Sabe quando tudo o que você mais quer esta na sua frente, mas não sabe o que fazer ou dizer? É assim que me sinto olhando-a.

            Três anos, oito meses e 16 dias foi quando a vi pela última vez. Com os olhos cheios de lagrimas e tristes entrando no avião rumo ao Brasil. Pela forma como havia ido embora, achei que jamais haveria novamente. Era como se minha vida tivesse acabado no dia em que ela partiu.  A música foi a única válvula de escape que encontrei para continuar vivendo e amando-a também.

            Quando soube que ela voltaria, meu coração voltou a bater com força total. A ansiedade e o nervosismo tomaram conta de mim e os dias começaram a passar cada vez mais devagar, principalmente quando discutia com a Giullia, era como se as horas se arrastassem vagarosamente. E não foi diferente hoje. Por que seria não é?

            Giullia havia chegado cedo à minha casa, dizendo que havia preparado um piquenique. Só poderia estar louca. Como ela inventa um piquenique, sem me avisar e ainda mais hoje? Não agüentei o cinismo dela e começamos a brigar novamente e pelo mesmo motivo: Alessa Tredesci.

            Gosto muito da Giullia, mas não é ela quem amo. Durante todo esse tempo, sempre tentei amá-la como mulher, mas todas as minhas tentativas foram em vão. Quando começamos a namorar ela sabia muito bem quem sempre amei. Ela pediu para, que lhe desse uma chance e outra para mim. Apenas concordei, pois ela sempre foi uma ótima amiga. Sempre esteve ao meu lado quando precisei, até o dia em que começamos a namorar.

            Ela havia mudado drasticamente a forma de ser. Não era mais a minha ‘’nariguda’’. Luca vivia dizendo, que ela não era a pessoa que eu pensava ser, nunca quis acreditar nisso. Só passei a crer, quando começou a ter crises de ciúmes sem motivos e também a ser fútil e mesquinha.

            Vivíamos brigando. Uma vez terminei nosso relacionamento e ela tentou se matar. Fiquei desesperado com a reação dela e acabamos retornando, mesmo que todos dissessem para que não o fizesse. Sentia-me culpado com a situação dela e não queria vê-la novamente no leito de um hospital por minha causa.

            Quando paramos de brigar, percebi que não havia mais ninguém em casa. Mamma tinha deixado um bilhete dizendo que ia para a casa dos Tredesci junco com o pappa e Luca havia ido para o aeroporto com Walter buscar o pessoal, era para Io ter ido junto com eles. Giullia sorria como se tivesse acabado de ganhar uma guerra. Ela tava começando a me dar medo. Mesmo assim, não deixei que saísse vitoriosa. Sai rumo à casa dos Tredesci, já que não fui ao aeroporto iria esperá-los em casa, com ela em meu encalço.

            Quando cheguei não demorou muito para o Luca e os outros chegarem, fiquei como o coração na mão esperando-a passar pela porta de entrada, mas nada dela aparecer. Então resolvi escutar o que estavam dizendo na sala.

            - Dio Santo! Walter é melhor você retirar logo esses sapatos – falou uma mulher loura na casa dos cinquenta anos.

            - Mamma! Non sono solo sapatos, mais as calças também é o que lui dev e retirar. La ragazza acertou o chão perfeitamente na hora de vomitare, non foi Walter? – um rapaz loiro com seus vinte e poucos anos.

            - Madona Santa! – a garota que havia chegado juntamente com o loiro – Luca! Te está muito insuportável, sabia? – zangada – O que foi que aconteceu, heim? E dá perfavore para parar com as suas gracinhas estúpidas? Perché a Lara não quis de forma alguma vomitar no Walter – aos berros.

            - Non aconteceu nada mia cara, Ketrynni. – mudando o tom da voz – E quem está insuportável é você, que esta se zangando com qualquer coisa.

            - O que aconteceu? Onde está a Alessa e o Vincenzo? – intrigado.

            - Oi Diego!

            - Oi Keth! E ai o que houve?

            - Il nostra amica non è andato bene durante il volo, è venuto agettare in cima al vostro amico quando siamo andati giù e poisvenne. Il personale dell'aeroporto ha deciso di portarla alla clinica, il Alessa e Vincenzo erano con lei, e presto ci deve esserein arrivo.[1]

O quê? Mas quem é esse cara? E que diabos de sorrisinho irônico é esse dele? Que garota é essa que vomitou no Walter? – foi isso que aconteceu com as roupas dele?

- Bom para quem não estava no aeroporto esse aqui é o Rodrigo, e acho que ele já te explicou o que houve Diego.

É explicou Ketrynni, mas não entendi muito bem. Mas isso não importava muito, só queria que aquela garota melhorasse logo, para finalmente vê a Alessa, após tantos anos.

Depois de umas duas horas, ouvi o grito de Ketrynni dizendo que eles haviam chegado. Meu coração disparou ao mesmo tempo em que a ouvi, era como se aquele momento estivesse ocorrendo em câmera lenta.

A vi entrar juntamente com uma menina loira, sendo seguida por Vincenzo, que como sempre estava de forma protetora. Todos foram cumprimentá-los, primeiramente Keth e o tal Rodrigo, quando eles saíram da frente consegui finalmente vê-la e ela estava mais linda do que nunca, mesmo que estivesse estática como uma estátua de cera. Percebi que não havia sido apenas eu que reparara na reação dela, parecia que a garota ao lado dela também, pois havia pegado na mão de Alessa e depois olhou para onde eu estava. Não era para mim, mas para algo ou alguém que se encontrava logo mais atrás. Não sei o que ou quem era, pois a única pessoa presente ali naquela sala para mim era exclusivamente ela – Alessa.

Sempre imaginei como o que diria a ela quando nos reencontrássemos, mas vendo-a ali na minha frente, não me lembro de nada e a única coisa que consigo pronunciar agora é:

- Ciao Alessa!

[1] Nossa amiga não passou bem durante o voo, chegou até a vomitar em cima do teu amigo quando descemos e depois desmaiou. O pessoal do aeroporto resolveu levá-la ao posto médico, a Alessa e o Vincenzo ficaram com ela, mas daqui a pouco já devem estar chegando.