Sete anos haviam se passado
dês da coroação de Pedro, Susana, Edmundo e Lucia. Aslan havia me oferecido um
lugar como rainha de Nárnia, mas eu não me sentia pronta para isso naquele
momento. Então eu decidi me aprimorar e descobrir minhas capacidades , eu havia
prometido isso a Aslan e Pedro. Aslan sabia que eu voltaria para tomar o que
era meu por direito, mas no momento certo. Eu havia tomado minha decisão,eu
sabia que tinha que ser forte. Eu contive minhas lágrimas pelo máximo de tempo que pude – eu não podia
deixá-lo me ver chorar. A cada vez que eu chorava, Pedro se entristecia, como
se por alguma razão que eu não conhecesse, minha tristeza o fizesse sofrer.

Quando meus pés pisaram fora de cair paravel, eu não pude mais fingir.
Eu estava triste e sozinha e sentia como se um piano inteiro estivesse
espremendo meu coração – eu queria me virar correndo para Pedro e pedir,
implorar até, que ele me levasse de volta para o único lugar que eu conhecia.
Eu queria seu colo e seu abraço e queria desesperadamente a sensação de amparo
que seus braços me proporcionavam. Eu não podia. Eu não podia decepcionar as
pessoas que eu amava. Eu não podia decepcionar Aslan, e principalmente,
eu não podia decepcionar Pedro. Eu me sentia sozinha. Sozinha como nunca me
senti em toda a minha vida.

 Eu não tive medo do que havia lá
fora. Eu era uma Rainha, e uma rainha não teme nada. Eu repeti essas palavras
em minha mente durante o todo o tempo em que eu fiz a viajem – eu precisava
convencer a mim mesma.

 Apertei meus olhos bem forte,
piscando muito, muito rápido, para que as lágrimas parassem de descer, mas era
impossível.

Quando eu passei dos portões de cair parável, eu senti que uma parte de
mim tinha ficado ali, ao lado dele. Eu sequei meu rosto com o lenço e respirei
fundo. Não importava o quanto eu ainda quisesse ser criança, eu precisava
crescer. Eu precisava dar orgulho a Aslan, e eu precisava
principalmente, dar orgulho ao meu Pedro.

Enquanto eu olhava a paisagem da minha adorada Cair Paravel ser deixada
para trás, eu fiz um juramento silencioso. Eu jurei que não permitiria jamais
que alguém me separasse de Pedro. Não importa o quão difícil fosse, eu sempre
voltaria por ele, para ele.

Naquela noite fria, enquanto eu deixava meu lar, eu jurei muitas coisas
á mim mesma, entre elas, eu jurei que faria tudo dar certo. Eu voltaria
vitoriosa, não importa o quando fosse difícil.

Eu havia mudado, meu intimo havia sido alterado de forma que
ficasse quase irreconhecível. Até por fora eu havia mudado. E uma das provas era
que eu não tinha mais 17 anos, não era mais aquela garota, hoje eu era uma
mulher de 24 anos, conhecida como Diana, e possuía dons que Aslan havia
concedido a mim esperando que eu soubesse usá-los com sabedoria. Aslan confiava
em mim e eu jurei que não o despontaria. Eu havia adquirido todas as
características de uma rainha. Eu tinha coragem, sagacidade, sabedoria,
esperteza, humildade, lealdade, honestidade, generosidade e era justa. Eu havia
superado Susana no arco, minhas flechas jamais erravam o alvo, era um
espadachim muito melhor que Pedro, e uma curandeira esplêndida. Hoje eu me
sentia preparada para reinar ao lado dos meus melhores amigos.    

Nesses anos em que eu me moldava no que sou agora, eu não deixei de
pensar em Pedro nem um só dia, a cada anoitecer eu olhava para estrelas e
rezava para que ele estivesse bem. Eu sonhei com ele a cada noite e despertei
com saudades a cada amanhecer. Eu senti a mudança de sentimento acontecer
dentro de mim, a cada passo, a cada centímetro, a cada dia. Eu tive medo das
mudanças e tive medo do que Pedro sentiria quando me visse. Eu tinha medo
também do que eu sentiria quando o visse.