POV Edward

A Bella estava estranha desde que falou com a Alice, parecia desconfortável, podia ver isso pela maneira que mordia o seu lábio, ou a pequena ruga de expressão que se formava na sua testa. O que a Alice poderia ter dito para a deixar assim? E como acontecia sempre nestas situações, ela não me deixava ver o que tinha acontecido. Ao aterrarmos no Alasca, a Tanya veio logo para cima de mim, para mim isso sempre me incomodou, mas com a Bella aqui era pior, eu sabia o quanto as insinuações da Tanya a estavam a afectar. Quando a minha Bella chamou a Tanya para conversar fiquei muito preocupado, não acreditava que elas lutassem, pelo menos a Bella nunca partiria para uma briga se o podesse evitar, mas a Tanya era um tanto imprevisível.

- Carlisle, meu amigo, a sua família é bastante dotada, de facto. – disse o Eleazar depois de um tempo.

- Como assim? – perguntou Carlisle.

- Estou a falar dos dons. Eu andei por todo o mundo descobrindo vampiros com dons para o Aro, e na sua família posso encontrar vários que fariam a dilícia dele. Apesar de ter semelhanças ao dom dele, ele iria adorar ter Edward nas suas fileiras, poder ler a mente de qualquer um sem precisar de toque, é sem dúvida uma mais valia. Depois temos o dom da Alice, quem não sonha poder saber o que se vai passar no futuro, e se possível o alterar. Tenho a certeza que ele daria tudo por isso. Não é que o poder de Jasper seja essencial para ele, mas útil sem dúvida. Mas sabendo de quanto eles são preocupados com a segurança, a Bella seria uma das aquisições mais tentadoras.

- A minha irmã tem um dom? – perguntou Rose.

- Sem dúvida. Ela bloqueia o meu dom, eu diria que ela tem alguma espécie de defesa mental. Edward, consegues ler a mente dela?

- Não, isso sempre me intrigou, mas nunca pensei que esse era o dom dela.

- Acho que nem ela própria deve ter notado isso, é algo incosciente. Eu mesmo não consigo ver a magnitudo dele.

- O dom de uma vampiro, tem a ver com o nosso traço predominante enquanto humanos. A Bella sempre foi muito protegida por mim e pelo papai, ela vivia numa espécie de redoma de vidro, acham que isso a fez o instinto de protecção dela aumentar? – perguntou a Rose, mas eu notava que ela falava mais para si do que para nós. Na sua cabeça passavam imagens da Bella em pequena, e de como sempre a protegiam, de como uma queda, uma febre ou outra coisa qualquer os levava ao desespero.

- É bem possível. – disse Eleazar.

- Mas Alice viu-a chegar, ela não bloqueou os poderes dela – disse-lhe.

- É possível que só bloqueie o que é considerado prejudicial para ela.

- Mas porquê o meu?

- Quem gosta de ver a sua mente invadida? Por isso é que possivelmente o meu poder também é bloqueado.

A conversa foi prosseguindo, mas eu estava angustiado. Porque é que elas ainda não tinham voltado? Eu andava para trás e para a frente tentando-me acalmar.

- Será que não devemos ir procura-las? – perguntei, já me dirigindo para a porta.

- Deixa-as conversar. – disse a Alice.

- O que lhe disseste? – perguntei-lhe.

- Isso é entre mim e a Bella. – disse-me.

- Filho, senta-te. Daqui a nada elas chegam. – disse-me a Esme. E foi o que eu fiz.

Elas chegaram algum tempo depois, vinham até sorridentes, isso surpreendeu-me.

- Está tudo bem? – perguntei-lhes.

- Foi uma conversa, como hei-de dizer… - disse a Bella.

- Concorrida? Movimentada?  - perguntou a Tanya, e começaram a rir as duas.

- O que aconteceu? – perguntou o Carlisle um tanto confuso, como todos nós, diga-se de passagem.

- Nós tivemos umas visitas, digamos inesperadas – disse  a Tanya. Como assim visitas inesperadas?

- Como assim? – perguntou a Rose, verbalizando a pergunta que todos faziam mentalmente.

- Nós estavamos a conversar quando sentimos o cheiro de um humano e três vampiros. Eles estavam a presegui-lo, nós mandamos-lo embora, e eles quiseram brincar. Em traços gerais é isso. – disse a Bella.

- Vocês enfrenteram três vampiros? Vocês são doidas? – disse a Rosalie já passada, eu não estava muito diferente.

- O que vocês queriam que nós fizessemos? Que partilhasse-mos a refeição? – perguntou a Bella indignada.

- Não, mas precisavam de enfrentar? – perguntei.

- Nós estamos aqui, sãs e salvas.

- E como conseguiram isso?

- Aqui a Bella fez-los correr para longe do Alasca. Acho que nunca mais voltam. – disse a Tanya rindo.

- Ursinha, acho que elas bateram com a cabeça, elas não dizem coisa com coisa – disso o Emmett.

- Calado, Emmett. Mas vocês falam o que aconteceu de uma vez, ou temos de arrancar cada palavra que sai da vossa boca? – disse a Rose completamente passada. Eu acho que tinha perdido a voz com a estupidez delas ao enfrentarem três vampiros.

- Nós estamos bem, isso não é o mais importante? – disse Bella. Eu podia ver o quanto as palavras da irmã a estavam a magoar, duvido que alguma vez a Rosalie tivesse levantado a voz para ela.

- Desculpa, mas saber que te podia perder novamente, e desta vez defenitivamente, é demasiado doloroso. – disse Rose abraçando a irmã.

- Eu tenho um escudo – disse Bella.

- Nós sabemos, o Eleazar disse que tens um escudo mental. – explicou-lhe Rosalie.

- Mental? – perguntou.

- Sim. O Edward não pode ler os teus pensamentos, nem o Eleazar determinar o teu dom com exatidão.

- Eu não sabia isso. Eu pensava que era mais físico.

- Como assim? – perguntou Carlisle interessado.

- Sempre que um deles vinha na minha direcção querendo me atacar era como se batessem numa parede e fossem projectados para longe.

- Estás a esquecer-te da hipnose.

- Hipnose? – perguntou desta vez Eleazar.

- Sim, ela mandou-os embora, assim como o humano, e eles foram.

- Interessante. Tenta hipnotizar-me – pediu Carlisle.

- Acho melhor não o fazer. Eu não quero manipular assim a mente de ninguém, só em último caso. Não me sinto muito confortável com isso.

- Tudo bem, querida, eu entendo.

- Bella, podemos conversar? – pedi-lhe.

- Claro.