A herdeira do Lorde II escrita por letter


Capítulo 7
Capítulo 6 - Parselmouth




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   Nos últimos tempos, ao menos no futuro onde eu vivia, a maioria dos bruxos já não eram considerados puro sangue, mais da metade da população bruxa tinha em sua árvore genealógica um nascido trouxa e incontáveis mestiços. Depois da batalha em Hogwarts, a barreira que era o preconceito fora visivelmente quebrado, apenas um pequeno grupo que vivia segundo os antigos costumes de Lord Voldemort - os mesmo que atacaram Teddy, o mesmo que me fizeram tomar tal decisão de retroceder no tempo - continuavam a manter seu ego e preconceito elevado sobre nascidos trouxas e bruxos que se confraternizavam com eles, de modo ofensivo, os traidores do sangue. Por muito tempo, eu fazia parte do grupo de pessoas dos quais julgavam pessoas de sangue baixo, indignos de aprender e praticar magia, e até já pensara em fazer algo contra. Mas isso realmente ficou para trás.

   O fato era que na década de 40 o preconceito quanto a nascido trouxas podia ser comparado com o preconceito de Hitler contra judeus. Principalmente, e não exclusivamente dos alunos residentes da Sonserina.

   Segundo Dorea, eu realmente era a “primeira nascida trouxa” a entrar na casa, e isso chamara uma atenção que eu necessitava para mim. Eu nunca pensara o que tais pessoas passavam, mas julgo que eles realmente sofriam. Eu mal havia chegado a Hogwarts e já tinha começado a conviver com olhares tortos, cochichos e sussurros por onde eu passava, e a pior parte de todas: as brincadeiras.

   As brincadeiras eram extremamente de mau gosto, e era praticada por alunos mais novos de minha própria casa. Os mais velhos tentavam manter a compostura e agir com maturidade, mas eu sempre detectava um sorriso quando estavam próximos e isso acontecia. Começava com subornos de meus materiais, principalmente os tinteiros que se danavam a estourar, a almofadas de pum e encantamentos como nuvens de chuva que se alastravam a me seguir pelo corredor. As vezes, tais brincadeiras me lembravam a época antes do quarto ano em que Teddy pegava do mesmo modo eu meu pé, mas não por eu ser um suposta nascida trouxa, e sim por eu ter em minhas veias, sangue de Belatrix e Voldemort, os assassinos de seus pais. Eu não me esforçava para usar Legilimência, eram zunidos de pensamentos das pessoas a minha volta que vinham sem grandes esforços a minha mente, e por isso, apesar das inúmeras tentativas das tais brincadeiras de mau gosto, eu sempre conseguia me safar. Prova disso pode ser a mancha negra que ficara na cara de Dorea quando, a meu pedido, ela tentou destampar meu tinteiro, ou a massa de nuvem carregada que começara a seguir Pollux logo após uma pequena conversa comigo. Se eu me sentia culpada por fazer eles receberem o que estava sendo dirigido a mim? Não mesmo.

   Era desagradável, e sem que eu pensasse na ideia vinha algo do tipo “se vingar” em minha mente. Afinal, estavam mexendo com minha pessoa, e isso não era coisa que se pudesse perdoar facilmente. Mas eu estava ali para me vingar e me livrar de outras pessoas, e querendo ou não, essas brincadeiras e a forma de como eu me desviava delas, chamou a atenção da pessoa que eu mais queria chamar atenção nesse momento, Tom Riddle.

   E querendo ou não, essa era a única forma para me aproximar dele.

   Começou no último dia da minha primeira semana de aula. Como nos dias anteriores, Cass me acordara tacando seu travesseiro em minha cara e de Dorea. Para minha decepção, eu não era monitora, como um dia eu fora no futuro, e isso me obrigava a dividir o banheiro da Sonserina com as outras garotas. Era horrível. Druella e suas companheiras, igualmente com cara de duronas, não se ressentiram nem por um segundo ao me lançar aquele olhar “você não devia estar aqui” ou que também poderia ser interpretado como: “espere, já, já vamos colocar você em seu lugar”, a verdade era que não fazia diferença. Logo depois de ir tomar café da manhã, dei uma passada ao lado de Dorea para cumprimentar alguns de seus amigos na mesa da Grifinória. Dorea namorava Charlus Potter, e todas as manhãs tomava café com ele. Charlus era realmente gentil, assim como seus amigos, entre eles o avô de Teddy, Gregorius R. Lupin, que tinha os cabelos comparados com plumas marrons e olhos cor de amêndoa, extremamente encantadores. Havia também o Otto Wood, Augusta Longbottom, Muriel Prewett e Septimus Weasley, e a “Minnie” do qual ainda não tinha me acostumado a tratá-la assim. Afinal, eu a conheci alguns oitenta anos depois, era difícil ver minha velha diretora, com a pele tão lisa, cabelos tão escovados, e um corpo tão no lugar. Esses, me tratavam melhor que os alunos da minha própria casa.

   E então aconteceu.

   Minnie chegara para o lado deixando um espaço na ponta do banco da Grifinóriapara que eu me sentasse, e eu comecei a me servir, sentada ao seu lado, e de frente para Charlus que procurava com a língua algo perdido dentro da boca de Dorea.  E longe da mesa da Sonserina, eu não podia detectar no turbilhão de vozes de pensamentos que vinha a minha cabeça, qual seria os das cobras. Fora repentino, mas fora o suficiente para complicar o resto de toda minha convivência em Hogwarts.

   Eu me servia de suco abóbora pretendendo encher até o topo da taça, mas da jarra não saíra suco, saíra um filhote de cobra, que se rastejara para dentro de minha taça, e agora estava posicionada com suas presas bem a minha frente.

   Dorea a Minnie, soltaram um pequeno gritinho em uníssono. Charlus dera um pulo da mesa, e o resto chegara pro canto. Uma pequena espiada me permitiu ver as gargalhadas de Druella, Irma Crabbe e Lysandra Yaxley. Um sorriso discreto se formava aos lábios de Abraxas, e nada eu conseguira extrair do rosto de Tom Riddle. Duro como pedra.

   - Belly, fique parada – murmurou Minnie com a voz trêmula puxando a varinha dentro de suas vestes.

   A cobra me fitava, e começara a exibir as presas.

   - Você não vai me picar ou atacar, vai?

   - Fui ordenada para isso.

   - Não é necessário.

   - Pois eu... – mas a tal cobra não terminou de falar, pois em seu lugar agora havia cinzas, olhei pro lado e vi Minnie com a varinha apontada em direção onde há segundos estava a cobra.

   - O que foi isso? – indagou Charlus, colocado a frente de Dorea de forma protetora.

   - Pelas barbas de Merlin, você não era umas nascida trouxa Tonks? – perguntou Minnie com o tom severo, o mesmo tom que ela sempre costumava usar no futuro, como professora e diretora.

   - Eu sou – respondi me levantando, tentando ignorar o olhar de todos no salão se posto em mim.

   - Não, não é – contestou Muriel – Você é...

   - Ofidioglota – completou uma voz que não estava incluída na conversa.

   - Ora, ora, ora – disse Septimus – O senhor perfeição e orgulho de Hogwarts apareceu –acrescentou ele com escárnio – Por que quando algo estranho acontece você sempre está por perto Riddle? – Tom o ignorou, mas ficou me fitando. Oclumência Annabelly, lembre-se, oclumência. Eu não poderia deixar Tom chegar nem perto de meus pensamentos.

   O pior era que eu me entregara. Sem ao menos perceber, eu mostrara a minha herança vinda de Slytherin.

   - O que, pelos pêlos faciais de Merlin, está acontecendo aqui? – indagou um Horácio Slughorn com as bochechas vermelhas – E o que vocês estão olhando? – perguntou num tom mais alto olhando em volta para todos presente no salão – Não têm aula agora? Andem, vamos.

   - Professor, eu...

   - Não senhorita Tonks, guarde o que tem a me dizer, e diga ao diretor – disse Slughron em um tom que colocava um grande ponto final na conversa.

   - Não foi a Belly – explicou Dorea - Nós vimos, e...

   - Se precisarmos de testemunhas, com certeza a chamaremos senhorita Black, mas por favor, vá para sua aula. Você vem comigo senhorita Tonks.

   Legal, primeira semana de aula e eu já fui parar na direção. Isso realmente me lembrava os velhos tempos.

   - Eu sei o nome dos culpados – interveio Tom, no momento em que eu já me afastava ao lado do mestre de poções – Me permite acompanhá-los e dizer ao senhor Dippet, professor? – Horácio se virou, e estudou Tom por um momento.

   - Pombas! Vamos logo, vamos... – respondeu ele acenando as mãos.

   A caminhada para o gabinete do diretor fora uma experiência extremamente desconcertante.    Eu realmente não sabia explicar o que aconteceu, e nem por que diabos dialoguei com a serpente. Muito menos entendia o fato de Tom Marvolo Riddle estar indo em minha defesa, afinal, ele supostamente odiava os nascidos trouxas. E enquanto o professor Slughron andava a nossa frente lançando olhares pelo canto do olho para trás, Riddle andava em silêncio, sem desviar os olhos da frente, com as expressões vazias e as mãos para trás. Era tão desconcertante. Eu nunca te pediria isso. Disse uma voz em minha cabeça. Não era necessário. Era a voz de Teddy. Eu queria responder, e dizer que era, que eu nunca me perdoaria pelo que aconteceu com ele, mas não tinha como responder, afinal, ele não estava ali, e na melhor das hipóteses eu estava ficando completamente pirada.

   Quando eu me dera conta, já estava sentada na cadeira defronte ao diretor Dippet, com Slughron e Riddle, ambos em pé ao meu lado, cada qual de um lado.

   -... Druella Black, Irma Crabbe e Lysandra Yaxley – dissera Tom, mas eu não havia percebido o momento em que ele começara a falar, ou o porque de falar esses nomes.

   - Você tem certeza senhor Riddle? – indagou Dippet ajeitando-se em sua poltrona – É uma acusação muito séria essa que você me traz.

   - Tenho certeza – respondeu Tom firme.

   - E por que fariam essas jovens tais atrocidades? – perguntou o diretor desviando os olhos de Tom e os pousando em mim, eu não sabia o que dizer, afinal, havia perdido toda a parte inicial da conversa.

   - É esse racismo exacerbado, se me permite dizer – foi Slughron que respondeu – A pobrezinha já fora perseguida fora de Hogwarts, e correu para cá para se proteger, mas continua sendo perseguida – disse Slughron indignado balançando a cabeça – Você tem de fazer algo diretor.

   - Eu sei que tenho de fazer Horácio – respondeu o diretor se levantando – Sinto muito pelo ocorrido senhorita Tonks, e obrigado por compartilhar o que sabe conosco Tom, podem ir para suas respectivas aulas e tomarei minhas medidas.

   Depois de alguns segundos, percebi que era para eu me levantar, e me coloquei a caminha ao lado de Tom para a saída. O diretor pediu ao professor de poções para que ficasse mais um pouco, de modo que por uma segunda vez, eu seguia o mesmo caminho, sozinha com Riddle.

   - Não vai acontecer de novo – garantiu-me Tom – Irei falar com elas.

   - Obrigada... eu acho.

   - Venha, vou lhe pagar uma bebida, você está mais pálida que a mulher cinzenta – disse Tom, abrindo um sorriso, e indicando uma escadaria de mármore que levava ao andar de cima. Nota-se, fora a primeira vez que eu vira Tom Riddle fazer alguma piada ou demonstrar algum humor.

   - Não podemos sair do castelo, não tem como.

   - Você não conhece o castelo – advertiu-me Tom, ainda com seu sorriso no rosto, deixando algumas emoções como o humor transparecer por seu rosto.

   - Tom... Não devíamos...

   - Ei, eu lhe ajudei, não me conteste e aceitarei seus agradecimentos.

   - Tudo bem – murmurei soltando um pesados suspiro, lamentando por minha derrota, e seguindo Riddle.

   Subimos até uma estatua de uma corcunda bruxa com um olho só. Tom bateu com a varinha e murmurou “Dissendium”. A bruxa liberou uma passagem, que dava acesso a um túnel estreito de areia. Tivemos que nos encolher para conseguir atravessá-lo, apesar de ele parecer nunca ter fim, o esforço nos impediu de conversar. No fim do túnel, havia uma abertura que dava acesso a Dedosdemel, e sem qualquer interferência, saímos da loja e fomos em direção ao Três Vassouras.

   - Vão ver que estamos de uniforme – murmurei ao sentarmos em uma mesa afastada das pessoas.

   - E? – perguntou Tom tirando sua capa e a colocando sobre a cadeira ao lado – Você se preocupa demais, sabia? – ele pediu duas cervejas amanteigadas e continuou me encarando, em silêncio – Você fica vermelha – notou ele.

   - Desculpe?

   - A medida que eu te olho, você fica vermelha – explicou ele.

   - Ah... Isso... acontece as vezes. – encolhi os ombros – Você quer me dizer algo, não quer? – indaguei, e pelo modo como piscou e ajeitou seu foco ao me olhar, pode-se dizer que a pergunta o pegou de surpresa.

   - Por que eu iria querer?

   Porque você é Tom Riddle, não faria nada sem algum motivo especifico em mente. Mas claro, eu não iria responder isso.

   - Não sei... Estou apenas julgando.

   - Quero apenas te conhecer AnnaBelly – me garantiu ele, pegando das mãos do servente, os dois copos de cerveja amanteigada. Tom não queria me conhecer, queria descobrir se eu poderia vir a ser considerada futura ameaça ou talvez uma futura aliada.

   - E então? – perguntei enquanto ele virava um gole de cerveja à boca, em seus dedos, a luz refletiu sobre o anel pousado no seu dedo anelar da mão direita. Um arrepio desceu por minha espinha. Uma horcrux. Uma relíquia.

   - E então, o quê?

   - Você quer em conhecer, devia começar perguntando o que tanto quer saber sobre mim – respondi.

   - Paciência, cada pergunta na hora certa. Por ora, vamos apenas dizer que gosto de observar.

   Eu notara o duplo sentido da frase.


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Notas finais do capítulo

Nota-se bem, eu acho que nunca fiz um banner tão decente ò.ó Só deixei grande porque pequeno ele ficou estranho u_u Mas eu tinha de dividir ele com vocês kk... Eu to gostando, e gostei muito de escrever esse cap, e voces? *-*