-Durante esses anos que eu estive fora, vivi coisas tristes
e alegres, senti o mal de perto muito perto, lutei em batalhas que uma mulher
jamais lutaria, fui ensinada pelos mestres mais sábios, pessoas com muitos
séculos e vida. Com eles aprendi a governar com sabedoria. Eles me moldaram no
que sou hoje, eu me tornei uma mulher de fibra, alguém que daria a vida por
aqueles que ama. Aprendi a ser corajosa quando se deve, a ser sagaz na medida
certa, a ser sabia para ir pelo melhor caminho, a ter humildade apesar de tudo,
a ser leal aquém merece, a ser honesta com aqueles que amo, a ser generosa e
ser justa com todos. Fui ensinada pelos melhores generais e capitães a ser a
melhor em planejamento de técnicas de batalha, fui ensinada pelos melhores
arqueiros do mundo, tanto que minhas flechas jamais eram os alvos não importa o
quão difícil possa se, treinada pelos melhores espachins. Hoje eu sei que
amadureci de corpo e alma o suficiente para ser uma rainha. Hoje sim Aslan eu
sinto que estou preparada para governar ao lado dos meus amigos, da minha
família. – dizendo essas ultimas palavras eu percebi que eu não parecia em nada
como àquela menina de alguns anos atrás e - Então quais são as ultimas
novidades?- perguntei, querendo me atualizar dos fatos e trocar de assunto.   

–Pedro está prestes a noivar com Camila. - comentou Lucia
olhando para garota desconhecida ao lado de Pedro. Eu não acreditava. Pedro?
Noivo? Isso era o fim do mundo para mim, que acabara de cair e ser quebrado em
mil pedaços, assim como meu coração. Lucia era um das minhas melhores amigas, e
eu achava sinceramente que ela era a melhor pessoa do mundo, mas não conseguia
acreditar no que ela acabara de dizer. Mas eu sabia que não tinha nenhum
direito de achar ruim porque o que Pedro e eu tivemos era passado, mas eu ainda
o amava, com cada célula do meu ser, me conhecendo do jeito que eu conhecia eu
sabia que mesmo eu sofrendo ele fosse feliz eu aceitaria. Desejei que eles
fossem felizes. Educadamente pedi licença alegando estar cansada e desejei boa
noite a todos. Assim que cheguei ao meu quarto as lágrimas começaram a escorrer
livremente.  Eu queria ficar deitada na cama e chorar. Eu queria
me lamentar e ficar gritando como o mundo era injusto comigo, mas eu sabia que
não iria adiantar. Eu havia aprendido desde cedo a ser forte. A vida havia me
cobrado isto muito cedo, quando me tirou do meu mundo e me colocou ali, em
Nárnia. Não que eu estivesse reclamando, eu não conhecia um lugar melhor. Os
meus amigos estavam ali, minha família estava ali, e Pedro estava ali. Quando
pensei nele, senti uma pontinha de dor no meu peito, como se alguém o tivesse
esfaqueado. Eu suspirei fundo e olhei para o teto, disposta a segurar – á
qualquer custo – aquela lagrimazinha insistente. Mas apesar da minha aparência e comportamento de
rainha no fundo eu ainda era uma garota de apenas 24 anos. Pela primeira vez na
vida eu iria agir como uma irresponsável, eu estava muito a fim de afogar as
magoas, lavei o rosto me cobri com um roupão de seda negro e me dirigi para o
subterrâneo do castelo, mais precisamente para a adega onde era armazenado
todas as bebidas. Olhei rotulo por rotulo, e decidi o que eu iria beber, peguei
uma garrafa de tequila e uma pequena garrafa de 170 ml de absinto. Passei na cozinha
e peguei limão e sal. Era tudo que eu
precisava mesmo para uma noite como esta. Me sentei eu um lugar isolado do
jardim e bebi até ficar completamente fora de mim. Eu estava triste e magoada, e ainda existia um
ferimentozinho no meu coração, mas estava melhorando. Mas eu não iria ficar por
aí chorando e me lamentando. Meio cambaleante me dirigi de volta para o
castelo.

Quando entrei no castelo, eu me sentia completamente fora de mim, também
quem não estaria depois de beber 750ml de tequila acompanhada de sal e limão,
além de bêbada eu estava drogada eu havia ingerido 170ml de absinto ele além de
possuir um altíssimo teor alcoólico, era alucinógeno,por isso o absinto era
usado apenas com valor medicinal. Acordei como se minha cabeça pesasse uns cem quilos.
Parecia que tinham jogado o monte Aslan em cima dela. Passei a manhã toda no
quarto e boa parte da tarde também, até que tomei um banho escondi com
maquiagem as olheiras e coloquei um vestido longo de um ombro só de veludo
negro, calcei um sapato de salto da mesma cor. Vesti por cima de minha roupa um
manto longo de cor cinza chumbo. Assim que pisei no ultimo degrau da escadaria
principal do castelo alguém gritou meu nome.

- Anika!- gritou alto Lucia, como se não bastasse, o som de sua voz se
propagou pelas paredes aumentando horrivelmente e fazendo minha cabeça quase
explodir.

- Sim Lucia...- sussurrei apertando os olhos tentando conter a dor de
cabeça. Logo atrás dela vinha Pedro, Susana, Caspian e Edmundo.

- Susana lhe procurou amanhã inteira...- exclamou ela.- Any o que...-
Susana cortou Lucia, impedindo-a de terminar a frase.

-Anika o que você fez?- perguntou acusadoramente, ela me conhecia o
bastante para saber que eu tinha feito algo imprudente.

- O que você acha que eu fiz?- perguntei, mas não lhe dei tempo de
responder.- Me digam meninos vocês já acordaram e  sentiram que sua cabeça fosse explodir a
qualquer instante?- indaguei.

- Oh não! Você não fez isso.- Exclamou Su.- Venha Anika precisamos
conversar seriamente.- Falou me arrastando pra longe dos outros.

- O que você bebeu?- perguntou ela furiosamente.

-Hum... Sal...Limão... Tequila... e Absinto.- respondi vagamente.

-O QUÊ?- gritou Su, fazendo com que os outros nos olhasse
interrogativamente. Me afastei dela me juntando aos outros. Susana marchou em
minha direção furiosa.

- COMO VOCÊ FAZ UMA COISA DESSAS?- gritou novamente.- Você é uma adulta
e futura rainha, não pode fazer isso.- Meu humor não estava dos melhores hoje.

-Esse é o problema nós nunca podemos fazer nada, dês dos nossos quinze
anos nós agimos de forma adulta se esquecendo de que éramos apenas
adolescentes, fomos obrigados a amadurecer rapidamente. Me diga Susana dês de
que fomos coroados qual foi a ultima vez em que viu Lucia brincar como uma
criança de dez anos de verdade, qual foi a ultima vez que cometeu erros de
adolescente e aprendeu com eles, PELO MENOS UMA VEZ NA VIDA HAJA E COMETA ERROS
DE ADOLESCENTE SUSANA VIVA COMO UMA, por que depois que a agente cresce, a
gente sente falta disso, eu vi e vivi coisas que jamais esquecerei, coisas
intensas demais pra alguém da minha idade. Foi por esse e pelo outro motivo que
você sabe muito bem qual é, que eu fiz o que fiz na noite passada.- sai de lá batendo
o pé.