You And I escrita por Fernanda Redfield


Capítulo 7
Eu e Você


Notas iniciais do capítulo

Oi gentee!
Mais uma vez, me desculpem pela demora... A faculdade anda uma correria total e eu achei que nem fosse conseguir postar esse capítulo antes de dezembro =/
Mas ok, eu consegui escrever e aqui está ele.
Irão perceber que o clima mudou um pouco, mas já que esse é o último capítulo, acho que fez sentido KKK
E eu me diverti MUITO escrevendo a Quinn nesse capítulo KKK
Boa leitura!



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            Os olhos amendoados de Quinn Fabray vasculhavam a rodoviária, seu olhar mesclava-se entre a fúria e a solidão. Porém, ela permanecia séria e respirando tranquilamente quando, na verdade, queria sair extravasando sua raiva para o primeiro que viesse lhe encher o saco.

            A ex-cheerio escorou-se em um pilar do prédio, acendeu um cigarro e o tragou, imediatamente sentiu os olhares reprovadores assim como as caretas enojadas. Dando uma rápida olhada ao redor de si, conseguiu calar uma senhora que muito lembrava sua mãe. Quinn deu um pequeno sorrisinho para si e chutou uma lixeira que estava próxima, esparramando o lixo pelo chão impecavelmente limpo.

            O guarda da rodoviária aproximou-se dela com uma expressão cansada, Quinn estudou suas opções de fuga, mas resolveu permanecer ali. Pouco lhe importava ser presa, ou, intimada a catar aquele lixo. Contanto que ocupasse sua cabeça e lhe impedisse de pensar em Rachel Berry, estava ótimo.

            Porque, agora, quem abandonara o que as duas tiveram tinha sido a própria Quinn. Se a ex-cheerio se arrependia? No momento, não. Seu orgulho estava enorme e intocável dentro do seu peito, mas Quinn bem sabia que se ficasse sozinha com seus pensamentos, logo se arrependeria e faria besteira. Ao menos nisso, a ex-cheerio continuava a ser um pouco racional.

            - Eu não vou repetir: ou a senhorita apanha todo esse lixo que espalhou ou eu terei que levá-la até a sala de detenção. – O velho guarda anunciou com a voz autoritária e repreensiva, o mesmo tom que Russell Fabray utilizara tantas vezes com a filha. Quinn arqueou a sobrancelha para o homem em visível desprezo ao que ele acabara de dizer e respondeu cansada:

            - Eu esbarrei na lixeira, não vou me responsabilizar pelo que aconteceu por acaso.

            - A senhorita bem sabe que não esbarrou em lixeira alguma. Você a chutou, portanto, evite maiores problemas e apanhe o lixo, por favor. – O guarda tornou a ordenar enquanto estendia uma vassoura e uma pá para Quinn, a ex-cheerio olhou com desdém para os objetos e tragou o cigarro longamente, expirando a fumaça no rosto do guarda que, imediatamente, desatou a tossir.

            Uma dupla de guardas que estava próxima viu a cena e correu para apanhar a garota. Quinn respirou fundo e correu na direção contrária, esbarrando e empurrando as pessoas pelo caminho. Os anos como cheerio lhe garantiram um bom fôlego apesar do cigarro e a garota conseguiu assegurar uma boa distância em pouco tempo.

            Olhando por cima dos ombros, Quinn ria por estar se divertindo com aquela perseguição boba. Afinal, Quinn Fabray tinha uma tendência natural a fazer besteiras quando estava mal e ela estava realmente mal por causa de Rachel Berry. Um dos guardas conseguiu recuperar o fôlego e clamar por reforços. Quinn virou abruptamente em direção ao local que vendia as passagens.

            Seus olhos vasculharam o único guichê que estava vazio. Ela aterrissou em frente à atendente com o rosto vermelho e o peito arfando em desespero. Passou uma nota de cinqüenta dólares enquanto pedia:

            - Passagem única, na janela e longe do banheiro, se possível.

            - Não dê a passagem a essa garota! – Quinn pode ouvir a voz do guarda em suas costas. A atendente estacou enquanto lhe estendia a passagem, Quinn apanhou-a rudemente e saiu correndo na direção do ônibus sem nem mesmo saber para qual cidade estava indo naquele momento.

            Continuava a ouvir os passos atrás de si e sem sequer olhar para a chamada do ônibus, praticamente pulou dentro dele enquanto entregava a passagem para o motorista. Em seguida, enfiou a cabeça para fora e mostrou o dedo do meio para os guardas enquanto o ônibus arrancava da rodoviária, pode ter certeza que recebeu diversos xingamentos em seguida. Quinn riu, sentindo-se subitamente realizada enquanto jogava o cigarro pela janela.

            A ex-cheerio caminhou por entre as poltronas e foi sentar-se em um lugar bem longe dos olhares curiosos que lhe eram destinados. Imediatamente, seu celular vibrou. Quinn o apanhou, já esperando a mensagem que iria ler.

Eu estou com vontade de te bater agora, Fabray. Você tem noção de quão cretina foi com Rachel? Ela não merecia isso, aliás, ela não tem culpa se você é uma filha da mãe covarde. – Puck.

            Quinn revirou os olhos para a mensagem. Puck continuava o mesmo urso protetor de sempre e o pior, ele estava protegendo Rachel agora. Será que ninguém conseguia ver o lado dela naquela história?

            Ainda recuperando o fôlego, Quinn tentava descobrir para onde estava indo. Olhou em volta de si e tudo que encontrou, foram jovens escutando música e idosos dormindo em seus assentos. A ex-cheerio levantou-se e foi até o motorista, este olhou para ela sobre os ombros e apenas disse:

            - Sente-se, senhorita.

            - Desculpe, mas... Eu queria saber para onde este ônibus está indo. – Quinn perguntou educadamente, lembrando um pouco a Quinn Fabray meiga de alguns meses atrás. O motorista, que era um senhor grisalho e barbudo, olhou para ela com surpresa antes de responder:

            - Este ônibus está indo para Lima, conhece?

            Droga. É azar demais.

            - Sim e... – Quinn engasgou-se na própria saliva, era muita Lei de Murphy para uma pessoa só. – Obrigada.

            Ainda extasiada pela informação que recebera, Quinn teve vontade de se jogar pela janela e ficar ali, na rodovia escura. Mas uma vontade ainda mais forte mantinha seu traseiro grudado na poltrona e seus olhos focalizados na escuridão da estrada, totalmente impotente.

            Estava voltando para Lima, será que aquilo era para fazer algum sentido?

            Seu celular tornou a vibrar e Quinn bufou impaciente.

Aliás Fabray, ela não para de chorar desde que chegamos a cidade. Você poderia ter tido um pouco mais de decência e ao menos ter deixado que ela se explicasse, mas como sempre, esse maldito orgulho e esse ego cretino só te deixam ver o que você quer. Espero, verdadeiramente, que você se arrependa e sofra muito. – Puck

            Quinn ficou verdadeiramente irritada com aquela mensagem, estava voltando para Lima por puro acaso e ainda teria que agüentar Puck e aquelas idiotices via sms? A ex-cheerio revirou a bolsa à procura de mais dinheiro, mas estava sem nada, seu último dólar se fora naquela rodoviária e por ironia do destino, estava a levando de volta para Lima.

            A fúria da garota atingiu o ápice. Ela apanhou o celular e digitou a resposta de Puck enquanto suas mãos tremiam de raiva.

Seria bom se você me respeitasse, Puckerman. Você é só mais um que fica ao lado dela! Afinal, todos idolatram Rachel Berry e nunca vêem quando ela sai por aí destruindo corações. – Quinn.

            Assim que a mensagem fora enviada, Quinn voltou seus olhos para a rodovia e respirou fundo. Teria que arrumar um jeito de sair de Lima assim que voltasse a colocar os pés lá, mas também sabia que, se alguém do Glee a visse, faria com que ela voltasse correndo para o clube. Quinn estava sem dinheiro e era inevitável uma passada em sua casa, só esperava que ao menos sua mãe não lhe entregasse.

            O celular tornou a vibrar e Quinn quase o jogou pela janela, Puck era insistente até demais.

Agora você tem um coração a ser quebrado? Fala sério, você é tão fria quanto um pedaço de gelo da Antártida. Acho até bom estar longe de Rachel, você é a única que não a merece. – Puck.

            Quinn começou a enxergar vermelho, como assim era a única que não merecia Rachel? Ela é quem mais merecia Rachel naquela história! Por que duvidavam justamente do que era mais latente e real em si? Quinn começou a pensar seriamente na hipótese de que as coisas não estavam sendo demonstradas da melhor forma.

Quando eu chegar em Lima, eu e você vamos conversar. Prepare-se para perder o pouco que resta de sua masculinidade. – Quinn.

            Quinn só se deu conta do que digitara quando a mensagem fora enviada. A única pessoa que não poderia saber da sua volta não-planejada já estava sabendo, a garota engoliu em seco e mordeu o lábio, sabendo muito bem o que lhe esperava em Lima.

Está voltando? Você vai precisar de muito mais do que uma conversa para me convencer a te ajudar. – Puck.

            Quinn fechou a expressão e acomodou-se melhor na poltrona, ela sabia que uma parte silenciosa de si queria lutar de novo por Rachel, mas ela não poderia deixar que aquela parte se manifestasse. Não seria feita de boba de novo.

E quem disse que eu quero reconquistá-la? – Quinn.

            A resposta demorou a chegar e Quinn quase dormira quando sentiu seu celular vibrar novamente, ainda meio grogue pelo sono, ela leu as palavras e sentiu verdadeiramente uma vontade enorme de castrar Puck.

Você não precisa dizer nada. Eu te conheço bem o bastante para saber que você ama a baixinha e que é capaz de tudo por ela, até de passar por cima do seu tão amado orgulho. Durma bem e aproveite a viagem, te espero aqui ;* - Puck.

            Quinn bufou impaciente e alto demais, recebeu olhares insatisfeitos em sua direção, mas os ignorou e virou de lado, apoiando-se na bolsa para dormir.

            Olhando as estrelas, só chegou a conclusão que o destino lhe odiava. Tantos ônibus para pegar e ela fora, justamente, no guichê que lhe levava de volta a Lima?

***

            Rachel estava soluçando, abraçada ao travesseiro. Ela olhava para janela enquanto procurava um pouquinho de força para enfrentar o dia, tinha um concerto na escola naquela noite e não podia decepcionar. Mas como dizer isso para seu coração que continuava apertado pelo que acontecera na noite anterior?

            A morena não sabia como dormira na noite passada, talvez se cansara de chorar a acabara rendendo-se ao sono ou, Finn e Puck se estressaram de seus lamentos e a doparam. Rachel deu uma risadinha amarga por entre as lágrimas e procurou os dois pelo quarto.

            Não encontrou nenhum dos seus homens, mas sentiu o cheiro de café sendo preparado. Com muito esforço, a morena levantou-se da cama e fez a sua higiene matinal no banheiro, antes de trocar de roupa e descer as escadas. Deparou-se com a cena mais hilária do mundo na cozinha e teve que se segurar para não rir.

            Finn estava com o avental rosa de seu pai e tentava fritar algo que parecia com ovos mexidos. Rachel escorou-se no batente da porta e ficou observando as tentativas fracassadas do rapaz de revirar os ovos na frigideira, Finn se virou para ela e deu um sorrisinho derrotado enquanto dizia:

            - Eu sei, sou uma negação na cozinha.

            - Se você quiser os ovos, eu posso prepará-los para você. – Rachel ofereceu-se com os resquícios do riso ainda em seu rosto, Finn fez uma careta ofendida e respondeu incomodado:

            - Claro que não, Rach. Você é vegan, pedir para você fazer ovos para mim é o mesmo que te pedir para assassinar alguém!

            - Eu prezo a sua preocupação com minhas crenças, Finn... – Rachel disse satisfeita e feliz pelo rapaz lembrar-se daquilo, ela retirou a frigideira da mão de Finn e desamarrou o avental da cintura do rapaz. Finn pareceu verdadeiramente magoado com aquilo. – Mas eu prezo mais a minha vida e a cozinha dos meus pais e você vai acabar explodindo tudo se continuar com essa frigideira na mão.

            Finn acabou dando uma gargalhada e ergueu as palmas da mão, declarando-se verdadeiramente vencido naquela discussão. Rachel sorriu para ele e revirou a massa amarela que parecia ter sido um pouco de ovo, precisava ocupar a sua cabeça e mimar Finn parecia ser uma boa alternativa.

            O silêncio parou sobre os ex-namorados e de vez em quando, os olhares se encontravam quando Rachel ia apanhar um pouco de sal ou outro tempero qualquer na bancada. Finn apoiou o rosto na mão direita e olhou saudoso para Rachel, ele pigarreou para dizer em seguida:

            - A noite passada foi pesada, não foi?

            - Foi... – Rachel respondeu mais por hábito do que por querer falar sobre aquilo. Ela estava tentando evitar pensar na hipótese de que talvez, nunca mais fosse ver Quinn de novo. A morena mordeu o lábio e retirou os ovos prontos do fogo, serviu-os em um prato para Finn e o colocou na bancada, o rapaz apanhou um garfo e mordiscou os primeiros pedaços enquanto dizia:

            - Eu sei que talvez, você queira falar sobre Quinn. Mas eu pensei bastante sobre nós.

            Rachel levantou os olhos incrédulos para Finn, não podia acreditar que ele era tão egoísta a ponto de ver que, naquele momento, ela não estava apta para enfrentar qualquer relacionamento que não fosse com Quinn. Finn pareceu perceber o sentido de suas palavras e agitou a cabeça negativamente, Rachel não entendeu e resolveu dar um basta naquilo:

            - Eu não estou pronta para outro relacionamento, Finn.

            - E eu nem quero outro relacionamento, Rach. – Finn exclamou um pouco irritado enquanto mastigava os ovos com uma força excessiva. A morena ergueu as sobrancelhas para ele e franziu a testa, confusa. – Eu pensei sobre nós e cheguei a conclusão que nunca daríamos certo se continuássemos... Quer dizer, você quer a Broadway e eu quero a oficina do Burt, nunca me perdoaria se você não alcançasse seus sonhos por minha causa.

            - Finn, eu... – Rachel não conseguiu responder. Ela olhou para Finn e seus olhos encheram-se de lágrimas, o rapaz tinha aquele sorrisinho de canto de lábio, gentil. A morena rodeou a bancada e o abraçou. Finn envolveu-a em seus braços enormes e murmurou em seu ouvido:

            - E eu te vi com ela ontem... Você e ela têm tudo que eu e você não tínhamos, ela traz o melhor que você tem à tona. Eu não posso e nem devo interferir nisso.

            - Obrigada, Finn. – Rachel agradeceu sincera enquanto afagava os cabelos do rapaz e suspirava. Finn apertou sua cintura e a morena sentiu que tinha alguma coisa errada ali, ela se afastou de Finn e olhou para ele. O quaterback tinha algumas lágrimas nos olhos. – Você está bem?

            - Eu gosto de você, Rach. Mais do que eu imaginava que gostasse, precisei te perder para entender isso. Porém, eu sei que você ama a Quinn e não eu, eu vou superar. – Finn respondeu seguro de si e limpando as lágrimas tímidas que escorreram dos seus olhos, Rachel deu um beijo na bochecha do rapaz e murmurou:

            - Me desculpa?

            - Não precisa desculpar, a gente não escolhe quem ama, Broadway. – Finn murmurou carinhoso e afagando a bochecha de Rachel. A morena sorriu para ele e os dois abraçaram-se de novo, Rachel esperou que Puck entrasse pela porta pedindo um abraço também, mas isso não aconteceu. Rachel se afastou de Finn e olhou por cima dos ombros do rapaz enquanto perguntava:

            - Cadê o Puck?

            - Ele saiu cedo, disse que tinha que resolver uns problemas e que voltava para a apresentação na escola. – Finn respondeu com um sorriso, voltando para seu imenso prato de ovos mexidos. Rachel sorriu para o rapaz e apertou o ombro dele, antes de abrir a geladeira em busca do próprio café da manhã.

            Pelo menos o pouco que lhe restara ainda estava no lugar certo.

            Puck corria os olhos pela rodoviária, não conseguia localizar os cabelos róseos em lugar algum. O rapaz estava cogitando de que Quinn se jogara para fora do ônibus e estava lhe fazendo de besta. Ele caminhou mais uma vez em frente ao terminal de chegada do ônibus de Quinn, não a encontrou em local algum e isso provocou um muxoxo mal-humorado de Puck.

            Ainda de cara feia, Puck sentou-se em um banco e baixou a cabeça, escondendo-a entre as próprias mãos. O local ao seu lado no banco foi ocupado, ele sentiu um cheiro de cigarro seguido da voz irônica de Quinn Fabray:

            - Se eu soubesse que me amava tanto, tinha voltado antes, Puckerman.

            - Você é idiota, Fabray! – Puck murmurou irritado quando ergueu os olhos castanhos e focalizou-os nos amendoados de Quinn. A ex-loira deu um sorrisinho cínico e tragou o cigarro, ao soltar a fumaça, teve seu cigarro tomado pelo rapaz que o jogou numa lixeira ao lado. – E cigarro faz mal, Fabray. Você não vai chegar perto da Rach soltando fumaça que nem uma locomotiva.

            - Qual é o seu problema, Puck? – Quinn questionou tão irritada quanto o rapaz, os olhares de ambos se confrontavam com fúria e um pouco de tristeza. Puck levantou-se do banco e apanhando Quinn pelo braço, arrastou-a dali dizendo:

            - Meu problema é essa sua atitude ridícula com ela! Você não estava lá quando ela chorou a noite inteira... Eu e Finn tivemos que dar um remédio para ela dormir!

            - Você e Finn? – Quinn perguntou com a sobrancelha arqueada em sinal de sarcasmo e desgosto, vendo a expressão séria de Puck, ela deu uma risadinha histérica que fez alguns olharem para ela com estranhamento. – Quer dizer que o Finnútil resolveu consolá-la? Que coisa, não?

            - Será que dá pra você parar de achar coisa onde não tem? Finn só foi amigo dela e cuidou dela quando você tava mais preocupada com seu ego e seu orgulho! – Puck resmungou furioso, jogando Quinn em uma cadeira da cafeteria da rodoviária. A ex-cheerio cruzou os braços e abriu a boca para respondê-lo, porém, o olhar desgostoso de Puck a calou. – Para de achar problema nos outros, o problema é você e não Rachel ou Finn!

            - Realmente, o problema é comigo mesmo, Puckerman! – Foi a vez de Quinn explodir. A ex-cheerio levantou-se e espalmou as mãos na mesa com força, várias pessoas olharam para cena e Puck também se levantou, pronto para ir atrás dela no inferno, se precisasse. – Eu que fui deixada sem respostas por duas vezes, eu que fui atrás dela disposta a abrir mão do meu “orgulho ridículo” para tê-la do meu lado. Eu que fui rejeitada diversas vezes e nem por isso, deixei de amá-la e de ter meu coração quebrado!

            Quando Quinn terminou de falar, ela estava extremamente ofegante e mal conseguindo raciocinar direito. Puck olhava incrédulo para ela, vendo transbordar uma energia que em nada se assemelhava com o que ele estava acostumado a ver naqueles olhos amendoados.

            Quinn desabou sobre a cadeira e abaixou a cabeça, escondendo o rosto entre os braços. Puck continuou em pé, sem saber o que fazer e a observando preocupado. Surpreendeu-se quando ouviu suspiros pesados e viu soluços estremecerem o corpo da ex-cheerio. Quinn deu um suspiro forçado e murmurou agressiva, ainda escondida:

            - Será que dá pra você deixar de ser paspalho e falar alguma coisa? Estou me sentindo ainda mais idiota agora.

            - Eu só estou surpreso, não achei que você gostasse da Rach dessa forma. – Puck gaguejou um pouco para responder, mas a voz dele soou extremamente sincera, fazendo com que Quinn erguesse a cabeça e estabelecesse contato visual com ele. A loira sorriu irônica e sacou o maço de cigarros de dentro da bolsa, recebeu um olhar repreensivo de Puck, mas ela simplesmente se levantou e jogou o maço inteiro dentro da lixeira ao lado.

            - Tem muito do que você acha que não é verdade, Puck. – Quinn resmungou mais tranqüila e limpando as lágrimas com um sorriso mais ameno no rosto. Puck vislumbrou um resquício da antiga Fabray ali e comentou:

            - Mas tem uma coisa que eu acho que realmente é verdade: essa não é a Quinn Fabray que eu costumava conhecer.

            - O que você quer dizer com isso? – Quinn perguntou realmente ofendida e arqueando a sobrancelha em seguida, Puck sorriu para ela e apanhou uma das mãos da garota que estava sobre a mesa. Quinn fez uma careta enquanto ouvia Puck dizer emocionado:

            - O que eu quero dizer é que a Quinn da qual me lembro ia atrás da Berry, nem que fosse para xingá-la e jogar uma slushie usando como desculpa, o seu coração quebrado.

            - Céus Puckerman, que merda fizeram pra você falar esse tipo de coisa? – Quinn comentou com um tom que pretendia ser venenoso, mas que acabou tornando-se uma gargalhada. Puck ficou ofendido a princípio, mas logo depois estava rindo juntamente com Quinn.

            Entre lágrimas de riso, os dois trocaram olhares sinceros. Quinn apertou as mãos do amigo sobre a mesa, sentindo-se subitamente idiota e criança por se esconder debaixo daquele disfarce. Ela baixou os olhos instantaneamente, envergonhada. Depois, pigarreou e perguntou tímida:

            - Acha que ela vai me perdoar?

            - Ela te ama, Fabray e mais... – Puck tinha um sorriso mais calmo e satisfeito nos lábios, ele fez um sinal para o garçom e pediu dois cafés. Voltou a olhar para Quinn que continuava de cabeça baixa, o rapaz ergueu o queixo dela com gentileza e sorriu. – Ninguém resistiria a Quinn Fabray. Você ainda tem aquela menina doce e que mesmo bêbada, foi capaz de fazer Rachel Berry se apaixonar por você em NYC. O que acha de largar esse disfarce punk e ir conquistar sua garota?

            - Eu até faria isso, Puck. Mas eu preciso dele agora. – Quinn disse com uma expressão maliciosa no rosto, Puck arregalou os olhos esperando o que se passava naquela mente maldosa. – Pelo que eu me lembro, o Glee tem um concerto hoje, não?

            - Sim, o diretor quer que nos apresentemos para um grupo de visitantes de fora da cidade. Por quê? – Puck questionou desconfiado com uma careta engraçada no rosto, o sorriso de Quinn aumentou ainda mais, expondo os seus dentes brancos e brilhantes. Ela respirou fundo e tomou um gole de seu café que acabara de chegar, depois, disse excitada:

            - Porque eu tenho uma serenata para fazer e você vai me ajudar.

            Puck sorriu e assentiu com a cabeça, a volta de Quinn estava saindo melhor do que ele esperava.

***

            - Você não vai fazer isso, Fabray! – Kurt Hummel exclamou irritado enquanto olhava emburrado para Puck e Quinn que sorriam vitoriosos, após proporem o que iam fazer ao rapaz. Kurt soltou um muxoxo irritado e Blaine tentou acalmar o namorado dizendo gentilmente:

            - Quinn está sendo sincera dessa vez, dê um voto de confiança para ela.

            - Obrigada Blaine, você é mais legal do que parece. – Quinn disse sincera e com um sorriso verdadeiro nos lábios, Puck apertou a mão da amiga sobre a mesa enquanto Blaine observava os dois com um sorriso. Até seriam um lindo casal se Quinn não fosse gay. Kurt olhou de um para o outro com os olhos em chama e tornou a exclamar:

            - Você vai precisar de mais do que uma tinta no cabelo se quiser me convencer, Fabray.

            Quinn revirou os olhos e arqueou a sobrancelha, agitou os cabelos que voltaram a ser loiros com um movimento rápido e impaciente das mãos. Puck respirou fundo e pareceu pensar muito antes de dizer:

            - Ela não está mentindo, Hummel.

            - Sim, ela está. Ela é Quinn Fabray, esqueceu? – Kurt disse venenoso e com um sorrisinho maldoso na face, Quinn olhou impressionada para Kurt que fingiu não ter percebido o olhar sentido que a loira direcionou a ele. Puck tomou um gole de seu café e olhou sério para Kurt antes de dizer confiante:

            - Se ela estiver mentindo, eu posso dar um jeito nela.

            - Querem, por favor, pararem de agir como se eu não estivesse aqui? – Quinn questionou indignada, atraindo a atenção de todos na mesa para ela. Os três garotos arregalaram os olhos, Quinn bufou. – Eu não vou fazer merda de novo, eu gosto de Rachel, ok?

            - Melhor, você a ama. – Blaine disse com um sorriso enquanto apoiava os cotovelos na mesa e colocava as mãos na face. Os olhos do rapaz estavam brilhando e Quinn acabou rindo da reação dele, Puck fez uma careta de nojo para depois gargalhar, mas Kurt permaneceu emburrado. Quinn virou-se para ele e perguntou incisiva:

            - Vai me ajudar ou não?

            - Se eu disser que não, possivelmente, você vai enfiar algum objeto cortante entre as minhas pernas. – Kurt murmurou despreocupado, com um ar de quem não se importava. Blaine pulou no pescoço do namorado sorrindo enquanto Puck dava um aperto de mão violento em Kurt que quase teve o braço arrancado. Quinn levantou-se de seu lugar e abraçou Kurt, ela sorriu e disse no ouvido dele:

            - Obrigada e a propósito, eu não ia te castrar.

            - Nunca se sabe, você ainda é Quinn Fabray e ainda veste roupas de péssimo gosto e extremamente ameaçadoras. – Kurt disse entre risadas, enquanto apertava a amiga nos braços. Os dois se afastaram e Quinn olhava para ele com aquela sobrancelha arqueada e disse sentida:

            - O que há de tão ruim nas minhas roupas?

            - Fabray, você pode ser uma rebelde e ser linda, eu e Blaine vamos te mostrar isso. – Kurt disse com um sorriso maquiavélico enquanto puxava a amiga por um braço e agarrava o namorado pelo outro. O trio saiu caminhando pelo shopping e Puck acenou, antes de dar as costas e ir terminar a sua parte do plano.

            Finn estava terminando seu dever de matemática com Rachel quando o celular tocou.

Preciso falar com você a sós. Quinn voltou. – Puck

            Os olhos do quaterback se arregalaram, Rachel que estava concentrada na matéria anunciou que ia tomar banho para se preparar para apresentação de mais tarde. Ainda assustado, Finn assentiu bobamente com a cabeça no mesmo instante que seu celular tocara e ele atendia.

            - Está maluco, Puck?

            - Acredite cara, ela voltou... Está aqui do meu lado e te ameaçando de morte caso não a ajude.

            - Eu posso até ajudá-la, desde que ela não magoe Rachel de novo. Porque senão eu vou querer ela de volta.

            - Ela disse que não vai. E também disse pra você não tocar um dedo enorme em Rachel ou ela te mata.

            - Tudo bem, o que querem que eu faça?

            Finn se arrependeu de ter aceito participar daquela loucura. Mr. Schue degolaria o pescoço de todos eles quando entendesse o que estava acontecendo. Finn esperou Rachel descer as escadas, ela estava linda como sempre, mas estranha ao disfarçar com um sorriso toda a tristeza que sentia.

            - Vou para casa me arrumar, tudo bem? – Finn perguntou preocupado e se aproximando da morena, Rachel acenou com a cabeça e abraçou o amigo. Finn sorriu e beijou o topo da cabeça dela antes de sair.

            Ligou para Artie, Mercedes, Tina, Mike e Brittany... Todos concordaram e ele sabia que Santana faria tudo que Britt fizesse. Portanto, ele entrou no banho e fechou os olhos enquanto a água escorria por seu corpo.

            Realmente esperava que aquilo desse certo.

***

            - Há algo errado? – Rachel perguntou intrigada enquanto observava todos no Glee com imensos sorrisos nos rostos, exceto Santana que parecia mal-humorada o bastante para sequer fingir felicidade. Finn olhou para Puck, que olhou para Kurt que enfim olhou para Mercedes que resolveu responder:

            - Não, por quê?

            - Estão todos rindo... Só é estranho. – Rachel respondeu desconcertada, sentindo-se idiota com a própria pergunta. Afinal, tinham o direito de serem felizes. Não era culpa deles se Rachel estava cabisbaixa e desanimada. Finn deu um empurrão de leve no ombro da morena e disse com um sorriso torto:

            - Anime-se, você vai ter um solo.

            - Um solo parece ser pouca coisa perto do que está acontecendo aqui dentro. – Rachel disse tristonha enquanto apontava para o próprio coração, Puck deu um sorriso gentil e abraçando a amiga, disse:

            - Melhor ainda, Broadway. Você bem sabe como canta quando tem um coração partido.

            Os dois garotos sorriram e Rachel não pode conter o próprio. A morena abraçou ambos antes de ir se posicionar ao piano, esperando as cortinas se abrirem. Mercedes apertou-lhe os braços com carinho e disse:

            - Quebre a perna, Berry.

            - Obrigada! – Rachel agradeceu sincera, apoiando as mãos sobre o piano. Blaine e Kurt fizeram sinais positivos e acenaram efusivamente para ela, Rachel acabou gargalhando e acenando com a cabeça. Santana passou por ela e disse:

            - Arrase, Berry.

            - Ok, isso foi estranho. Santana acabou de falar comigo e não me chamou por nenhum apelido. – Rachel disse assustada, olhando para Finn que ria ao lado de Puck. Kurt se aproximou sorrateiro e sibilou misterioso:

            - É Rach... Talvez o amor esteja amolecendo as pessoas.

            - Ah sim, ela está com Brittany...!

            - As cortinas estão se abrindo, brilhe, Broadway! – Puck gritou por cima do ombro antes de correr para os bastidores com um sorriso estranhamente diabólico no rosto. Rachel chacoalhou a cabeça, estava vendo coisas demais. Olhou para as teclas do piano enquanto as cortinas subiam e subitamente lembrou-se de Quinn.

            Algumas lágrimas chegaram aos seus olhos, mas ela sorriu quando ouviu os aplausos seguidos do anúncio de Mr. Schue:

            - E agora, com vocês... New Directions!

            Rachel sorriu para a platéia e encontrou alguns rostos conhecidos no auditório. A morena escolhera “Gravity” da cantora Sara Bareilles porque fora a única coisa que conseguira cantar nos últimos dias diante do estado emocional que estava. Realmente, parecia que tudo gravitava ao redor de Quinn e agora que ela se fora, sentia-se flutuando, de uma forma extremamente estranha e sofrível.

            Rachel pousou as mãos sobre as teclas e respirou fundo, a platéia se calara e esperava o início da música. A morena fechou os olhos e soltou o ar lentamente, as mãos deslizaram sobre a superfície do piano em busca da nota certa.

            Ela abrira a boca para cantar quando seus ouvidos foram agredidos com uma batida agressiva que em nada se assemelhava ao que ia cantar. Rachel levantou-se assustada e pode ver Mr. Schue fazer o mesmo na platéia. O professor olhava desesperadamente para o rapaz responsável pela aparelhagem de som.

            Só que não era ele quem estava ali, era Puck que sorria enquanto a batida do rock ‘nd roll preenchia o ambiente e uma voz doce, porém agressiva, fez-se ouvir por entre a bateria e a guitarra:

It's been a long time since I came around
Been a long time but I'm back in town
And this time I'm not leavin' without yoü

            Rachel engoliu em seco. A luz do palco foi direcionada para as portas de entrada do auditório. Quinn Fabray tinha um sorriso sexy nos lábios, vestia uma calça jeans surrada colada ao corpo e uma regata preta com uma foto de Elvis Presley, nos pés tinha uma bota de cano alto e salto fino. Uma bandana prendia seus cabelos e ela deslizava pelas escadas lentamente, fixando os olhos amendoados em Rachel.

Yoü taste like whiskey when yoü kiss me awe
I'd give anything again to be your babydoll
This time I'm not leaving without yoü

            Tudo bem que Rachel estava com gosto de vodka ao beijar Quinn, mas a loira jamais esqueceria os lábios da morena sobre os seus. A loira ergueu os olhos e apressou os passos pelo auditório, sentiu Mr. Schue a fuzilar com os olhos. Quinn lançou um olhar cínico para ele antes de voltar-se para Rachel. Ela estava ofegante e Quinn sorriu maléfica, adorava ver Rachel daquela forma.

He said: sit back down where yoü belong
In the corner of my bar with your high heels on
Sit back down on the couch where we made love the first time
And yoü said to me

            Algumas pessoas olharam ofendidas para Quinn, tanto pela música como para a situação em si. Mas Quinn sequer ligou e continuou a descer as escadas. Olhando fixamente e predatoriamente para Rachel que a essa altura, tremia e estava hipnotizada pelos olhos amendoados da loira.

            A música cessou-se bruscamente antes de voltar novamente, Quinn rompeu a pouca distância que as separava.

(There's somethin')

            Quinn subia as escadas agora. Rachel viu sua mente ser invadida pelas lembranças daquela fatídica noite em NYC. Fatídica porque foi naquela maldita noite que Rachel Berry se viu perdidamente apaixonada por uma loira de olhos amendoados que naquele momento, a devorava com o olhar enquanto se aproximava.

Somethin', somethin' about this place
Somethin' 'bout lonely nights and my lipstick on your face
Somethin', somethin' about my cool Nebraska guy
Yeah somethin' about baby…

            Quinn aproximou-se de Rachel e estendeu a mão, pedindo mudamente para que Rachel entrasse (novamente) naquela loucura com ela. A morena vacilou por alguns segundos enquanto o Glee Club entrava no palco e executava o coro na canção.

            As mãos de Rachel tremiam, ela mordia o lábios inferior com nervosismo enquanto os olhos se perdiam na imensidão amendoada que estendia-se diante de si. E quando Quinn achava que não tinha mais volta, Rachel apanhou sua mão e assumiu os vocais.

Yoü and I

            Quinn sorriu vitoriosa e puxou o pequeno corpo moreno para perto de si. Rachel deu um gritinho excitado e retribuiu o tocar de corpos com a mesma intensidade. Porém, antes que Quinn pudesse puxá-la para um beijo, Rachel se separou dela e deu um sorrisinho malicioso enquanto cantava.

It's been two years since I let yoü go
I couldn't listen to a joke or rock n' roll
And muscle cars drove a truck right through my heart

            Quinn fez uma careta chateada e aproximou-se da morena, mas Rachel parecia querer torturá-la com aquela distância que as separava. A morena correu até o piano e sentou-se nele, dedilhando algumas notas para acompanhar a música. Ela tinha uma expressão maliciosa e estava despindo Quinn com os olhos, a loira olhou para ela sem saber se controlava seu desejo ou se o concretizava ali e agora.

On my birthday yoü sang me "Heart of Gold"
With a guitar hummin' and no clothes
This time I'm not leaving without yoü

            Quinn engoliu em seco, não duvidava que tivesse feito algo do tipo diante do estado bêbado que se encontrava em NYC. Rachel olhou para ela e lhe deu uma piscadela sexy, aquele foi o estopim para que Quinn rompesse a distância que as separava. Bruscamente, ela arrancou Rachel das notas e a colocou em cima do piano enquanto cantava.

He said, sit back down where yoü belong
In the corner of my bar with your high heels on
Sit back down on the couch where we made love the first time
And yoü said to me

            As duas se olharam ofegantes, Quinn estava entre as pernas de Rachel e chutou o banco do piano para longe enquanto colocava as mãos atrevidamente na cintura da morena. Rachel sorriu para ela e apanhou os cabelos loiros enquanto arranhava-lhe a nuca, um gemido sexy saiu da boca de Quinn enquanto ela acompanhava Rachel no refrão.

(There's somethin')
Somethin', somethin' about this place
Somethin' 'bout lonely nights and my lipstick on your face
Somethin', somethin' about my cool Nebraska guy
Yeah somethin' about baby yoü and I

            As duas quase se beijaram, mas Rachel parou de se aproximar quando viu outra energia arder nos olhos de Quinn além do latente desejo que deixava cada toque da loira ainda mais quente. Quinn tirou o sorrisinho malicioso dos lábios e uma pequena lágrima escorregou pela face dela, tão preocupada em limpá-la, Rachel fez sinal para que Mercedes assumisse o vocal.

Yoü and I, yoü yoü and I
Yoü yoü and I, yoü yoü and I
Yoü and I, yoü yoü and I
Baby I'd rather die, without yoü and I

            Rachel sentiu seu corpo ser erguido e tirado de cima do piano, Quinn não deixou de segurá-la no ar enquanto as duas trocavam palavras e sinceridades pelos olhares. A morena puxou os cabelos loiros novamente e Quinn sorriu, apertando-lhe a cintura. O calor aos toques da mesma forma que Puck gritava do outro lado do palco:

(Come on put your drinks up)

            Quinn soltou Rachel e deu um beijo na bochecha da morena, seguido de uma mordida. Rachel fez uma careta enquanto observava a loira se afastar para junto dos meninos do Glee e dar-lhe um sorriso agressivo, esperando que ela fizesse alguma coisa, cantando em seguida:

We gotta whole lotta money but we still pay rent
'Cause you can't buy a house in heaven
There's only three men that ima serve my whole life
It's my daddy, and Nebraska and Jesus Christ

            Rachel teve que fechar os olhos, porque as lembranças de sua noite em NYC invadiram sua mente. Ela olhou para as meninas do Glee que riam para ela, até Santana parecia estar se divertindo e tinha um sorriso no rosto. A morena jogou os cabelos e observou Quinn corar, ela se aproximou decidida da sua loira enquanto os meninos se afastavam e cantou:

(There's somethin')
Somethin', somethin' about the chase
(6 whole years)
I'm a New York woman born to run you down
Still want my lipstick all over your face
There's somethin', somethin' about just knowin' when it's right

            Quinn não esperou que ela estivesse próxima o bastante, antes que chegasse perto, Rachel foi presa em um aperto desesperado que a puxou de encontro aquele corpo pálido que agora, estava extremamente quente e suado. As duas se olharam, mais nada disseram e Puck achou melhor assumir os vocais de novo:

So put your drinks up for Nebraska, for Nebraska, Nebraska I love ya

            As duas não tinham consciência da quantidade de pessoas que estavam deixando o auditório. Mr. Schue abaixava a cabeça, envergonhado, mas o Diretor Figgins parecia se divertir, assim como a Treinadora Beiste que sorria e balançava a cabeça no ritmo da música. Mercedes olhou para as duas com um sorriso e alcançou as notas altas da música.

Yoü and I, yoü yoü and I
Baby I'd rather die
Without yoü and I
Yoü and I, yoü yoü and I
Nebraska I'd rather die, without yoü and I

            Nesse tempo, Quinn e Rachel pareceram cair na real e se separaram. Rachel correu para o piano enquanto Quinn literalmente ficou em cima dele, a morena dedilhava as teclas com um sorriso tão grande quanto o de Quinn e olhando para a loira, as duas cantaram juntas:

It's been a long time since I came around
Been a long time but I'm back in town
And this time I'm not leaving without yoü

            E sem esperar os aplausos, Rachel terminou a música e foi recepcionada pelos braços de Quinn e finalmente, pelos lábios da loira que a pegaram em um beijo lento e sensual.

            As duas não ouviram as vaias, não ouviram os aplausos... Sequer ouviram os gritos de Mr. Schue pedindo para que ambas se separassem porque agora, nada mais fazia sentido.

            Porque tudo se tratava de Quinn e Rachel e apenas delas.

***

            - Vocês têm noção do que fizeram aqui? – Mr. Schue questionava colérico enquanto olhava para todos os gleeks. Alguns estavam amedrontados enquanto outros estavam com sorrisos tão felizes que pareciam alheios a tudo e uma, em especial, olhava entediada para o professor.

            Quinn Fabray estava abraçando a cintura de Rachel pelas costas, ela brincava com a barra do suéter da morena, recebendo vários tapinhas bem-humorados em sua mão atrevida. A loira mordeu o pescoço da morena levemente e sibilou no ouvido dela sensualmente:

            - Mr. Schue está me deixando entediada, será que se nos beijarmos de novo, ele se cala?

            Rachel deu um sorriso e aconchegou-se ainda mais no corpo de Quinn, imediatamente sentiu o aperto em sua cintura apertar e outro beijo na região próxima a sua orelha. Sentiu a risada de Quinn em sua pele e a própria Rachel teve que controlar a sua, imediatamente, Mr. Schue virou para as duas e exclamou:

            - Será que dá para as duas levarem isso a sério?

            - Levar o que a sério, especificamente? – Quinn perguntou mal-humorada enquanto soltava Rachel, a morena gemeu desgostosa e recebeu um beijo no canto dos lábios. A loira tornou a se virar para Mr. Schue com os olhos frios e cansados. – Pelo que eu saiba, grande parte das pessoas pareceu gostar do que viu e o diretor pareceu ter adorado o grand finale.

            - Mas isso não é coisa que se faça, Fabray! Você nem é mais do Glee Club! – Mr. Schue despejou tudo em cima de Quinn com uma fúria latente nos olhos, a loira continuou com uma cara entediada enquanto todos observavam a cena, apreensivos. Quinn pareceu pensar no que dizer até que, jogando os cabelos, deu um sorrisinho irônico e disse:

            - Claro que é coisa que se faça, eu não cantei pelo Glee e sim por causa daquela morena linda e deliciosa que está ali atrás. Portanto, não me faça ser mal educada com o senhor.

            Rachel corou violentamente e abaixou os olhos enquanto Puck e Finn seguravam o riso. Kurt e Blaine abriram a boca, surpresos enquanto Mercedes tampava os ouvidos, fingindo não ouvir. Mike e Tina desviaram os olhares da cena, Brittany parecia brincar com uma falsa fada ao lado de Artie e Santana exclamou:

            - Droga Fabray, quando desistir da Berry, me avise. Eu estou completamente disponível no mercado!

            Quinn virou-se abruptamente para a latina e arqueou a sobrancelha. As duas ficaram se olhando com faíscas até que Quinn caiu na risada e levou todos junto consigo, Mr. Schue tentou permanecer sério, mas não conseguiu e acabou rindo também. Ele se aproximou sem jeito e deu um abraço na sua aluna enquanto dizia:

            - Tudo bem, Fabray. Acho que você quer ficar sozinha com a sua garota e eu preciso tirar Santana daqui antes que ela te coma com os olhos.

            - Santana bem sabe que Quinn tem uma namorada! – Rachel sibilou ciumenta, rompendo a distância entre seu corpo e o de Quinn e abraçando a namorada pela cintura. Quinn gargalhou e Santana ficou sentida a princípio, até que respondeu bem-humorada:

            - Você me deve um favor, Berry... Se eu não tivesse pressionado, você não tinha saído de Nárnia. Portanto, arrume uma forma de me pagar ou eu vou exigir a Quinn para mim!

            - Calada Santana, ou eu te mostro que eu tenho outros pontos fortes além da voz! – Rachel quase voou para cima de Santana que gargalhava da pequena, Finn e Puck gargalhavam alto assim como o resto do Glee. Quinn virou-se e pegou a morena pela cintura, tirou os cabelos do pescoço da morena e sibilou maliciosa:

            - Guarde um pouco dessa energia para mim.

            - Digamos que o que eu guardo para você é muito mais escaldante, Fabray. Você anda merecendo um pouco de dor... – Rachel retrucou na mesma moeda, escorregando as mãos lentamente pelas costas de Quinn e provocando arrepios na loira, que lhe sorriu satisfeita. As duas se aproximaram para se beijarem novamente quando Mercedes gritou, incomodada:

            - Oh céus! Arrumem um quarto!

            O palco explodiu em gargalhadas e aos poucos, os gleeks foram se despedindo e saindo dali, Finn e Puck pareciam eufóricos e só saíram porque Mercedes puxou ambos pelo cangote. Kurt ficou por último e disse com um sorriso maldoso:

            - Juízo meninas, com a fome que estão, é capaz de uma sair grávida!

            - KURT! CHEGA! – Blaine exclamou ofendido e carregando o namorado para longe dali enquanto pedia desculpas. Quinn e Rachel riram e viraram uma para outra, as risadas foram cessando-se enquanto os olhares iam se acalmando e a respiração também.

            Rachel colocou as mãos no pescoço de Quinn e massageou a nuca da garota, Quinn apertou sua cintura e a trouxe mais para perto, juntando as testas de ambas. A loira fechou os olhos enquanto respirava profundamente e Rachel roubou um selinho dela.

            Sem qualquer explicação, Quinn sentiu como se todas as suas defesas e seus muros construídos tivessem desmoronando aos poucos. Rachel Berry tinha aquele poder de esconder suas fraquezas e trazer o seu melhor à tona. Naquele momento, o melhor que a ex-cheerio tinha a oferecer, era seu amor. Quinn abriu os olhos após alguns segundos e disse baixinho:

            - Me desculpe, eu não devia ser tão idiota com você.

            - Você sempre é idiota, Fabray. Isso nunca vai mudar! – Rachel disse com um ar brincalhão que provocou um sorriso de lado e contido de Quinn, a morena ergueu a face da ex-cheerio e a beijou de novo. Sentiu quando o corpo de Quinn tensionou-se e os movimentos se tornaram mais animalescos. Rachel adorava aquilo e apenas a trazia para perto, tentando romper aquela distância inexistente entre elas. As mãos de Quinn corriam perigosamente pela parte interna de suas pernas. A loira a empurrou em direção ao piano, novamente e a prensou, enquanto devorava-lhe o pescoço.

            Quinn puxou as pernas de Rachel e colocou-a sentada no piano. A diferença de altura ficou bastante visível e Rachel arqueou quando sentiu as mãos de Quinn em sua cintura por baixo da blusa e os beijos dela escorregarem em seu colo. A loira desceu os lábios pelos joelhos da morena e foi subindo a saia devagar enquanto lhe mordia a coxa da perna, até que Rachel puxou-lhe os cabelos, forçando o contato visual e dizendo ofegante:

            - Finalmente sós.

            Quinn separou-se dela e olhou para Rachel com paixão, fez um leve carinho na face da morena enquanto subia no piano. Rachel brincou com a camisa de Quinn e beijou-lhe o queixo, aconchegando-se no peito da loira em seguida. Sentindo toda aquela angústia e agonia do dia sumir instantaneamente. Quinn afagou-lhe os cabelos castanhos e disse com um sorriso leve antes de beijá-la:

            - Eu te amo Rach e dessa vez, vamos ser só eu e você.

FIM (?)


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam do capítulo final?
Eu, sinceramente, achei que ficou uma bosta. Mas não consegui melhorar de jeito nenhum =/
De qualquer forma, comenteeeeeeeem! *-*
Agradeço desde já quem comentou em "You and I", acho que foi mais difícil de escrever do que as outras e agradeço o apoio *-*
Beijos e até mais x)
OBS1: Estou com uma future fanfic prontíssima na cabeça, assim que conseguir escrever o primeiro capítulo, postarei. Se chamará "Signal Fire", portanto... Fiquem ligados!
OBS 2: Se quiserem um epílogo, comentem! Tentarei escrever algo!