Um Homem de Família escrita por CrisPossamai


Capítulo 5
A bagunça que eu causei




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/164171/chapter/5

“Você já se perguntou se somos nós que fazemos os momentos em nossas vidas ou se são os momentos da nossa vida que nos fazem? Se você pudesse voltar no tempo e mudar apenas uma coisa na sua vida, você mudaria? E se mudasse, será que essa mudança tornaria a sua vida melhor? Ou será que ela acabaria partindo o seu coração? Ou partindo o coração de outro? Será que você escolheria um caminho totalmente diferente? Ou você só mudaria uma única coisa? Um único momento. Um momento que você sempre quis ter de volta.”



O procurador do jogador Noah Puckerman telefonou confirmando que faltava pouco para a assinatura do contrato de 3 anos com o Arsenal. O Dallas receberia U$ 3 milhões pelo passe do jovem meio-campista. Quinn não reagiu bem na primeira vez em que o marido lhe contou sobre o interesse do time inglês em seu futebol. Frustrado, o rapaz saiu de casa temendo perder a segunda maior oportunidade de sua vida. Por mais que a classificação para a Copa dos Campeões da Concacaf estivesse assegurada, ele sabia que seu time dificilmente se classificaria para o Mundial Inter Clubes. Sozinha, Quinn refletiu sobre a escolha que poderia determinar o sucesso ou o atraso definitivo da carreira do garoto que mais amou em toda a vida. Ela não poderia exigir nova recusa por parte do atleta, na primeira vez ele optara pela família. Agora, seria sua vez em decidir manter sua família unida. Em menos de um mês, Puck era apresentado como a principal arma do Arsenal para a etapa decisiva do Campeonato Inglês, que iniciaria em breve.


Com o casamento de Finn e Rachel marcado para logo, Noah tentaria de todos os modos indicar o amigo para o reforço na zaga de seu atual clube. Puck marcou um gol em sua estréia vestindo a camisa 7 do Arsenal. Nem mesmo a possibilidade de vestir a camisa 10 do Milan havia lhe tirado tanto o fôlego.


Nos bastidores, a diretoria se mexia para contratar o jovem zagueiro indicado por Puck e aclamado pela boa exibição na final da SuperLiga Americana. Desta vez, ele havia acertado em suas escolhas e ser recebido em sua nova e mais espaçosa casa em Londres pela mulher e o filha lhe decretavam esta certeza.


Assustado, Puck acordou com extrema dificuldade para respirar. Estranhando o quarto, ele tentou se sentar na cama sendo impedido por uma inexplicável dor em seu abdômen e colocar a perna no chão também estava fora de cogitação. Após respirar fundo, ele analisa onde se encontrava e com considerável desespero nota o quarto branco de um hospital qualquer e com a mão consegue sentir as seqüelas do tiro a queima-roupa que, realmente, havia levado na véspera de Natal. Atordoado, ele não pode acreditar que tudo aquilo havia sido apenas uma ilusão, um maldito e revelador devaneio proporcionado pela proximidade das datas comemorativas, da quase morte e da dose cavalar de remédios que tinha ingerido. A confusão aumentou com a entrada de seus pais no local, seguidos por enfermeiros e um médico que em italiano tentava acalmar o rapaz. Nova rodada de tranqüilizantes com a certeza de que tudo que havia descoberto não passara de dolorosa fantasia.


Três dias se seguiram com a entrada de rostos conhecidos que pouco acrescentavam para o paciente. Sonolento, ele foi despertado por sua mãe que adentrava silenciosamente no recinto a fim de zelar pelo sono do filho.


_ Mãe?! – ela percebe a lucidez do filho – Eu... Eu... Hum... Que dia... É hoje? – questiona ainda sob efeito de remédios.


_ Trinta e um de dezembro, Noah. Tenta não se esforçar demais, ta? Você tem melhorado, mas, seu estado ainda é delicado. – recomenda.


_ Mãe... Desculpa por... Por não aparecer no Natal... E bom... Acabar estragando a comemoração de vocês.


_ Você não teve culpa de nada, filho. Nosso Natal ficou ainda mais completo com a notícia de que você havia resistido. E... Bom... – a fala da senhora é cortada.


Inesperadamente, uma garotinha não demonstrando possuir mais do que cinco anos invade o quarto. Puck olha demoradamente a menina, mais crescida do que se recordava das fotos e de sua experiência. Mas, definitivamente aquela era sua filha com Quinn Fabray. O que ela estaria fazendo ali? A resposta é devastadora como a entrada repentina e envergonhada da loira no recinto chamando levemente irritada pela filha desaparecida. No  instante em que os olhos dos dois ex-namorados, o desconforto e o constrangimento foram imediatos.


_ Eu sinto muito... Eu... Eu não queria atrapalhar vocês... Beth, vem comigo agora! – puxa pela mão a menina.


_ Mas, mãe... Eu queria saber se o meu pai vai ficar bom logo... – pergunta inocentemente mirando Puck e embaraçando ainda mais a jovem.


_ Quinn, fique mais um pouco. Eu só queria ver se o Noah já havia acordado... Acho que vocês precisam conversar urgentemente. Bom, espero que você escute bem o que ela tem a lhe dizer, filho. Fique a vontade! – fala a mãe do rapaz saindo do quarto.


_ Oi... – ele arrisca tímido.


_ Oi! – devolve a jovem.


_ Mamãe, então... O papai vai ficar bom rápido, né? – arrisca novamente a pequena.


_ Vai, Beth. É claro que vai. – responde à garota – Desculpa, eu realmente não queria forçar esse encontro. Não desta forma... Mas, a Beth ficou desesperada quando soube do... Bem... Do que aconteceu com você... E não sossegou até que eu prometi traze-la para te ver.


_ Sem problema, eu to um pouco sedado ainda... Mas, acho que consigo compreender as coisas. – responde Puck vendo a aproximação da menina.


_ Você vai se recuperar rapidinho, né pai? Eu sempre vejo você jogar na televisão?! – confessa infantilmente – Mas, eu queria brincar com você um dia nem que fosse jogando bola... Eu mesmo prefiro brincar com as minhas bonecas. – sonha a pequena emocionando seus pais.


_ Como você quiser, Beth! Se a sua mãe deixar... A gente pode fazer tudo o que você quiser... O papai só precisar melhorar mais um pouquinho e vai poder brincar sempre com você, ta bom? – a menina sorri e abraça o pai pela primeira vez.


_ É obvio que eu deixo, Puckerman. Eu nunca quis afastar você da sua filha. Muito pelo contrário. Ela adora você, cresceu vendo seus jogos na televisão... – ela chama a menina. – Filha, vai ficar lá na rua com o tio Finn e a tia Rachel, que a mãe tem que falar coisas de adulto com o seu pai! – a menina se despede e sai do quarto.


_ O Finn ta aqui também? – ela sinaliza positivamente – Eu não queria... Bom, não preocupar vocês. – sente-se ainda mais desconfortável.


_ Sinto muito pelo o que aconteceu... – se solidariza a jovem.


_ Depois de cinco anos, eu nunca imaginei que a nossa conversa começaria com você dizendo que sente muito... Ainda mais porque quem fez algo imperdoável fui eu. – mostra-se estranhamente arrependido.


_ Eu confesso que também não esperava essa sua reação, já que nos últimos meses você fez de tudo para não manter contato comigo ou com a Beth. – revela Quinn.


_ É, eu sinto muito por isso... Também... – Puck não consegue mais articular as palavras.


_ Olha, Puckerman... Eu não vim até aqui para te exigir nada... Nem reconhecimento, nem dinheiro ou qualquer coisa desse tipo... Eu só queria que a Beth pudesse conhecer o pai antes que outra coisa impedisse isso. Eu não entendo, mas, a sua filha tem essa adoração por você. – revela sentida.


_ Mas, a mãe dela me odeia... – frisa o desconforto pela realidade, ela deixa de encara-lo – Ela parece ser uma menina incrível. Me desculpa por agir como idiota e perder tudo nos últimos anos.


_ Eu não te odeio. Você, simplesmente, não existe de forma alguma para mim além da fantasia que a Beth faz a respeito de como é sensacional o pai dela aparecer sempre na televisão. Você destruiu o meu coração indo embora daquele jeito, mas, ele nunca parou de bater por sua causa.


_ Eu fiz tantas coisas que me arrependo... Mas, quando eu remonto a minha vida, eu sei que tudo começou a desmoronar no momento em que eu sai do país sem você. Eu tava tão apavorado com a possibilidade perder a única chance de aparecer no futebol, que esqueci de tentar virar alguém fora dos gramados. – confessa sensibilizado.


_ Sinceramente, eu acho que essa não a hora para termos esse tipo de conversa. Na verdade, eu nem sei porque estamos discutindo isso. Eu vou deixar você descansar, ta? – fala abrindo a porta.


_ Será que você não poderia ficar mais um pouco... Ou... Quem sabe para sempre? – arrisca, ela vira visivelmente alterada.


Deveria ter te beijado lá

Eu deveria ter segurado seu rosto

Eu deveria ter visto aqueles olhos

Em vez de correr para outro lugar


_ Puck, não existe mais essa história de nós. Eu espero que você cumpra a palavra com a Beth e tente se aproximar dela... Eu não vou impedir... Só que... – ele lhe corta.


_ Eu nunca vim para a Europa. Eu fiquei e te pedi em casamento no seu quarto mês de gravidez. Eu ainda jogo no mesmo time que o Finn nos Estados Unidos... Eu fico fora quase todas as semanas... Mas, voltar para casa... Para você e a Beth é a melhor sensação que eu já senti. A nossa filha pede todo dia se eu marquei gol nos treinos... Você ta estagiando e quase se tornando uma fotografa profissional. A gente mora em uma casa pequena, mas, com a nossa cara. Você me obriga a te ajudar a arrumar a casa toda semana... E você não deixa que eu toque em você antes de falar que eu te amo e que eu sempre serei apaixonado por você... Não sei se foi o Natal ou o tiro... Se foi um sonho ou uma amostra de tudo que eu abri mão... Mas, se eu não lutar por isso ou apenas te falar... Que você ainda me tira o fôlego... Eu estaria jogando tudo fora de novo. – lágrimas acompanham a declaração do rapaz e a surpresa da garota.


Eu deveria ter te ligado

Eu deveria ter dito o seu nome

Eu deveria ter me virado

Eu deveria ter olhado de novo

Mas, eu estou olhando para a bagunça que fiz

Quando você vira, pega seu coração e vai embora


_ Eu soube que por U$ 5 milhões, o Chelsea te tirou da minha vida... E, agora, eu não te quero de volta nela. Infelizmente, a minha filha sonha que você algum dia faça parte do mundo dela. Eu só fico pensando mais quantos milhões bastaram para que esse seu discurso mude e você desapareça da vida dela também. – dispara – Eu, realmente, sinto muito pelo o que te aconteceu... Mas, isso não muda o que você fez e nem quem você se tornou. E eu nunca amaria essa sua versão, Noah Puckerman.


A conversa estava encerrada. A porta batendo decretava a realidade de que Puck não poderia simplesmente desejar arrumar as coisas. As seqüelas de sua atitude em abandonar tudo há seis anos foram muito mais profundas do que o tiro que recebeu no abdômen. Finn ainda visitou o antigo amigo acompanhado de sua esposa, a repórter da rádio CBS, Rachel Berry Hudson. Surpreendentemente, Finn não demonstrou nenhuma magoa do antigo melhor amigo.


_ Ai, vocês me desculpem... É da rádio, eu preciso mesmo atender. Só um minuto! Alô! – declara a moça saindo do quarto atendendo a ligação.


_ Parabéns, cara! E me desculpe... Por tudo! – tenta articular Puck.


_ Você não precisa se desculpar, eu sei que o começo na Inglaterra não foi nada fácil. É normal tentar assegurar a nossa base antes do que qualquer coisa. Eu nunca senti raiva de você, cara... Só lamentei por perder o meu melhor amigo... Mas, são coisas da vida.


_ E a sua vida como que está? Quero dizer... Além de estar casado.


_ Bom, há duas temporadas eu to no Dallas... Estamos bem neste ano, acho que estou me firmando como titular... O mais difícil foi disputar posição com o capitão do time. Mas, não estou muito preocupado com isso. Existe mais do que o futebol.


_ Você poderia ter me dito isso há uns cinco anos, Finn. – brinca – Mas, e a Rachel? Trabalha na Rádio CBS? Eu costumo ouvir pela Internet!


_ Sim, ela trabalha lá há 4 anos... Começou na época em que disputamos o Pré-Olimpico, lembra? Ela foi a primeira pessoa que me entrevistou. Nós conhecemos ali e ela acabou cobrindo outros jogos do Campeonato Nacional e bem... Acabamos no altar. Agora, ela está cobrindo mais o setor de variedades, só que... Quando souberam que nós viríamos aqui insistiram para que ela te entrevistasse. Por isso, as ligações... Mas, nem cogitamos te incomodar por isso.


_ E por que não? – surpreende Puck.


Deveria ter mantido os pés no chão

Eu poderia ter sido grato

Por toda a segunda chance

De mudar a perspectiva sobre quem eu sou


O Milan não apoiou seu principal jogador depois do assalto. Com o tornozelo deslocado e uma recuperação de tiro, o clube preferiu romper o contrato com Noah discretamente. A notícia correu boa parte da Europa e aportou novamente na Inglaterra. Depois de intermináveis negociações e perder importantes peças, o Chelsea voltou a olhar com bons olhos, o jovem que revelou para o mundo anos atrás. Pouco prestigiado e extremamente em conta, o passe do jogador seria inferior a sua venda para o futebol italiano há três anos. A mudança de ares e o retorno para a equipe em que despontou mais pelo talento dentro do campo do que pelas confusões na vida particular, pesaram na decisão do atleta, que lentamente recuperava a forma física.


O problemático craque Noah Puckerman concedeu uma entrevista exclusiva para a jovem repórter americana, Rachel Berry. Na reportagem, o atleta assumiu os exageros extras campo e reconheceu oficialmente a paternidade da pequena Beth Fabray. Além disso, confirmava os boatos de seu retorno para o futebol inglês, mais exatamente para o Chelsea a fim de reencontrar seu melhor futebol e colocar a vida novamente nos eixos. As declarações reverteram parte da antipatia que a população americana e a torcida do clube inglês nutriam pelo jogador. Depois da alta hospitalar, o atleta partiu para o país de origem, onde terminaria sua recuperação e iniciaria a relação com sua filha.


O primeiro contato com a bola aconteceu em brincadeiras com a menina de 5 anos e o melhor amigo de infância. Pouco conversou com a mãe da criança, porém, percebeu que ninguém havia ocupado seu lugar no coração da jovem. Era um progresso.


No colo da avo, a pequena Beth ocupava uma cadeira de honra no estádio durante a estréia do pai como jogador do Chelsea no complicado Campeonato Inglês. Recebido com desconfiança pelo consagrado treinador, Puck entrou no decorrer da partida e fez boas jogadas.


Aparentemente recuperado, Noah se tornou um jogador prestigiado e foi com grata surpresa que ouviu a preocupação da comissão técnica sobre a defesa. Com algum respaldo do técnico, indicou o nome de Finn Hudson para suprir a carência da equipe. Bom defensor, jovem e barato. As condições ideais para que fosse contratado. A promessa não foi cumprida na primeira passagem, entretanto, antes tarde do que nunca.


Em menos de um mês, Finn assinou contrato por quatro anos com o Chelsea e se acomodou nas primeiras semanas na casa do melhor amigo, enquanto procurava uma residência para ele e sua esposa. Rachel não titubeou em apoiar a decisão do marido e revelar imediatamente a Quinn a considerável mudança de vida do antigo namorado. Quinn não tinha mais como fugir da presença de Puck em seu dia a dia. Beth estava encantada com a companhia do pai e com o restante das descobertas que ter um pai pode acarretar para a vida de uma criança.


Em solo inglês, as baladas foram extremamente reduzidas e Noah Puckerman ficou mais conhecido na imprensa pelo que fazia dentro de campo do que em sua vida privada. A primeira temporada em seu retorno a Inglaterra terminou de maneira vitoriosa para os novos contratados e o clube que os acolheu. Campeão da Copa UEFA, o Chelsea conquistou uma vaga no Mundial Inter-Clubes.


Nas férias, Puck fez questão de ficar o máximo de tempo com a filha. A convivência mexeu com o intimo de Quinn Fabray, que pela primeira vez questionou-se ainda seria possível resgatar alguma migalha do amor que um dia destinou ao pai de Beth.


Finn se apaixonou pela vida na Inglaterra e ao tempo em que sua carreira deslanchava e conquistava sua primeira convocação para a seleção, recebia da mulher de sua vida a noticia que seria pai. Noah invejava o amigo e diferente de sua versão paralela de universo, não servia como exemplo para ninguém. Talvez, como exemplo a não ser seguido nunca. Os jovens atletas são fundamentais para a campanha do Chelsea durante o Mundial Inter Clubes e Beth assiste a diversos jogos do pai. Até mesmo Quinn aceita um convite para passar um período em Londres com a desculpa de visitar Rachel e lhe parabenizar pela gravidez. Entretanto, com o jogo mais importante da seleção se aproximando, outra decisão primordial cruzaria o caminho do jogador.


Faltando duas horas para comparecer ao Centro de Treinamento e se concentrar para a terceira partida das Eliminatórias para a Copa do Mundo, a mãe de Noah lhe telefona desesperada. Um acidente deixara Beth entre a vida e a morte. O craque nem sequer titubeou em se apresentar pontualmente para o embarque.


Eu deveria ter falado

Eu deveria ter orgulhosamente reivindicado

Que minha cabeça está culpada

Por todos erros do meu coração


Jamais em seus 24 anos de vida uma viagem entre Londres e Lima, em Ohio (EUA), demorara tanto. Antes de embarcar, Puck teve um lampejo de lucidez e ligou para Finn  explicando a terrível situação que se abatia sobre sua família e a impossibilidade de disputar a partida. Nas alturas, as lembranças de seu sonho ou ilusão naquela véspera de Natal pareceram ruir de uma vez por todas. A chegada no hospital foi imediata ao seu desembarque em Lima, sua cidade de origem.


_ Eu não esperava você aqui. Rachel me contou da partida da seleção, você poderia ter jogado e depois vindo para cá, Puck. – tentou parecer forte a jovem mãe.


_ O que? Eu não teria condição de entrar no campo sem saber como estava a minha filha. – revelou.


_ E a sua carreira? Você não pode ser prejudicado? – observou.


_ Existe muito mais do que futebol na minha vida, Quinn. Nada é mais importante do que a Beth. Eu não posso me imaginar perde-la, como eu te perdi... – confessa o jogador.


E é você, é você

E tudo está caindo enquanto você vai embora

E está tudo em mim, enquanto você se vai


_ Você, realmente, ainda me ama? – questiona olhando em seus olhos.


_ Você ainda me tira o fôlego. Eu sou completamente apaixonado por você e pela filha que você me deu.


_ Obrigada por estar aqui. – limita-se a dizer.


A reação da jovem lhe causa surpresa, no entanto, não tamanha como a ação dela em pegar a sua mão. Aproximadamente 26 horas depois do único dialogo entre o antigo casal, o elenco americano entrava em campo e Noah abraçava a filha recém-saída da cirurgia, que estabilizou o quadro clinico.


_ Pai, você não devia ta jogando? – questiona a menina vendo o jogo pela TV em seu quarto no hospital.


_ Não, o seu pai deveria estar exatamente aqui cuidando de você, Beth, junto com a sua mãe. – esclarece o jogador, arrancando um sorriso genuíno de Quinn.


_ Eu queria passar mais tempo com você, papai! Mesmo vendo todos os seus jogos pela televisão e conversando pelo telefone... Eu sinto a sua falta! Mas, a mãe fala que eu preciso ir para a escola. – resmunga a menina divertindo os pais.


_ Beth, nós já conversamos sobre isso. Nas férias, você pode brincar com o seu pai quanto tempo quiser. – repreende a loira.


_ Eu tenho uma solução para isso. – arrisca Puck – A Beth poderia morar comigo em Londres. – a jovem lhe mira assustada – Você teria apenas que aceitar o meu pedido de casamento, Quinn.


Seis Meses depois...


Noah Puckerman não punido pelo treinador da seleção americana, que entendeu a situação. Entretanto, o atleta fez questão de esclarecer publicamente os motivos para não comparecer em um importante jogo das Eliminatórias. Apoiado pelos torcedores de seu time, o atleta ficou de fora de duas convocações para ser chamado em partidas amistosas e conquistar novamente a confiança do treinador e da comissão técnica.


O time dos Estados Unidos se classificou como líder de sua chave na primeira fase das Eliminatórias para a Copa do Mundo. Enquanto, que no Mundial de Clubes, Puck se destacou, mas, optou por renovar seu contrato com o time que lhe concedeu a primeira chance no futebol e, posteriormente, a segunda oportunidade para reconstruir a sua vida.


_ Eu achei que aquela menina nunca mais fosse dormir. – reclama Puck estirado no sofá de sua casa em Londres.


_ Imagina, a festinha do filhinho do Finn e da Rachel tava cheia de doces. Você conhece a Beth, ela troca a pilha quando se enche de açúcar. – relembra Quinn sentando ao lado do marido.


_ Essa menina já é hiperativa normalmente, com toda aquela dose de açúcar no corpo fica incansável. Se continuar com esse pique, eu posso dispensar os treinos físicos. Ninguém melhor do que Beth para me manter em forma. – brinca o atleta arrancando sonoras gargalhadas da esposa.


_ A sua filha está dormindo e é nisso que você pensa? – brinca Quinn.


_ Eu disse isso, mas, não quer dizer que foi o único pensamento que passou pela minha cabeça. – confessa beijando suavemente a jovem.


_ Sabia que a Beth está pedindo de novo por um irmãozinho? – provoca, parando para analisar o olhar do marido. - Como você consegue isso? – Quinn fala admirada, ele demonstra confusão – Me olhar como se fosse pela primeira vez.


_ Porque você ainda me tira o fôlego e porque... Eu não conseguiria acordar todas as manhãs sem você do meu lado. – Puck se declara – Eu sou apaixonado por você há dez anos e ainda sinto a mesma coisa cada vez que te vejo. - a jovem sorri correspondendo ao beijo do marido.


_ Você realmente sabe dizer as coisas certas nas melhores horas possíveis. Por isso que eu te amo tanto, marido! – confessa Quinn Fabray Puckerman.



        "A maior parte da nossa vida, é uma série de imagens. Elas passam pela gente como cidades numa estrada. Mas algumas vezes, um momento se congela, e algo acontece. E nós sabemos que esse instante é mais do que uma imagem. Sabemos que esse momento, e todas as partes dele...Irão viver para sempre."



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!