O Diário De Shiori escrita por AnkhPamy


Capítulo 14
Capítulo 14: “Não estou brincando.”


Notas iniciais do capítulo

Sinceramente, peço desculpas por ter demorado meses e meses para postar este capitulo. As coisas estavam meio complicadas quando comecei a escrever ele e mesmo assim não consegui terminá-lo. Está é a 1ª parte, talvez haja uma segunda dependendo de como anda minha criatividade. Bem, espero que aproveitem a leitura. ^.^



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/163373/chapter/14

Capitulo 14: “Não estou brincando.”

Pra falar a verdade eu já tive noites muito melhores que esta. Quando eu era apenas um guardião em treinamento não tinha muitos pesadelos – e eles não pareciam tão reais–, mas quando me tornei humano eles se tornaram mais reais e mais aterrorizantes. Por vezes tentei me controlar, dizendo para mim mesmo que era apenas um sonho. Era tudo em vão, e assim eu acordava suado e ofegante.

Na quarta vez que acordei numa noite de sábado, escutei o choro de alguém. Só tinha apenas Shiori e eu no quarto pequeno dela, já havia se passado quase uma semana que me encontrava refugiado ali, sem que a mãe dela descobrisse de algo. E Shiori... Bem, ela continuava zangada comigo pelo incidente do beijo, como se isso fosse algo tão ruim.

Levantei para verificar de onde vinha o choro e logo descobri que era o da dona do quarto, ou seja, Shiori. Quando me aproximei da beirada de sua cama vi que ela se encolhia como uma bola, abraçando um travesseiro enorme com força enquanto dormia. As lágrimas escorriam pesadas pela sua face rosada.

– Shiori? – sussurrei no escuro chegando mais perto dela.

Ela grunhiu alguma coisa que eu não entendi e voltou a chorar.

– Shiori. – chamei novamente afagando sua face.

– Não. – gemeu ela se remexendo na cama e abrindo os olhos.

– Finalmente você acordou. – sussurrei com alívio.

– Ah Seth... – soluçou ela grogue me abraçando com força de repente.

– O que aconteceu? Você passou a noite chorando, foi algum pesadelo? – perguntei.

– Eu... Eu... Não me lembro mais foi terrível... –soluçou ela com a cabeça encostada em meu ombro.

Eu a envolvi com meus braços e a puxei para mais perto de mim aninhando-a.

– Calma, vai passar não chore. – sussurrei.

Aos poucos ela parou de chorar e voltou a ficar sonolenta em meus braços.

– Eu não quero dormir, não quero ter pesadelos de novo. – ela confessou como uma criancinha com medo que monstros voltem a perturbar seu sono inquieto.

–Mas você precisa dormir, amanhã começaremos as aulas de magia e você precisa estar bastante disposta. – respondi.

–Okay, sei. Magia é magia, não exige tanto assim de mim, aposto. – ela retrucou ainda meio grogue.

– Não estou brincando. Parece soar falso, mas fazer magia cansa e por isso eu sempre optava pela minha espada. – esclareci.

– Está bem, irei dormir. Mas prometa segurar minha mão... – impôs ela bocejando.

– Certo. – aceitei entregando minha mão direita para ela segurar.

Ela se deitou na cama encolhendo-se novamente e me puxando pela mão para perto dela. Deitei ao seu lado e ela encostou a cabeça em meu peito ainda segurando minha mão com força como se eu quisesse fugir.

Eu ri.

– Por que está rindo? – perguntou ela.

Seu rosto pequeno me encarava sério e seus olhos grandes e negros como carvão brilhavam no escuro agitados e ansiosos, como se esperassem pela oportunidade de me matar.

– Não foi nada. Só é que... A sua respiração em meu peito me faz cócegas. – expliquei e isso era verdade.

– Ah desculpe. – disse ela a agitação sumindo de seus olhos.

Ficamos em silêncio ali por um bom tempo, até que Shiori começou a ressonar tranquilamente ao meu lado.

                                                     ******

No dia seguinte quando acordei Shiori não estava ao meu lado, então resolvi que não iria procurá-la e dormiria mais um pouco.  Não demorou muito pare eu ter meu sono interrompido. Como sempre... Argh.

Eu não aguentava mais o grunhido raivoso na beira da cama e resolvi conferir e assim dando de cara com Sue, que estava me encarando como se minha presença a irritasse,  ela subiu ma cama e começou a me arranhar.

– Sai pra lá gata! – exclamei empurrando a gata da cama. Eu sabia que a mãe de Shiori – dona Saeko– não estava em casa. Então podia gritar o quanto eu quisesse.

Depois de ter empurrado a gata acabei liberando a raiva do bichano, pois de súbito Sue subiu na cama novamente e mordeu meu pé com força. Não doeu, mas a sensação era irritante.

– Ah, sua gata maldita! – gritei com raiva. – Vou matar você!

– Ah, você não vai, não! – censurou-me Shiori entrando no quarto toda suja de terra, folhas e alguns galhinhos de mato.

Eu a olhei com raiva, mas logo comecei a rir. Ela parecia um bicho do mato.

– Pare de rir de mim seu idiota! E saía já de perto da minha pobre gata! – ordenou ela.

– Pobre gata? – perguntei com incredulidade. – Pobre de mim, isto sim! Essa gata não me deixa em paz, fica mordendo meu pé o tempo inteiro!

– Problema seu e do seu pé idiota! – vociferou ela.

Eu a encarei com raiva por uns segundos e depois fiz a coisa estúpida e infantil de toda a minha vida, mostrei a língua para ela e pulei pela janela.

– Seu idiota volte aqui! – gritou Shiori, com a parte superior do corpo – todo sujo de terra– da janela para fora.

Escorreguei pelo telhado e alcancei a árvore mais próxima da janela. Depois aterrissei no chão do quintal e comecei a caminhar até o templo, precisava conversar com alguém normal.

Quando entrei no templo sacos e mais sacos de terra estavam encostados no fundo do templo junto com mais cinco ou quatro baldes cheios de água. Havia folhas pelo chão e lama também, até parecia que um furacão tinha passado por ali.

– Izayoi! – chamei enquanto caminhava pelo templo.

– Por favor, não grite. Estou com dor de cabeça. – pediu a fantasma encostada na janela que ficava de frente para a casa.

– Fantasmas podem ter dor de cabeça? Essa eu não sabia. – murmurei atônito aproximando-me dela.

– Na verdade podem, quando tentam exercer magia para movimentar algo no mundo mundano... E eu fiz muito esforço hoje pela manhã... Você entende? – explicou, virando-se para me encarar.

– Entendo. Hm... Mas por que você estava fazendo isso? – indaguei.

– Estava treinando Shiori. Ela pode ter poderes de um guardião – ela fez aspas com as mãos fantasmagóricas assim que mencionou “guardião”. – mas tem sangue de exorcista. Ela precisa aprender a manipular seus poderes psíquicos. E isso exerce um grande esforço.

Ah. Eu tinha esquecido que agora Shiori vivia “grudada” em Izayoi, para aprender sobre exorcismo e sobre o passado da sua família.

– Então foi assim que ela ficou imunda daquele jeito, parecendo um bicho do mato – especulei.

Izayoi meneou a cabeça translucida.

– Ela tentou erguer um daqueles sacos de terra mentalmente , que preparei para ela, acima da cabeça... Bem, o resto você já deve saber. – falou.

– Veja só que tola! – exclamei e depois desatei a rir.

– Quem é tola aqui, hein? – quis saber Shiori.

Droga. Ela estava melhorando muito em aparecer sorrateiramente nos piores momentos. Virei o rosto lentamente parar encarar a pequena face furiosa dela.

Shiori estava limpa, usando uma calça jeans cigarrete e um moletom com capuz verde grande demais para ela, e tinha a carranca furiosa apostos.

– Calma garota! Parece que você vai explodir. – comentei.

Ela fez bico e a carranca começando a ficar mais vermelha do que já estava.

– Shiori não! – gritou a fantasma ao meu lado, mas já era tarde demais.

Um dos baldes d’água que estavam no fundo do templo foi despejado sobre mim. Fiquei completamente ensopado, a roupa colava no meu corpo.

– Obrigado. – resmunguei.

– Não a de quê. – respondeu Shiori batendo o pé e saindo do templo.

                                                  *******


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Diário De Shiori" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.