Abismo Neurótico escrita por Dood


Capítulo 7
VII




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VII

Após a descoberta de que seus entes queridos existem de fato no mundo real, William passou semanas pondo em prática a técnica de reviver suas lembranças que Oliver lhe ensinara. Já estava habituado a ter esses devaneios. De fato, ele agora já seria considerado louco pela sociedade. O mundo real se tornava cada vez mais sombrio e melancólico, enquanto em seu subconsciente ele revivia os melhores momentos de sua vida perdida. Mas ele sabia que se ficasse muito tempo em seus devaneios, não saberia mais distinguir a fantasia da realidade e se tornaria igual aos outros internos. Essa era a única diferença entre eles.

Depois de sair de um típico devaneio, onde estava em uma festa com os amigos da faculdade, William retorna à consciência para a dura realidade do mórbido hospício.

- Hora do banho, seus doentes! – gritava a funcionária gorda e cruel, que parecia divertisse em judiar daquelas pobres pessoas.

As suas fugas para dentro de si mesmo eram a única forma de escapar das atrocidades cometidas naquele lugar.

- Vai tomar no cu sua gorda filha da puta! – gritava um interno enquanto a mulher corria em sua direção, atingindo posteriormente com uma arma de choque bem na cabeça.

Brigas entre internos e funcionários, xingamentos de todos os tipos e choques na cabeça seguido de solitária para os maus comportados, já eram rotina em sua nova vida, coisas que ele preferia ficar bem longe. Enquanto tinha uma maneira de se desligar dessa realidade, estava tudo bem para ele. Mas em meio a tudo isso, algo do seu passado parecia estar lhe visitando novamente.

“- Esse cheiro... É muito familiar...” – ele pensa enquanto procura com o nariz de onde vinha tal lembrança. “– É um perfume... Por que esse cheiro me traz algo amargo...?” – ao virar-se de costas William descobre o dono desse misterioso cheiro... – SR. DAMASCO?! O que você faz aqui seu desgraçado?!

Damasco apenas encara William com um sorriso sarcástico em seu rosto.

- Você matou minha mãe seu miserável!!! – ao proferir tais palavras, William corre em sua direção e acerta um soco bem no meio de sua face.

- Garoto... Vou retalhar o seu rosto assim como fiz com sua mãe! – fala Damasco sacando uma faca enferrujada, mas bastante amolada.

- Brigaaaaaa!!! – exclama um dos internos ao ver a cena, atraindo um monte de curiosos.

- Você me lembra sua mãe antes de eu matá-la... – afirma Damasco ao ver o corpo trêmulo e a face assustada de William. – Ela tremia como um peixe fora da água e me olhava com olhos assustados enquanto eu rasgava seu pescoço! – a risada de Damasco após sua fala, foi o suficiente para William partir em sua direção.

- Você merece morrer seu monstro miserável! – William pega uma pedra do chão e tenta atingir a cabeça de Damasco, mas o sangue que espirra na grama frígida do pátio não é o seu.

William cai de joelhos no chão enquanto pressiona com força o ferimento que acabara de ganhar em seu braço.

“- Meu Deus... Eu não posso morrer assim... Não nesse estado...” – pondera William.

- William está brigando com o Ernesto no pátio! Tá uma briga feia! Parece que um deles tem uma espada em mãos! – grita um interno para os demais que estavam no refeitório, entre eles estava Oliver, que correu insanamente até o pátio torcendo para que aquilo não fosse verdade.

- William!!! O que significa isso?! Está maluco?! Brigar com o Ernesto?! – exalta Oliver ao se deparar com os dois no meio de uma multidão de internos que incitavam ainda mais a briga.

- É, acho que agora eu estou definitivamente louco! Mas esse é o desgraçado que matou minha mãe e desgraçou a minha vida! E eu vou matá-lo custe o que custar! – profere o garoto com seus olhos encharcados de ódio.

William corre e chuta a mão de Damasco que empunhava a faca, a deixando cair no chão e logo em seguida os dois se agarram no chão proferindo vários golpes um no outro.

- Me escuta William! Esse não é quem você pensa que é! É o Ernesto! O interno mais perigoso daqui! O estuprador e assassino de criancinhas! – tenta Oliver desesperadamente alertar William para a realidade. – A pessoa que você está vendo é só mais uma projeção de seu subconsciente! Tente perceber isso!

- Não dê ouvidos a esse louco, garoto! Eu estou aqui e vou te matar! – exclama Damasco enquanto aperta violentamente o pescoço de William no chão.

“– Desculpe-me Oliver, mas eu tenho que matar esse homem” – exclama William para si mesmo enquanto estica um de seus braços para pegar a faca que está bem ao seu lado.

“– Eu tenho que ajudar ele...” – afirma Oliver para si indo em direção a briga. Porém, alguém já acabava de chegar para oferecer ajuda.

- Solte o recruta seu nazista dos infernos! – exaltava o velho veterano com a faca que acabara de pegar no chão, empunhada em suas mãos.

- Não se meta velho! – Ernesto dá um soco no joelho do velho, que se contorce de dor no chão segurando sua perna que acabara de dobrar para frente. – Velho idiota! Já passou da hora de sua morte! – o homem empunha a faca e apunhala e barriga do pobre velho. Em meio aos seus gritos agonizantes, ele desliza a faca lentamente, estripando o pobre coitado e colorindo de vermelho a grama daquele chão.

- Você vai sofrer insanamente por isso seu doente!!! – grita um dos funcionários ao eletrocutar a cabeça de Ernesto.

- E quanto a você garoto... Vai apodrecer na solitária assim como ele!

O rosto de Oliver desesperado tentando ajudá-lo é a última coisa que William enxerga antes de levar um choque violento em sua cabeça...


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