Um belo homem de seus vinte e quatro anos caminhava calmamente com passos lentos e curtos por um extenso corredor de paredes brancas com varias portas de ambos os lados direito e esquerdo.

   Ele possuía cabelos num tom preto azulado que eram lisos e arrepiados, sua pele era levemente bronzeada, seu rosto com traços fortes e másculos realçava seus frios e inexpressíveis olhos cor de ônix e seu jaleco branco lhe dava uma imagem imponente, digna de um rei.

- Sasuke-sama – chamou uma voz feminina atrás do moreno o fazendo parar e virar-se para encarar uma mulher de seus vinte e cinco anos. Ela estava parada a alguns metros dele, seus cabelos louros estavam amarrados em quatro rabos-de-cavalo altos, e seus olhos negro-azulados podiam ser comparados a uma noite sem luar.

- O quê quer Temari? –Perguntou com frieza voltando a andar.

   A loira teve de fazer uma pequena corrida para alcançar o moreno que já estava em frente a uma das diversas portas daquele corredor morbidamente branco.

- Tsunade-sama o pediu para ir ate sua sala – avisou pausadamente ao chegar mais próxima dele.

- Tenho de ir ver o paciente do setenta e oito, ele teve uma forte crise ontem à noite – falou já abrindo a porta.

- Eu cuido do Nakamura, você vai para o escritório da Tsunade-sama – ordenou pulando na frente do moreno e entrando no quarto onde havia um senhor de idade sentado em uma cadeira no centro do quarto usando uma camisa de força.

   Sasuke, sem mais escolhas, foi na direção da sala da diretora do hospício, ao chegar a bendita sala da sua “chefe” bateu na porta e essa foi aberta por uma loira de olhos castanhos e fartos seios que possuía uma pedrinha na testa.

- Olá Uchiha – cumprimentou dando passagem ao jovem psiquiatra.

- Oi – puxou uma cadeira de estofado marrom e sentou-se em frente à mesa da chefe – O que quer, afinal?

- Direto como sempre – murmurou a diretora mais para se do que para o moreno a sua frente – Que cuide da paciente do quarto cento e trinta e dois.

   Sasuke arregalou levemente seus olhos, a paciente do cento e trinta e dois era extremamente sigilosa... Quase nem um dos psiquiatras daquele local teve acesso a ela!

- Mais não é o Shino Aburame que cuida dela? –perguntou arqueando uma sobrancelha e se ajeitando na cadeira.

- Agora é você. –retrucou estendendo uma pasta cor verde – Nessa pasta você encontrara tudo o que sabemos, até o momento, sobre a paciente: seu nome, sua idade, seu peso, sua altura, quando ela deu entrada no hospício, entre outras coisas.

Sasuke pegou a pasta que lhe era estendida e a abriu. Observou que o nome da paciente era Hinata Hyuuga e sua idade era vinte anos, mais quando deu entrada no hospício tinha apenas 9, ou seja, há onze anos.

- Agora vá cuidar da Hyuuga – ordenou mexendo em alguns papeis que se encontravam sobre sua mesa. – Seu crachá já esta codificado para entrar na ala ‘R’

   Sasuke, ainda surpreso pela nova notícia, saiu da sala e caminhou por um tempo até chegar a uma porta de metal com uma placa onde estava escrito com letras grandes e vivas na cor vermelha: ‘Área Restrita’. Antes de passar seu crachá pelo decodificador, abri-la e logo após fechá-la atrás de si.

   Há quanto tempo sonhara em conhecer a misteriosa paciente do quarto cento e trinta e dois? Sempre escutou os comentários dos outros colegas de trabalho sobre ela nunca ter falado nada desde que entrara no hospício, já outros juravam ter a ouvido chorar ou gritar durante as madrugadas...

   Desde que entrara naquele hospício, a cerca de cinco anos quando tinha uns dezenove anos como estagiário, escuta rumores que ninguém, nunca, conseguiu fazê-la falar, se comunicar ou contar o que havia acontecido com ela para esta daquele jeito. E isso o fazia querer descobrir tudo a respeito daquela jovem tão misteriosa.

   Parou de andar ao ver uma porta grande na cor branca com o numero que agora não mais saia de sua cabeça, tal porta ficava no fim de um dos corredores mais medonhos que o jovem psiquiatra já vira naquele local.

   Virou a maçaneta com cuidado e abriu a porta tentando não fazer nem um barulho para não assustar a paciente.

   Ao entrar no local que há tantos anos sonhara entrar deu de cara com um quarto, um dos maiores que já vira no hospício, completamente branco e com pouca mobília: Uma cama de solteiro com lençóis brancos, uma cadeira de metal presa ao chão, um janela blindada e uma estante na cor branca acoplada na parede do lado esquerdo do quarto, onde havia um caderno, um lápis grafite e também alguns vestidos brancos.

  No lado direito da cama, mais precisamente no chão, ele viu uma jovem sentada abraçada as próprias pernas com o rosto escondido entre os joelhos deixando os longos cabelos azuis escuros espalharem-se pelas laterais de seu corpo magro e curvilíneo até chegarem ao chão frio do quarto.

   Caminhou ate à jovem e se abaixou a sua frente, levantou uma das mãos para acariciar as longas mechas azuis escuras, lisas e macias, que possuíam um leve odor natural de erva-doce que, instantaneamente, o acalmou e lhe deu uma sensação prazerosa de paz e harmonia.

   Lentamente ela levantou o rosto dando a visão mais bela e que o Uchiha já vira antes: Seus olhos e rosto. Seus olhos, raros com um brilho misterioso e melancólico, eram perolados, seu rosto, com feições delicadas e inocentes que podiam ser comparadas as de um anjo, estava levemente corado, possuía também uma boca carnuda e arroxeada que deu ao psiquiatra uma inexplicável vontade de beijá-la e descobrir seu sabor, que ele imaginava ser doce como o mel.

- Meu nome é Sasuke Uchiha e serei seu novo medico – informou sem adotar o costumeiro tom frio de antes, mais sim, um carinhoso e verdadeiro. Porque, mesmo não sabendo o real motivo, não queria a assustar...  Ele a viu abrir um sorriso miúdo e tímido, mais tão puro e gentil, que fez seu coração palpitar mais rápido.

   Apôs se levantar estendeu sua mão para ajudá-la, o simples toque da sua pele levemente bronzeada com a extremamente pálida dela lhe causou um tremor que percorreu todo seu corpo. Pode notar que os cabelos azuis escuros dela chegavam ate o fim da cintura.

   Depois de algum tempo olhando a sentada da beirada da cama movimentando os pés de uma maneira infantil e encarando algum porto do chão, que parecia muito interessante, lembro-se dos remédios que ela deveria tomar.

- Vou pegar seus remédios, volto daqui a alguns minutos – avisou já caminhando ate a porta e a abrindo pra sair, mais antes que pudesse completar o ato sentiu um corpo ser colado ao seu.

   Ela o estava abraçando. Mais por que ela estava fazendo isso? Perguntou-se o psiquiatra ”Talvez seja o medo do abandono” pensou antes de se virar e retribuir o abraço sentindo os seios fatos que ela possuía serem prensados contra seu peitoral bem definido, lhe causando uma sensação prazerosa que nunca imaginara sentir com apenas um simples ato como esse abraço.

- Eu voltarei logo –sussurrou ainda a abraçando- Prometo – depois de alguns segundos ela o libertou e voltou de cabeça baixa para sua cama, onde se sentou e retomou a atividade de antes: Balançar as pernas em um movimento de vai e vem.

   O jovem Uchiha saiu da sala ainda sentindo o calor que o corpo gélido daquela paciente lhe proporcionou... Suspirou pesadamente tentando esquecer o toque dos seios fartos que rosavam em sua pele por cima do fino jaleco branco, minutos atrás.

   Caminhou ate a área onde ficavam guardados os remédios e abriu a pasta que ainda trazia consigo, pegou os remédios que lá estavam indicados a ela e voltou ao quarto onde a encontrou do mesmo jeito que a havia deixado. Tão distraída que nem notou sua presença.

   Caminhou até ela e se sentou ao seu lado com os dois comprimidos lilases ao centro da sua palma que estava estendida a frente do rosto da Hinata.

- Pegue Hinata – pediu a ela, que imediatamente e sem protestar, pegou os dois comprimidos e os engoliu de uma vez só sem ajuda da água que ele também havia trazido ao parar em um corredor onde havia um bebedouro.

   Depois de fitar por um longo tempo as mãos, pequenas e delicadas, da sua paciente que se encontravam apertando o tecido do vestido de tecido leve e branco que usava voltou sua atenção ao rosto dela que se mantinha levemente corado desde seu encontro.

- Quer conversas? –perguntou calmamente, pois decidirá, pelo menos na presença dela, eliminar o tom frio de sua voz.

Ela meneou a cabaça em resposta negativa e a abaixou novamente.

- Não quer falar comigo? Não gosta de mim? É isso? – perguntou com certa magoa na voz, o motivo? Nem ele sabia ao certo.

   Dessa vez ela o olhou seriamente, diretamente nos olhos, como se lesse sua alma, e sorriu docemente antes de negar com o rosto rubro.

- Então você gosta de mim? – perguntou ainda com o mesmo sorriso fitando os olhos perolados a sua frente.

Hinata apenas confirmou e logo abaixou a cabeça em sinal de constrangimento.

- Esta com fome? – e sem esperar sua resposta saiu do quarto prometendo, mais uma vez, voltar logo.

   Ao chegar ao refeitório, ainda com um belo sorriso, encontrou com a Sakura, sua colega de trabalho, que se dizia apaixonada por ele e seu sorriso logo se desfez como se um balde de água fria tivesse sido jogado em seu rosto.

- Olá Sasuke-kun! –ela possuía cabelos róseos que não chegavam aos ombros, sua pele era branca e seus olhos podiam ser confundidos com duas esmeraldas.

Mais na opinião do jovem psiquiatra ela era a mais irritante mulher que habitava o planeta Terra! Mas já para outros de seus colegas de trabalho era a mais bela de todo aquele lugar... Já pra ele a mais bela era a paciente Hinata.

- Bem, já esta na hora do almoço... Porque não almoçamos juntos? –perguntou animada, ignorando totalmente o fato dele não ter a cumprimentado ao chegar.

- Não obrigada – agradeceu friamente pegando uma das bandejas onde havia o alimento dos pacientes e caminhar ate a saída.

- Mais Sasuke-kun... –sussurrou o vendo sumir pelo corredor escuro. Suspirou e foi pegar seu próprio alimento. Mais, afinal, porque ele sempre a tratava assim?

Sasuke já estava de volta ao quarto da jovem Hyuuga mais essa se encontrava dormindo. Ele colocou a bandeja na cadeira que lá havia e se sentou na beirada da cama apenas observando a feição tranqüila e angelical que ela adquiria ao dormir.

Milhares de perguntas surgiram na cabeça do Uchiha: “Porque ela esta aqui? Não aparenta ter nem um distúrbio como os demais pacientes dessa ala”. “Será que foi algum trauma? Ou talvez...” não, não fazia idéia do que poderia ter levado uma jovem tão calma e delicada a um dos hospícios de maior prestigio de todo o Japão. O Konohokage.

Ao vê-la agitar-se na cama se levantou e a fitou, ela suava e tremia com muita intensidade, uma hora ou outra podia ver lágrimas caírem dos cantos de seus raros e belos olhos.

Aproximou-se com cautela e há balançou um pouco ate ela acordar em um sobressalto e se jogar nos braços dele chorando e soluçando sem parar. O deixando cada vez mais intrigado e preocupado com o estado em que ela se encontrava.

- O que aconteceu? –perguntou sentindo ela ainda tremer e chorar em seus braços. – Foi um pesadelo? Um sonho ruim? –perguntou novamente recebendo apenas uma confirmação dela por meio de um gesto com a cabeça. Ele não sabia o que fazer para que ela parasse de chorar e lhe explicasse o que estava acontecendo...

- Eu prometo não lhe deixar mais sozinha... –murmurou inconsciente dos poderes que aquelas palavras causaram a jovem Hyuuga que, quase instantaneamente, parou de chorar e o encarou com os olhos levemente avermelhados e inchados por conta do choro.

Ela perecia tão frágil e fraca ali, em seus braços ainda levemente tremula o encarando, que Sasuke sentiu uma vontade imensa de proteger aquele tão frágil e angelical ser que Hinata agora representava para ele. A abraçou com mais força, querendo que ela soubesse que ele estava ali: A protegendo de quem ou o que a atormentara no mundo dos sonhos.

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