Terno Negro escrita por Ana Carol M


Capítulo 9
O mensageiro do Faraó




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- Como vamos chegar à pirâmide? – perguntou a garota. Enquanto observava as pequenas ondas no mar.

- Teremos que ser capturados – disse Peter respondendo antes que o Conde falasse algo.

- O que? – falou a garota mais uma vez sobressaltada. E todos ficaram se olhando por um momento.

- Apenas nós dois – disse ele a tranquilizando com uma careta.

- E como iremos fazer isso? – Ela podia ver que era esse o plano, talvez formado a séculos. E ela não sabia de nada. Teria de ser capturada com Peter e depois morta. Talvez isso contasse para algo. Sempre soube que tirar sua propria vida era um pecado de extrema ignorancia, mas se o motivo dela tirar sua vida fosse para salvar as pessoas que ama, e outras que não tinham culpa de nada daquilo poderia contar pra alguma coisas, ou valer a pena.

- Vamos nos esconder na floresta. Willa fará o feitiço para convocá-los. Depois fugiremos para o lado norte da floresta e ficaremos esperando. Quando eles pegarem vocês, nós os seguiremos. Só assim encontraremos a pirâmide. – Disse o Conde com tom de quem pedia desculpa.

 Amber não disse nada, apenas olhou o mar, parecia ser infinito. Talvez fosse a ultima vez que veria a luz do sol.  E falasse com aquelas pessoas.

Deu um abraço forte em cada um e eles saíram.

 Peter se jogou na areia morna, para descansar e Amber fez o mesmo. Só restava esperar.

- Por que você parece ter repulsa de sua família? Sua mãe parece amar você mais do que pode expressar – perguntou a garota mirando o céu.

 O garoto suspirou profundamente – Achei que tivesse parado com as perguntas – falou ele rudemente.

Ela virou e apenas o encarou esperando a resposta.

Ele não conseguiu fugir - Apenas minha mãe ficou com o conde, quando houve a invasão. Todos os outros fugiram como covardes menos ela. Eles tinham medo de você. Por algum motivo achavam que se tivessem feito algo ruim na vida iriam ser levados pelo faraó junto dos Mumianos e alguns realmente fizeram coisas ruins. Eu nunca admiti covardia e logo com o Conde que havia sido como um pai para mim, mas meu pai foi o primeiro a fugir e não só deixou o seu melhor amigo sozinho como nos deixou para trás. Nem um sinal há anos. Um traidor. Apenas isso que ele é. Nunca deu valor pra nossa família, muito menos a mim. Na verdade nunca precisei dele para nada. Só esperava que ele fosse mais corajoso.

- É natural ter medo e querer se proteger – disse ela. Pensava que talvez aquele homem tivesse seus motivos para agir do jeito que agiu, por que ela tinha os delas.

- Eu tive medo desde o momento em que você apareceu na minha porta há alguns dias. Mas não fugi do meu dever. E mesmo estando com medo agora, por motivos errados eu estou aqui. E não vou ir embora.

- Que motivos errados? – Amber ficou intrigada. O que ele queria dizer com aquilo? Ele não estava com medo de morrer? Será que estava com medo dela? Ou de que ela morresse? Ou de que não desse certo?

 Peter ia abrir a boca quando surgiram dez homens árabes com o rosto coberto por aqueles panos. Falavam uma língua estranha. E os cercaram. Se divertiram rindo dos dois jogados no atirados no chão.

A surpresa e o desespero não eram fingidos. Talvez tudo desse realmente errado e seria o fim para os dois. Para todos.

Os Mumianos fizeram com que eles se levantassem e prenderam as mãos dos dois, com alguma corda enfeitiçada, do qual não podiam fazer magia e nem se mexer. Jogaram os dois em uma carroça que era puxada por um animal desconhecido, lembrava um cavalo e um camelo. Mas era diferente dos dois.

E seguiram resmungando. Pareciam animados. Amber ficou feliz por eles usarem todas aquelas roupas, não queria descobrir qual parte do corpo cada um deles tinha como uma múmia.

 Amber e Peter se permitiram olhar um para o outro com rostos apreensivos e preocupados. O trajeto foi longo e silencioso, não houve sinal do conde e companhia.  E pela primeira vez a garota pensou em todas as alternativas que tinha. Fugir e se esconder, mas seus pais e todos os outros seriam mortos, e agora ela estava incapaz de fazer magia então não teria como fugir. Deixar que eles a matassem não ajudaria em nada, a única esperança que todos os feiticeiros tinham estava nela. Ela teria que fazer. Ia se sacrificar. Estava mais certa disso do que antes.

Salvaria todos, e morreria como uma pessoa digna de homenagem. Libertaria o faraó e livraria os humanos de serem devorados por aqueles seres horrorosos.

 Atravessaram uma ponte mágica, feita de vapor, do qual ela achava que os humanos não conseguiriam enxergar. Um pouco depois da ponte se encontraram no meio do deserto e ao longe se via uma minúscula pirâmide. No horizonte.

Já no meio do caminho queriam chegar logo, o sol dava dor de cabeça e sede. Mas os Mumianos pareciam estar ainda de bom humor e acostumados com tamanho calor.

Mais meia hora e chegaram. Empurraram os dois por uma porta enorme e a única luz dentro daquele lugar vinha de poucas tochas acesas penduradas em alguns lugares de um corredor enorme. Pelo menos lá dentro estava mais fresco do que embaixo do sol.

 Eles andaram mais um pouco e foram jogados em uma cela improvisada em uma sala vazia. E tudo que viram foram a apenas paredes de pedras e areia, havia areia em qualquer brecha de pedra.

 O tempo foi passando, passando, até que um Mumiano mais estranho do que todos os outros entrou na sala.

- Ora, quem vejo aqui. – disse ele com a voz mais rouca e sem graça que eles já haviam escutado. – Peter Lohan e Amber Mackenzie Jhonson. O Guardião e a Herdeira, de bandeja. Denunciados por uma camponesa assustada. – houve certa vontade de rir daquela situação, não era nada engraçada, mas saber que pelo menos uma daquelas afirmações daquele homem que se achava o mais esperto estava errada, causou em Amber uma vontade de soltar gargalhadas. Mas ela não o fez.

- Sabe, eu sou o mensageiro do Faraó. Se eu matar a herdeira ele dará vida eterna a todos os soldados e colocara nesta pedra – ele mostrou uma pedra azul forte – um poder magnífico. E quem a tiver será o mais poderoso e cruel feiticeiro do mundo – ele riu alto, parecia haver pó dentro de sua boca pois saltou poeira quando ele riu.

- Quem é você? – Perguntou Peter irritado com o discurso do homem. Só de observá-lo já tinha vontade de dar alguns socos na cara do desconhecido. Era como se um ódio antigo se manifestasse dentro dele.

- Oh, me magoa logo você, Peter, não saber quem sou – ele riu mais uma vez, e tirou o pano que cobria seu rosto.

Por um momento Amber achou que nunca mais iria conseguir dormir a noite, esquecendo completamente que a qualquer momento se sacrificaria. O homem estava com a pele vegetando, algumas partes do rosto meio caída. Era um cadáver que falava e ria. Apareciam seus ossos em certas partes do rosto. E havia furos estranhos onde havia pele. Era extremamente nojento e agourento.

- Pai? – Falou Peter horrorizado.

O Homem curvou a boca no que parecia ser um sorriso.

- O que? – Amber não conseguia acreditar. Não havia muito tempo, ela tentou defender aquele homem, dizendo que ter medo, não era uma coisa tão ruim. Mas no que ele havia se transformado? Em uma múmia que achava graça em matá-la?

- Juan Lohan, esse era meu antigo nome, quando era humano claro. Hoje eu sou o líder dos Mumianos, meu querido, me chamam de zoturí.  Creio que você queira saber o que seu pai fez antes de você morrer daqui a pouco .Eu ajudei o Conde Brouble entrar no castelo, fugi para me juntar ao faraó, depois de alguns anos voltei a procurar Brouble e fiz com que ele se matasse para não contar meu segredo. E veja o grande presente que recebi. Um corpo quase completo de Mumiano, uma pedra que é possível fazer com que os meus prisioneiros virem escravos como alguns desses que foram buscar vocês, ou deixar com plena consciência aqueles que vêm de bom grado até meu faraó. E ainda um exército e poder.

 Os dois jogados ao chão ficaram de boca aberta.

- Mas porque? O Conde cedric sempre foi tão bom com nossa familia. Não entendo.

- Ele nunca pode me dar o que eu queria, poder. E graças a ele todos meus antecedentes foram mortos para servi-los, protege-los e bajulalos. Como se fossemos servos – o homem, se é que se podia chamar ele disso, gritava com raiva. – E não me olhe com critica nos olhos garoto, você tambem quis fugir de sua tarefa quando soube que seria responsavel pela garota. Diversas vezes você implorou para que eu ou sua mãe fizesse. Como se voce tivesse escolha. Vocês dois já nasceram vinculados, se você quer saber. E hoje morreram juntos, um belo final. Triste é claro, para vocês, mas um belo final. – e ele garagalhou trunfante.

Peter e Amber se olharam como se estivessem pensando a mesma coisa, o cérebro dele estava podre tambem.

- Levem-os para o ponto mais alto da piramide – disse Juan enquanto saia da sala.

Seis mumianos vieram pega-los, o cheiro de mofo e repolho podre exalava do corpo de cada um daqueles homens.

 Amber teve pena de saber que alguns haviam sido cruelmente submetidos a viver como mumias, talvez por estar na hora errada no lugar errado.

 Peter esperava que  Amber não se sacrificasse, ela era tão esperta, arrumaria um jeito.

Sairam da sala, e seguiram por um corredor longo e escuro, eram guiados pelos Mumianos, mas de resto não sabiam onde se encontravam.  

   Eles subiram uma gigantesca escada de pedra, onde havia apenas uma tocha iluminando todo o ambiente, a esperança de Amber havia ficado na cela.

Eles chegaram a uma sacada, onde lá embaixo havia lava comendo as pedras e soltando bolhas de fogo.  Eles foram jogados ao chão e logo depois os  pais adotivos de amber e sua irmã foram levados até ali e jogados no outro lado da sacada. Amber sentiu alivio de saber que eles estavam bem, sua mãe ainda lhe deu um sorriso torto.

 Juan  chegou  até Amber e Peter com uma adaga e mirou o pescoço da garota, por segundos eles ficaram se encarando. Com certeza ia decepa-la.


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