Florença, amada Florença. Com suas incríveis e majestosas construções. Com seus automóveis chamativos e de causar arrepios só em imaginar-se dentro de um. Com suas belas e encantadoras mulheres.

Mulheres...

Quantas ele já conhecera? Quantas ele conduzira aos seus aposentos, oferecera taças e mais taças de vinho e beberam sob a luz do luar? Sem falar, é claro, do que fariam depois...

No entanto, por mais que os costumes pareçam os mesmos, ele não é mais aquele irresponsável de antes. Bem, não totalmente. Em alguns aspectos talvez. Ou talvez, na maioria dos aspectos.

A convivência com seu irmãozinho o fez adquirir algumas de suas irritantes características, mesmo que involuntariamente. Por exemplo, ele agora já tem a cautela de analisar quando a jovem é uma estudante ou turista, e até põe algum dinheiro na bolsa da garota quando a manda embora. Vez ou outra, chegou a perguntar o nome de uma das “vítimas”! Sem falar, é claro, que  ele as compele antes de que elas saiam do quarto.

Irritante. Pelo menos para ele.

Estava uma típica tarde de outono. Era como se a brisa fria o convidasse a sair. Ele sempre gostara de frio. E de folhas secas.

Pegou sua jaqueta negra e suas chaves, dando uma breve olhada no quarto ao sair.

Entrou no carro preto reluzente e acelerou sem hesitação. Desnecessário, já que o carro luxuoso por si só, intimidava a todos.

Mas ele amava exibir-se, afinal de contas.

Reduziu a velocidade aos poucos e parou em frente a uma loja de lembranças.

Bonnie passava os olhos pela vitrine, tentando encontrar algo de seu agrado, mas até agora seus esforços tinham sido em vão. Nada lhe interessava. Que saco!, pensou ela.

- Que porcaria de loja é essa que não tem nada que preste? Ah, só podia mesmo ser uma porcaria de loja! – ela murmurou frustrada. Depois olhou ao redor, com medo de que a atendente pudesse tê-la ouvido.

Mas a garota estava muito entretida com uma revista de fofocas, pelo que parece. Irresponsável. Nem se dá ao trabalho de ajudar aos clientes.

Irritada, a ruiva voltou a percorrer os olhos pela vitrine. Pela milésima vez. Até que desistiu de sua busca e abaixou a cabeça resignada.

- Posso acompanhar-lhe, senhorita? – uma voz sensual sussurrou em seu ouvido.

Bonnie saltou assustada e virou-se bruscamente, ficando de frente a um homem de estatura mediana. E preto. Esse foi seu primeiro pensamento. Bom, o segundo pra dizer a verdade. O primeiro foi: ah meu Deus!

Mas então, sua vista foi subindo pelo corpo do rapaz, até parar em seu rosto. E foi aí que ela finalmente o reconheceu.

- Damon?! – ela gritou sobressaltada.

- Como vai? – ele abriu seu irresistível sorriso ofuscante.

- AH MEU DEUS! DAMON! – ela gritou novamente, mas desta vez o abraçou de supetão. - Você... Como...? Ah! Stefan! Elena! Eles vão ficar muito felizes! Por onde você andou? Ficamos loucos atrás de você! Ai meu Deus, você tem que ver Marie! Ela é linda! E Stefan? Você tem que vê-lo! Elena! Ela está com muitas saudades, e...

- Bonnie! Acalme-se garota! – Damon riu, sacudindo-a levemente pelos ombros.

Ela respirou fundo e se acalmou. Foi dando-se conta do quão idiota agira há pouco. Lentamente, um forte rubor surgia em sua face.

- Eu... Me desculpe. – ela disse baixinho.

Damon apenas continuou a rir. Ela era muito engraçada.

Bonnie o encarou curiosa.

- O que foi? – ele perguntou ainda sorrindo.

- Você... Eu nunca o vi rir desse jeito.

Foi o que bastou para que a máscara de indiferença retornasse ao rosto do rapaz.

- O que você está fazendo aqui? – ele perguntou.

Acho que eu deveria fazer essa pergunta, ela pensou.

- Estou procurando algo para dar à Marie. Mas essa loja é uma droga. Não tem nada que preste. – ela resmungou fazendo um beicinho.

- E Marie é?... – perguntou Damon, já imaginando se a moça seria tão bela quanto o nome.

- O que? Ah! Esqueci de que você não sabe... Bom, Marie é a filha de Elena e Stefan. – ela declarou simplesmente.

O vampiro arregalou os olhos.

- Filha?

- Sim. Elena e Stefan casaram-se alguns meses após sua partida, então decidiram vir morar na Itália. Viemos visitá-los, vamos ficar só alguns dias. Ela é tão linda! E inteligente. Quatro aninhos, acredita? – Bonnie sorria com a lembrança da garotinha.

- Hum. Que... Interessante. Então eu tenho uma sobrinha. Acho então que devo visitá-los, não? – ele refletiu.

- Ah! É claro! – animou-se Bonnie. – Hoje é o aniversário dela. Estamos querendo fazer uma surpresa.

- Aniversário? Vou levar algum presente... Poderia me ajudar?

- Claro! Mas Damon... Essa loja não é muito boa não, acredite... – ela falou já em direção da saída.

- E que tal isso aqui?

Bonnie virou-se e observou a pequenina boneca de porcelana na mão do rapaz.

- É linda! Como é que eu não vi? – ela murmurou para si.

Damon pagou pela lembrancinha- flertou com a atendente, recebendo um olhar de reprovação de Bonnie- e depois saiu da loja, seguido pela ruiva. Abriu a porta para a garota, dando seu melhor sorriso e sendo retribuído com uma piscadela e uma risada debochada.

- Então? Para onde senhorita? – ele perguntou sarcástico.

- Siga para a Piazza della Signoria. Vou lhe guiar.

Ele arqueou uma sobrancelha, mas acelerou a Ferrari e seguiu pelo caminho que ela instruiu, soltando uma risada sarcástica ao notar a careta de espanto que Bonnie fizera.

- Você precisa mesmo tentar voar?

- Relaxe e aproveite o passeio, querida.