Um Homem de Família escrita por CrisPossamai


Capítulo 4
O início de algo novo




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Em silêncio, Quinn levantou para arrumar a casa, preparar o café da manhã e levar a filha para a creche. Por último, sacudiu o marido para acordá-lo antes que se atrasasse. Sem mais palavras, se alimentou e estava prestes a sair de casa com a filha, quando escutou seu nome ser chamado ainda do quarto do casal.


_ Sério, você nem iria se despedir de mim? – comenta Noah ainda deitado – Nem ia deixar a nossa filha se despedir?


_ Você me ignorou o restante da noite. Achei que isso não tivesse importância. – rebate a jovem.


_ Bom, importa muito. Posso dar um abraço na minha filha antes de viajar por seis dias? – ela concorda com a cabeça – Posso dar um abraço na minha esposa antes de disputar o jogo mais importante da minha carreira? – a nomeação pareceu tão natural dita fitando os olhos de sua primeira namorada.


_ Você é um perfeito idiota, sabia? E o problema é que sabe exatamente dizer a coisa certa no momento certo. – abraça o marido.


_ Acho que depois de jogar futebol, talvez, essa seja a minha principal habilidade. – reforça o abraço.


A despedida dura poucos segundos. Terminando a faculdade de Fotografia, Quinn estava estagiando em um estúdio no centro da cidade e ainda precisava deixar Beth na creche. Puckerman se limita a tomar café e esperar pela chegada de Finn para irem juntos até a sede do clube. Ele estava ansioso para estar em sua verdadeira casa: o gramado. Por mais que a realidade e sua vida estivessem em linha alternativa, seu talento ainda era real e sabia que poderia vencer sem dificuldade a equipe de Chicago, atual campeã da competição. O melhor amigo buzina e ele corre para pegar a carona. Estava preparado para escrever mais uma página de sucesso independentemente da versão de sua vida.


As noites concentradas costumavam ser as piores e mais desanimadas na vida do jovem astro do Milan, Noah Puckerman. Ficar encarcerado esperando para jogar por 90 minutos parecia idiotice demais por pouco resultado. Contudo, a expectativa do grupo e, principalmente, de seu melhor amigo em assegurar de qualquer forma uma vaga no principal campeonato do continente efetuou a passagem dos cinco dias de maneira extraordinariamente veloz e nostálgica para o camisa 10. Ele evitou ligar e se comunicar com a família, mas, foi inútil. O fato é que estava com imensa saudade de seu novo lar e de ouvir os pedidos infantis da filha ou incomuns da esposa, como lavar os pratos da janta ou colocar Beth para dormir. Puck havia se acostumado a estar rodeado por pessoas que amava e se perguntou porque fizera tanta questão em se desapegar de próprio seu país.


Finn dividia o quarto com o melhor amigo desde que se entendera por gente. Os dois se conheceram no primeiro ano na escola e nunca mais se desgrudaram. Entraram juntos na primeira peneira em um pequeno clube de futebol e foram promovidos sempre simultaneamente nas categorias de base. Mas, a proposta do Chelsea por Puck determinaria o fim da parceria. A recusa do amigo seguida pela convocação de ambos para a seleção Sub-20 dos Estados Unidos abriu novas lacunas a serem preenchidas. Por que não seguir em seu país e ali mesmo se tornar alguém no futebol?


Desta forma, Finn conheceu a estagiária de uma rádio que lhe entrevistou pela primeira vez na final do Mundial Sub-20. Rachel Berry estava nos primeiros semestres da faculdade de jornalismo quando descolou o estagio na Rádio CBS e foi enviada para produzir o Campeonato Sub-20. Com o acumulo de trabalho e poucos profissionais, a estagiaria virou repórter e entrevistou o jovem capitão da seleção antes e depois da partida.


O romance entre Finn e Rachel iniciou e se estendeu pelos quatro anos seguintes. Finn pretendia pedi-la em casamento assim que retornasse para casa e queria os melhores amigos como padrinhos. Afinal, o relacionamento de Quinn e Puck servia como exemplo para o zagueiro.


O jogo foi extenuante. Os jogadores do Chicago, realmente, tinham fôlego e senão fossem as jogadas individuais de Puck, o Dallas não teria vencido por 2 a 0 e conquistado o acesso para a Copa dos Campeões da Concacaf. Senão fosse pelo melhor amigo, Finn não estaria pedindo a mulher de sua vida em casamento no momento em que pisara em casa após a partida. Senão fosse por sua escolha, Noah estaria voltando para a casa em Milão sozinho, depois de mais uma grande exibição em campo. Agora, ele retornava para sua família se perguntando se aquela realidade poderia de alguma forma substituir a versão principal de sua vida. Não queria ter jogado fora a chance de casar com seu primeiro amor e conhecer a criança mais adorável do mundo.


Nos dias seguintes, ocorreram entrevistas, fotógrafos e elogios em diversos veículos de comunicação a respeito da qualidade dos camisas 10 e 5 do Dallas. O sonho de jogar o importante torneio continente estava assegurado, isto se o modesto time conseguisse segurar seus dois principais atletas. Apesar de estar mais teimoso e preguiçoso, Quinn havia reencontrado a versão original de seu marido. Aparentemente, a final havia sido um fardo pesado e preocupante para os ombros de Puck.


O quarto aniversário de Beth chegava e a pequena não cansava de repetir a enorme lista de presentes para infelicidade dos pais e padrinhos. Quinn não se preocupava mais em assumir a segunda gravidez e Puck estava completamente orgulhoso pelo mais novo membro da família. Finn brincava em querer encomendar logo uma criança, Rachel disfarçava relembrando que deveriam dar um passo de cada vez, e não emendar as etapas como os amigos fizeram aos 18 anos.


Apenas 30 pessoas lotavam a casa da família Puckerman naquela sexta-feira a noite, em comemoração aos 4 anos de Beth. Diversos jogadores do time e amigos de Quinn estavam presentes, além das famílias dos dois. Rever os pais foi algo emocionante para Puck, há muito tempo estava afastado dos familiares e havia sido duramente criticado em seu universo paralelo com a explosão do escândalo da filha não reconhecida. Naquela noite, pode conferir o raro e peculiar olhar orgulhoso de seus pais. Há quanto tempo, não lhe encaravam daquela maneira?


_ Então, você lava a louça e eu recolho essa bagunça? – sugere Quinn após a festividade.


_ Nós não podemos deixar a faxina para amanhã? Eu estou morto, parece que joguei três jogos seguidos com prorrogação! – reclama estirado no sofá.


_ Você anda muito vadio desde que ganhou aquele título, Puckerman. – repreende divertidamente a moça.


_ É, a taça fez bem para o meu ego. Mas, lavar louça faz mal para o meu condicionamento físico. O próprio médico do time me garantiu! – brinca.


_ Ainda bem que a sua filha está dormindo para não ouvir essas desculpas esfarrapadas. Já pensou se ela segue o seu exemplo? – sorri sentando-se ao lado do marido.


_ Finalmente, aquela menina dormiu! Na próxima festa, me lembra de não comprar nada com açúcar, ta? A Beth já é hiperativa normalmente, com estoque de açúcar reforçado no corpo fica impossível. – falou abraçando a esposa.


_ Eu digo que sua filha está dormindo e é nisso que você pensa? – questiona com ar malicioso.


_ Bom... Eu disse isso, não significa que tenha sido o único pensamento a passar pela minha cabeça! – confessa o rapaz puxando a jovem para mais perto de si.


Com o sorriso aberto e irresistível, Noah leva segundos para finalmente beijar a esposa. Foi inevitável a lembrança dos primeiros beijos, dos primeiros encontros, dos sorrisos, das promessas que fizeram e que ele quebrara sem hesitar. Pelo menos, naquele mundo o jovem jogador soube valorizar o que realmente valia a pena. Naquele mundo, ele vira a filha crescer e esteve sempre ao lado da garota que amou desde os 12 anos. Naquele mundo, ele se tornou um homem de família e não apenas mais um jogador de futebol.


_ Como você consegue isso? – Quinn fala admirada, ele demonstra confusão – Me olhar como se fosse pela primeira vez.


_ Porque você ainda me tira o fôlego e porque... Eu não conseguiria acordar todas as manhãs sem você do meu lado. – se declara – Eu sou apaixonado por você há dez anos, e ainda sinto a mesma coisa cada vez que te vejo.


_ Você realmente sabe dizer as coisas certas nas melhores horas possíveis. Por isso que eu te amo tanto! – brinca a jovem.


As gargalhadas são logo substituídas por beijos e carinhos. Puck estava exatamente aonde gostaria de estar. Independentemente de como havia chegado naquele estágio de sua vida, não queria por nada retornar ao seu real presente. A vida nos Estados Unidos era incomparavelmente mais feliz do que a luxuosa rotina em Milão e, há anos nunca estivera tão em paz com sua consciência. Naquela versão de sua vida jamais deixara as pessoas mais importantes para trás, nunca dissera adeus apenas por dinheiro. Apesar de desejar continuar naquela realidade paralela para sempre, Noah não poderia controlar eternamente sua aparente redenção. Os dias avançaram e a barriga de Quinn começava a dar o ar da graça.


Os treinos começavam visando a disputa da Copa dos Campeões. Era possível que Puck fosse convocado pela primeira vez para a seleção principal norte-americana. Antes disto, o telefone tocou e Puck ficou sabendo que um clube de elite da Inglaterra estava interessado em seu futebol.


Seria uma excelente oportunidade se apresentasse um bom futebol e poderia estar no principal centro do futebol em menos de uma temporada. Sem contar que poderia dar muito mais conforto para a família, principalmente, com a chegada de um novo integrante.


Ele sabia pouco a respeito do time do Arsenal, mas era bom demais tudo o que acontecia em um curto espaço de tempo. Aos 22 anos, estava muito mais preparado para tentar crescer na carreira e mostrar seu futebol em ares mais propensos que os campos ingleses bastava que Quinn concordasse com a situação. Depois que abriu mão de seu sonho por ela há 4 anos, ela não poderia lhe frear novamente.


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Notas finais do capítulo

Chegando na reta final da história. Quinto e último capítulo será postado no fim de semana! Até lá.