho?" Era claro a resposta: Brittany. Mas o que ela havia visto nele? "Porque ele, e não eu?" Talvez ela até soubesse a resposta, mas o medo de saber e dizer isso em voz alto doesse mais do que se torturar, tentando arrajar uma resposta todo dia.

A latina se levantou de sua cama e caminhou até o banheiro, e lavou seu rosto. Voltou para a cama, afim de finalmente conseguir dormir. Amanhã tinha treino extra das cheerios, antes do início das aulas. E assim o fez, em menos de 20min já havia pegado no sono. 

“Mr. Shue, eu quero cantar uma música” Finn pediu, diante o silencio dos demais alunos. O professor apenas concordou com a cabeça, e fez menção para o garoto ir até o centro da sala. Se sentou, e esperou o quarterback começar.

“Essa música é pra garota mais incrível que eu conheço!” o garoto disse, sem mencionar qualquer um dos nomes. Deixou aos colegas uma dúvida, para seus amigos refletirem.

“My song is love

Love to the loveless shown

And it goes up

You don't have to be alone”


Começou a cantar sem direcionar o olhar a alguém, mas dava para ver quando ele passou a olhar tanto para Rachel como para Quinn que o garoto estava tenso.

“Your heavy heart

Is made of stone

And it's so hard to see clearly

You don't have to be on your own

You don't have to be on your own”


Quinn parecia indignada, era na certa que essa música era cantada para Rachel, e não para ela, que era sua namorada.

And i'm not gonna take it back

And i'm not gonna say i don't mean that

You're the target that i'm aiming at

And i'm nothing on my own

Got to get that message home”


Os olhos de Rachel já começava a dar indícios de que não demoraria muito até as lágrimas virem. A garota se encolhia mais na cadeira, a cada verso.

“And i'm not gonna stand and wait

Not gonna leave it until it's much too late

On a platform i'm gonna stand and say

That i'm nothing on my own

And i love you, please come home”


O quarterback ainda se encontrava parado ao centro da sala. Sua única expressão foi ao ver Rachel saindo, em sua melhor saída dramática. Sua cara foi de surpresa a tristeza. Mas isso não impediu de terminar a canção.

“My song is love, is love unknown

And i've got to get that message home.”


Assim que ouviu o sussurro do rapaz, ao final da canção, Quinn disparou porta a fora. Ainda indignada pela humilhação que havia acabado de passar. Mesmo embora não tenha sido uma real humilhação, todos na sala, sabia tanto quanto ela, que o verdadeiro amor de Finn era Rachel. Sempre seria a morena.

Ao contrário da morena, Quinn saiu bufando. Saiu exatamente como Sue saia, quando acabava de ser contrariada. Apenas lhe restou forças para agarrar qualquer aluno que fosse, e jogá-los contra os armários.

Rumou decidida até a arquibancada. Era um lugar de sossego, geralmente. Não era humilhante como o banheiro, e possuía ar fresco. E isso era tudo que a loira precisava, respirar fundo.

Não ficou tão surpresa ao encontrar a pequena diva sentada em um dos acentos, enquanto perdia o fôlego de tanto chorar. Sua primeira reação foi de que deveria manter uma boa distancia da menina, para não acabar descontando toda a raiva  – da qual a pequena tinha boa parte da culpa – na morena.

Mas ao invés, a única coisa que consegui fazer foi se sentar ao lado dela, e passar seus braços sobre os ombros da garota. Rachel se encolheu entre os braços de Quinn e continuou a chorar. E assim ficaram, em silêncio. Até o início da próxima aula, sem qualquer uma pronunciar qualquer palavra. O silêncio parecia o certo naquele momento.


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Notas finais do capítulo

A música é "A Message" do Coldplay. Tradução: letras.terra.com.br/coldplay/1963119/traducao.html
O próximo capítulo pode demorar a vir por conta das provas que terei semana que vem. Mas assim que der um tempinho to postando. Gente, comenta. Sério, é muito importante. Até mais!