Chance To Love escrita por Fernanda Melo


Capítulo 41
Capítulo 41


Notas iniciais do capítulo

Como o capítulo já estava pronto resolvi postar e hj há grandes emoções...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/162756/chapter/41

Alice ainda se encontrava no escritório, revendo todas as papeladas para o próximo catálogo, estava um pouco incomoda, já fazia algum tempo que voltara para a empresa, às crianças já estavam bem grandinhas, para precisar da mãe o tempo todo por perto e também não tinha muito que fazer. Naquele exato momento seu telefone começou a tocar e no visor do celular ela viu o nome de sua filha, um pontinho de preocupação lhe bateu no peito, ela nunca ligava cedo assim e hoje Alice estava se sentindo estranha desde cedo e não sabia por quê.

            - Oi filha, tudo bem? - Ela perguntou meio agoniada, era rotina dela atender o telefone assim com seus familiares.

            - Tudo mãe, só liguei para avisar que minha aula acabou mais cedo, você pode me buscar o papai está ocupado?! - Ela disse com uma voz desanimada, Alice já percebera isso desde quando ela disse a primeira palavra e já sabia que algo aconteceu no colégio.

            - Posso sim meu anjo, já estou saindo do escritório, se o trânsito não estiver muito ruim chego aí rápido, não saia da porta do colégio.

            - Tudo bem, mas chegue rápido, estou aqui sozinha. - Ela disse desanimada, não gostava de ficar sozinha e hoje Derek não pode esperar ali junto com ela, pois tinha curso logo após o almoço e não podia se atrasar, senão sua mãe ficaria uma fera. Alice naquele exato momento enquanto terminou a conversa com a filha já estava dentro do carro e em um arranco saiu da garagem do prédio e foi em direção a escola, o trânsito não estava tão tumultuado, então logo chegaria até a escola de Liz. Alice estava prestando bastante atenção no trânsito, a cada minuto que passava seu aperto no peito aumentava mais e mais. Ela estava apreensiva e talvez enquanto não chegasse ao colégio não se acalmaria.

            Assim que chegou parou o carro bem na porta e viu Liz sentada na escadaria bem na frente ao colégio, ouvindo música do seu celular enquanto fazia exercícios de alguma matéria. Alice buzinou para chamar a atenção da filha que instantaneamente olhou para frente vendo o carro de Alice logo a frente, assim que a avistou guardou seu caderno e a bolsinha de lápis, colocou a mochila apenas em um dos ombros, ela andou devagar prestando atenção no seu celular, ouvia o restante da música que estava prestes a acabar e assim que abriu a porta do carro desligou seu celular, ela sempre gostava de ir conversando com sua mãe.

            Assim que entrou ela jogou sua mochila para o banco de traz para poder ter mais conforto, colocou o sinto de segurança e olhou para sua mãe pela primeira vez. Como todos os dias que Alice buscava Liz na escola ela recebeu um sorriso da filha seguido de um beijo, mas o sorriso de Liz não foi tão convincente para Alice apenas ligar o carro e dar a partida sem conversar primeiro com a filha seriamente. Liz logo percebeu que sua mãe queria conversar e percebeu que seu sorriso não havia adiantado de nada e já sabia que teria que contar a sua mãe o que ouve no colégio ou apenas dizer que está apenas cansada.

            - Quer me falar o que aconteceu? - Alice desligou o carro no mesmo momento, enquanto a filha não lhe falasse o que queria ela não sairia dali, não mesmo, não antes de terem uma bela conversa a sós e calmamente.

            - Quem lhe disse que aconteceu algo? - Ela perguntou indiferente tentando convencer a mãe de que aquilo era coisa da cabeça dela. Mas a quem ela estava tentando enganar, só se fosse a si própria, pois era sua mãe quem estava ali, aquela que cuidara dela durante quase quinze anos, aquela que lhe educou e lhe deu carinho e ainda mais atenção, aquela que lhe colheu de braços abertos sem ao menos saber quem ela seria futuramente, aquela que acima de tudo adorava tê-la por perto nas conversas e que sempre deixou bem claro que a amava e a conhecia, mais do que ela própria.

            - Liz não tente me enganar, você sabe que te conheço muito bem. - Alice insistiu, não gostava de quando a filha tratava a si própria indiferente, ela era sua filha, a quem amou durante todos esses anos, mas mesmo não podendo tê-la gerado dentro de si, a amava tanto que seria capaz de loucuras para o bem dela. Mas relativamente não gostava de quando Liz se tratava indiferente, ela era sim filha dela e não eram papeis ou testes de DNA que comprovariam isso, era simplesmente por ela conhecer muito bem a filha que tem.

            - Só não estou me sentindo bem... - Naquele momento Alice lhe lançou um olhar e Liz logo entendeu que era para parar de inventar mentiras e bater logo para as verdades, que pelo visto não sairia dali enquanto ela não falasse o que ocorreu. Liz se sentia incomoda em incomodar a mãe, com fatos que já vinham sendo corriqueiros em sua vida desde o inicio da adolescência. – Está bem, não vou mais tentar te enganar, pelo visto você nunca vai cair nessas.

            - Ainda bem que você percebeu. Liz eu sou sua mãe, eu sei o que você está passando, eu também já fui adolescente e sei muito bem o porquê desse rostinho triste. - Ela disse enquanto passava a mão na bochecha da filha que não conseguiu encará-la durante muito tempo. Liz abaixou a cabeça, tentando se desviar do olhar da mãe, se remexeu um pouco no banco se virando para o lado de Alice, suspirou baixo e finalmente voltou a olhá-la.

            - Aquela menina da minha escola, dessa vez ela fez algo para a escola toda me achar uma palhaça. - Ela logo abaixou o olhar novamente e encostou-se ao banco de passageiro. Ela não se conteve em segurar uma lágrima, ela já estava acostumada com as pessoas fazendo piadinhas de sua dislexia. Mas dessa vez Hilary havia realmente pegado muito pesado, colocando ela publicamente palhaça para todos.

Flashback

            No momento do recreio ou como alguns preferiam dizer do intervalo, Liz estava no lado de fora junto com suas amigas Ágata e Catherine, as três conversavam animadamente sobre os garotos, as meninas estavam conversando sobre seus amigos que pelo menos tinham uma pequena desconfiança de estarem a fim delas. Assim que os avistaram, pararam imediatamente de falar deles e ficaram mudas completamente sem assunto.

            - Oi meninas. - Eles disseram juntos como um coral de anjos na mente delas. Liz se arrepiou ao ver Derek se aproximar dela, assim que ele chegou a abraçou e lhe deu um beijo na bochecha, algo que ele nunca fizera para ela e muito menos na frente de alguém. Neste momento Ryan estranhou e logo percebeu o que estava acontecendo, pois eles haviam acabado de conversar sobre isso, Derek é completamente a fim de sua prima, ele realmente estava com ciúmes disso, para ele Liz era sua irmã e tinha que protegê-la desses meninos, mas não quando este menino era um de seus melhores e inseparáveis amigos e que se fizesse isso, talvez Liz nunca, ou até jamais o perdoaria. Pois ele sabia, mesmo ela não querendo lhe dizer jamais, que ela era totalmente apaixonada por ele.

            - Oi. - Ela disse especialmente para Derek, que segurou sua mão por poucos segundos. Em seguida lhe olhou nos olhos, aqueles seus olhos verdes que para ele só dava mais um toque especial em seu rosto e jeito angelical de ser. Para ele não importava o que os outros pensavam, mas ele estava determinado em pedir Liz em namoro e talvez arriscar-se com o pai ciumento que ela tinha, ciumento e um pouco machista, apenas um pouco.

            -Posso conversar com você a sós? - Ele perguntou baixo para que apenas ela ouvisse e então naquele exato momento ela sentiu seu corpo congelar, ela pensava em várias possibilidades, mas preferia que sua mente não a enganasse. Apenas aceitou fazendo um gesto com a cabeça e em seguida os dois saíram mudos e escondidos enquanto seus amigos se distraíam, com algo que conversavam. – Eu preciso falar algo muito sério com você e que devia ter dito há muito tempo. - Ele sorriu com algum pensamento que ele teve, mas logo voltou à realidade. – Há muito tempo é meio exagerado, eu sempre gostei de você desde pequeno, espero que saiba disso. - Ele sorriu enquanto via a cara confusa dela, ela se permitiu sorrir, mas estava meio receosa.

            Eles estavam tão focados ali, na conversa particular deles, que eles nem perceberam que duas garotas estavam ali as observando. Uma delas em especial se corroia de raiva em ver Liz ali junto ao garoto que ela queria para si. Hilary estava quase vermelha de raiva, de tanta raiva em ver Derek quase se declarando para Liz, sua maior inimiga estava ali prestes a beijar seu príncipe, prestes a ficar para sempre ao lado dele. Mas como era Hilary ela não deixaria que algo acontecesse, tentaria impedir e se não desse certo pegaria no pé deles até aquele relacionamento acabar de uma vez por todas.

            - Ora, ora se não vai ser o casal mais lindo de todo o mundo?! - Ela disse alto, ou melhor, gritou para que todos daquele pátio prestassem atenção na baixaria que ela estava prestes a fazer e foi isso que ela conseguiu, todos a olhavam querendo saber de mais uma novidade que viria de sua boca. – Vocês formariam um belo casal... - Ela berrou novamente se aproximando deles. – Se não me tivessem no caminho de vocês. - Essa ultima frase ela cochichou perto deles como uma ameaça.

            - Hilary pare, não tenho culpa se não sinto a mesma coisa por você. - Derek segurou o braço dela, ela sorriu e tentou o agarrar, quando ele se desviou ela sentiu uma raiva enorme e lógico descontaria em alguém.

            - Você prefere essa idiota? Ela é uma analfabeta, não sabe nem ao menos escrever o próprio sobrenome que tem. - Naquele exato momento Liz não conseguia olhar para ninguém, ouvia risadas vindas em meio a sua volta. Ela se deparou chorando e logo sentiu alguém a puxando para mais perto dela e quando reparou na voz apenas percebeu que era seu primo lhe abraçando.

            - Calma, não se deixe abater, ela não merece seu choro. - Ele disse tentando fazer com que ela ficasse melhor, mais forte, mas ela não era assim, ela não conseguia ser assim. Ela nunca foi forte, parecia que ela foi criada para ser frágil, a qualquer coisa que lhe falassem, a qualquer coisa que lhe fizessem.

            - Eu não consigo... Tira-me daqui, por favor. - Ela disse ainda chorando, quase desabando de tanto que se sentia envergonhada, todos ali ainda riam, querendo dizer melhor quase todos, menos seus poucos amigos verdadeiros.

            - Tadinha agora a burrinha vai sair chorando, ah e já ia me esquecendo e ainda por cima é a bastarda da família a adotadinha. - Ela disse com uma voz fingida e todos ali naquele local começaram a rir novamente de Liz. Ryan saiu com a prima dali e Derek não conseguiu parar de encarar Hilary, a cada dia que passava a cada coisa que ela fazia com Liz, ele tinha mais um grau completo de raiva dela.

            - Escuta o que vou lhe dizer Hilary, se você queria ofendê-la, acho que você conseguiu, mas completamente perdeu as possibilidades de eu trocar um oi com você com um pequeno respeito, mas você conseguiu alguma coisa, a cada dia que descubro quem você é mais eu amo Liz. Só para lhe deixar ciente disso. - Todos ali ficaram surpresos com o que Derek disse e começaram a encarar Hilary, ela estava paralisada ali morrendo de raiva de Derek por ter falado aquilo, mas principalmente de Liz por estar sempre no meio de seu caminho.

            Longe dali, Liz chorava descontroladamente no colo do seu primo, ele a abraçara naquele momento e até agora não a soltara, pois ele para ela era como um irmão e em momentos como esse, era o colo dele que ela gostava de recorrer.

            - Liz está tudo bem. - Ele disse tentando fazer com que ela parasse de chorar pelo menos por um segundo, ela percebera que não precisava de ficar assim, humilhada por uma garota tão baixa assim como Hilary, então levantou a cabeça e enxugou suas lágrimas que ainda molhavam suas bochechas extremamente rosadas. Ela olhou rapidamente para Ryan como se estivesse o agradecendo e logo desviou seu olhar do dele. – Olha não fique assim por causa dela, ela não merece seu sofrimento.

            - Eu sei Ryan, mas é difícil. Sempre quando eu esqueço que sou disléxica alguém tem que me lembrar, quando eu começo a me achar normal, sempre vem alguém me apontando um dedo e me chamando de aberração. E ainda por cima agora todos sabem que eu sou adotada.

            - Liz... Você não é nenhuma aberração e muito menos anormal. Não gosto quando você fala assim de você. Você é uma garota tão legal, afinal a mais legal que já conheci na minha vida.

            - Você acha? - Ela disse sorrindo pela primeira vez durante aquele momento.

            - Sério, até que se você não fosse minha prima eu lhe pediria em namoro. - Os dois riram em pensar nessa idéia meio absurda por sinal. Mas que no fundo foi até legal.

            - Obrigada Ryan. - Ela lhe agradeceu e lhe deu um abraço, desta vem com um sorriso no rosto. Então ela resolveu que não deixaria que Hilary conseguisse lhe machucar, pisar nas feridas mais profundas que ela tinha. Pois sua mãe sempre lhe dissera que ela era forte, era uma campeã e foi só com as lembranças de sua mãe lhe dizendo isto que ela teve coragem de voltar para a sala de aula e encarar Hilary.

Fim flashback

            - Foi isso que aconteceu. - Ela finalizou o que tinha que dizer, claro não contou tudo nos mínimos detalhes para sua mãe, mas não cortou nenhum dos diálogos e muito menos tentou pular partes para esconder algo dela. Alice sentia que sua garotinha estava crescendo, começando a dar seus primeiros passos para o amadurecimento. Ela não se conteve em sorrir, afinal era sua filha que estava crescendo, mas ao mesmo tempo sentia que isso queria dizer que ela começaria uma nova vida dali em diante em seguida sem ela. A parte de criar os filhos é a mais fácil, mas deixá-los ir é o pior de tudo.

            - Se sente melhor? - Liz concordou com a cabeça sorrindo fracamente para a mãe. – Contar para alguém sempre faz a pessoa se sentir melhor. - Ela disse concentrada no rosto da filha. – Tem certeza que não precisa da minha ajuda? - Liz sorriu mais abertamente para ela, lembrando de como sua mãe sempre fora super protetora e mais que ela só seu pai ciumento com limites.

            - Tenho mãe, mas se acontecer mais uma vez e eu precisar de ajuda eu lhe direi. E será que eu vou sempre ter um ombro de mãe para poder chorar um pouquinho? - Ela disse a ultima frase meio dengosa. Alice sorriu em perceber o que a filha lhe havia perguntado.

            - É claro, um ombro, um colo e até mesmo uma noite no quarto abraçadinha com você. - Ela disse abraçando a filha. – Sempre que precisar eu vou estar lá. - Liz quase que não conteve em segurar uma lágrima que queria descer, em uma coisa ela era durona por simplesmente não saber como demonstrar seus sentimentos muito bem.

            - Obrigada mãe. - Ela agradeceu Alice, mas não era apenas por terem tido aquela conversa, mas também por ela está ali naquela família, dela ter todas as coisas que uma criança e adolescente deveriam ter, até mesmo exageradamente, pois para seus pais para os filhos nunca era demais. Ela agradecia pelo carinho e atenção que ela lhe dava, pela vida que ela conseguiu dar-lhe, resumidamente, estava agradecendo por tudo.

            - Não precisa agradecer. - Alice apresentava um sorriso carinhoso e afetivo para a filha. – Bem odeio ser estraga prazeres, mas temos que ir não é mesmo? - Ela disse meio sem jeito de terminar a conversa daquela maneira. – Se você quiser ou precisar, podemos conversar mais lá em casa.

            - Claro tudo bem e afinal, eu também estou morrendo de fome. - Liz disse colocando um ar de graça naquele ambiente, fazendo com que sua mãe risse. Então Alice recolocou o sinto de segurança e ligou o carro em seguida, ainda não sabia por que, mas a cada minuto que se passava seu coração ficava ainda mais apertado. Ela continuou andando em uma velocidade razoavelmente permitida. Liz permaneceu em seu silêncio não tendo mais nada para dizer a mãe.

            - Mãe hoje tem mais alguma coisa? Psicólogo? Ensaio? - Ela perguntou enquanto procurava alguma musica no seu celular, não exatamente para escutar era pelo motivo de não ter nada para fazer.

            - Não o ensaio foi adiado, apenas semana que vem. - Ela disse enquanto parava no sinal vermelho o último que faltava para poder chegar até sua casa, praticamente dava para vê-la de onde estava e até mesmo o carro de Jasper na garagem. Assim que o sinal foi aberto o seu coração falhou uma batida como se ela estivesse pressentindo algo, mas teria que sair dali, pois tinha uma fila de carros atrás dela, então Alice tirou o freio e pôs a marcha e acelerou. No momento que ela estava no cruzamento, um caminhão vinha em sua direção Alice não percebeu isso e quem o avistou foi Liz paralisando no mesmo instante.

            - Mãe...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Chance To Love" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.