It Started Out As A Feeling escrita por Becky_Lovegood


Capítulo 5
Rebeca Bell and first impressions




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/162754/chapter/5

Pedro POV –

            Eu ainda lembrava meu sonho claramente e tentei mantê-lo em minha cabeça enquanto o Castor nos conduzia por uma montanha. Andamos mais alguns metros e ele nos parou, apontando para o horizonte. Uma vista linda se mostrava em nossa frente.

- O Acampamento de Aslam é perto da Mesa de Pedra, do outro lado do Rio Congelado.

            - Rio? – eu falei, imaginando como faríamos para atravessar um rio.

            - Ah, o Rio está congelado há 100 anos! Não tem problema algum para atravessar! – Senhora Castor explicou.

            - É imenso! – meu olhar estava focado na água.

            - Igual ao nosso mundo! – ela sorriu para mim – Pensou que fosse pequeno?

            - Menor! – Susana falou e lançou-me um olhar.

            Observei o horizonte por algum tempo e depois retomamos a caminhada.

***

Edmundo POV –

            Aquele anão que serve a Feiticeira me acordou. Disse alguma coisa sobre o trenó estar pronto e que eu deveria ir junto atrás de meus irmãos. O pequeno homem me conduziu pelo salão principal, que a Feiticeira decorou com narnianos petrificados. Observei cada estátua, até que reconheci uma. Sr. Tumnus. Ah, não! Ele foi petrificado por minha causa!

            - Estou aguardando, Filho de Adão! – ouvi a Feiticeira dizer do trenó.

            - Vamos! – o Anão me empurrou para dentro do trenó e nós deixamos o castelo.

***

Rebeca POV –

            - Ho-ho-ho! Que bom que chegou a tempo! – Papai Noel disse quando me avistou da varanda da pequena casa.

            - Aslam me mandou aqui. Então, o que devo fazer? – sorri abertamente.

            - Oh, não, querida! Você não deve fazer nada! – levantei minhas sobrancelhas de modo interrogativo – Vamos até o Acampamento de Aslam buscar seu arco e suas flechas, Aslam me avisou que você deixou suas armas de arqueira lá quando foi resgatar Tumnus. Será como uma pequena folga.

            - Quando partiremos? – meu sorriso aumentou.

            - Agora mesmo, precisamos chegar lá até a metade do dia!

            - Me dê só algum tempo para me preparar. – pedi e ele assentiu sorridente.

            Corri até o quarto que uma vez foi meu e abri o armário aonde eu deixava minhas armas quando decidia visitar o velho Noel. Por sorte, minha faca de atirar ainda estava lá. Observei se estava afiada e a escorreguei para dentro da bota que eu usava.

            Fui até o espelho e chequei se minha couraça estava apertada e se o couro ainda era resistente. Tudo certo. Dei um passo para fora da cabana e acenei para o Senhor Noel.

            - Pronta! – eu sorri.

            - Vamos, então! – ele pegou as rédeas do trenó e pareceu se lembrar de algo – Ah, Aslam me disse que você não tem dormido muito ultimamente, com toda essa história de os Reis e Rainhas terem chegado. Ele me mandou fazer você dormir um pouco.

            - Então não vamos para o Acampamento? – perguntei tristemente.

            - Claro que sim, mas você vai ter que cochilar um pouco durante a viagem. – me recostei no trenó – Agora sim, vamos! Iah!

            As renas começaram a correr e eu senti o vento gelado bater no meu rosto. Tentei dormir, mas não conseguia. Fiquei observando a paisagem e pensando em como os Reis e Rainhas seriam. Para minha surpresa, eu adormeci.

***

            Quando acordei, já tinha amanhecido. A manhã já estava quase na metade. Eu devia ter dormido por horas. Olhei em volta, nós estávamos quase chegando ao final do Rio Congelado.

            - E eu pensei que você não se entregaria tão fácil assim ao sono. – Senhor Noel parou as renas – Bom dia, querida. Acho que está na hora de fazermos uma parada.

            - Não, não, não! Melhor continuarmos. Quem sabe possamos fazer uma parada mais perto das florestas.

            Nós continuamos e em certo ponto do Rio percebi algo a nossa frente. Pareciam viajantes, algo se mexendo.

- O que é aquilo? – eu perguntei.

            - Ah... – Papai Noel se enrolou – N-Narnianos?... Isso, narnianos! Eles estão indo para o Acampamento para se preparem para a Grande Guerra!

Eu desconfiei, mas me lembrei que muitos narnianos estavam indo para o Acampamento por causa da Guerra. Alguns para se preparar para lutar, outros para ficarem seguros e uma minoria que só desejava conhecer Aslam.

Depois de quase meia hora, só faltavam alguns quilômetros para as florestas. Eu já estava prestes a pedir para parar e dar uma olhada no local, como eu sempre gosto de fazer, quando ouvi Noel dizer:

- Presumo que você queira parar e explorar o ambiente.

- Eu posso? – exclamei feliz.

- Claro, vou levar o trenó até o começo da floresta para alimentar as renas.

- Tudo bem, eu consigo te alcançar!

Ele conduziu o trenó em direção às grandes árvores e eu olhei em volta. Tanta coisa para admirar.

***

            Pareceram horas, mas eu cheguei até onde o Senhor Noel estava bem rapidamente. Eu ainda observava o local e não tinha percebido que o trenó estava a alguns metros perto de mim. Continuei olhando. O gelo nos galhos, o marrom dos troncos, o desenho na madeira de cada árvore.

            - Venha aqui, minha querida! – ouvi a voz grossa do Papai Noel.

            Só então percebi o quão perto eu estava do trenó. Enquanto eu alcançava o lugar da onde o som havia vindo, admirei a capacidade do Senhor Noel de acreditar que eu chegaria até ali andando. Tropecei em uma raiz de árvore encoberta pela neve, levantei e limpei meu vestido. Quando virei no canto de uma árvore, não acreditei no que vi.

            Na minha frente, estavam os Castores e três humanos. Os Reis e Rainhas de Nárnia.

***

Pedro POV –

            Respirei fundo pela enésima vez desde que tínhamos começado a caminhar. Eu já estava muito cansado, mas felizmente o Rio chegava ao fim. Olhei para trás e vi Susana parar e ajudar Lúcia.

            - Venham, humanos, enquanto somos jovens! – Castor brincou.

            Susana pegou Lúcia em seu colo e eu brinquei também, esperando que o Castor não ouvisse:

            - Se ele nos apressar mais uma vez, vou fazer dele um chapéu bem fofo.

            Lúcia deu uma risada alta e começamos a andar de novo.

            - Rápido!! Venham! – Senhor Castor berrou.

            - Ele está ficando mandão... – Lúcia se queixou.

            - AH!! Olhem para trás! É ela!! – Senhora Castor berrou mais alto que seu marido.

            - Corram! CORRAM!! – Castor disse.

            - Corre! – eu avisei para Susana que estava mais atrás com Lúcia.

            Podíamos ouvir o som dos sinos do trenó. A Feiticeira se aproximava. O barulho de metal raspando no gelo e de trotes de rena era cada vez mais alto. O Castor nos guiou até o começo da floresta imensa.

            - Rápido! Ali dentro! – ele apontou uma pequena caverna com a entrada voltada para a trilha no meio das árvores – Entrem! Se abaixem! Vamos!

            Ajudei Lúcia a se esconder bem e ficamos em absoluto silêncio, tentando ouvir o que quer que fosse. Barulho de passos e de repente, eu avisto uma sombra. Parecia uma coisa grande, a silhueta da Feiticeira ou de algo parecido. A mancha preta ficou lá alguns segundos e depois, mais som de passos e a coisa sumiu.

            - Parece que já foi... – Lúcia falou relutantemente.

            - É melhor eu ir ver... – sugeri.

            - Não! Não vai servir a Nárnia morto! – Castor me impediu.

            - E nem você, meu velho. – Senhora Castor agarrou o braço dele.

            - Obrigado, querida. – ele segurou a mão dela e saiu da caverna devagar.

            Eu podia ouvir os passos dele e o meu coração acelerado. Lúcia me encarou com medo e Susana a abraçou. A Senhora Castor estava assustada e manteve seus olhos fixos na saída da caverna. E então ouvimos mais passos e o Castor reapareceu do nada, fazendo Lúcia gritar.

            - Saiam! Espero que tenham sido bonzinhos porque vocês têm visita! – ele disse sorridente.

            Olhei para fora da caverna e caminhei com cuidado, deixando o esconderijo. Lúcia estava colada a Susana e a Senhora Castor sorria para ela. Quando já estávamos junto com o Castor, eu vi a última coisa que eu podia imaginar ver. Um homem muito parecido com o Papai Noel estava na minha frente ou isso é uma piada? Ele sorria abertamente e Lúcia quase pulava de alegria.

            O velho usava uma roupa narniana com uma capa vermelho vinho de mangas bufantes por cima, muito diferente do Papai Noel que eu acreditava ser real quando eu era pequeno. Ele usava luvas, não tinha um cinto preto que segurava suas calças e não usava óculos nenhum, mas pela barba comprida e pelo saco de presentes no trenó eu concluí que ele era o Papai Noel. O homem riu e Lúcia deu um passo à frente, admirada.

            - Feliz Natal, senhor!

            - Com certeza, Lúcia! Desde que vocês chegaram! – ele tinha uma voz grossa e bondosa.

            - Olha, eu agüentei muita coisa desde que cheguei, mas isso? – Susana disse com raiva.

            - Pensamos que fosse a Feiticeira... – me desculpei, ignorando minha irmã.

            - Eu sei, eu sei. Desculpem o mau jeito, mas é... Eu devo dizer que dirijo um desses há mais tempo que a Feiticeira... – ele balançou a cabeça.

            - Achei que não houvesse Natal em Nárnia. – Susana questionou.

            - Não... Por muito tempo... Mas a esperança que trouxeram, majestades, começa a enfraquecer o poder da Feiticeira.

            O Senhor e a Senhora Castor sorriram abertamente e Papai Noel continuou.

            - Porém, ouso dizer que vocês vão precisar disso. – ele agarrou o saco de presentes que estava no trenó.

            - Presentes!! – Lúcia vibrou.

            O bom velhinho tirou do saco uma bolsinha de couro que guardava uma garrafinha pequena.

            - O Suco da Flor de Fogo. Uma só gota cura qualquer ferida! – ele entregou para Lúcia – Apesar de torcer para que nunca use.

            E em seguida ele lhe entregou uma faca pequena. Um punhal, melhor dizendo. O objeto estava protegido por uma bainha pequena, perfeita para Lúcia.

            - Obrigada, senhor, mas eu seria capaz de não ter medo?

            - Aposto que seria. As batalhas são brigas feias, mas você consegue fazer isso.

            Ele se virou para mexer no saco outra vez, tirando de lá um arco e uma aljava com flechas.

            - Susana. Confie neste arco, ele quase nunca vai errar.

            Susana pegou o arco e a aljava e pensou por um tempo antes de dizer:

            - Mas não disse que batalhas são brigas feias?

            - Apesar de não ter problemas em se expressar, assopre isto e onde estiver o auxílio virá. – ele entregou a ela uma trompa branca, com detalhes delicados.

            - Obrigada. – Susana parecia mesmo agradecida.

            - Pedro. – eu voltei minha atenção para o que o bom velhinho havia tirado do saco – A hora de usar isto pode estar próxima.

            Ele me entregou um escudo com o emblema de um leão e uma espada protegida por uma bainha. Eu retirei a proteção de metal e observei a arma. Ela tinha detalhes bem feitos e uma inscrição. Eu podia não saber quase nada sobre armas, mas para mim a espada era perfeita.

            - Obrigado, senhor.

            - São armas, não brinquedos. – ele alertou - Usem bem e com sabedoria.

            Levantei meus olhos que estavam presos no emblema do escudo para agradecer ao Papai Noel mais uma vez, mas ele me cortou:

            - E esperem! Tem mais uma coisa! Vocês vão precisar de ajuda se quiserem ficar seguros! – o velho sorriu – Apresento-lhes Rebeca Bell. Venha aqui, minha querida!

            O chamado ecoou pelo ar. Rebeca Bell... Essa não era a menina da segunda profecia? De repente, do meio das árvores atrás do trenó, surgiu uma menina. Foquei minha total atenção nela.

            Seus cabelos chegavam até quase a metade das costas e eram cheios de ondas douradas. Os olhos eram de um tom castanho claro. Ela tinha quase a altura de Susana, acho que um pouco mais alta que Edmundo. Usava um vestido roxo sem muitos detalhes e armadura leve, só uma couraça de couro bem resistente. Na cintura, eu vi um cinto, que carregava a espada protegida pela bainha. Voltei minha atenção ao seu rosto novamente. O sorriso dela era emoldurado por lábios cor de rosa e as sobrancelhas um pouco mais escuras que o cabelo estavam levemente levantadas em surpresa. O Castor tinha descrito ela quase da mesma forma que eu, mas sem muitos detalhes. Resumindo, ela era...

            - Ela é linda, não é, Pedro? – uma Lúcia sorridente interrompeu meus pensamentos.

            - É-é... Muito... – respondi ainda a observando.

            - Ah... Obrigada... – as bochechas levemente rosadas da garota ficaram vermelhas – É um prazer conhecê-los!

            - Eu sou Susana! – minha irmã parecia animada por fazer uma nova amiga – Essa é Lúcia e...

            - Eu sou Pedro! – a interrompi.

            A narniana apertou a mão que eu havia estendido e sorriu de novo.

            - Sou Rebeca Bell. Mas me chamem só de Rebeca. – ela pediu. Tinha uma voz suave e gentil.

            - Já estava sentindo sua falta, menina! – o Castor disse.

            - Um dia e já sentem saudade? – ela riu. Tinha um riso leve e doce.

            - Sim, minha querida, você é sempre bem vinda em nosso dique, você sabe. – Senhora Castor respondeu bondosamente.

            Parece que todos gostavam mesmo de Rebeca. Ela sorriu e virou-se para o homem de vermelho.

            - Bom, minha querida, eu te deixo aqui. Você deve guiar os Pevensie até o Acampamento de Aslam. E lembre-se de se cuidar! – Papai Noel falou.

            - Sempre. E você também, mantenha-se longe da Feiticeira. – Rebeca alertou e veio ficar ao nosso lado – Por mim, há-há.

            - Ho-ho-ho! Agora, eu preciso ir! O Inverno está quase no fim e tudo se acumula quando você some por 100 anos! – Noel levantou o saco de presentes e o soltou no trenó – Vida longa a Aslam! E feliz Natal!

            Aquele pequeno discurso trouxe um pouco de esperança a cada um que o ouviu, eu acho. Rebeca acenou com lágrimas nos olhos para ele e as renas começaram a se mover.

            - Feliz Natal! Feliz Natal! – Susana e Lúcia gritaram quase juntas.

            - Bom Natal! – eu falei depois enquanto os Castores berravam até logo.

            - Feliz Natal, Senhor... – eu ouvi Rebeca sussurrar, ela parecia feliz e triste ao mesmo tempo.

            O trenó foi desaparecendo até não se ver mais nada. Lúcia se virou e encarou Susana e eu.

            - Eu disse que ele existia! – ela vibrou.

            - Ele disse que o inverno está quase no fim... – Rebeca começou e eu me toquei.

            - Não perceberam? – acenei para Lúcia e Susana.

            - Chega de gelo. – Rebeca terminou.

            Todos pareceram se lembrar. A cachoeira. Tinha uma cachoeira e a nascente do Rio Congelado para atravessarmos. Sem gelo, como faríamos para conseguir?

***

Rebeca POV –

            - Descansaremos aqui. – eu disse. Precisávamos parar um pouco, mesmo que o tempo fosse curto.

            Os Castores começaram a preparar algo rápido para comer e os três irmãos tentaram se fazer úteis. Eu os analisei por um tempo. Tão diferentes e ainda assim irmãos.

            Lúcia, a pequena. Ela era tão fofa. Cabelos castanhos na altura das orelhas, curiosos olhos azuis esverdeados escuros e algumas sardas. Como eu disse, fofa.

            Susana, um ano mais nova que Pedro. Ela não queria lutar. Que pena, daria uma ótima arqueira. Eu poderia lhe ensinar algumas técnicas. Observei o rosto dela. Olhos azuis claros, cabelo castanho talvez um pouco mais escuro que o de Lúcia e poucas sardas. Ela parecia relutante a tudo.

            E Pedro, o irmão mais velho. Com lindos olhos azuis acinzentados que combinavam perfeitamente com o loiro médio do cabelo. Ele parecia querer sempre proteger a família e fazer o melhor para eles. Pedro queria lutar, eu podia ver o brilho nos olhos dele cada vez que ele tocava a sua espada na bainha.

            Era nele que eu tinha esperança, eu esperava que ele convencesse Rainha Susana a lutar.

            - Vocês estão com fome? – perguntou a Senhora Castor.

            - Um pouco... – Lúcia disse e a Mãe Castor lhe entregou um pouco de comida.

            - Precisa de ajuda com alguma coisa? – ofereci.

            - Não, querida, você deve descansar. – ela respondeu carinhosamente – Na verdade, todos devem descansar pelo menos um pouco.

            - Quanto tempo falta para chegarmos ao Acampamento de Aslam? – Pedro questionou.

            - Bom, já deveríamos ter chegado. Não demora nem um dia para atravessar o Rio e a floresta, mas devemos tomar cuidado. A Feiticeira já sabe que vocês estão indo até Aslam. – expliquei a situação – Isso significa que devemos nos apressar! Antes que a nascente do Rio Congelado não esteja mais congelada!

            Levantei-me de um salto, virei para preparar tudo para o resto da viagem e observei todos fazendo o mesmo depois de algum tempo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gente!! Eu demorei, desculpem! É que eu to cheia de prova e to estudando demais. Fiquei sem tempo. Desculpem... Beijos, obrigada por entenderem.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "It Started Out As A Feeling" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.