Quando a maioria dos campistas já tinha ido se recolher, Alice deixou Lilo com as filhas e filhos de Demeter para que se conhecessem melhor.

Voltou para o lugar em que havia falado com o pai e “criou” outro arco-íris e repetiu o que havia feito da outra vez.

-Oi Al, tudo bem querida?- sorriu o pai.

- Como assim cada um deles tem uma mãe?- disse ela entre dentes.

-Hamn... Do que esta falando filha?- riu nervosamente.

-Ele é filho de Athena e ela de Demeter. PAI!

-Filha... Eu era jovem, fazia o que dava na telha. Não era casado, não era comprometido.

-Com quantas outras mulheres você dormiu? Tem mais algum irmão que a gente não conheça? Tem outro semideus na família?

- Hoje eu não dormi com ninguém e

-HOJE? E o resto da sua vida?

-Respeito menina. Não quero entrar em números. E não, não tenho mais filhos. Só vocês três. Eles gostaram?

-Rob sim. Lilo não entende direito. As meninas gostam dela.

O pai sorriu. Ela também. Um barulho as suas costas. Mas ela não ligou. Já estava acostumada com barulhos. Possivelmente deveria ser um animal.

- Acho melhor ela voltar.

-Eu não sei cuidar dela. E alem do mais, você é como uma mãe para ela. Ela não te deixaria.

-Mas ela pode se ferir aqui.

-Mas ai vocês tem quem cuide dela. As filhas de Afrodite e Demeter não fazem quase nada, não é verdade?!

-é.

-Elas cuidam dela quando você não puder. E eu falei com o diretor, ele também cuidara dela, ela é responsabilidade dele tecnicamente. E aqui ela morria de fome.

Alice sorriu tristemente. Era verdade. O pai passava o dia inteiro fora. Era ela quem fazia o papel de adulta na casa, mesmo ela não sabendo fazer direito. Era filha de Hermes. Não era o tipo adulta. Era do tipo dissimulada, astuta, agitada, ágil, inteligente. Na escola tinha só amigos. As meninas não gostavam dela, pois os garotos estavam sempre com ela. Se elas soubessem que ela era vista como um pia também...

-Al, eles ficaram bem. Eu sei que você não quer ficar cuidando dela o tempo todo. Você sempre passa as férias ai para se livrar dessa pressão, mas tente. Não tem de ser o tempo todo.

-Pai... -ela iria começar a chorar. Não queria que o pai a visse chorando. Não gostava de parecer fraca, sensível. Ainda mais por um motivo tão idiota. Chorar porque não quer ser babá- Acho melhor eu ir. Daqui a pouco as harpias vão sair para fazer a ronda.

- Tudo bem filha. Eu te amo.

-Te amo também pai.

Quando a imagem sumiu, ela começou a chorar. Chorar muito. Ela queria gritar, espernear, se jogar no chão. Mas não podia. Não ali. Ela não entendia o porquê de estar chorando. Na verdade, no fundo ela sabia. Não queria a irmã menor nesse mundo dela ta cedo. Queria que a mãe que a rejeitara ao saber da verdade estivesse ali. Ela sentou. Ela também estava com ciúmes. Aquele acampamento era dela. Sem os irmãos mais novos roubando a atenção como sempre. Ninguém se importara com o fato de ela ter derrotado um cão infernal sozinha nem com o ferimento no braço. Ela era filha de Hermes. Ela deveria ser animada, como Connor e Travis. Mas não era. Ela deveria ser forte. Mas não era. Ela deveria estar rodeada de gente, como os irmãos estavam neste exato momento. Mas não estava. Ela estava sozinha. Como sempre. Não que fosse diferente essa sensação em casa ou no acampamento. Mas no acampamento ela tinha com o que encher a cabeça.

Outro barulho.

-Quem está ai?-indagou.

Ninguém respondeu.

Ela levantou num pulo, retirou a espada da bainha e, num rápido movimento, agarrou alguém que estava nas sombras e o imobilizou.

-Quem  é voce?

-AI!UI! Nico.AI!