Looking Back escrita por Laryssa Costa


Capítulo 4
Cobranças


Notas iniciais do capítulo

Faz um bom tempo que não atualizo, eu sei. Estou tentando ao máximo consegui fazer um cronograma, e vou tentar no meu máximo postar um novo capítulo daqui a duas semanas (ou antes). Boa leitura!



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— Olá Edward. – Falei sussurrando com o resto de voz que tinha me sobrado.

— Isto é ridículo, Edward Cullen! Simplesmente ridículo. – Carlisle, que por um momento estava esquecido atrás de sua mesa, levantou-se e encarava Edward com uma fúria notável. — Eu aguento Tânia aqui mais do que ela merece, e eu aguentaria Mike Newton também, se ele ao menos seguisse as regras colocadas neste hospital por mim!

— Não posso controlar os seus horários. – Ele falou, desviando os olhos rapidamente para Carlisle e voltando a mim novamente. — Achei que nunca mais iria te ver. – Falou, agora se direcionando a mim.

— Era isso que eu esperava. – Respondi na mesma hora, enquanto a voz de Carlisle se colocava mais grave que a minha no mesmo momento. Mas Edward escutou e olhou para meus pés por um momento, antes de voltar-se definitivamente para Carlisle.

— Mais eu posso controlar daquele moleque sair daqui em menos de cinco minutos. Ele é seu amigo, mas amizade aqui dentro não salva vidas! Ele chegou atrasado e já quer colocar culpa na Srta. Swan.

— Sinto muito por isso, mas eu não posso fazer nada. Não o controlo. Eu mal me controlo. – Edward falou isso dando ênfase na última frase, e então os dois trocaram olhares raivosos. Certo, eu estava em meio a uma DR familiar e estava mais do que na hora de me retirar.

— Está na hora de se portar como um profissional que não quer ser, Edward. E eu estou falando, deixe avisado ao Sr. Newton que nenhuma reclamação ou aproveitamento de sua posição aqui irá ser visto por bons olhos. Isabella Swan agora é a chefe residente dele, assim como de todos os residentes aqui, e se ela fala que é pra estar aqui em um determinado horário, é para estar aqui em um determinado horário. Está claro?

— Claro como água, Dr. Cullen.

— Hm, se me dão licença, acho que tenho coisas para fazer em minha sala. Sinto muito pelo que ocorreu hoje Dr. Cullen. – Falei baixo, querendo estar invisível. Aquele ambiente de hostilidade não parecia ser de hoje e o quanto mais longe eu pudesse estar disso e de Edward, melhor para mim.

— Eu a acompanho. – Edward falando, já antecipando a sua retirada de sala.

— Não, não. Tem muitas coisas que tem que tratar com seu pai, por favor, fique. Eu estarei muito bem sozinha. – Falei apressada, praticamente correndo para porta. Só conseguia ficar pensando em “elevadores” “corredores vazios” “eu e Edward” “silêncios constrangedores” “recordações que nunca devem ser tiradas do baú”.

Seis anos atrás, Forks

— Vai ser bem legal, meus pais vão sair e a casa vai ficar só para mim e Edward. Ele está passando por uma crise adolescente, ou sei lá o que, e vai chamar uns amigos dele pra ficar fazendo.... não sei, coisas idiotas que garotos fazem. Você podia ir lá pra casa! – Ela falou animada enquanto arrumava as roupas do meu guarda-roupas desorganizado. Ela gostava disso. Alice tinha uma disposição e inspiração invejável para qualquer tipo de coisa.

— Seu irmão vai estar lá também? – Falei tentando não deixar meu interesse chegar ao seu alerta de interesse aguçado.

— Vai estar sim, vai ter uma grande conferência de médicos em Boston e meu pai está animadíssimo por ser o palestrante de tantos médicos importantes. Como sempre, minha mãe vai com ele e queriam levar Edward também, mas além de ele estar estranho esses dias, ouve uma pequena discussão lá em casa.

— Discussão de que?

— Não sei. E prefiro não me envolver em brigas do Edward e do papai. Porque sempre sobra pra mim, então estou bem feliz com minha ignorância. – Então ela parou com um cabide nas mãos e virou pra mim com cara de surpresa – Já sei! Podemos assistir Maria Antonieta! Seria maravilhoso, e no baile deste ano eu espero poder ir com um vestido fabuloso a lá rainha da França.

— Ela foi guilhotinada. – Falei com ironia.

— Mas rainha é rainha Bells, e reinados não se discute. Doces, vamos encomendar muitos doces para esse final de semana, só para nós duas. Vamos sair rolando...

Acho que as fantasias de Alice nunca iriam acabar, então fiquei só comentando e rindo das ideias malucas dela. Mas a verdade, é que não conseguia parar de pensar em seu irmão. Nós não tínhamos uma convivência muito grande, mas para mim, era convivência o suficiente para suspirar pelos corredores da escola e para ficar olhando pra ele de segundo em segundo quando me davam uma carona.

— Dizem – Lauren começou falando enquanto comia sua salada, no refeitório – Que Edward Cullen está de olho em Tânia Denali. – Jessica parou de comer no mesmo momento e começou a prestar atenção. — Porém. Tânia Denali não quer nada com Edward Cullen.

Jessica começou a rir. Devia estar gostando muito dessa história, já que ano passado estava praticamente se dando para ele, e o mesmo deu um fora nela enfrente a metade dos alunos veteranos da escola. Não vou dizer que não se era merecido, afinal de contas, ela fez coisas bem vergonhosas para ambos. Ângela me olhou rapidamente e deu uma piscadinha, passando uma mensagem silenciosa que estava pensando na mesma coisa que eu, e então sorrimos.

— Porque acham isto? – Ângela perguntou como se fosse uma grande notícia, pois era assim que Lauren e Jessica tomavam para si as novidades e fofocas da escola.

— Ele está de conversinha com todas as amigas dela, que ficam falando que ele pergunta bastante sobre Tânia. Ele vai em todos os jogos que ela está sendo líder de torcida, e fingi que espera Alice nos ensaios, mas todos cochicham que é apenas para ver ela.

— O pessoal dessa escola falam várias mentiras, porque isso seria verdade? – Ângela falou enquanto olhava para os lados.

— Porque o povo não estaria comentando, querida e inocente Ângela, se não houvesse pelo menos um pingo de verdade dento desses comentários. – Jessica falou como se fosse a dona do mundo, e por fim, mexeu no cabelo e continuou — Mike Newton está de olho em mim já faz algum tempo, acho que vou dar uma brecha pra ele.

— Você sabe que tipos como Mike Newton, não querem só uma brecha Jess, querem tudo. – Lauren falou, sorrindo e por fim, quando seu namorado Tyler chegou a mesa, ela foi para algum canto escuro da escola com ele.

Eu estava arrumando minha mochila a tarde, esperando Alice aparecer para poder vir me buscar, quando minha mãe entrou no meu quarto.

— Olá docinho! – Ela falou toda sorridente. — As provas estão chegando não é? Sei que decidiu passar o final de semana na casa de Alice, mas vamos tentar chegar um pouquinho mais cedo para podermos ver os cursos das universidades?

— Mãe, já falei que não quero decidir isso agora...

— Mas é o seu futuro querida. Eu sei que não pensa nisto agora, mas por favor, por favor, pense a respeito enquanto estiver lá neste final de semana. Eu imploro. – Minha mãe como professora, zelava muito pela minha educação e eu nunca reclamava disto, mas as vezes, ter que decidir tão cedo o que quer chega a ser.... sufocante.

— Tudo bem mãe. – Falei para acabar a conversa. Eu não queria ficar discutindo quais universidades tinham mais destaque, quais eram a que mais se encaixava comigo. A maioria das meninas da minha escola sequer pensam em continuar alguma coisa, afinal, a regra de Forks é: Ser líder de torcida na escola – o que é praticamente ser uma superstar – terminar o ensino médio, noivar e se casar com um namorado do colegial, comprar uma casa, ter filhos, e reclamar dos preços dos alimentos.

O máximo que se espera de uma garota de Forks. Mas minha mãe sempre disse que sou melhor que tudo isso, e mesmo as expectativas de eu concordar sejam baixas, sei que ela quer meu bem. Toda minha família quer meu bem. Até Emmett vem reclamando comigo esses dias dizendo que a minha vida vai começar agora e todo aquele papo de pessoa inteligente que só ele tem.

Quem veio me buscar foi Edward. E não preciso dizer que meu coração foi a mil quando percebi isto, certo? O pai dele era um dos homens mais ricos de Washington, e veio morar logo em Forks, e os carros da família eram reconhecidos em qualquer lugar desta pequena cidade. Entrei super envergonhada dentro do carro, quando vi que estávamos só nós dois ali dentro, e sim, era a primeira vez.

— Alice foi comprar comida no supermercado. Vocês estão querendo fazer o que? Uma festa? – Ele falou casualmente como quem não quer nada.

— Não... – E o resto das palavras não me saiam. Mas que droga.

— Hmm.. então, o que é? – Ele continuou, educado.

— Vamos assistir um filme. Tipo, festa do pijama, e festas de pijamas precisam de muita comida. Provavelmente ela foi comprar pra você e seus amigos também, você vai chamar eles não é?

— Eu ia, não vou mais. A verdade é que to um pouco cansado e esse final de semana eu achei melhor ficar em casa, sem fazer nada. Ou então ver os folhetos de algumas universidades, já que estamos quase perto de nos formarmos.

— Seria uma boa ideia. Minha família está muito no meu pé por conta disto, querem que eu escolha uma faculdade o mais rápido possível. Ainda não sei o que eu quero, e é até um pouco injusto ter que decidir assim... tão cedo. Mas pelo menos não estão me forçando a algo que eu não quero.

— Que bom. Acho que o livre arbítrio é um direito igual a cada ser humano, pena, que minha família não pense deste jeito...

— Para tudo se tem uma solução, talvez eles só precisem de tempo pra perceber isso.

— É, e eu também preciso de um tempo. – Ele falou, dando fim a conversa. Mas continuou com nada mais que um sussurro a frase: — Preciso de um tempo para tudo isso.

Seria uma invasão de privacidade enorme caso eu tentasse saber mais sobre isso. Por favor, a última coisa que eu tinha vontade era que ele achasse que eu gostava de saber da vida alheia... E mesmo todos esses anos de convivência na casa de Alice e dar sempre “Bom dia” ou “Boa Tarde” ou “Eaí”, isso não nos fazia amigos. Na verdade, não nos fazia nem colegas. E “conhecidos” não trocam informações pessoais um com o outro. Preferi fica na minha, pelo menos, até ficar sozinha com Alice.

Chegamos praticamente junto com ela. Edward teve que carregar tudo pra dentro de casa, e estávamos na cozinha separando as coisas em bacias para levar pro enorme quarto dos sonhos dela. Edward também foi obrigado a ajudar.

—Alie, você é muito amiga das líderes de torcida né? – Edward falou enquanto despejava os biscoitos dentro de um recipiente, e comia alguns enquanto isso.

— Querido, eu sou a líder de torcida chefe. Não sou amiga, mas não tenha um cabelo pintado alí que eu não saiba. O que isso tem a ver com você? – Ela esperou um pouco e olhou pra ele com cara fechada — Se acha que vou aceitar aquela oferta vagabunda do seu capacho Tyler, está muito bem enganado, Edward Antony Cullen! Não vou deixar vocês entrarem nos armários pra verem as minhas líderes tirando a roupa e....

— Opa, opa, opa. O que? – Edward olhou para Alice espantado — Eu nem sabia disso, não quero ver suas lideres peladas.... Bem, eu quero.... mas não... argh, você entendeu.

— Seu safado de uma figa, pensa que isso é bonito seu Antony? Que vergonha para nossa linhagem impecáveis de homens nessa família...

— Até parece...

— Diga logo o que você quer, nós queremos comer!

— Conhece Tânia Denali? – Ele falou, dando uma atenção extrema as jujubas no pote.

— Bom. – Ela olhou para mim e sorriu — Quem não conhece Tânia Denali? – Ela falou com uma ironia, que pelo visto, Edward não percebeu. — Fique longe dela, entendeu? Nem pense em gracinhas. Isso vai dar uma confusão doida entre minhas meninas, e só vai sobrar para mim. Afinal de contas, você é meu irmão e eu sou a líder. Além disso, acho que ela está tentando levantar a saia para outro.

— Como assim levantar a saia para outro?

— Adiós Edward. – Alice falou, pegando as bacias e colocando uma encima das outras, tentando conseguir equilíbrio e eu apenas a segui. Pegando o máximo que eu conseguia. Pelo visto, Edward estava mesmo interessado na tal, Tânia Perfeita Denali.

Jane e Jasper estavam em alguma sala de descanso, eu liberei eles, porque além de ter poucos pacientes não atendidos no momento, eles estavam bem mais abatidos pelas poucas horas que tinham passado em casa no dia. Eu e Ang estávamos em uma sala de consultas rápidas aberta e ampla, nos quais cuidávamos de pessoas sem doenças graves e que precisavam de um atendimento rápido e barato. Enquanto eu testava a respiração do paciente, dando atenção total ao seu pulmão, Ang estava fazendo suas anotações cotidianas. Tânia estava cuidando de um senhor, e Mike Newton estava atendendo os pacientes da outra maca com cara fechada, olhando de vez enquanto para mim com raiva.

Assim que terminamos na sala, deixamos por conta dos enfermeiros que estavam lá para atender em qualquer urgência. Já se passava 15 horas que estávamos acordados sem passar, e eu estava na sala de tomografia vendo os exames dos pacientes que estavam com suspeitas de câncer. Tânia e Mike estavam juntos, conversando baixo, com certeza não sobre o que eu estava falando. Jasper e Jane estavam acordados, Ang ainda estavam em pé, e eu estava explicando como podemos achar mesmo os pequenos indícios de doenças com uma pesquisa minuciosa e quando chamei a atenção deles, não ficaram nem um pouco satisfeitos.

Quando liberei Ang e Mike para dormirem, Tânia teve que ficar comigo fazendo um exame em um homem. Jasper disse que eu e Tânia precisávamos de descanso, e mesmo eu não achando que realmente fosse necessário, aceitei. Mas ao invés de dormir, fui para o observatório, onde Dr. Carlisle estava fazendo a cirurgia cardíaca de um paciente. Peguei um café muito bem posicionado na entrada da porta, e tentei ficar o mais confortável que pude. Mesmo atenta a operação, fiquei imaginando Renesmee. Tão exposta a essa cidade cheia de pessoas fofoqueiras. Fui olhar meu celular, nada alarmante. Minha mãe apenas tinha mandado fotos dela para mim, atenta as partituras e as palavras que Emmet dizia.

— Já faz muito tempo que você sequer pisa aqui. Porque decidiu voltar logo agora?

Não foi preciso de muito esforço da minha mente para saber que era Tânia.

— Como assim logo agora? Que eu saiba, quando se termina a faculdade, é uma ótimo tempo pra passar um tempo com a família, respirar esse ar húmido que tanto nos cerca..

— Não seja engraçadinha comigo. Você sabe muito bem do que eu estou falando. — Ela disse, ficando ao meu lado, mas ao invés de se sentar, ficou em pé querendo dar uma de superior.

— Na verdade Tânia, não estou não. – Falei pra ela, bebendo o meu café despreocupadamente. O que a deixou bem mais irritada que o normal.

— Não se faça de sonsa! Se bem que você sempre foi isso e nunca irá mudar. Acha que não sei que está aqui para tentar conquistar o meu noivo? Que está tentando tirar o meu lugar na minha família? Você está bem enganada achando que eu não sei essa sua tentativa frustrada de pegar o meu Edward!

— Olhe aqui, meu bem. Se você ainda não saiu do seu conto de fadas que era o ensino médio, a culpa não é minha. Se você é tão insegura a ponto de estar aqui e não com o seu noivo no seu horário de descanso, a culpa não é minha. Se você não é competente o suficiente para estar no meu cargo, a culpa também não é minha. Pare de jogar essa sua inutilidade nas minhas costas, sendo que eu sequer quero saber o que você faz aqui. Eu tenho família, vim ver minha família, vim trabalhar. E se você acha que qualquer resquício de um homem inútil como Edward Antony Cullen está nos meus planos, querida, você não sabe o que é viver. Então me faça o favor de ir mexer com outra pessoa porque eu só tenho meia hora de descanso.

Tânia olhou para mim com os olhos arregalados, tão úmidos que achei que fosse cair no choro – o que aconteceria mais cedo ou mais tarde – e seu rosto ficou tão vermelho que achei que ela fosse gritar. Dava para ver a fumacinha de ódio saindo de seus ouvidos, e sorri descaradamente ao imaginar aquilo. Ela deu meia volta e saiu batendo os seus saltos de Drag Queen no piso escorregadio do Hospital. E quando olhei para porta, para vê-la saindo de perto de mim, Edward me encarava na porta.

Bingo.


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Notas finais do capítulo

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