Tempero Italiano escrita por Kori Hime


Capítulo 1
O melhor cozinheiro do mundo é...?


Notas iniciais do capítulo

Eu queria juntar o Al da Millaneza e o Sanji, dois cozinheiros que eu acho que dava uma luta na cozinha, mas eu nao fui tao além.
Escrevi uma comédia romantica yaoi hahahaha
Gostei, ficou fofinha.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/163024/chapter/1

– E quando é que você volta?

Zoro precisou falar mais alto, para que Sanji pudesse ouvi-lo melhor dentro do banheiro. Ele estava escorado na porta, de braços cruzados, não gostando nada da ideia de Sanji ir sozinho para a Italia, fazer esse tal de curso gastronômico. Mas não iria dizer isso nem sobre tortura.

Sanji acabou o banho, e enrolou a toalha preta em volta da cintura, abrindo a porta do banheiro em seguida. Ele olhou para Zoro, e deu um sorriso cínico.

– Você está com ciúmes?

– Idiota. Eu só quero saber porque o aluguel vence no dia quinze, e se você não estiver ai para pagar, eu vou ter que arcar com as despesas.

Zoro e Sanji dividiam um apartamento no centro de Paris, era uma convivência turbulenta. Os amigos não entendiam como eles conseguiam conviver no mesmo ambiente, se estavam sempre, sempre brigando.

Sanji gargalhou, atravessando o corredor, indo direto para seu quarto, enquanto Zoro foi para a sala, fingindo ignorá-lo.

Enquanto ele se secava e vestia suas roupas, foi falando o roteiro de viagem em voz alta, para Zoro lhe ouvir. Além do curso, comentou sobre os locais turísticos que queria visitar também. Além das lindas mulheres italianas.

Zoro estava ouvindo tudo, de olhos fechados e braços cruzados, deitado no sofá. Pensando em como aquele cozinheiro de quinta categoria era convencido demais.

Sanji procurou na gaveta um par de meias, e sentou-se na cama, vestindo-as, depois colocou os sapatos bem engraxados. Pegou uma gravata azul marinho, e ficou na frente do espelho ajeitando-a.

– Você vai me levar la no aeroporto? – Perguntou para Zoro, que não respondeu nada de imediato, viu a cabeça com fios loiros aparecer na porta do quarto, pelo corredor. – Eu sei que você detesta despedidas. Vou pedir para a Nami me levar.

– Não ligo. Ela vai cobrar de você mais caro que um motorista de táxi cobraria. 

Sanji estava pronto. Ele tentou se despedir de Zoro, mas o que iria dizer? Não tinha nada para falar com aquele dinossauro estranho. Só avisou que o dinheiro do aluguel estava na primeira gaveta do armário ao lado da cama. Zoro mexeu a mão, como se não ligasse para aquilo, mas assim que Sanji saiu, ele estreitou os olhos em direção para a janela. Poderia dar uma olhadinha, para ver ele entrando no táxi e...

Não! Definitivamente ele não ia fazer isso.

Sanji acabou pedindo carona para sua vizinha Nami, ela cobrou uma fortuna mesmo, alegando que precisava abastecer o carro. O loiro não se importou porque era muito amigo dela, e jamais ia imaginar que a ruivinha estaria passando a perna nele.

No aeroporto, Sanji se despediu de Nami, prometendo trazer-lhe algum presente da Itália. Ele foi para a sala de embarque, e aguardou junto com outras pessoas que também participariam do curso de culinária que seria promovido pelo dono de um dos restaurantes mais famosos da Europa, que estava começando a ganhar fama também em Paris. Sanji foi nesse restaurante e se encantou com o estilo da culinária italiana. Então decidiu participar do workshop gastronomico, que seria de um mês.

A viagem não era longa, mas o cozinheiro já estava ansioso para fumar. Logo que o avião pousou e ele pegou a bagagem de mão, ele foi para a saída, deixando o grupo ainda no saguão do aeroporto, aguardando a pessoa responsável em levá-los para o hotel.

Ele não ia demorar nada, só dar um trago e voltar. Mas quando retornou, o pessoal não estava mais la. Sanji olhou de um lado para o outro e procurou informações com o guarda, mas ele não entendia muito o que o homem falava e nem o guarda lhe entendia.

Pronto, e agora? Tinha o telefone do hotel que ia se hospedar, resolveu ligar. Mas e se ninguém compreendesse o que ele dissesse? Para a sorte dele, havia uma recepcionista que o compreendia muito bem. Ela alegou que iria enviar uma pessoa para buscá-lo e que aguardasse um pouco mais, já que estava um dia bastante agitado.

Sanji esperou por uma hora no saguão, impaciente. Ele ligou para Zoro, que riu sem modéstia na cara dele por ter sido abandonado. – Eu não fui abandonado, seu idiota.

Ele desligou sem saber porque resolveu ligar para aquele marimo.

Estava atento a um grupo de garotas falando alto, quando observou que um homem segurava uma plaquinha com o seu nome. Escrito muito errado.

O loiro se levantou e com uma cara nada agradável se colocou na frente do moreno de cabelos revoltos. Ele respirou fundo, aquele cara não tinha culpa de nada, então ia pegar leve.

– É Kuroashi, e não Kurosagi. – Sanji ergueu a mão acenando para o homem. – Eu sou o Sanji.

– Ah! O francês perdido. – O moreno deu um sorriso estupidamente encantador, mas Sanji estava ocupado demais para perceber isso. Estava zangado pela demora, e agora pela piadinha contada, num francês feito por correspondência, e aquele sotaque italiano carregado, que só não era irritante porque... não sabia porque.

– Estou cansado, quero ir logo para o hotel e descansar. Mais tarde tenho uma palestra importante para participar e se eu dormir, vai ser culpa sua de não ter me levado embora daqui.

O italiano ficou olhando para Sanji, como se estivesse ainda tentando compreender o que ele estava falando. Sanji então repetiu tudo bem devagar, para que ele entendesse.

– Eu sou o Alphonso. – ele ignorou completamente o que Sanji dissera anteriormente. – se importa se eu passar antes no pet shop pra buscar o cachorro da minha mãe?

Sanji apertou os olhos, irritado com a total falta de consideração daquele homem. Mas o que ele poderia fazer? Era o visitante ali, não queria se perder. Aliás, não queria perder tempo se perdendo pela cidade, então, seguiu o moreno até o estacionamento para encontrar o carro.

Alphonso coçou a cabeça, olhando a fileira de automóveis. Onde ele estacionou mesmo?

Sanji não estava acreditando no que via. Ele tinha mesmo perdido o próprio carro? Não é possível. Já bastava aquele idiota perdido la de Paris, tinha que encontrar um modelo idêntico na Itália?

Sanji acendeu um cigarro, porque estava começando a se estressar mais ainda com aquela confusão toda. Alphonso por outro lado, estava sorridente, dizendo o quanto era chato essas plaquinhas de estacionamento todas iguais.

– Não são iguais, tem números e letras diferentes, além das cores. Você se lembra ao menos da cor da placa? Ou o número? Não anotou? – ele falava devagar, para que Alphonso entendesse bem seu francês.

– Acho que me lembrei. Deve ser o laranja, não o azul. Ah! Definitivamente é o verde. Vem, acho que achei. – Ele foi na frente andando mais rápido, e Sanji o seguiu. – Aqui, eu disse que era o verde.

– Ótimo. Agora vamos. – Sanji esperou Alphonso entrar no carro e destravar as portas. O loiro então jogou a mala no banco de trás, e sentou-se ao lado do motorista, apagando o cigarro antes de tudo.

– Tudo bem, pode fumar aqui dentro. – Alphonso caçou nos bolsos do casaco o maço de cigarro e quando o achou, estava todo amassado. – Opa. Não esperava por isso. – ele deu uma risadinha, e Sanji girou os olhos, oferecendo um dos seus cigarros. – Eu quero sim. Obrigado.

Finalmente Sanji estava começando a gostar da viagem, ao olhar pela janela do carro a beleza que era aquela cidade. Alphonso não parava de tagarelar no banco do motorista, como se fosse um guia turístico.

Eles chegaram até a petshop. Sanji ficou do lado de fora do carro, observando a movimentação da rua. As mulheres italianas eram mesmo muito belas. Pensou ele sorrindo para uma loira que acabara de sair da petshop com uma cadelinha toda pomposa. Ela tirou da bolsa uma cigarrilha, e Sanji automaticamente se ofereceu para acender com seu isqueiro prateado.

Era uma oportunidade perfeita para ir tomar um café e conversar com aquela senhorita tão elegante que compreendia muito bem e falava francês lindamente, com a delicadeza digna de uma dama.

– Já esta tudo certo. – Alphonso saiu da petshop, falando com o cachorro em seu colo, e em seguida colocando-o no banco de trás do carro, abrindo a porta para Sanji. Ele esperou o loiro entrar, mas não é ele estava sendo ignorado por aquele francês? – Oi! Podemos ir.

– Ah! Você. – Sanji mexeu a mão, pedindo um minutinho, enquanto ele se despedia da jovem senhorita e salvava o número do telefone dela em seu celular.

Al cruzou os braços, e encostou-se no carro, assistindo a despedida melodramática de Sanji e a moça da cadelinha que seu cachorro tava de olho. Assim que Sanji acebou pela última vez para a loira, e ela finalmente dobrou a esquina e sumiu da vista deles, o cozinheiro virou-se para o carro e deu de cara com um risinho cínico de Al, e uma olhada canina que não gostou.

Eles entraram no carro e finalmente foram direto para o Hotel. Quando chegaram lá, Sanji se despediu de Alphonso, agradecendo-o cordialmente e foi direto para a recepção. Al acenou para o loiro que já estava caminhando, sem ligar para o que ele dizia. Mas ele nem se importava com isso.

Sanji se acomodou em seu quarto, guardando as roupas no armário, e experimentando a cama bem confortável com um pulo no meio dela, sacudindo tudo, e deixando os travesseiros bem alinhados caírem no chão. Ele foi tomar um banho e se preparou para o jantar que seria oferecido para os recém-chegados.

O loiro vestiu um terno preto, bem elegante e uma camisa azul marinho, por fim uma gravata também preta. Penteou bem os cabelos, passando um perfume que segundo ele, era o preferido das mulheres, mas Zoro descordava daquilo. Bem, não era para lembrar de Zoro agora, mas Sanji acabou lembrando. Ele sacudiu a cabeça, dando um último toque em sua sobrancelha enroladinha e saiu do quarto todo animado.

O jantar seria servido no restaurante do hotel mesmo, aliás, todo o workshop seria ministrado lá, numa área reservada especial. Sanji foi recepcionado por uma jovem que levou-o para a mesa em que ele ficaria, e pediu para que aguardasse um pouco, que logo mandaria o garçom trazer as bebidas que ele e os demais na mesa desejassem.

Sanji estava sentado ao lado de uma ruiva bem sorridente que conversava animada com um rapaz mais introvertido. No lado esquerdo dele, a cadeira ainda estava vazia, e com uma plaquinha pequena com o nome da pessoa que iria sentar-se ali. Assim como tinha em cada mesa.

– Alphonso Baldochi. – Sanji estreitou os olhos, aqueles dois nomes eram familiares. Muito, aliás. Primeiro que o Restaurante que estava dando esse evento era chamado de Baldochi, e segundo... aquele nome Alphonso, onde ele ouviu aquele nome mesmo? 

Sua cabeça estava trabalhando para recorda-se de onde havia ouvido o nome Alphonso, mas não precisou se esforçar tanto porque o próprio em pessoa já estava sentando-se ao lado dele.

– Me desculpem o atraso, estava ocupado, espero não ter perdido o jantar. – com um sorriso carismático para as damas e também para os cavalheiros, em seguida o moreno olhou para o lado e deu uma piscadela para Sanji. – O francês. Fiquei esperando uma ligação sua de socorro caso se perdesse de novo. – ele gargalhou, constrangendo Sanji, diante das mulheres. Alphonso contou que foi buscá-lo no aeroporto porque ele havia se perdido la dentro.

– Não foi bem assim, eu sai para fumar e quando voltei todos já tinham ido embora. – Sanji se defendeu e recebeu um carinho na mão da ruiva ao seu lado. Ele se derreteu todo, até Al continuar falando, e a voz dele irritar profundamente o loiro.

Jantar foi servido então, uma massa levíssima e muito apetitosa. Acompanhada de um vinho fino, e não muito encorpado. Estava tudo perfeitamente equilibrado, pensou Sanji. Isso era bom, porque comer massa a noite para algumas pessoas era ruim, mas aquela não estava maravilhosa.

A sobremesa foi um tradicional tiramisú, feito com queijo cremoso chamado mascarpone, biscoito champanhe, brandy, conhaque e café. Polvilhado com chocolate amargo. Sanji adorou. Ele ainda confidenciou a Alphonso que havia comido um desse em Paris, mas o de agora era totalmente diferente, muito mais saboroso e especial. Não sabia como descrever.

– Gostou mesmo? Nossa, esse chef desse ser seu idolo, né?

– Quero muito conhecê-lo. – Sanji abriu o primeiro sorriso para Al, que gostou do que viu.

– Senhoras e senhores... – A mesma mulher que recepcionou Sanji, estava agora em um palco improvisado. Chamando a atenção de todos, com um microfone na mão. Ela se apresentou, e iniciou um pequeno discurso para chamar ali no palco a pessoa responsável pelo jantar que todos acabaram de saborear. Mais algumas palavras enobrecendo o trabalho magnífico do chef, e por fim ela o chamou pelo nome. – Venha aqui, Alphonso.

Sanji arregalou os olhos e viu o moreno levantar-se ao seu lado, obedecendo as ordens dadas a ele. 

– Boa noite a todos, obrigada pela apresentação carinhosa Sofia. – ele pegou o microfone das mãos de sua colaboradora, e ela voltou para seu lugar numa mesa reservada para os que trabalhavam ali no hotel. – Obrigada pelos aplausos, mas acho que não mereço tudo isso. – Ele balançou a mão no ar, sorridente. Sanji estava sentado com a boca aberta ainda. Não era possível que aquele italiano bagunçado era o homem por detrás daquele restaurante maravilhoso.

Alphonso fez um breve agradecimento a todos por estarem ali. Seu francês de agora era perfeito, sem nenhum sotaque italiano carregado, ele também parecia ter uma postura totalmente diferente da que Sanji conhecera no aeroporto e na petshop. Parecia até outra pessoa.

– Depois de um descanso, eu sovei a massa. – ele estava dando uma explicação rápida sobre a massa que havia preparado, a pedido da ruiva que estava sentada na mesa com Sanji. O loiro prestava atenção em tudo o que o italiano falava, mas ao mesmo, ele se via irritado com aquilo. Ainda mais com o jeito galanteador de Alphonso. – Mas cuidado para não estragar essas delicadas mãos, minha querida.

Blá, blá, blá. Sanji precisava tomar um ar fresco e fumar um cigarro, ele pediu licença, e seguiu para a porta de saída que ficava no lado esquerdo do salão. Ainda quando fechou a porta, pode ouvir a voz de Alphonso, e aquele francês que ele escondeu naquela tarde.

– Eu estou cercado por idiotas. – Sanji resmungou, pegando o maço de cigarros do bolso do paletó. Ele caminhou pela calçada, a rua estava tranquila e a noite bem agradável. Não haviam nuvens no céu, porém, estava ventando um pouquinho. Sanji parou diante de uma vitrine de uma loja de roupas femininas, que ficava ao lado do hotel em que estava hospedado.

Ele se distraiu um pouco, e por isso levou um susto quando sentiu uma mão pesada tocar seu ombro. Virou rapidamente, para constatar que se tratava de Alphonso. O fingido.

– O que quer? Me matar do coração? Saiba que não paguei todo o curso, então vai ficar sem meu cheque. – Sanji pegou outro cigarro, sentia a necessidade de fumar mais.

– Não, não. Imagina. Eu não quero matar meu aluno perdido. – Al brincou, deixando de lado aquele tom grosseiro de Sanji. – Mas porque saiu de lá? Disse que tinha gostado da sobremesa. Ou melhor, do chef.

– Quem disse isso? – Sanji esbravejou.

– Você mesmo. – Al pôs a mão no queixo e logo depois acendeu um cigarro também. Sanji sentiu o cheiro de canela no ar, vindo da direção do italiano. – Se quiser, posso incluir no curso a sobremesa, eu expliquei pra todos como se faz. Mas você não estava la para ouvir.

– Não precisa mudar nada não, eu não estou interessado. – Mentira, e Alphonso riu disso.

– Que tal tomar um vinho comigo? Eu pago. Vamos?

– Acho melhor não. Vou acordar cedo amanha para fazer um passeio com o pessoal da viagem, conhecer alguns lugares, aproveitar que o curso só começa daqui dois dias não é mesmo?

Alphonso jogou o cigarro pela metade na via e pisou em cima. – Claro, tem razão. Melhor ir descansar. Se ficar perdido e precisar de ajuda, só ligar na recepção que eles me chamam.

Sanji nem teve tempo de responder, porque Al se afastou rapidamente, entrando no hotel. Dando um tchauzinho para ele. Aquilo o deixou desconcertado. Quer dizer... 

Porque negou uma taça de vinho? Ele era um adulto, pelo amor de Deus. Que mal faria isso? E além do mais, eram duas pessoas que tinham algo em comum. Claro que estava pensando no fato de serem apaixonados pela gastronomia.

Sanji se pegou pensando mais no que devia em uma desculpa para ir atrás de Alphonso, mas acordou antes que o fizesse. Era demais isso, ficar pensando naquele italiano de merda. Sanji entrou no hotel e foi direto para seu quarto.

No dia seguinte ele aproveitou bastante o passeio pela cidade, tirou muitas fotos, apreciou a boa comida, comprou presentes para suas lindas vizinhas, e também para alguns amigos mais chegados. Apesar de achar que Luffy ia preferir uma pizza que um novo chapéu. Mas não custava tentar, só para variar no presente. No final da noite, Sanji já estava de volta ao hotel, e tinha um encontro para o jantar.

No passeio, ele conheceu melhor a ruiva que o acompanhara na mesa da noite passada. Ela era uma jovem bastante divertida e estava lá mesmo porque ganhou de presente de aniversário de uma amiga esse curso, assim ela voltaria para cara sabendo novos pratos.

Sanji a aguardava ansioso já na mesa, estava menos formal aquela noite, apenas com uma camisa amarela e calça social preta. Eu disse menos formal. Ele se levantou logo que a ruiva apontou na porta do salão do restaurante do hotel. Ela pediu desculpas pelo pequeno atraso, pois estava no telefone com aquela amiga a quem tinha falado sobre mais cedo.

– Tudo bem, não se pode apressar uma conversa entre amigas. – Sanji disse, empurrando a cadeira quando Kori se sentou. Ela agradeceu e perguntou se ele já havia feito o pedido. – Não, mas talvez uma Salada Caprese, já que hoje comemos tanta coisa.

– É verdade. – Kori sorriu, e eles fizeram o pedido. Enquanto os pratos não chegavam, eles conversaram um pouco mais sobre cada um. – Eu estou adorando a Italia, pena que a Mariko não pode vir. Muito trabalho na revista onde trabalha.

– Dá próxima vez vocês vem e aproveitam juntas.

– Sim, vai ser divertido. – O garçom chegou logo em seguida. Eles passaram a falar mais sobre culinária e o curso, além do que viram aquele dia. A sobremesa também foi tão boa quanto a da noite passada, e Sanji estava falando isso mesmo quando a figura de Alphonso surgiu atrás dele, dando-lhe outro susto.

Sanji nunca mais iria duvidar daquela expressão: falando no diabo...

– Me digam o que acharam do jantar de hoje? – Al perguntou, abrindo um sorriso.

– Maravilhoso querido, eu nunca vou conseguir cozinhar tão bem quanto você. – Kori, pediu para que ele se sentasse e fizesse companhia, caso não estivesse ocupado.

Alphonso segurou as mãos de Kori, beijando-as depois, sentando. Sanji quis vomitar toda a refeição naquele instante. Ele reparou nas roupas que Al vestia, brancas e em perfeito estado, sem nenhuma machinha de molho rose, ou qualquer outra coisa. Ah! Mas o cabelo, estavam bagunçados, bem desarrumados como um ninho de gaivotas. Apesar de ser extremamente sensual aqueles cabelos desgrenhados. Mas o que ele estava pensando?

Sim, ele pensava que cabelos assim poderia ser ruim, e se caísse um fio de cabelo na comida? Ah! Claro que era isso. Sanji deu uma olhada ao redor, e todos pareciam muito animados. Inclusive sua companhia e Alphonso.

– Eu preciso me retocar, volto logo para tomar um café ou quem sabe um conhaque. – Kori se levantou, pedindo licença aos dois homens. Sanji aproveitou para esclarecer as coisas ali.

– Olha! Já entendi seu plano. – Al arqueou a sobrancelha, e sem tirar o sorriso dos lábios, perguntou se ele havia mesmo descoberto o plano dele. – Sim, já sei de tudo. Você fica ai bancando o gostosão, falando francês perfeitamente com as mulheres para impressionar elas. Agora vem aqui no meu encontro, e fica jogando esse charme de italiano ridículo para cima da minha garota. 

Sanji notou que Al sequer parecia se afetar com o que ele dizia mas mesmo assim continuou. E quando finalmente acabou, Al bebeu o vinho da taça que Kori bebia, e riu baixinho.

– Você acha mesmo que ela tá na sua?

– Se não estivesse, porque estaria jantando comigo? – Sanji tinha um ar de vitória estampado na cara, mas nem isso fazia Al mudar sua postura. – Tem tanta mulher por ai, quer logo a minha?

– Sua? – A gargalhada de Al deixou Sanji irritado. – Meu caro, ela não é sua, nem aqui, nem na França.

– Você se acha melhor do que eu né? Mas vou te provar o contrário.

Al se levantou, e passou as mão nos cabelos, jogando-os para trás. Ele viu Kori se aproximando e então falou baixinho para que ela não ouvisse. – Ela não é minha e nem sua, tem uma terceira pessoa.

– Terceira pessoa? – Sanji queria saber quem era essa terceira pessoa mas Alphonso já havia ido embora, e Kori sentava em seu lugar.

– Que pena que o Alphonso não pode nos acompanhar para uma bebidinha. – ela lamentou, fazendo beicinho, e Sanji desmoronou. Eles pagaram a conta, Kori fez quentão de pagar a dela, mesmo Sanji batendo pé, dizendo que era um cavalheiro e que pagaria o jantar. Isso não adiantou, mas não queria dizer também que ela não estava interessada nele. Não é?

Foram então para uma parte menor do restaurante, onde ficava o bar. Kori era bem falante, e estava empolgada com a ideia de abrir um restaurante com sua amiga, que ajudaria no investimento inicial. Se desse certo, seria um sonho se realizando.

– E eu farei questão de ir em seu restaurante. Claro, se a senhorita me convidar. – Sanji pegou a mão dela, e acariciou com os dedos. Kori ficou um pouco corada, mas a iluminação azul e verde do lugar não deixava transparecer tanto. Próximo deles, estava Alphonso, conversando com Sofia. Sanji o viu, e para mostrar que ele estava enganado, tentou uma aproximação maior, mas foi repelido pela ruiva.

– Sanji. Eu acho que não fui muito clara com você. – Ela se levantou do banco alto em que estava sentada, e pegou a bolsa. – Eu tenho uma pessoa já, e só aceitei seu convite para jantar porque estava me sentindo sozinha, queria um amigo para um jantar agradável.

– Amigo? Mas... – Sanji deu uma olhada por sobre os ombros de Kori, e viu Al acenando para ele. Queria matá-lo naquele momento. – Tudo bem, eu que me precipitei.

– Eu acho melhor ir dormir. Amanha tem um monte de coisas para fazer. Soube que vamos numa feira, estou empolgada. – eles se despediram, e Kori foi embora, sem pagar o conhaque, porque Sanji insistiu muito que era por conta dele.

Não demorou nem um minuto para Alphonso sentar-se no mesmo lugar que Kori estava. Ele pediu para o barman encher o copo de conhaque, e bebeu de uma vez, sacudindo a cabeça e dando um sorriso na direção de Sanji.

– Mulheres... quem as entende. – Disse, pedindo outra dose.

– Diga por si só. – Sanji pediu a saideira, chega de emoções nessa noite. Relaxou os ombros, que após aquele fora ficou todo travado. – Como você sabia? Ela nem aliança usava, e além do mais, não falou sobre nenhum namorado a tarde toda.

– Ah é? – Al apoiou o queixo na mão e fez uma cara pensativa. – Não falou sobre ninguém?

– Só sobre uma amiga, que vai ajudar ela a abrir um restaurante.

– Ah, a Mariko. Sim ela me disse no jantar, aquele que você abandonou. – Al mexeu no copo em cima do balcão, fazendo ele rodopiar, até quase cair no chão. Mas ele alcançou antes disso. – Ela é a terceira pessoa.

Sanji até então estava olhando para o copo, mas quando Alphonso falou que a Mariko seria a terceira pessoa, ele teve vontade de fazer o moreno engolir o copo inteiro.

– E porque você não me disse isso antes? Poderia ter me polpado o tempo e a vergonha.

Como é que ele ia saber que a amiga, não era somente uma amiga? E Alphonso caiu na risada. Mas Sanji não entendeu nada do que ele dizia, porque falava em italiano com o barman, na certa estava caçoando dele. Isso fez o loiro fechar a cara e pagar as bebidas, dando boa noite. Alphonso ainda mandou ele voltar, só que já era tarde.

No outro dia, Sanji acordou um pouco enjoado, mas ele tomou um banho e se dirigiu para o saguão do Hotel conforme combinado, para saírem em grupo a tal feira. Para surpresa do loiro, quem estava ali para recepcionar a todos? Claro que era Alphonso. Ele estava lá beijando as mãos das mulheres. Kori deu um bom dia para Sanji, sorridente como sempre, talvez o pequeno equivoco da noite passada não tenha abalado a amizade que eles fizeram. Ainda bem.

A feira não era muito longe dali, mas Al achou melhor todos irem no ônibus da excursão, assim poderiam conhecer mais a cidade. Ele sempre bem humorado, dizia que ia acabar abrindo uma empresa de viagens e passeio, e largar o ramo gastronômico. E Sanji, lá no banco do fundo, trincava os dentes todas as vezes em que Alphonso fazia alguma piadinha com ele. Não era nada demais, só que Al estava sempre lembrando que ele era um rapaz perdido.

Só assim para Sanji entender o que Zoro sente quando alguém o irrita tanto com essa historia de se perder facilmente. Não gostou nada disso, talvez quando voltasse para casa iria pedir desculpas pelas brincadeiras passadas. Ou não, isso seria um exagero e ia inflar o ego daquele marimo grosso. Talvez só não fazer mais as brincadeiras já estava de bom tamanho.

Finalmente Sanji se distraiu e começou a aproveitar o passeio. A feira era incrível, havia temperos de todos os tipos. A variedade de produtos o deixou muito animado, com vontade de preparar novos pratos com cada coisa que pegava.

É claro que ele iria levar muitas daquelas coisas para casa. Mas era melhor comprar um dia antes da viagem para não estragar nada. E ele também não iria deixar que o italiano ali fosse estragar seus dias de viagem.

Eles voltaram a tarde para o hotel e a noite seria livre para todos. Sanji se arrumou, mas não sabia ao certo para onde iria, só sabia que não ficaria ali mofando. Ele estava na porta do Hotel, fumando um cigarro, esperando um táxi que lhe prometeram quando ele passou pela recepção.

– Sanji? – O loiro olhou para trás quando ouviu seu nome e viu Kori se aproximar. Ela estava linda num vestido azul marinho e cabelos presos. – Eu combinei de ir com uma das garotas para uma boate, quer ir também?

Sanji olhou para as companheiras de viagem, tão lindas. Era óbvio que ele iria junto. Não precisava perguntar outra vez. Além de Kori ainda tinha mais duas irmãs francesas e uma portuguesa, Ana, que por sinal, deixou o cozinheiro mais animado. Mas a alegria dele durou pouco. Sanji estava abrindo a porta do segundo táxi, porque as irmãs francesas já haviam ido em outro carro com dois caras que chegou. É, Sanji aprecia que estava adivinhando as coisas.

– Preparadas para se divertir? – Aquele sotaque, aquele maldito sotaque. Não era possível que aquele demônio estaria ali também. – Ah! Sanji. Vai se juntar a nós?

Sanji tirou o cigarro da boca, e tentou parecer indiferente.

– A pedido de Kori e suas amigas, eu vou sim.

Al deu uma risadinha, e piscou para Sanji. – Vamos nos divertir bastante. Não é meninas?

Ele passou as mãos por cima dos ombros de Kori e Ana, e as acompanhou para dentro do táxi, Sanji foi no banco da frente, irritado. Mas ele não ia deixar aquele italiano seboso com cheiro de cravo ganhar.

Mas Sanji sentia que a noite seria muito boa para ele. Boa com certeza foi, porém, talvez não tenha sido exatamente como o cozinheiro francês desejasse.

O loiro sentiu uma vertigem quando sentou-se na cama. Ele jogou os cabelos para trás, coçando os olhos. A boca estava seca, e seu corpo dolorido, mais especificamente nas costas, como se alguém tivesse o apertado com força. Quer dizer, era estranho. Ele se arrastou pela cama afim de se levantar, mas demorou mais do que o normal para isso. Quando abriu os olhos e o sol que vinha pela janela já não irritava mais sua vista, Sanji percebeu que não estava em no quarto do Hotel em que se hospedara. As suas roupas estavam largadas pelo chão. Sanji foi catando uma por uma, e vestiu a cueca, depois a calça. Olhou-se no espelho, segurando a camisa, e viu as marcas arroxeadas nas costas.

Pelo amor de Deus! Quem fez isso com ele deveria ter a força de um mamute. Não se lembrava de nada, ou melhor, de quase nada da noite passada. Estava tudo muito confuso mesmo. Talvez aquelas bebidas estranhas que o italiano ofereceu estavam estragadas.

Espera... espera. Não! Espera um pouco.

Sanji olhou novamente as marcas em suas costas, eram grossas e grandes demais para mãos delicadas de uma certa portuguesa, que ele estava interessado.

– Mas que porra é essa? – Sanji precisava de respostas, e de um cigarro. Ele vasculhou o quarto que não tinha nenhum sinal de roupas de uma segunda ou terceira pessoa. É, ele poderia sonhar com uma orgia saudável com duas belas mulheres. Mas a única coisa que achou foi um maço de cigarro. Cigarros de cravo.

NÃO!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Tempero Italiano" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.