Filhos, como eu sou burra!! E como eu odeio o pai de vocês com todas as forças! Se eu pudesse, as suas preciosas roupas já estavam no meio da rua fazendo a festa dos mendigos! Ah, mas ele me paga!!!

Acho que eu preciso me acalmar e contar o que aconteceu pra vocês, né? Bom, lá vai. Depois dessa, vocês vão entender  o porquê dos seus pais não estarem juntos na época em que estiverem lendo isso.

Tentei ligar para Matt depois daquela confusão toda, mas quem disse que ele atendeu? Ah, dei de ombros e aceitei a carona de Tyler. Só que não sei o porquê, nós acabamos no apartamento dele. Era um “apertamento” no centro da cidade, com dois quartos, uma sala/cozinha e uma mini biblioteca abarrotada de livros de medicina.

-Você disse que iria me levar onde eu moro. – Constatei, sentando-me no único móvel “sentável” da sala que era uma poltrona mega confortável. – Não sei se você notou, mas não moro aqui.

-Eu disse que te levaria, mas não disse que horas ira te levar... -Falou com a cabeça dentro da geladeira.

- Ok, mas sabia que isso pode ser considerado sequestro? –Perguntei sorrindo.

-Calma, Anna. Já, Já te devolvo para o cérebro de azeitona. – Brincou comendo os biscoitos. – Só vou tomar um banho, ok?

-Tudo bem. – Falei pesarosa.

Ele foi andando para o seu quarto e retirando seu jaleco no caminho, folgando a gravata e desabotoando a camisa. Quando eu penso que ele já estava no banheiro, ele volta. De cueca. Preguei meus olhos na televisão à minha frente.

-Esqueci minha toalha. – Explicou passando por mim, acho que só pra se mostrar mesmo. –Pronto. –Falou voltando com uma toalha amarela na mão e me mostrando-a. – Sim,  sobre o quê mesmo você estava falando lá no carro...?

-Ah, sobre alterações hormonais. – Falei tentando parecer indiferente, mas como eu conseguiria,  vendo  o parado à minha frente, seminu? – Ando...

-Excitada o tempo todo? –Perguntou subentendendo.

-Basicamente, sim. –Assenti e ele sorriu.

-É normal, Anna. Você está com quatro meses. –Falou voltando a andar para o quarto.

-Sim, e...?

-E nada. E tenho que te dar a má noticia de que só irá piorar...

-Mentira! – Meu queixo estava arrastando no chão.

-Pelo menos você tem o Sr. Gostosão, né? –Piscou sorrindo.

-Isso foi sarcasmo? –Perguntei indo atrás dele. – Matt tá longe de ser meu...

-Quem falou daquele infeliz?

-Então de quem...? – Aí a ficha caiu e ele sorriu malicioso entrando no banheiro. – Gente como você é convencido! – Gritei para a porta fechada.

Ele gargalhou lá dentro.

Meus santos filhos, me ajudem!

Vocês não acreditam como Tyler saiu do banheiro! Se vocês gritaram em uníssono “pelado”, acertaram. Nem sei por que eu fiquei lá no quarto dele esperando ele sair, se eu sabia que ele provavelmente aprontaria uma dessas... Eu gritei e tapei os olhos com as mãos, rindo.

-O que é tão engraçado? –Perguntou se fazendo de besta.

-Você está... Argh!

-Eu estou o quê, Anna? – Perguntou num sussurro vindo até mim.

-Me deixando molhada. – Falei me referindo ao fato de que ele ainda estava molhado e a agua estava escorrendo do seu corpo e me molhando toda.

-Essa é a ideia. – E sorriu todo pervertido.

-Ei! – Repreendi. – Eu estou grávida!

- Sim, e...?

- E eu não vou transar com você! – Falei firme.

-Sério? – Falou me abraçando.

-Saí pra lá, big bang theory. – O empurrei e saí do seu quarto.

-Anna, por favor, você sabe que eu gosto de você, gosto muito mais de você do que ele.  – Jogou na minha cara e isso me pegou desprevenida. – Volta pra mim, Aninha...

-Olha Ty, se fosse há uns quatro meses atrás, eu voltaria sem pensar duas vezes, mas tem mais pessoas envolvidas agora. – Falei apontando para minha barriga. – Eu não posso simplesmente num estalar de dedos jogar tudo para o alto e ficar com você, não posso.

-Por que não? – Perguntou teimoso. –Você pode morar aqui comigo...

-Por que você não pode esperar?! – Já estava perdendo o resto da minha paciência

-Então tenho chances? – Seu rosto se iluminou.

-Sim, mas não agora. – Falei séria. – Tyler, eu gosto muito de você e você sabe disso, mas também tem ele e pra ser honesta, eu acho que o amo. –Admiti. – Eu estaria apenas te usando para esquecê-lo, se ficasse com você, entende?

-Entendo. – Falou um pouco triste.

-Olha, deixa os bebês nascerem. Aí eu tomo minha decisão, ok? –Perguntei e ele assentiu. – Agora vista-se e me leve pra casa.

-Tudo bem. – Suspirou e foi para o quarto.

Ele me levou para casa, porém antes que eu entrasse no prédio, ele me beijou. Foi apenas um roçar de lábios, mas eu me afastei assim que eu notei que havia alguém nos observando. Olhei para cima e vi que logo a janela do meu apartamento foi fechada com brutalidade.

-Merda. – Gemi.- Tchau, Ty.

Ele acenou um tchau já no carro e foi embora. Marchei até em casa e quase cai para trás ao entrar no meu quarto e ver a cena mais deplorável da minha vida.

Sabem aquela tal de Mickaela, a mesma loira da festa? Sim, bom ela estava deitada na MINHA cama enrolada nos MEUS lençóis com Matt também enrolado no lençol, em pé na janela como se estivesse pensando.

 -O que vocês estão fazendo aqui? – Gritei atraindo a atenção dos dois.

-Matt, quem é essa? – A loira oxigenada perguntou.

-Eu sou a MÃE dos filhos dele, VADIA. – Gritei me segurando para não esgana-la. – espero que tenham usado camisinha, pois aposto que não quer ficar que nem eu, né? – Ela empalideceu.

-Você tá gravida?

-Não, essa barriga aqui é toda formada por gases. – Ironizei revirando os olhos. – Agora saí da minha cama!

-Não. – Disse simplesmente, cruzando os braços.

-Vai sair por bem ou por mal? –Perguntei colérica

-Matt.- Pediu ajuda, mas ele deu de ombros.

- A casa é dela, Micka. – Falou nem se importando com aquela vagaba.

-Você é o meu namorado, me ajude!

-Namorado? –Perguntei surpresa e ela assentiu. – Bom saber...

-Ele é meu namorado e eu não vou sair da casa dele. – Falou toda decidida.

-A “casa” do seu namorado apenas se restringe a sala, banheiro e cozinha, esse quarto é meu! – Bradei.

Ela ficou laçando olhares tanto pra mim quanto para Matt que parecia estar muito distante dali, pegou suas coisas e saiu bufando.

-Você deve estar querendo uma explicação, né? –Perguntou pra mim enquanto eu estava arrancando a roupa de cama, mas eu neguei com a cabeça. – O que você está fazendo?

- Retirando os restos mortais dessa garota da minha cama. – Falei jogando tudo no lixo. – Você me deve lençóis novos.

-Anna, você está namorando o Tyler? – Perguntou quase forçando a voz a sair.

-Ele está mais para um pretendente do que para um namorado, mas não sei o porquê você está tão interessado na minha vida já que tem a vida de Mickaela para se preocupar...

-Então, é isso. – Suspirou, acho que meio nostálgico, depois de um longo silêncio. – Nós estamos oficialmente terminados, né?

-Sim. – Falei sem pestanejar.

-Sem retorno?

-Nem pensar!

-Tudo bem. –Pegou a chave e saiu.

Filhos, por algum acaso ele achou que eu iria sorrir diante daquela situação?! Foi ele quem começou, apenas terminei o mal feito com um grande ponto final.