A herdeira do Lorde II escrita por letter


Capítulo 4
Capítulo 3 - I do for you




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        ... Dei uma boa e última olhada em meus amigos antes de fechar os olhos e começar a girar o vira-tempo, imaginando um ano diferente... um lugar diferente... E quando abri os olhos, tudo estava escuro.  

Tão escuro e frio que por um momento pensei que tinha parado em alguma dimensão paralela, e quanto mais olhava em volta, mais escuro tudo ficava - como se fosse possível. A escuridão me comprimia, e eu senti algo diferente se agitar dentro de mim diante de tal situação. Era... O que era? Medo? Claro que não poderia ser medo. Eu era AnnaBelly Marvolo Lestrange, última herdeira de Salazar Slytherin, filha de Lorde Voldemort, não tive medo de enfrentar a morte iria ter de uma mísera escuridão? Não! Eu não estava com medo. Mas estava tão frio, tão escuro. E se algo tivera dado errado? E se eu nunca mais voltasse a ver a luz do dia... E se eu ficasse presa em tal escuridão eternamente?

        E foi nessa hora que eu desesperei. O desespero se transformara em um grito que logo se entalara na garganta, pois nada saía de mim, e assim como me faltara a visão e a voz, começara também a me faltar o ar.

Quando, há muito tempo, me entreguei à morte, saí de meu corpo e vaguei por um lugar claro... Vi pessoas que sorriam para mim, vi desconhecidos que me conheciam, vi uma mulher que era metamorfomaga como Teddy, e ao seu lado um homem alto, com cicatrizes e cabelos castanhos. Vi coisas que me fizeram sorrir, e por um momento quis ficar ali e não mais voltar, mas ali não existia Teddy, e um mundo onde não existe Teddy, para mim não é mundo.

        Comparado ao purgatório onde me encontrava a morte era uma velha amiga que eu voltaria a encontrar de bom grado. E aos poucos eu ia perdendo a consciência. Primeiro os sentidos, logo a consciência. Meu plano dera errado antes mesmo de começar...

         Eu tivera um sonho. Fora estranho... Em um momento eu estava andando pela neve ao lado de Teddy, no outro Teddy desaparecera, tudo desaparecera, e sozinha fui tomada por uma escuridão. Um vazio sem tamanho que me consumia aos poucos. Se realmente existia um inferno, com certeza eu o encontrara no sonho. Ou pesadelo.

         Aliviada por finalmente voltar a mim, me virei na cama. Era noite, a escuridão se alastrava pelo quarto. Eu já estava cheia de tanta escuridão. Frustrada por deixar míseros pesadelos me desnortearem sentei na cama a fim de achar minha varinha e colocar um pouco de luz no quarto. A cama rangeu quando sentei, e só então percebi o quanto ela estava dura e desconfortável. Ótimo, muito bom mesmo.

         Foi constrangedor o momento em que tateei um criado mudo inexistente ao lado da cama e quase capotei no chão. Astoria como sempre mudando minhas coisas de lugar. Umpf.

Por algum milagre de meu amado Merlin uma luz foi acesa ao longe, e aos poucos veio se aproximando. Semicerrei os olhos para enxergar melhor e vi que a luz provinha de uma vela.

        - Oh! Pirraça novamente apagou os archotes, quando o Diretor Dippet fará o favor de expulsá-lo do castelo? Incendio – e de forma sincronizada uma dúzia de archotes começaram a fumegar – Você está bem querida?

         Não era meu quarto. Nem pensar. Havia outra dúzia de camas colocadas na mesma posição, vidraças altas que nada iluminavam, frascos e frascos espalhados por prateleiras, archotes postos em volta iluminando o que parecia ser... A ala-hospitalar.

         Mas... Eu já não estudava mais em Hogwarts, e aquela mulher que apagava o pavio da vela se parecia com... Não, não poderia ser... Será? Mas ela está tão jovem!

        - Você está bem, querida? – tornou ela a perguntar de forma maternal – Qual seu nome? – só então quando fui falar que notei o modo como minha boca estava escancarada. Que vergonha Annabelly!

        - Err... Anna... Annabelly – respondi engolindo em seco.

        - Annabelly, que lindo nome, me chame de Senhorita Pomfrey. O Professor Dumbledore ficará feliz em saber que finalmente acordou, não foi fácil para ele persuadir o diretor Dippet a permitir uma externa ficar sobre nossos cuidados... – ela continuou falando, sorrindo e sorrindo, mas eu nada ouvia. Senhorita Pomfrey? Não... Não poderia ser. Essa jovem loira de cabelos presos num coque e olhos cinzentos viria a ser um dia Madame Pomfrey? Aposentada de cabelos grisalhos presos num coque e rugas espalhadas pelo rosto? E por Merlin, Dumbledore?! Eu não conseguia acreditar que um dos maiores bruxos de todos os tempos tinha falado a favor de uma estranha que era eu. Dippet? Diretor Dippet? O bisavô falecido de Alec, velho e ex-amigo no futuro? Então tudo isso significava que dera certo... Eu voltara no passado...

        Não era um sonho! Eu realmente tinha voltado com o vira-tempo enfeitiçado de Richard.    Só então lembrei de que não estava em minhas vestes, estava com vestes típicas de hospitais, e o terror se alastrou por mim ao pensar que se me despiram, poderiam muito bem terem pegado meu vira-tempo, mas por algum motivo desconhecido ele permanecia intocado em volta de meu pescoço. Suspirei aliviada, e nesse momento Senhorita Pomfrey voltava a ala-hospitalar com um homem de meia idade e barbas que precisavam urgente serem aparadas, a suas costa. Quando ela saiu que eu não notei?

        - Vou deixá-los a sós – disse senhorita Pomfrey andando em direção a uma porta no fim da ala hospitalar.

         O homem me analisava cautelosamente, em seus olhos haviam curiosidade, em seu sorriso, compreensão. Que diabos.

        - Boa noite senhorita, antes de mais nada, as apresentações, Annabelly, certo? – assenti me ajeitando na cama e puxando o lençol instintivamente para cima – Me chame de Dumbledore, Alvo Dumbledore – ou, mas conhecido como o arqui inimigo de meu pai, pensei comigo mesma - Seu sobrenome? – ótimo, curto e grosso.

         Eu não poderia falar Lestrange, muito menos Marvolo. Segundo minhas pesquisas, na década de quarenta esses nomes eram mais conhecidos do que no presente, se possível. Ou futuro, tanto faz.

         Não poderia dizer Lupin. A linhagem paterna de Teddy mostrava que os Lupin vinham de uma longa geração. Malfoy? Nem pensar. Riddle? Fala sério. Pense Annabelly, pense. Qual seu sobrenome?

         - Tonks – respondi.

         - Tonks – murmurou Dumbledore consigo mesmo pensando por um segundo, mas logo voltando a sorrir – Annabelly Tonks.

         - Sou nascida trouxa – menti, rezando para que essa explicação poupasse perguntas. Afinal, Tonks até onde eu saiba era o sobrenome do avô trouxa de Teddy, o outro Ted - O que aconteceu, senhor?

         - Ah sim, não é uma longa história, mas posso enfatizá-la para tentar torná-la emocionante. Pois bem senhorita Tonks, um de nossos alunos encontrou-a perto do castelo, inconsciente. Quando a trouxe para dentro pensamos que era uma interna, mas analisando um pouco mais vimos que não, então encontramos a varinha e concluímos que era uma bruxa vinda de longe, e agora que me disse que é nascida trouxa tudo faz completo sentido - finalizou ele parecendo muito contente de si mesmo.

          - Faz? – perguntei incrédula.

          - Oh sim, sim. Nos últimos tempos muitos nascidos trouxas que estudavam vem nos pedir proteção dentro do castelo para fugirem dos ataques.

       - Ataques? – teria eu vindo alguns anos a frente do que queria e meu precioso pai já estaria atacando?

       - Como chama mesmo? Aquele trouxa... Adolf Hillary...

       - Hitler! – exclamei

       - Exato! Creio que minha teoria esteja certa.

       - Ah... Sim, com certeza.

       - Embora queira ajudá-la, creio que não posso fazer muito pela Senhorita, e assim que estiver melhor talvez eu consiga entrar em contato com velhos amigos que ficarão felizes em ajudá-la lá fora, e...

       - NÃO! – berrei.

       - Senhorita?

       - Desculpe senhor... Mas... Eu perdi toda minha família, e custei a chegar aqui, por favor Senhor, não me mande embora, poderia estudar aqui...

       - Seria uma honra ter você como aluna senhorita Tonks, mas veja bem... Quantos anos a senhora tem mesmo?

       - Dezessete.

       - Dezessete – repetiu ele – Teria de estar no último ano, segundo o regimento escola, não poderia pular sete anos de matérias aplicadas, você, como nascida trouxa, teria muito o que aprender antes que pudesse chegar a um nível aceitável para alguém do sétimo ano.

       - Desculpe Senhor, mas lhe suplico, faça um teste comigo, todas as matérias, juro que sou capaz de passar, e se não me sair bem... Bom, faremos do seu modo, mas, por favor, me dê essa chance. Não... – pense Annabelly, seja convincente – Não quero voltar lá pra fora... Tenho medo senhor... Não quero voltar sem poder me defender sozinha.

        Talvez essa tenha sido minha melhor atuação, e a parte em que meus olhos ficaram marejados devia ter contribuído e muito. Depois de tanto me analisar cautelosamente, Dumbledore deu seu veredicto:

       - Pois bem, você legalmente é de maior e tem o direito de decidir isso. Iremos falar com o diretor Dippet logo de manhã, e se ele aceitar sua proposta com bom grado a terei como aluna, isso é o máximo que poderei fazer.

       - Obrigada Senhor.

        O diretor Dippet era um homem baixo e roliço, de fartos bigodes e um cabelo bem ajeitado. Fungava sempre que dizia algo, e atingia uma coloração avermelhada sempre que Dumbledore o fazia mudar de idéia. Não foi fácil persuadí-lo, mas depois de horas de conversa fui autorizada a fazer uma prova sobre supervisão de um monitor de cada matéria obrigatória. Me deram uma semana para estudar, e depois de insistir que poderia fazê-las naquela mesma hora reduziram a minha semana para dois dias. Dumbledore designaria algum aluno do sétimo ano para me ajudar, quase falei que já havia feito o sétimo ano e não precisava disso, mas mordi meus lábios e me segurei.

        Era sexta, eu teria o final de semana para estudar. Incrivelmente o ano letivo havia começado naquela mesma semana. Ótimo além de novata eu chegaria atrasada. O que eu não faço por você, Teddy?

        Saímos do gabinete do diretor quase no horário do almoço, e segundo Dippet, ele não queria que eu fosse vista para não causar “reboliço”, então até verem se eu poderia ou não ser aceita em Hogwarts, eu deveria agir discretamente, fazendo minhas refeições e dormindo em uma sala privada. Para mim isso era o necessário.

       - Senhoria Tonks – disse Dumbledore enquanto descíamos do gabinete do diretor – Não ande sozinha pelo castelo, ele é grande demais e é fácil de se perder em meio a corredores e salas desconhecidas. A deixarei na biblioteca e lá você permanecerá, mandarei algum aluno para auxiliar seus estudo e lhe explicar o que precisar a respeito de suas avaliações e te ajudar no castelo.

       - Obrigada pela consideração, senhor.

      - Não por isso, agora vamos almoçar. Ouvi dizer que o prato de hoje inclui bife mal passado de Dragão – disse Dumbledore com um brilho no olhar.

       Incrível como tudo parecia igual ao que eu me lembrava. Talvez a biblioteca tivesse alguns livros a menos, eu não sabia, mas olhando em volta nada parecia fora do lugar. Dumbledore me deixou lá, e pré-selecionou alguns livros dos quais eu já havia lido no meu presente... Ou futuro, mas claro, não disse nada.

       Enquanto esperava a pessoa que me ajudaria me peguei pensando em Teddy e todas as vezes que ficamos escondidos atrás das prateleiras daquela mesma biblioteca. Imaginei como ele estaria, e se acordaria antes de eu voltar.

       Eu sabia que o que eu estava fazendo era irracional, mas eu nunca tive nada que realmente fora conquistado por mim ou fora meu de verdade em toda minha vida, nunca tive um motivo de continuar a acordar todos os dias, nunca tive a minha inspiração, nunca até encontrar Teddy, e eu não poderia perdê-lo. Era irracional o que eu estava fazendo, mas eu estava fazendo por amor. Estava fazendo por ele.

      - Annabelly Tonks? Dumbledore me mandou para auxiliar em seus estudos, vamos começar – falou um garoto me tirando de meus pensamentos, pisquei duas vezes e suspirei... Que falta Teddy me fazia.

      - Desculpe, sei que Dumbledore disse que eu preciso de uma revisão de todo o conteúdo de todos os anos, mas acredite, eu não preciso – falei forçando um sorriso e levantando os olhos para o garoto que puxava a cadeira para se sentar de frente.

      - Não pense que eu sou rude, e não leve para o lado pessoal, mas uma nascida trouxa... – eu via os lábios dele se mexendo, mas nada ouvia. Eu conhecia aquela voz... Ela que sussurra em minha cabeça por tanto tempo... E aqueles olhos? Eram... Merlin, eles eram a cópia dos meus, mas possivelmente um décimo mais frio. Anos antes eu o conheci em meu subconsciente, mas meu subconsciente não fez juz a pessoa a minha frente. Aquele era meu pai. Aquele era o futuro Lord Voldemort. Aquele era a causa de tudo o que eu era, e tudo que Teddy passava.

      - Tom – falei o interrompendo. Ele parou de falar e abriu um curto sorriso de lado.

      - Perdão?

      - Tom Riddle.

      - Ah sim, não me apresentei devidamente. Sim, sou Tom Riddle.


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Notas finais do capítulo

Well, demorei mais nesse, né? Perdões, não me matem, vou tentar adiantar alguns capítulos pra vocês. Mas o que acharam? Aí Tom ~suspiros~ (...) Espero realmente que tenham gostado, e muito obrigada pelos comentários do último capitulo, gostei muito, besos :*