Amizade – sentimento de companheirismo ou coleguismo que temos por outra pessoa, seja ela do mesmo sexo ou não.

O que caracteriza uma amizade verdadeira?

União entre duas ou mais pessoas? Trocas de confidencias? Convivência compartilhada desde a infância, adolescência ou a partir da fase adulta? Sentimentos únicos trocados entre si? Momentos difíceis e amistosos compartilhados juntos um apoiando o outro?

Eu achava que todas essas coisas juntas formavam uma amizade verdadeira e que tinha amigos de verdade, mas depois do que aconteceu vejo que estava enganada e havia sido ingênua mais uma vez, só que era a última...

Éramos cinco amigos, os “super fantásticos” como as pessoas nos chamavam: Rodrigo – o bad-boy do grupo, os gêmeos Tredesci – Vincenzo e Alessa – Ketrynni – a deslocada e eu a tímida e ingênua Lara.

Sempre nos falávamos mesmo quando os gêmeos e Ket estavam na Itália, os pais deles eram italianos, tirando a mãe do Vincenzo e da Alessa que é brasileira como eu e o Rodrigo, foi através dela que nos tornamos amigos quando tínhamos entre oito e dez anos nas férias de final de ano na praia.

No começo via apenas o Rodrigo e os outros só nas férias quando vinham para o Brasil, até quando eles se mudaram para o país por conta dos negócios das famílias. Não tinha muitos amigos, mas quando eles se mudaram senti-me completamente feliz, pois pensava que nada e nem ninguém no mundo iria destruir a nossa amizade, principalmente a minha com a Alessa. Entre todos ali na que mais confiava era nela. Ela sabia de tudo da minha vida. Brincávamos até que ela era meu diário ambulante... como estava enganada meu Deus...

Alguns anos depois os Tredesci voltaram para a Itália, um golpe dado no estomago de todos nós. Não queríamos de forma alguma nos separar principalmente eu e Alessa, fizemos tudo para que ela ficasse, mas nada resolveu e eles foram embora, prometemos continuar amigas, mesmos com o oceano entre nós. Dois anos depois para a surpresa de todos Alessa, Vincenzo e D. Margarida - a mãe deles - voltaram para o país dizendo que era para ficar. Ela e o Sr. Carlo, haviam se separado e mesmo que os filhos fossem italianos e a justiça desse a guarda a ele era ela quem iria cuidar deles.

Nenhum deles comentou nada sobre o motivo da separação. Alessa apenas chorava e Vincenzo tentava acalmá-la de todas as formas, junto comigo. Ele era o porto seguro da família. Com o tempo ela conseguiu superar a separação dos pais, mas não era a mesma, da mesma forma como não queria voltar para a Itália.

Quando decidimos qual curso e universidade iríamos fazer, Ketrynni resolveu vir morar no Brasil, assim nos reunimos novamente os “super fantásticos”. Fazíamos cursos diferentes, mas sempre andávamos juntos. Estávamos no primeiro ano da universidade quando o avô dos Tredesci resolveu obrigá-los á passar o Ano Novo com ele na Itália, eles estavam completamente revoltados com isso, principalmente Alessa.

- Quem ele pensa que é para nos obrigar a fazer algo que não queremos? – falava a menor garota do grupo, indignada subindo as escadas sem desviar das pessoas que a desciam, como os outros estavam fazendo.

- Nosso Nono! – falou o garoto mais alto, que parecia estar cansado daquela conversa.

- Nosso? – ela para olhando feio para o irmão – Só se for seu Vincenzo, porque meu aquele vecchio não é niente. Niente! – se jogando em uma cadeira na mesa que só foi ocupada por ela e pelas coisas dos amigos.

- Não entendo toda essa raiva. Vocês só vão passar o Ano Novo, Alê e pronto.

- Até parece que é só o Ano Novo, Rodrigo. – fazendo aspas no ar enquanto diz Ano Novo e revirando os olhos.

- Vai querer o quê? – Vincenzo pergunta ao pé do balcão da lanchonete para a irmã.

- Suco de cajá e pastel de queijo com presunto e outro de carne.

- O que você quer dizer com esse até parece, Alê?

- Simples Lara, o Sign. Tredesci mandou que a Alessa e o Vincenzo viagem para Verona, assim que as nossas aulas acabar. Sendo que eles terão que passar todas as férias lá com ele. – a outra garota do grupo falou enquanto se sentava ao lado de Alessa e Lara que acabara de se sentar também.

- Que maluquice é essa, Ket?

- Infelizmente não é maluquice, Rodrigo – apoiando à cabeça sobre os braços cruzados em cima da mesa. – Por que você acha que estou dessa forma?

- Ele não pode obrigá-los a fazerem isso.

- Pode sim, Rodrigo. – Vincenzo, fala colocando o lanche de Alessa na mesa e indo se sentar. – A loja da mãe está bem, mas mesmo assim ainda dependemos do dinheiro que ele nos manda e sem ele... não temos condições de estarmos lanchando com vocês e Alessa comendo dois pasteis de uma só vez.

- Quer dizer então que ele ameaçou tirar a mesada?

- Hmmm!

- O Vecchio Tredesci enlouqueceu de vez – Ketrynni fala mordendo a coxinha de frango que havia escolhido.

- Espera ainda! – Lara totalmente intrigada – Se for assim o nosso plano de irmos passar as férias em Londres com a Deb e o Rick vai por água abaixo?

- Hmmm!

- Não! Isso não é justo. – batendo na mesa com força.

- Gente, passar as férias em Londres pode ter minguado, mas não passar as férias juntos como sempre fazemos.

- Como assim, Rodrigo? – Alessa levanta finalmente a cabeça da mesa.

- Minha Cara Alessa, – com um sorriso sedutor nos lábios – em vez de irmos para Londres vamos a Verona.

- O quê?

- Deixa ele terminar, Lara. – Alessa com os olhos brilhando.

- Ainda não compramos as passagens, apenas as reservamos. Então cancelamos a reserva e fazemos outra só que com destino a Verona e não mais Londres. Ligamos para a Deb e o Rick e dizemos para eles nos encontrar na Itália. Só que em vez de irmos todos juntos, Lara e eu iremos depois do Natal, porque temos que passar com as nossas famílias. – piscando o olho para os amigos

- Vocês fariam isso? – Vincenzo surpreso – Londres é o sonho de vocês.

- A nossa amizade vale mais do que um sonho, Vincenzo.

- Exato Lara e outra, estando em Verona, vocês acham mesmo que não conseguiremos dar um pulo em Londres? – levando o canudo do suco à boca, e ainda olhando sedutoramente para Alessa que continuava com um olhar de  encantamento, com a solução que ele dava.

- Não! – todos rindo.

- Ah! Posso cuidar para todos irmos juntos exceto a Ket, que já vai ter que estar lá.

- Como?

- Convenço o Vecchio numa boa a nos deixar ir apenas depois do Natal, até porque também quero passá-lo com a mãe.

- Due!

- Bom de qualquer forma, já vou estar mesmo aguardando vocês lá.

- Ok! Agora me deu até fome. – começando a comer um dos pasteis – Pedi mais pastel para mim, Vincenzo. – com a boca cheia.

- Por que, você não pede?

- Porque você tem que obedecer a sua irmã mais velha.

- Nossa mais velha 30 segundos.

- São 30 segundos que tiraram todo o tamanho dela – fazendo todos rirem.

- Cala a boca, Rodrigo! – atirando um pedaço de pastel nele.

- Te amo! – ainda rindo e jogando um beijo para a amiga.

            Aquela ia ser nossa primeira viajem internacional juntos, mas não era a que queríamos. Mesmo assim, íamos dar um jeito de irmos a Londres antes das férias acabarem.

            Londres sempre foi nosso fascínio, desde crianças. Quando nos formamos na escola, optamos por não termos festa e sim guardar o dinheiro que gastaríamos com ela, para passarmos as primeiras férias de final de ano da universidade lá. Tínhamos preparado tudo com todo o cuidado, ficaríamos hospedados na casa do Henrique e da Débora, primos da Alessa e do Vincenzo. Ele morava lá há dois anos e a Déb irmã dele, havia ido fazer uma especialização em moda á uns seis meses lá e agora os dois dividiam a casa.

            Henrique e Débora são gêmeos também como o Vincenzo e a Alessa. É meio que comum nascerem gêmeos, na família da D. Margarida, tipo para quatro mulheres que ficam grávidas uma está de univitelinos ou bivitelinos.

            Quando nossas aulas acabaram, Ketrynni viajou logo em seguida, ela ia se encontrar com os pais em Portugal. Eu e o restante do grupo continuamos no Brasil. Como Alessa prometeu, ela conseguiu convencer o avô, de irmos para Romeu e Julieta City só depois do Natal. Então resolvemos passar alguns dias na praia, lá descobrimos que Rick e Déb não iriam passar o Ano Novo conosco em Verona, eles estavam vindo para o Brasil. Rodrigo e eu não entendemos muito bem os motivos, era como se os Gêmeos estivessem escondendo algo de nós.