A grama orvalhada estava espeça e desigual, mas isso não fez com que a queda de Renata fosse amortecida.

Definitivamente quadribol não era seu forte, e cair de uma altura de cinco metros pela terceira vez não deixou as coisas mais divertidas. Renata pegou a vassoura e atravessou o jardim, tentando ao máximo ignorar os gnomos que riam dela descontroladamente.

Foi ótimo abrir a porta e substituir o vento frio e cortante, que fazia lá fora, pelo ar morno do lado de dentro da casa. A cozinha estava empesteada pelo cheiro delicioso de salsichas e torradas amanteigadas, a mesa estava ocupada por seis pessoas de cabelos vermelhos como fogo, um mais sorridente que o outro. Os Weasley eram com certeza a família favorita de Renata.

-Como foi o treino querida? - Sra. Weasley perguntou separando um prato com salsichas e torradas para Renata – Sente-se no lugar de Arthur, ele já foi para o trabalho.

O Sr. Weasley trabalhava no Ministério da Magia no departamento de Mau Uso dos Artefatos dos Trouxas e era obcecado por artigos trouxas, o que fazia com que ele constantemente ataca-se Renata com perguntas atordoantes sobre o mundo trouxa – Renata é criada com o irmão pelo pai trouxa desde que se entende por gente. -, o Sr. Weasley colecionava principalmente tomadas o que deixava a Sra. Weasley quase maluca. Molly Weasley era uma mulher roliça e muito bondosa. A única figura materna para Renata.

Sr. e Sra. Weasley tiveram sete filhos ruivos como eles: Gui, Carlinhos, Percy, Fred e Jorge, Rony e por ultimo Gina. No momento apenas cinco estavam presentes. Gui trabalhava no banco de Gringotes e Carlinhos trabalhava com dragões na Romênia.

-Obrigada por se preocupar Sra. Weasley.

-Seu correio chegou – disseram a Renata Fred e Jorge em uníssono, gêmeos idênticos até a ultima sarda.

-Finalmente – exclamou Renata começando a engolir as salsichas mais rápido. - A Annie estava demorando.

-Pelo amor de Deus! Não fale de boca cheia – ralhou Percy.

- 'culpa – tentou se desculpar, Renata, com seu ultimo grande pedaço de torrada na boca.

A garota fez uma mesura e saiu apresada pelas escadas.

-A Annie esta no nosso quarto – berrou Fred da cozinha.

-Para o bem de vocês, é melhor que as cartas ainda estejam fechadas.

-Hunf, e por que iriamos querer ler suas cartas? – Jorge tinha riso na voz

-Só lembra pra Carla que a inútil é ela – berrou Fred quando Renata abriu a porta do

quarto.

O quarto dos gêmeos estava completamente bagunçado. Tinham papeis espalhados pelo chão, as camas bagunçadas e na porta pendia uma pequena placa: “Proibida a entrada de mães”. Um piado baixinho chamou a atenção de Renata para uma escrivaninha cheia de coisas estranhas onde uma coruja, de penas negras como a noite e grandes olhos verdes esmeralda, descansava em um abajur colorido.

-Alô Annie – a coruja voou para seu ombro e lhe picou a orelha carinhosamente.

Renata pegou o pacote da escrivaninha e tirou uma carta, claramente aberta, do barbante.

Renata,

Ainda não entendo por que você não quis passar as férias aqui em casa, mas não! Preferiu ir para A Toca. Deixa você.

Bem, deixando isso de lado.

FELIZ ANIVERSÁRIO.

Espero que goste do presente (Hagrid deu a sugestão), depois me conta o que esse dois inúteis te deram de presente.

Te vejo amanhã na estação.

Carla.

Renata sabia muito bem por que não quis ir para a casa de Carla. O perigo lá se chama Michel, o irmãozinho peste de Carla.

-Annie, da próxima vez que o Fred e o Jorge tentarem ler minhas cartas você bica eles com força – Annie fez um estalo de satisfação com o bico.

Renata pegou a caixa e a examinou atentamente, não tinha ideia do Carla resolvera dar a ela, mas se a sugestão foi de Hagrid, Renata descobriu do pior jeito, era melhor tomar cuidado. Meteu a mão lá dentro e soltou um guincho de dor, a caixa cairá de suas mãos e alguma coisa começara a se mexer, desconfortavelmente, lá dentro. Renata examinou a mão direita. Estava queimada.

-Ai – Annie apertou as guarras no ombro de Renata e logo em seguida voou para longe da caixa. - Valeu pelo companheirismo.

A cabeça da “coisa” havia saído, parecia um lagarto bem pequeno ou uma lagartixa muito grande. O resto da coisa saiu em seguida. Tinha asas, uma calda cheia de espinhos, pele escamosa vermelho sangue, e olhos negros reluzente. Renata sabia o que era. Um dragão.

-Mas como? - ela perguntou para si mesma enquanto observava a miniatura de dragão caminhar até um pilha de bolas de papel e tacar fogo nela. - Ou! Vai com calma ai.

Renata pegou uma caneca e jogou o liquido no fogo dando uma longa risadinha. Adorara o presente, mas sera que dragões em miniatura eram permitidos em Hogwarts? Bem, isso ela descobriria mais tarde.

Estendeu a mão boa com cuidado e o dragão subiu em sua mão, o dragão era do tamanho exato de sua palma. Foi interessante observar o dragão por um tempo, mas depois ele começou a ficar irritado por Renata não ter deixado ele tacar fogo em seu cabelo, então resolveu guardá-lo novamente na caixa.

Presente guardado, ela notou outro embrulho na escrivaninha, era de Gustavo, seu outro melhor amigo, em uma caligrafia não muito caprichada, dizia assim:

Renata

Como vão as coisas ai na Toca? Espero que bem.

Imaginei que por causa do seu problema em Aritmancia no ano passado você gostaria do meu presente, alias, ainda não sei por que você quis fazer Aritmancia, mas deixando tudo isso de lado. Tenha um bom aniversário.

Nos vemos amanhã na estação.

Gustavo.

Renata sabia que Gustava estava se esforçando ao máximo aquele verão. Ele tinha aulas de magia toda semana, Aritmancia pesada e ainda era pressionado pelo pai a praticar quadribol, mas ela realmente ficou chateada por seu aniversário ter ficado em segundo plano.

Ela sabia muito bem o que havia ganhado de Gustavo, como todos os anos, ela ganhou um livro intitulado Aritmancia, uma arte não compreendida de pelo menos 3.000 páginas.

-Renata! - gritou Sra. Weasley do jardim. - Pode me ajudar um pouco querida?

-Claro Sra. Weasley – Renata gritou de volta. -, já estou descendo.

Ela deixou tudo em cima da escrivaninha e desceu as escadas quase correndo -ela não queria admitir, mas tinha esperança de abrir a porta para o jardim e encontrar ele todo decorado para seu aniversário, só que isso era bobagem. Os únicos que sabiam o dia do aniversário de Renata eram Fred e Jorge e ela os fizeram prometer que não contariam a ninguém e de certo modo não contaram mesmo. Renata abriu a porta e estava tudo na mesma.

-Querida – chamou a Sra. Weasley gentilmente. -, pode ajudar Gina e Rony a arrumar um pouco esse velho jardim?

-Claro – Renata escondeu a mão queimada atrás das costas rapidamente, não queria que a Sra. Weasley se preocupasse a toa.

A Sra. Weasley deixou os três sozinhos e voltou para a cozinha. Gina era de sua idade, mas nunca foram muito amigas, já Rony: Renata o conhecia de vista em Hogwarts já que era irmão dos seus gêmeos favoritos.

-Por onde começamos? – perguntou curiosa para mexer em qualquer coisa interessante.

-Acho que podíamos tirar aquelas caixas da entrada – Gina sugeriu sem emoção. - Estão atrapalhando.

-Então vamos! - exclamou Rony animadamente.

Os garotos tiraram as caixas da entrada e colocaram na garagem. Rony começou a examinar a caixa que Renata segurava para saber se tinha algo importante lá dentro.

-Pombas! - exclamou o garoto de repente.

-O que foi!?

-O que aconteceu com sua mão?

-S-só queimei ela um pouco...

-Um pouco? - repetiu. - Tá parecendo um bacon.

-Não exagera! - Renata corou enquanto escondia a mão atrás das costas.

-Rony tem razão – Gina se entrometeu. - Você fritou com óleo ou manteiga?

Rony não parava de rir o que fez com que Renata se enfurecesse com Gina.

PEDALA.

Ela deu um tapa na cabeça de Rony e correu porta adentro.

-Esta chorando? - Jorge perguntou ao ver a garota entrar pela porta da cozinha.

-Não, estou vazando pelos olhos! - ela tinha uma expressão furiosa no rosto.

Os gêmeos a encararam boquiabertos. Se levantaram e um de cada lado apertaram firme as mãos de Renata. Ela gemeu por causa da mão que Fred apertara, mas se acalmou um pouco.

-Ta bem! Desculpa – ela murmurou soltando rapidamente a sua mão da de Fred.

-O que ouve com sua mão? - Era inevitável, todos fariam essa pergunta.

-O presente da Carla me queimou – sua voz um pouco fraca.

Ela explicou tudo e Jorge foi chamar a Sra. Weasley que passou um sermão em Renata, sobre que nenhum problema a incomodaria, que Renata não ouviu, mas Renata teve que ouvir um sermão ainda pior de Percy -parecia que o presente de Carla conseguira se livrar da caixa, e por ventura, invadiu o quarto de Percy conseguindo destruir alguns papeis importantes.

O dia passou rápido depois disso. Calmo e divertido, a Sra. Weasley curara a mão de Renata que ficou apenas com uma pequena cicatriz “Não é tão legal quanto a do Harry, sabe, eu já vi de perto” se gabara Gina já pro anoitecer. O Sr. Weasley chegará mais cedo do trabalho “Então me ajude com o jantar” quase mandou Sra. Weasley “Tenho que fazer uma pesquisa” e assim sentou na frente de Renata e lhe perguntou qual era a serventia da ponta do cadarço.

Quando o céu já estava muito escuro a Sra. Weasley chamou todos para irem jantar e logo depois todos foram para a cama, Renata ficaria no quarto de Gina, o que era uma droga (não se preocupem ela não disse isso a ninguém), o quarto de Gina era muito feminino (não dava pra aguentar), havia poster de bruxos bonitos na parede, as paredes eram pink e davam dor de cabeça, e ainda por cima o quarto tinha um cheiro enjoativo e doce de mais.

-O que foi? - perguntou Gina vendo a expressão no rosto de Renata. - O meu quarto é feminino de mais pra você? - puro desdem em sua voz.

-Acertou na mosca – ela colocou o coxão no chão e se deitou ignorando Gina.

Renata teria pesadelos aquela noite. Sonharia com a sua mãe.