Nada Que Você Pensou escrita por Mari Araújo


Capítulo 15
Capítulo 14 – Azar, raiva & bipolaridade


Notas iniciais do capítulo

Oooi, povo!! Quem gostou da capa nova?? *-* Tá bom que eu não sou a melhor pessoa do mundo no PhotoScape (é, eu usei o PhotoScape, rsrs.), mas ficou beeeeeeeeeem melhor que aquela capa sem graça, né? u_u
Afins... Vamos ao cap, e não esqueçam (#PELOAMORDEDEEEEEEEUS) dos reviews, certo? *-*



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Capítulo 14 – Azar, raiva & bipolaridade

Pov. Mary

Abri os olhos mais devagar do que em toda a minha vida, com uma dor de cabeça pior do que mil agulhas (só que na cabeça), e com uma fraqueza quase imbatível me dominando. É, eu sei. Devia ter tomado café e blá, blá, blá. Poupem-me, eu estou quase incapacitada! Ok, não precisa tanto, isso só é o draminha diário. Juntei as forças que ainda restaram (se é que restou alguma força aqui) e sentei, observando calmamente a enfermaria ao meu redor. Não era lá essas coisas, mas dava pro gasto. Só havia eu naquela sala, bom, pelo menos foi o que pensei...

- Oi. – um sussurro perto do meu ouvido me fez pular. Virei-me e encarei um Dan encostado na parede com um mísero sorriso.

- Oi... Não devia estar querendo acabar com a minha raça? – arqueei a sobrancelha e ele riu, olhando para o chão e voltando-se para mim.

- Por que eu iria querer isso? Vim ver se estava melhor. – explicou-se e olhei para minhas mãos.

- Ah. Sim, estou bem agora. Um pouco fraca, mas estou bem. – garanti e ele sorriu, desencostando-se da parede.

- Bom, então eu vou indo. – assim que ele se virou, pensei que eu podia me redimir naquela hora. E levantei. Cambaleante, me apoiando nas coisas antes que pudesse cair, mas isso quase aconteceu. Sem querer tropecei em meu próprios pés [N/A: E isso é uma proeza que eu já consegui realizar um monte de vezes \õ/] e, se ele não tivesse me segurado rapidamente, eu ia, de novo, de encontro ao chão. Sorri de lado.

- Hã... Obrigada. De novo. – disse enquanto me equilibrava e voltava a sentar na cama.

- De nada. – disse ele rindo. – Você é atrapalhada demais para uma garota de 16 anos.

- Nem tanto.  – fiz uma careta. “Ok, pare de rir e peça desculpas. AGORA!” berrou a consciência. E estava certa, como sempre. O silêncio instalou-se entre nós e vi que era o momento certo. – Ér... Dan.

- Sim? – olhou para mim, já que antes olhava para o chão.

- Me desculpe. – ele fez uma cara de ponto de interrogação.

- Pelo quê, exatamente? – lógico que ele sabia do que se tratava. Mas queria ouvir de mim, só de mim. Fiz uma cara feia, meio de dor, meio de receio.

- Dan... Não me faça falar. Por favor. Não quero te magoar ainda mais. – baixei a cabeça.

- Ei, Mah, olhe para mim. – neguei com um aceno, mas segurou meu queixo, me fazendo encará-lo. Ele suspirou e me deu um abraço, beijando o topo da minha cabeça. – Sabe que eu gosto de você. Mais do que possa imaginar. Mas não precisa se sentir culpada pelo que aconteceu ontem. Eu não fiquei chateado... – interrompi-o.

- Aham, sei. E por que não quis falar comigo? – falei dengosa. É, eu sei ser irritante quando quero. Ele riu.

- Achei que você não me queria ver nem pintado de ouro. Mas você sabe que não fiz por mal. É que...

- Shhh. Não precisa se explicar e muito menos se desculpar. Eu te entendo.

- Obrigado. Mas sabe que não vou desistir tão fácil assim, né? – ele sorriu quando nos afastamos.

- Não quero que desista. Só... Deixe as coisas tomarem o rumo certo. – sorri e ele assentiu. Me deu mais um abraço e estava perto da porta quando disse:

- Espero ficar com você no baile. – sorriu e saiu.

- Baile? Mais que baile? Dan! Volta aqui! – berrei, levantando-me rapidamente. Assim que saí da enfermaria, percebi que o sinal já havia tocado há tempos. Por quê? Porque não tinha absolutamente ninguém nos corredores e muito menos nas salas. Corri até o vestiário, onde tirei aquele pedaço de pano, coloquei minha roupa e peguei minha mochila, correndo desengonçada pelo corredor. Não havia ninguém nos jardins, ninguém tirando os jogadores do time de futebol, que estavam jogando no campo. Dei meia volta e fui em direção ao meu carro, dando a partida e indo direto pra casa. Com certeza alguém vai ter que me explicar sobre esse baile. Entrei em casa e corri para o meu quarto, abrindo a janela e chamando por Su, que pintava as unhas calmamente em sua cama.

- Su! – chamei e ela veio até a janela com um sorriso.

- Oi, Mah adormecida. – revirei os olhos com o apelido ridículo e ela riu. – O que foi? Pra quê todo esse fuzuê? – se debruçou na janela, assim como eu.

- Que negócio é esse que tem um baile? – ela sorriu.

- Ninguém te contou? – fiz cara de óbvia.

- Se eu tô perguntando, é CLARO que ninguém me contou, né. – ela fez careta e puxou a cadeira do computador para se sentar, fiz o mesmo.

- O baile é uma festinha de vários temas diferentes que acontecem a cada semestre terminado, no caso, são só dois bailes por ano. Como esse semestre já está acabando, vai ter um baile daqui á duas semanas. – eu ouvia atentamente. – E o tema desse baile é Glam.

- Hã?

- Ah, Glam é um nome mais legal pra Gala. – sorriu e eu revirei os olhos. – Enfim. O baile é bem legal, a não ser a parte que os casais são sorteados. Mas, fora isso, tudo tranquilo.

- O QUÊ? SORTEADOS? Como assim? – berrei.

- Isso mesmo que você ouviu, sorteados. S-O-R-T-E-A-D-O-S! E torça bastante para não ficar com um cara nojento, feio, ridículo e ainda por cima burro... Eca! – ela disse como se já tivesse passado por essa humilhação.

- Já passou por isso, Su? – dei um sorriso zombeteiro e ela assentiu mostrando a língua. Caí na risada. – Pode deixar que eu não vou parar de torcer. – cruzei os dedos.

- O sorteio dos casais vai ser amanhã. Fico impressionada que ninguém tenha ao menos comentado com você sobre isso. – disse enquanto serrava as unhas.

- É. Eu também. – levantei e fui tomar um banho. Do jeito que eu sou super sortuda, coisa boa não deve sair nesse sorteio. Definitivamente.

#Quinta-feira, hora do intervalo/sorteio...#

Todos estavam ansiosos pelo sorteio, esperavam pela diretora conversando animadamente. Dan estava do meu lado direito e Su do esquerdo. Eu nem queria saber com quem eu ficaria. Meu Deus, e se fosse o cara que a Su havia falado?! Argh! Nem a SU merece isso, e olhe que ela merece muita coisa! A diretora entrou no refeitório e começou o burburinho de “Ai, com quem será que eu vou ficar?” e “Espero que não seja com fulana.”. Ela subiu num palco improvisado no centro do refeitório com duas urnas nas mãos, uma com o desenho de uma boneca (de palitinho, só que rosa), e de um boneco (do mesmo jeito).

- Bom, alunos, como vocês já sabem o baile antes do recesso acontecerá daqui a duas semanas e os casais serão sorteados assim como todos os anos. – disse ela balançando as caixas de um lado para o outro, como se fossem segredo de estado. Tá, exagerei um pouquinho, mas esquece. – Portanto, quero que esqueçam suas diferenças e sejam amigáveis com seu parceiro. – (eu ainda não sabia, mas provavelmente aquilo era uma indireta.). – Vamos começar. – ela remexeu as mãos nas urnas, e o professor de Biologia veio ajudá-la. – Roberta Williams e Luke Turner. – todos que estavam na mesa viram Tiago tremer de raiva e Beta murmurar um baixo “Fica calmo”, segurando seu braço e beijando sua bochecha. Não que Luke fosse ‘roubar’ Beta dele, ele nunca faria isso, diferente de UNS E OUTROS por aí; mas todos sabiam o quanto Ti era ciumento. Eu, mesmo sem querer, balançava o pé nervosamente debaixo da mesa. – Karina Hitler e Daniel Lopez. – todos da mesa riram da cara de Dan, que revirou os olhos. Apenas nós estávamos rindo no silêncio do refeitório, que concentrava-se todo em nós. A diretora pigarreou, e todos se calaram. – Posso prosseguir? – assentimos com sorrisos disfarçados e ela continuou lendo os papéis.

- Eu sinto muito, Dan. – sussurrei com um meio sorriso.

- Tudo bem. Não estou muito preocupado com Karina, é só que... Eu não queria ir com ela, você sabe. – assenti, meio sem graça, e olhei para frente, murmurando de lado para ele:

- Te desejo muita, muita sorte mesmo. – ele riu.

- OK, obrigado, sei que vou precisar. – concordei com uma cara de desesperada e ele riu mais ainda. Calamos a boca quando Su bateu em meu braço levemente, prestando bastante atenção na diretora, quase que hipnotizada.

- Shhh vocês dois, quero saber com quem vou ficar! Todos sentimos muito pelo Dan, mas não é hora de conversarmos! – nos entreolhamos e rimos mais uma vez, voltando a prestar atenção na Sra. Baker.

- Pietro Allen e Susanne Thompson. – disse ela sorrindo. Eu ri muito internamente, minha amiga louca com o meu irmão burrinho?! Wow, isso seria divertido. Muy divertido. Eles se olharam e sorriram discretamente, voltando a prestar atenção na diretora. Ou nem tanto. – Ellen Green e Bryan Hill. – e assim prosseguiram-se muitos e muitos casais. Alguns fofos, outros estranhos, e alguns até bizarros! Da nossa mesa, ficou assim: Su e Pietro, Tiago e Lola (ain, tadinho), Amy e o tal de Ben (ela ficou bem feliz por isso), Dan e argh, Karina; Beta e Luke, Bryan e Ellen, Chris e Nick e eu, a solitária para sempre, ainda estava sola. Bom, mas já dizia o velho ditado (se é que isso é um ditado): antes só do que mal acompanhada. E essa frase encaixava-se perfeitamente no meu caso! Afinal, eu nem sabia mesmo se ia para esse baile. Tenho coisas muito mais importantes para fazer. Só não sei o que, mas tenho. – Mary Allen e... – CARAMBA, eu devia estar parecendo uma macumbeira de tanto rezar, só faltava cair de joelhos no chão e implorar para... – Dylan Carter. – NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃO! MENTIRA, EU DEVO ESTAR SONHANDO OU ESCUTANDO COISAS, DIZ QUE EU NÃO OUVI ISSO PELO AMOR DE DEUS!

- Diz que eu não escutei isso! – eu disse com raiva para Su. Ela sacudiu os ombros, como se dissesse “Lamento muito, mas é a vida!” e eu inclinei a cabeça para trás, cobrindo meu rosto com as mãos. Todos da mesa olhavam para mim. – Droga, o que eu fiz pra merecer isso, Deus?!Tá tirando uma com a minha cara? Deve tá escrito na minha testa “Feita para ser castigada”, né? Eu atirei pedra na cruz ou o quê? Eu juro que paro de chamar meu irmão de retardado, mas não faz isso comigo! – disse comigo mesma e bufei, levantando com raiva e passando pela porta do refeitório sozinha, com todos os olhares em minhas costas. Percebi que Su veio atrás de mim e ainda pude escutar o comentário INFELIZ da diretora.

- Parece que nem todos ficaram satisfeitos com seus parceiros. – e deu uma risadinha. Minha vontade era de agarrar na gola daquele IMBECIL com quem eu fiquei e cortá-lo em mil e um pedacinhos só para não precisar tocar na mãozinha dele nessa droga de baile. Saí batendo pé e nem ao menos esperei por Su, mas ela me alcançou e me parou.

- Hey, hey, hey, esquentadinha! Calma aí! Pra quê toda essa raiva? É só um baile! – ela disse quando eu me virei, cruzando os braços e com cara de poucos amigos.

- É, só que acontece que você gostou do seu parceiro, e eu detestei o meu! – expliquei e ela riu. – Do que está rindo?

- Mah, você é maluca. Ontem mesmo você tinha falado com ele e tudo, e sem essas suas frescuras.

- Minhas frescuras?! Susi, ele é o cara mais repugnante, insuportável e MALUCO da face da Terra! E eu só falei com ele porque você me obrigou.

- Mary, agora me escute, tudo bem? – ela disse sacudindo meu ombros e eu assenti. – 1º: Por quê ele é maluco?

- Bom, um dia ele está super fofo, bonzinho e legal com todo mundo, e acredite, isso é muuuito estranho; e no outro, tudo isso some e ele vira o cara chato, insuportavelmente insuportável e lindo que ele é. – expliquei e quando vi o sorriso formando-se no rosto de Su, percebi a burrada que tinha dito. – Eu não disse isso em voz alta... Disse? – fiz uma careta e ela assentiu com um sorrisão malicioso. – Olha, Su, você entendeu. – dei um tapinha no ar.

- Sim, e tenho notícias para você. Quer saber o que ele pensa sobre você?

- Eu não me importo sobre o que ele pensa de mim. – fiz cara de indiferente (mas que estava louca para saber) e ela sorriu.

- Ele acha que você é tão louca quanto você acha que ele é.

- O QUÊ? ESSA DESGRAÇA VAI VER SÓ! – quando eu estava prestes a voltar para o refeitório e tirar boas satisfações com o idiota chamado Dylan *fazendo voz de nojo*, ela me segurou pela gola da blusa, quase me sufocando.

- Viu?! Eu sabia que você se importava com isso. – deu um sorriso vitorioso e eu revirei os olhos. – Mas enfim. – começamos a andar pelo corredor vazio, uma ao lado da outra enquanto eu escutava atentamente ao que Su dizia. – Eu sei qual é o problema de vocês dois. – lancei-lhe um olhar de “E qual é?” e ela sorriu, sentindo-se A terapeuta. – Vocês sofrem de um “problema” – fez aspas com as mãos – chamado bipolaridade. Uma hora estão um amor de pessoa, e outra hora querem sair matando tudo e todos, até o tiozinho simpático que mora do outro lado da rua.

- Não, não tem nada a ver... Ou tem?

- Lógico que tem! Não conteste! – ela ordenou e eu me senti uma criança, porque eu obedeci. – Hum, ótimo. Mas, voltando ao assunto... Vocês dois tem bipolaridade sim! Ou talvez, só sejam diferentes. – assim que ela acabou de falar, o sinal tocou. – Bom, tenho que ir. Nos vemos mais tarde.

- Tudo bem, até mais. – me direcionei para a sala de Química (onde algo sempre explodia) pensando em como seria essa catástrofe chamada... Baile.


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Notas finais do capítulo

Já tão sabendo, né?? Não esqueçam (#PELOAMORDEDEEEEEUS) dos reviews, ooks? *-*
Beeeijinhos :3